POESIA DE QUINTA - Número 25
Por Deila Maia
Nesta última quinta-feira de março, mês da mulher, resolvi escolher uma poesia de uma poetisa maranhense com a qual eu me identifico muito, que é a DAGMAR DESTERRO.
Ela foi uma poetisa maranhense, formada em Ciências Jurídicas e Sociais e também em Pedagogia. Abrilhantou o nosso mundo durante 78 anos (1925 a 2004). Foi membro da Academia Maranhense de Letras. Esta poesia faz parte da obra "Pedra-vida", publicada em 1979.
Espero que no corre-corre do dia-a-dia vocês encontrem um minutinho para apreciar esta gota de poesia no imenso mar da vida.
CORRIDA
Dagmar Desterro
No avanço do tempo corre a vida,
mas nesse tempo há pedras espalhadas,
pedras agudas, carnes esfarrapadas,
sangue jorrando de cada ferida.
O tempo açoita a vida noite e dia
e ele chora, tropeça, levanta e continua.
Só a esperança anima a travessia;
e a alma corre, descabelada e nua.
E a vida não tem tempo, ao tempo, em meio,
de ver o belo existente no caminho;
não perder na corrida é o seu anseio;
sua atenção conserva em desalinho.
No embrião da vida, no tempo, avanço.
Subidas e descidas ─ tantas conheço:
e na vertigem do correr me canso.
Procuro, em vão, meu horizonte do começo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário