segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Artigo Haroldo Saboia - (Cena da política maranhense) BRIGA DE GENTE GRANDE


Por Haroldo Saboia - via Facebook


O episódio de Bacabal - em que o ministro Gilmar Mendes concede liminar assegurando a posse do ruralista José Vieira -, além de ilustrar intrincadas relações de poder, revela o governador Flávio Dino absolutamente à vontade no exercício de velhas práticas políticas.
Já não se trata do jovem egresso da política estudantil de esquerda com uma década de experiência na magistratura.

Nem tampouco do novo e repentino amigo e aliado do governador José Reinaldo (ainda nos Leões, em ruptura com os Sarneys) que o elege deputado federal, em 2006, e governador, em 2014, ao comandar uma poderosa articulação de forças locais em dissidência com a velha oligarquia.

Não! Não! Nem mais uma sombra de qualquer romantismo de esquerda! Nada! A imagem com que Flávio se apresenta, hoje, aos maranhenses é de um político inteligente, astuto e ambicioso, cada vez mais ávido de poder e fama, mesmo que às custas de fatias crescentes do orçamento público da Comunicação.

O episódio de Bacabal é emblemático pela frieza com que é apunhalado um adversário até então dócil e cordial. 

É briga de gente grande que lembra disputas florentinas ora refinadas, ora de inusitadas atrocidades!

Envolve diretamente o Senador João Alberto e o governador Flávio Dino.
Reza a lenda que sua origem está nas relações do grupo do Senador do PMDB com o Palácio dos Leões.


João Alberto, governista empedernido, desde o início do governo Dino buscou estabelecer laços franciscanos e pontes fisiológicas com os novos palacianos. Cedo constituiu o PMDB chapa branca liderado na Assembleia pelo Deputado Roberto Costa – votando sempre ou quase sempre as propostas governistas.





Na Assembleia, a oposição ao governo Flavio Dino, em consequência, ficou restrita ao PMDB autenticamente oligárquico, integrado por deputados familiares: Andrea Murad, Adriano Sarney, Edilásio Filho e Sousa Neto.

A pedido do governador, João Alberto teria levado o PMDB de São Luís a não apoiar qualquer candidatura “competitiva” à prefeitura, para não ceder, portanto, seu precioso tempo de TV. O PMDB chapa branca do senador optou por lançar na Capital candidatura própria.

Em Bacabal, em contrapartida, seu candidato, Roberto Costa, navegou em céu de brigadeiro. Mesmo sem a maioria dos votos, Costa foi proclamado eleito, pois José Vieira, vitorioso nas urnas, concorrera sub judice já que sua candidatura houvera sido indeferida pela Lei de Ficha Limpa.

Eis que, de repente, uma liminar assinada pelo reconhecidamente insuspeito ministro Gilmar Mendes se abate sobre o pupilo do senador.






A decisão que impede Roberto Costa de tomar posse teria sido recebida por João Alberto como um brutal contragolpe, um verdadeiro rompimento de um pacto, como uma traição a um acordo firmado desde o início do governo dinista.

É que o Brasil todo conhece as excelentes relações do ultraliberal e conservador Gilmar Mendes com o presumível comunista Flávio Dino, do PC do B.

Dino ainda juiz, após ter assessorado Nelson Jobim no STF, aproximou-se e tornou-se amigo de Gilmar Mendes.

Eleito deputado federal em 2006, e derrotado ao pleitear o governo do Estado, em 2010, Flavio, sem mandato, no início de 2011, aceitou convite de Gilmar Mendes para dirigir o seu Instituto de Direito Público (IDP) - em Brasília.

E lá permaneceu até que o PCdoB viabilizasse junto a presidente Dilma Rousseff sua ida para a presidência da EMBRATUR.

Governador, Flávio Dino não esqueceu nem o Instituto de Direito Público nem o seu amigo ministro Gilmar Mendes.


Já no primeiro ano de sua gestão, contratou o Instituto de Direito Público (IDP), através da Escola de Governo do Maranhão, para ministrar o curso “Aperfeiçoamento e Atualização nos Fundamentos e Procedimentos da Administração”.




Do valor global do contrato, já foram pagos 1.446.966,40 reais (entre abril e setembro de 2016) do total de 4.793.932,00 reais empenhados desde 2015.

QUASE 5 MILHÕES DE REAIS DO ORÇAMENTO DE UM ESTADO POBRE por um curso de 102 horas-aula “que utiliza metodologia online na modalidade Ensino a Distância (EaD)”: dividido em três módulos com a previsão de serem abertos “por seminários presenciais com renomados profissionais” (site da Escola de Governo do Maranhão,EGMA,01/03/2016 ).

Diante desse cenário, uma pergunta circula nos três poderes maranhenses e na Justiça Eleitoral: como será o próximo round desta contenda João Alberto X Flávio Dino, dessa “briga de gente grande”?!


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