sábado, 30 de julho de 2011

Abaporu - número 04


Coluna Abaporu
  Criação coletiva
  

QUANDO A INJUSTIÇA IMPERA

Na semana, dois fatos vieram a público envolvendo a questão dos direitos humanos no Maranhão.
Um, foi trazido à blogosfera em imagem e som por Lígia Teixeira, em sua Coluna “Falando com Franqueza”, publicada aos domingos pelo blog Marrapá.
Outro, foi revelado nas páginas da revista Carta Capital, edição número 657.
Ambos envolvendo um ataque frontal à Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948 – mas que passa longe de vigorar no Maranhão no início do século XXI.
O primeiro fato, a tortura a dois “ladrões de galinha” por policiais do Maranhão. Recapturados, após fugirem de alguma delegacia mal estruturada do Estado, eles foram prostrados e violentamente surrados nas nádegas. Enquanto recebiam o castigo, eram perguntados: “ainda vão fugir?”. Mesmo com o “não”, os presos ainda recebiam novas pancadas. O vídeo com as imagens do ato foi removido do You Tube por ser considerado conteúdo “chocante e repugnante”.
O segundo fato refere-se a um maranhense que conseguiu fugir da situação de trabalho escravo a que estava submetido numa fazenda no Pará. Protegido num abrigo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Marabá, ele conta nas páginas de Carta Capital como “gatos” atraem trabalhadores para essas fazendas, o cotidiano e a situação degradante a que são submetidos.
As duas situações exigem ação enérgica de governo e organizações da sociedade civil. Estas, no protesto, na denúncia e cobrança de ações do Poder Público; aquele, em fazer-se existir enquanto instância de execução de políticas públicas, na Administração Penitenciária e na garantia dos Direitos Humanos, especificamente.
A Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo (COETRAE) precisa ser efetivada para acompanhar mais essa denúncia. A SEDH (Secretaria de Estado dos Direitos Humanos) não pode ter uma política de avestruz e fingir que essa situação não é afeita a suas atribuições. Cabe à SEDH a política de erradicação do trabalho escravo.
Da mesma forma, à SEDH e à Secretaria de Administração Penitenciária cabe coibir exemplarmente essa caso de tortura acontecido em delegacias maranhenses.
Do contrário, os artigos quarto e quinto da Declaração Universal dos Direitos Humanos só servem para enfeitar seus discursos de entrega de medalhas no dia internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro):
- artigo IV: Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas
- artigo V: Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Não se pode naturalizar a violência! 

DA ÁGUA PARA O VINHO

Ao prometer o cenário de apoio à candidatura de Roberto Rocha à Prefeitura de São Luís, o PCdoB de Flávio Dino (que trocaria a disputa de 2012 pelo apoio de Rocha em 2014) conseguiu operar o milagre da transformação da água em vinho junto ao ex-tucano, agora “socialista” do PSB:
- de social-democrata com viés neoliberal desde os tempos de FHC, Rocha agora é socialista com viés nacional-desenvolvimentista protagonizado por Eduardo Campos (PSB/PE);
- de proprietário de grandes terras e líder do agronegócio na região de Balsas, passa a defender as bandeiras pela reforma agrária e agricultura familiar ao lado de Domingos Paz (PSB/MA, ex-presidente da Fetaema, a federação dos trabalhadores rurais);
- de proprietário da terceira maior rede familiar de emissoras de TV e rádio espalhadas pelo Maranhão (só perde para as famílias Sarney e Lobão), converte-se à luta pela democratização das comunicações junto à deputada Luiza Erundina (PSB/SP);
- de coordenador das campanhas de FHC-Alckmin-Serra, a base aliada do governo lulo-petista de Dilma Roussef;
- de linha auxiliar do sarneismo em 2010, conforme propagavam comunistas e socialistas de proa, a aliado prioritário do PCdoB em 2012: a dúvida é se logo na cabeça de chapa ou como vice para assumir dois anos depois.
O santo é forte!


DEVAGAR COM O ANDOR...
Mas, não é assim tão completa a metamorfose, como fez questão de discursar Roberto Rocha em seu ato de filiação: “Mudo de partido, mas não mudo minhas opiniões, minhas convicções”.
Pelo visto, RR apenas trocou de ave: o tucano pela pomba.
A ilha rebelde e o eleitorado de Flávio Dino com certeza compreenderão bem essa aliança pelo Maranhão...


O NOME DA TESE DA FOTO
O presidente do PCdoB de São Luís explica a aliança PCdoB de Dino e PSB de Rocha. É a tese da foto:
“Imagina uma foto eleitoral com Flávio Dino, Bira, Marcelo Tavares, Rubens Júnior, Edvaldo Júnior, Eliziane Gama, Roberto Rocha... É a foto da vitória no curto, médio e longo prazos”.
Essa tese da foto é velha, em 2010 tinha até nome: “Frente de Libertação do Maranhão”, foto que Jerry e o PCdoB foram críticos de suas alianças, inexistência de programa e ações governamentais.
Além de nome, a foto da época ganhou até apelido: “sarneismo sem Sarney”.


AH, COMO EU SOU BANDIDO (I)

Com a legitimidade de ter sido um dos pioneiros na adesão petista à oligarquia, o secretário de Estado de Trabalho, José Antonio Heluy, fincou estaca no terreno petista da capital: defende a reedição da aliança PMDB-PT e se apresenta como pré-candidato a cabeça da chapa. Nada de acordo e unidade em torno de Bira.
Se a chapa não puder ser PT-PMDB, lhe serve a alternativa PMDB-PT... com ele na vice!


AH, COMO EU SOU BANDIDO (II)

Antes adivinho do futuro eleitoral de Bira do Pindaré, “não se elege nem mais para síndico”, o blogueiro Marco D´Éça aderiu à tese da unidade petista em torno de Bira para prefeito. Criticou duramente o ensaio de José Antonio Heluy. Aprendeu rápido que Bira tem futuro...


"DIÁLOGO" PETISTA

Do deputado Domingos Dutra sobre a resistência birista:
“Estou em fase de respeitar todos os desejos e interesses alheios para ver os meus respeitados, com a condição de que tudo seja claro e não através de subterfúgios e golpes. Desta forma, se editaram um novo manifesto, rebaixaram o conteúdo; mudaram a coordenação com exclusão de nomes ligados a mim, porque não mudaram o nome resistência petista e não colocaram concertação petista, diálogo petista ou outro que se harmoniza com o pacto interno com a turma de Sarney?
(...) por que elaborar um novo manifesto, conservador, sinalizando para oligarquia (independência ao invés de oposição), de acomodação com os que entregaram o PT para Sarney (dialogar com as forças da direção estadual), eleição de uma nova coordenação, além da negativa e esvaziamento da representação junto ao Diretório Nacional contra os desmando da CNB (um ano e seis meses sem reunião do DR, membros da Executiva no governo, etc)?”


MINHA CASA, MINHA DÍVIDA

Surfando no Programa de moradia da Dilma, o tucano João Castelo faturou o sorteio da CEF de 8 mil unidades do programa “Minhas Casa, Minha Vida” para São Luís.
Discursou dizendo-se satisfeito em dar casa ao povo, como já fizera quando governador, com a Cidade Operária etc etc... Na verdade, o povo ganha é uma dívida daquelas. As prestações suaves, mas para serem pagas por uma geração da família.
O programa é bom. Mas melhor seria se ao invés de priorizar os grandes e famintos do mercado imobiliário, fosse reforçado o crédito solidário e o sistema de mutirão pela comunidade para a construção das casas, nos moldes do modelo defendido pelo movimento de moradia.
Em tempo: por sinal, a União Estadual por Moradia Popular incomoda tanto o capital imobiliário que este resolveu bancar o jornalista de porta de cadeia Jânio Arlei para atacar a entidade. Arlei sequer dá direito de resposta à União. Mas está com a tela de seu programa permanentemente aberta à turma do cofre.


POUCAS E BOAS...

n O imberbe e a ninfeta. Do deputado Rubens Júnior depois de mal interpretado em sua brincadeira com a agora “sex simbol” Sandy: “Daqui pra frente nada de sexo. Nas mídias sociais rsrs”. Júnior brincou que até Sandy fazia sexo anal, mas Roseana não inaugurava os 72 hospitais. Pra quê! Apanhou da sarneyzada feito frango novo em briga de galo.
n Pito ao vivo. Com toda a força de ser apenas um isento e atento ouvinte de rádio AM, Antonio Carlos entrou ao vivo no programa Ponto Final, da Mirante AM – apresentado por Roberto Fernandes, e perguntou: “essa rádio é do Sarney, não é Roberto? Acho que por isso vocês não falam nada do governo do estado. É igual a Rádio Capital, também de político. Que só bate no Castelo, que realmente tá fazendo um governo muito ruim. Vocês deveriam mudar, ser mais justo. Assim é exagerado demais. A gente não sabe em quem acreditar. A propósito, bota a voz do Deni Cabral, que hoje tá fazendo um ano que ele morreu, não é? Obrigado, Roberto”. Fernandes retrucou que ali também se critiva o governo da Roseana e tal... como eles dizem n´O Estado do Maranhão então, tá!
n Apenas convidado. Itevaldo Júnior esclarece que o secretário estadual de Comunicação do PCdoB é o jornalista Márcio Jerry. Deixou a entender que é apenas um filiado do partido convidado ao seminário de Comunicação. Ok, registrado.
n Dilema do EMA sobre o PSOL: ignorar ou desinformar? Pegue o número 15. Agora divida por 03. Deu 03 partes de 05? Agora some 05 mais 05. Deu 10? Dez é dois terços ou metade de 15? É maioria absoluta ou maioria apertada? Pois é. Essa conta básica a coluna Estado Maior não quis fazer, e preferiu induzir os leitores d´O Estado do Maranhão à interpretação errada sobre a decisão da Executiva Nacional do PSOL, que teria “rachado” ao aprovar Nonatto Masson como novo presidente do PSOL maranhense. Masson teve 10 votos a favor e nenhum contra. As cinco abstenções não fizeram qualquer declaração de voto para deslegitimar a decisão. É procurar chifre em cabeça de cavalo...


ECOS DO TWITTER...


 Clodoaldo Corrêa 


 Sóstenes Salgado 




 Chico Alencar 


 Pedro Venancio 

@ 



 José Simão 
 by Lyd_Ribeiro






IstoÉ: OS HOSPITAIS DE ROSEANA NA UTI

Fraudes em licitações colocam sob suspeita programa de construção de unidades de saúde da governadora do Maranhão, em um negócio de quase meio bilhão de reais

Por Claudio Dantas Sequeira - IstoÉ

ESCÂNDALO
 

Relatório da Procuradoria de Contas aponta irregularidades na
licitação e pede a devolução de repasses feitos a empreiteiras


DENÚNCIA
Documento cita empresas envolvidas
Quem percorre o interior do Maranhão se surpreende com a quantidade de esqueletos de grandes obras abandonadas e expostas ao tempo. Várias delas estão em municípios humildes como Marajá do Sena, Matinha e São João do Paraíso. São hospitais públicos inacabados do programa Saúde é Vida, principal bandeira da campanha de reeleição de Roseana Sarney (PMDB). Com apenas 12% do cronograma cumprido desde que foi lançado há dois anos, o projeto já tem um custo superior a R$ 418 milhões e corre o risco de virar mais um imenso monumento à corrupção. Relatório da Procuradoria de Contas maranhense, obtido com exclusividade por ISTOÉ, acusa o governo de fraudar o processo licitatório, pede a devolução de parte dos repasses e a aplicação de multa ao secretário de Saúde, Ricardo Murad, cunhado da governadora. A investigação dos procuradores Jairo Cavalcanti Vieira e Paulo Henrique Araújo, a partir de representação do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Maranhão, revela um cipoal de irregularidades e mostra como o governo beneficiou empreiteiras que depois abasteceram o caixa de campanha do PMDB com mais de R$ 2 milhões.

