segunda-feira, 22 de junho de 2009

O SENADO DE ODORICO PARAGUAÇU

Por Franklin Douglas(*)

Neste domingo, enquanto você lê as páginas do Jornal Pequeno, mais de 30 mil inscritos submetem-se ao concurso do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE). No domingo passado, foram mais 35 mil disputando o concurso do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Para o mês de julho, mais de 52 mil enfrentarão o concurso do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Ou seja, enquanto uma multidão de candidatos investe tempo, dinheiro e esperança para passar num concurso e ter uma vaga no serviço público, estabilidade e salário digno, o velho oligarca maranhense José Sarney nomeia parentes e aderentes aos cargos do Senado. Um verdadeiro escândalo nacional!

Se para uns a única chance vem pelo esforço do estudo, para outros basta um sobrenome: Sarney ou Murad... Em uma semana de atos “secretos”, já se tomou conhecimento da nomeação de oito parentes de Sarney e um mordono de Roseana para o Senado.

No Senado da dupla dinâmica da política nacional, José Sarney e Renan Calheiros, cada vez mais tem sido assim:

... para ser de gabinete parlamentar, tem que ser irmão do Sarney;

... para ser assistente parlamentar, tem que ser namorada do irmão de Sarney;

... para ser secretário parlamentar, tem que ser neto ou mãe de neto de Sarney;

... para ficar à disposição do Senado sem trabalhar, tem que ser sobrinha de Marly;

... para morar na Espanha mas receber do Senado sem trabalhar, basta ser sobrinha de Murad;

... e para ganhar 12 mil por mês e pouco trabalhar, basta ser mordomo de Roseana!

Seria cômico não fosse repugnante, a piada nacional que Sarney vem transformando o Senado Federal. Uma verdadeira Câmara Municipal de Sucupira do Odorico Paraguaçu, aquele personagem de Dias Gomes, da novela “O Bem Amado”, veiculada pela Rede Globo em 1973.
Tal como em Sucupira, no Senado de Sarney prevalece o patrimonialismo, o coronelismo e a apropriação privada da coisa pública.

Como presidente do Senado, Sarney deveria dar exemplo e não descumprir a Constituição Federal, que em seu artigo 37 é claríssima:

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.”

É dever de todo cidadão e cidadã de bem, revidar contra essa situação. Por muito menos caíram ACM, Jader Barbalho e Renan Calheiros.

Brasileiros e brasileiras, não sejamos as irmãs Cajazeiras - defensoras fervorosas do coronel Odorico Paraguaçu - do velho oligarca. À favor da transparência, da moralidade na gestão pública, contra o nepotismo e a improbidade administrativa, é hora do povo brasileiro reagir e gritar bem alto: SAI SARNEY!

(*) Franklin Douglas – jornalista e professor universitário, é editor do blogue Ecos das Lutas (ecosdaslutas.blogspot.com). Artigo publicado originalmente no Jornal Pequeno de domingo - 21.06.2009

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