Ecos recebe de leitor matéria d´O Estado de São Paulo de hoje. Nela, está registrada a cobrança do senador amapo-maranhense José Sarney (PMDB) ao ex-ministro Francisco Rezek, por este advogar em favor do governador Jackson Lago. Confira a que ponto chega a prepotência do velho oligarca:
QUANDO O PADRINHO APRESENTA A CONTA
Sarney cobra Rezek, por apoiar Lago
Além de perder sucessivas batalhas jurídicas contra a cassação do mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), por abuso de poder político e econômico, o advogado e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Rezek, perdeu o padrinho e, pior, ainda levou um pito.
Não bastasse o rompimento, Rezek teve de amargar uma reprimenda por escrito do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em razão da forma como conduziu a defesa do governador contra sua filha e senadora Roseana (PMDB-MA).
Na tentativa de salvar Lago, Rezek atacou não só a segunda colocada na corrida estadual e autora da denúncia, Roseana, como toda a família Sarney, que, a seu ver, se movimentava para retomar o poder que deteve por 40 anos no Maranhão. A reação, em forma de carta-protesto assinada pelo chefe do clã, chegou a Rezek pelo correio, logo em seguida ao primeiro julgamento de Lago no TSE, em dezembro passado. "Jackson Lago não tem poder econômico, não tem feudo, não tem concessões de rádio, de televisão", afirmara Rezek em defesa de seu cliente, provocando a ira de Sarney.
Em resposta à acusação de "tentativa de golpe de Estado pela via judiciária", Sarney fez questão de registrar que não aceitava "tamanho insulto" daquele que lhe devia a nomeação para o Supremo, aos 39 anos, em 1983. Na condição de todo-poderoso presidente do PDS, partido do governo, Sarney teve cacife para atender ao pedido do amigo Bilac Pinto, ex-deputado da UDN e ex-presidente da Câmara que havia participado ativamente da estruturação do regime militar.
Bilac também fora ministro do Supremo até 1978, nomeado pelo então presidente Garrastazu Médici. Queria que Rezek, marido de sua sobrinha Mireya, seguisse trajetória semelhante.
Reavivada a lembrança do apelo de Bilac, o senador foi duro. Confessou-se surpreso e indignado com os ataques aos Sarney. A família não aceitou o fato de Rezek ter criticado o que chamou de "tentativa de reverter o resultado da vontade popular", nem tampouco a atuação de seu parceiro na defesa de Lago. O advogado José Eduardo Alckmin relacionou até a situação de pobreza do povo maranhense como um "quadro que se verifica após 40 anos ininterruptos de domínio do grupo político da família Sarney".
Tudo isso, depois de Rezek ter levantado suspeitas sobre o andamento do processo, alegando que o vice-procurador-geral eleitoral emitira o parecer pró-cassação "em tempo admiravelmente exíguo à vista do volume do feito". Foi a gota d''água para Sarney.
(O Estado de São Paulo, 4/4/09-nacional)
QUANDO O PADRINHO APRESENTA A CONTA
Sarney cobra Rezek, por apoiar Lago
Além de perder sucessivas batalhas jurídicas contra a cassação do mandato do governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), por abuso de poder político e econômico, o advogado e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Rezek, perdeu o padrinho e, pior, ainda levou um pito.
Não bastasse o rompimento, Rezek teve de amargar uma reprimenda por escrito do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), em razão da forma como conduziu a defesa do governador contra sua filha e senadora Roseana (PMDB-MA).
Na tentativa de salvar Lago, Rezek atacou não só a segunda colocada na corrida estadual e autora da denúncia, Roseana, como toda a família Sarney, que, a seu ver, se movimentava para retomar o poder que deteve por 40 anos no Maranhão. A reação, em forma de carta-protesto assinada pelo chefe do clã, chegou a Rezek pelo correio, logo em seguida ao primeiro julgamento de Lago no TSE, em dezembro passado. "Jackson Lago não tem poder econômico, não tem feudo, não tem concessões de rádio, de televisão", afirmara Rezek em defesa de seu cliente, provocando a ira de Sarney.
Em resposta à acusação de "tentativa de golpe de Estado pela via judiciária", Sarney fez questão de registrar que não aceitava "tamanho insulto" daquele que lhe devia a nomeação para o Supremo, aos 39 anos, em 1983. Na condição de todo-poderoso presidente do PDS, partido do governo, Sarney teve cacife para atender ao pedido do amigo Bilac Pinto, ex-deputado da UDN e ex-presidente da Câmara que havia participado ativamente da estruturação do regime militar.
Bilac também fora ministro do Supremo até 1978, nomeado pelo então presidente Garrastazu Médici. Queria que Rezek, marido de sua sobrinha Mireya, seguisse trajetória semelhante.
Reavivada a lembrança do apelo de Bilac, o senador foi duro. Confessou-se surpreso e indignado com os ataques aos Sarney. A família não aceitou o fato de Rezek ter criticado o que chamou de "tentativa de reverter o resultado da vontade popular", nem tampouco a atuação de seu parceiro na defesa de Lago. O advogado José Eduardo Alckmin relacionou até a situação de pobreza do povo maranhense como um "quadro que se verifica após 40 anos ininterruptos de domínio do grupo político da família Sarney".
Tudo isso, depois de Rezek ter levantado suspeitas sobre o andamento do processo, alegando que o vice-procurador-geral eleitoral emitira o parecer pró-cassação "em tempo admiravelmente exíguo à vista do volume do feito". Foi a gota d''água para Sarney.
(O Estado de São Paulo, 4/4/09-nacional)
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