Os problemas começaram no segundo semestre de 2009, quando o governo de Roseana resolveu lançar o Saúde é Vida. Mesmo sem previsão orçamentária, a governadora conseguiu incluir o programa no Plano Plurianual e entregou sua execução ao cunhado. Murad, alegando urgência, contratou sem licitação a empresa Proenge Engenharia Ltda. para a elaboração dos projetos básico e executivo. Os procuradores descobriram que, na verdade, o projeto básico já tinha sido elaborado por técnicos da própria Secretaria de Saúde. A mesma Proenge venceu, logo depois, um dos lotes da concorrência 301/2009 para a construção de 64 hospitais de 20 leitos. O edital da obra indicava que as empreiteiras vencedoras deveriam elaborar o projeto executivo dos hospitais. Ou seja, a empreiteira acabou recebendo duas vezes para prestar o mesmo serviço. No total, a Proenge recebeu R$ 14,5 milhões. Para os procuradores do TCE maranhense, que questionam o caráter emergencial da contratação, “os valores pagos à empresa Proenge constituem lesão ao erário e devem ser objeto de ressarcimento”. Eles calcularam em R$ 3,6 milhões o total que deve ser devolvido.

As ilegalidades não param aí. A construção dos hospitais de 20 leitos foi dividida em seis lotes, mas três deles simplesmente não entraram na licitação. Foram entregues a três empreiteiras diferentes: Lastro Engenharia, Dimensão Engenharia e JNS Canaã, que receberam quase R$ 64 milhões em repasses e nem sequer construíram um hospital. A JNS Canaã é um caso ainda mais nebuloso. Os procuradores afirmam que a empreiteira, filial do grupo JNS, teve seu ato constitutivo arquivado na Junta Comercial do Maranhão em 24 de novembro de 2009, dias antes de fechar contrato com o governo. A primeira ordem bancária em nome da JNS saiu apenas quatro meses depois, em 16 de abril de 2010. Sozinha, a empresa recebeu R$ 9 milhões, não concluiu nenhum dos 11 hospitais e teve seu contrato rescindido por Murad. Antes, porém, a mesma JNS doou R$ 700 mil para a campanha de Roseana, por meio de duas transferências bancárias, uma de R$ 450 mil para a direção estadual do PMDB e outra de R$ 300 mil para o Comitê Financeiro, segundo dados do Tribunal Superior
Eleitoral.


FAVORECIMENTO
Roseana e Ricardo Murad (à esq.), em inauguração
de hospital: eles beneficiaram empreiteiras
A Dimensão Engenharia e Construção Ltda., outra das contratadas sem licitação, foi ainda mais generosa ao injetar R$ 900 mil no caixa do partido durante a eleição. A Lastro Engenharia, por sua vez, repassou aos cofres peemedebistas mais R$ 300 mil. A empresa conseguiu dois contratos com dispensa de licitação: a reforma do Hospital Pam-Diamante, em São Luís, e a construção de hospitais de 20 leitos. Além disso, foi uma das vencedoras da disputa (licitação número 302/2009) para erguer unidades de saúde com 50 leitos. Esses contratos foram aditivados em 25% (o limite legal previsto pela legislação). Ao todo, a empreiteira faturou R$ 58 milhões. O uso do limite para elevar o valor dos contratos foi utilizado também por outra construtora, a Ires Engenharia, o que alertou os procuradores do TCE. “Chama a atenção o fato de o valor acrescido aos contratos coincidir até nos centavos com o valor limítrofe previsto em lei. A impressão que se tem é que ou o valor originariamente contratado foi equivocado ou os aditivos foram firmados sem critério estritamente técnico”, escreveram no relatório.

Para o deputado Domingos Dutra (PT), os problemas no programa Saúde é Vida vão além do anotado pelos procuradores. Um levantamento das ordens bancárias de 2010 mostra uma série de repasses redondos que, segundo Dutra, “indicariam a prática de caixa 2 para abastecer a campanha de Roseana.” A Dimensão Engenharia, por exemplo, recebeu R$ 1 milhão em 19 de julho. Três dias antes, a empreiteira Console apresentou fatura de R$ 2 milhões. No mesmo dia, o governo pagou mais R$ 1 milhão à Geotec e R$ 1,5 milhão à Guterres, que no dia 22 recebeu mais R$ 500 mil. A JNS teve três repasses redondos: R$ 300 mil e R$ 50 mil em 16 de abril e R$ 1,5 milhão em 16 de julho. A Lastro teve um repasse de R$ 1,5 milhão; a Proenge, dois repasses de R$ 600 mil e R$ 300 mil; e a Ires Engenharia, um pagamento de R$ 1 milhão. “Nenhuma empresa emite nota fiscal pela prestação de serviços com números redondos”, afirma Dutra. “Geralmente são valores fracionados, até em centavos, como vemos nas dezenas de outras ordens de pagamento.” O parlamentar encaminhou petição ao Ministério Público Federal e à Controladoria-Geral da União.

Além dos indícios de corrupção e do uso das obras para angariar dividendos políticos, o deputado federal Ribamar Alves (PSB) ataca a concepção do Saúde é Vida, que, segundo ele, contraria determinações do próprio Ministério da Saúde sobre a construção de hospitais em cidades com menos de 30 mil habitantes. “Essas prefeituras não têm dinheiro para a manutenção desses hospitais nem médicos suficientes ou demanda”, afirma. Ele estima em R$ 500 mil o custo mensal para a manutenção dessas unidades, valor acima da soma dos repasses do Fundeb, do SUS e do Fundo de Participação dos Municípios. “Sem gente nem dinheiro, esses hospitais vão se transformar em imensos elefantes brancos”, diz Alves. O parlamentar lembra que a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou requerimento do deputado Osmar Terra (PMDB/RS) para convidar Murad a prestar esclarecimentos sobre o programa e outros problemas na área da saúde. “Ele tem muito o que explicar”, afirma. Procurado por ISTOÉ, o secretário de Saúde do Maranhão não se manifestou até o fechamento da edição
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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Quando a injustiça nos faz tremer de indignação...


Como dizia Che, "se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros".


Blog G.D.News segue a máxima guevarista e repercute Carta Capital em mais uma denúncia de trabalho escravo envolvendo maranhense.

Ecos segue G.D. News, porque também treme de indignação quando vê uma injustiça. Confira abaixo:



O maranhense João resolveu buscar trabalho no Pará, onde homens valem menos que bois. Por Felipe Milanez. Foto: Bernardo Loyola.
O maranhense João resolveu buscar trabalho no Pará, onde homens valem menos que bois. Por Felipe Milanez. Foto: Bernardo Loyola.
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Marabá, sexta-feira. O sol da manhã confirma a época da seca e anuncia o calor que virá durante a tarde. Atrás do muro alto em uma rua de terra à margem de um córrego, fica o abrigo da Comissão Pastoral da Terra chamado “cabanagem”. Trata-se de um espaço feito para receber trabalhadores em situação de risco. O nome faz referência à revolta de negros e índios ocorrida na Amazônia no período regencial. João me aguarda para a conversa. Ele saiu do Maranhão em novembro para procurar emprego no Pará. Deixou para trás a mulher e um casal de filhos. Acabou aliciado por um “gato”. Trabalhou seis meses praticamente sem receber, por causa da dívida na cantina. Um dia sofreu um acidente. Pediu as contas, a dona da fazenda, de nome Clara, disse que não tinha o que lhe pagar. Ele amea-çou ir à Justiça. Ela retrucou: “Rapaz, se tu quiser ir, tu pode ir. Porque na minha fazenda quem manda é eu, não é a polícia-”. Fugiu com 200 re-ais no bolso.
Pergunto qual era o trabalho dele na fazenda.
“Era cortando juquira (erva daninha que atrapalha o pasto) e ajudante de fazer cerca na fazenda.”
Fazia isso no Maranhão?
“Não, vim fazer aqui.”
O que é a cantina?
“É onde vende bota, foice, arroz, feijão, óleo, essas coisas assim de fazenda, sabe? Café, açúcar, sabão.”
Eles cobravam?
“Cobravam. Olha, lá no barraco que eu tava, nem energia não tem. O litro de óleo que a gente compra lá, tudo vai pra nota, pro caderno. A água lá onde os meninos estão é água de rio. E lá onde eu tava é um córrego, desse córrego ela botou um cano e encostou uma mangueira da grossura de um dedo nesse cano para puxar água pro pneu. Nesse pneu, o gado bebe, a gente toma banho, bebe e também tira para fazer comida.” (continue lendo aqui)

Enquanto isso, ninguém se tremeu de indignação com a denúncia de Lígia Teixeira em sua coluna "Falando com Franqueza" - no blog Marrapá. Nem Secretaria de Direitos Humanos, nem a de Administração Penitenciária, nem a OAB, nem a SMDH, nem o Conselho Estadual de Direitos Humanos, nem o Ouvidor de Segurança Pública...

... naturalizamos a violência?

Confira o texto abaixo. As imagens não tem mais como, pois foram retiradas do YouTube por serem consideradas de "conteúdo chocante e repugnante".


No Reino da hipocrisia: Violência policial cotidiana no Maranhão é esquecida em nome de um fato isolado

Peço aos queridos leitores muita atenção no video abaixo, de pouco mais de um minuto. Trata-se de uma cena chocante, dolorosa e absolutamente perversa, mas que  infelizmente, é parte de uma realidade repetida incontáveis vezes em todos os lugares onde há um Policial Militar ou Civil do Maranhão. No video, policiais usam um pedaço de tábua para surrarem dois presidiários que fugiram e foram recapturados. Os gritos de dor dos presos são por si só, massacrantes.
Observem:
Continue a leitura do texto de Ligia Teixeira aqui.



quinta-feira, 28 de julho de 2011

A coisa lá tá feia...

Charge do Chico Caruso, no Blog do Noblat

Poesia de Quinta - Número 135

Por Deíla Maia


A Poesia de Quinta de hoje é bem pueril, de Cecília Meireles. Acho que tem tudo a ver com o meu "momento menina", por conta da minha queridíssima Isadora (minha amada filha). 
Espero que gostem também.

Beijos.

Deíla



Sonhos da menina
Cecília Meireles

A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?
Sonho
risonho:
O vento sozinho
no seu carrinho.
De que tamanho
seria o rebanho?
A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha . . .
Na lua há um ninho
de passarinho.
A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?

Em tempo:
Atualizando a coluna. Essa Poesia de Quinta nº 135 foi originalmente enviada em 21/7/2011

Verdades e mentiras da oligarquia

    No último domingo, o editor do Ecos das Lutas estreou entre os colunistas do Jornal Pequeno.
    O convite do JP reforça a opção do matutino pela pluralidade de opiniões no diário dos Bogéas.
    Blogueiros do sistema, que estranham nas páginas do JP a coluna do deputado estadual sarneyzista Roberto Costa (PMDB), e aproveitaram para espalhar que o jornal estava prostrado, silenciaram quanto ao reforço do time de articulistas contrários à oligarquia, somando com José Reinaldo (PSB), Edson Vidigal (PDT) e Joãozinho Ribeiro (PT ).
    Deveriam estranhar mesmo é a falta pluralidade nas páginas d´O Estado do Maranhão... quanto a isso, nunca têm nada a dizer.
    Abaixo, o artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 24/07/2011 - página 04).


Franklin Douglas

         VERDADES E MENTIRAS DA OLIGARQUIA

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), 81 anos, entoou sua versão para a História recente do Brasil.
Como que inspirado no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que desfraldou uma campanha de marketing em torno da comemoração de seus 80 anos para repaginar sua imagem pública, Sarney tenta se reapresentar a História sob versões que, seguramente, a análise científica apurada não demorará em apontar a inconsistência de suas afirmações. Bastará ler os jornais da época, verificar os anais do Poder Legislativo, contrapor sua versão a de outros personagens do mesmo tempo histórico.
Relembremos, a título de exemplo, nota no “Colunaço do Peta”, de domingo passado, o tamanho da mentira desmedida:
“Na memorável entrevista ao Correio Braziliense, o senador Sarney contou o que até então ninguém no mundo sabia!!! Disse que foi preso político na ditadura de Vargas, a quem combateu!!!”
[Declaração de Sarney no jornal: “Quando era estudante, fui preso pela ditadura Vargas. Fui contra o Getúlio.” – grifo nosso]
Continua o Colunaço:
“Getúlio tomou o poder em 3 de outubro de 1930, quando Sarney tinha seis meses de nascido!! A ditadura de Vargas se instalou com o Estado Novo, em 1937, quando Sarney tinha apenas sete anos de idade (...)”
Percebeu, caro leitor, cara leitora, como será fácil aos pesquisadores desmontar as versões mirabolantes de Sarney?
Mas, dentre tantas mentiras na entrevista de Sarney ao Correio, surge uma verdade:
“(...) este será meu último mandato. Não concorrerei a uma eleição”.
Mesma declaração ao jornal brasiliense foi reafirmada esta semana à mídia maranhense, durante o lançamento do livro “Sarney – a biografia”.
Sim, enfim, nas entrevistas cheias de patranhas, Sarney não fez gabolice sobre seu futuro eleitoral. Sarney não concorrerá a nova eleição. Não porque não queira, mas porque as condições políticas o impedem. Tanto no Amapá quanto no Maranhão.
Aqui, não se elege a nada desde 1976 e, em 2014, só haverá uma vaga ao Senado, certamente reservada para sua filha disputar. No Amapá, o povo cansou de Sarney. Lá, a família Capiberibe (Camilo, o filho, governador; João, o pai, senador; e Janete, a mãe, deputada federal – todos no PSB) e a liderança ascendente de Randolfo Rodrigues, senador do PSOL, estrangulam qualquer pretensão do velho morubixaba.
As “sete vidas de gato” (ou as várias cores de camaleão) vão chegando ao fim; seja pela idade, seja pela impossibilidade de se reinventar através dessas lorotas que conta sobre si.
Se Sarney uma vez na vida falou a verdade, sua filha não deixou de contar uma mentira, só para não desmoralizar a fama da famiglia. Na mesma ocasião da entrevista do pai, no lançamento do livro no Shopping São Luís, a governadora Sarney soltou que também está próxima da aposentadoria...
Roseana sem disputar as eleições de 2014?
Afirmativa tão verdadeira quanto os 72 hospitais, a ponte do Quarto Centenário, o combate implacável a qualquer denúncia de corrupção em seu governo (o caso FAPEMA fala por si só), a geração de 200 mil empregos ou a Avenida Metropolitana.
Com a frase de efeito, Roseana apenas busca retardar a fome de poder de seu vice, o sarnopetista Washington Luiz, que nos quatro cantos do Maranhão espalha: a partir de abril de 2014, é com ele. Objetiva, ainda, frear lobos e carcarás de seu grupo quanto à disputa pela escolha de quem concorrerá a seu cargo nas próximas eleições estaduais. Sem liderança sobre os seus, Roseana sabe que somente a chave do cofre lhe dá força junto às famílias dentro da oligarquia. Sua força e fraqueza, em abril de 2014 – quando do prazo de desincompatibilizações. Como “quem morre de véspera é peru de natal”, só lhe resta dizer que não será candidata para tentar manter influência sobre sua sucessão.
Se não inventar a criação do Maranhão do Sul até 2014 ou pular para o vizinho estado do Pará para disputar três novas vagas ao Senado que surgirão caso o estado seja dividido, o mais provável é que Sarney se encontre com seu ocaso.
Como anota o jornalista Zema Ribeiro:
“Os Sarney José e Roseana anunciaram pendurar as chuteiras.
Dois bons motivos para comemorarem brasileiros e brasileiras” !



Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente