Leia também a Carta de Manoel da Conceição e Domingos Dutra ao povo maranhense. E, ainda, confira a repercussão da greve de fome de Dutra e Mané.
CARTA AO POVO MARANHENSE!
Estamos em greve de fome desde o dia 11 no Plenário da Câmara Federal. Fomos empurrados para a este sacrifício. Estupraram o Código de Ética do Partido para doar o PT para uma oligarquia corrupta. Violentaram a democracia interna para eternizar o poder de uma família.
Somos fundadores do PT. Nestes 30 anos nunca envergonhamos o Partido. Jamais nos envolvemos em escândalos. Ajudamos eleger o Presidente LULA na esperança de livrar os maranhenses dos desmandos dos Sarneys.
Não conseguimos. Com chantagens, dissimulação e bajulação, Sarney ampliou o poder que exerceu na ditadura às custas de delações, exílios, prisões, torturas e mortes de muitos brasileiros.
A fome de poder desse bruxo não tem limites. Este homem tem a barriga do fim do mundo: ele agora quer se apossar do PT do Maranhão e privatizar a popularidade do Presidente Lula na tentativa de reeleger a filha Roseana.
Sem piedade, trocaram a nossa alma pela promessa de 3 milhões de votos.
Que dívida impagável é esta que Sarney não pára de cobrar do nosso Presidente e do PT? Quem será a próxima vítima dessa dívida? Quanto mais Sarney humilha o PT mais a dívida cresce!
Quem entregou o PT para Fernando Sarney (que de uma lapada desviou 14 milhões de dólares para exterior) ainda tem coragem de falar em honestidade?
Quem doou o PT para a rainha da Lunus, depois de tantos escândalos com recursos públicos, não pode mais falar de ética e transparência.
Quem se torna refém de um oligarca sem caráter e dissimulado, após os escândalos do Senado, não pode mais falar em decência.
Quem destrói lideranças e desrespeita aliados históricos para eternizar uma oligarquia brutal não pode mais falar em democracia.
Quem esquece o passado e tripudia sobre velhos companheiros não pode mais falar em solidariedade, fraternidade, socialismo.
Quem doa o PT em troca da promessa de votos não pode mais falar em reforma política.
Que projeto nacional é este em que o Partido do Presidente da República e da futura presidente se transforma em sublegenda do Partido do vice-presidente?
Porque tanta brutalidade com o PT se o PMDB tenta livremente derrotar o PT na Bahia, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e outros estados?
Entregar o PT para oligarquia Sarney significa jogar no lixo a legalidade partidária. É a negação da ética e da decência na política. É sepultar as esperanças de libertação do povo maranhense após 46 anos de escravidão. É agredir os movimentos sociais, desrespeitar aliados históricos e destruir o Partido no Estado.
Estamos cansados de derrotar Sarney no Maranhão e ele ser vitorioso no tapetão de Brasília.
Por isto estamos em GREVE DE FOME, em defesa da coerência, da decência e da legalidade partidária.
O direito vai prevalecer, pois acreditamos nos petistas que têm consciência e na JUSTIÇA BRASILEIRA.
Plenário Ulysses Guimarães, em 14 de junho de 2010. MANOEL DA CONCEIÇÃO – PRIMEIRO FUNDADOR NACIONAL VIVO DO PTDOMINGOS DUTRA – DEPUTADO FEDERAL E FUNDADOR DO PT NO MARANHÃO
IG:
PETISTA HISTÓRICO ADERE A GREVE DE FOME E PREOCUPA TIME DE DILMA
Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana
Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana
Ricardo Galhardo, iG São Paulo
Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou o artido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente. A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia.
Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense.
“Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG.
Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira.À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão.Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”.
Enfrentamento
O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios.
A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso.
A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente.A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.
Veja OnLine:
O presidente da Câmara e candidato a vice-presidente na chapa encabeçada do PT, Michel Temer, ameaçou convocar a Polícia Legislativa para acabar com a greve de fome do deputado Domingos Dutra, do PT do Maranhão. Um quilo e meio mais magro, o parlamentar está sem se alimentar há 72 horas, sentando em uma cadeira nos fundos do plenário da Câmara. Ele protesta contra a aliança entre o seu partido e a governadora Roseana Sarney.
“Eles querem me tirar daqui de qualquer jeito, mas eu não saio. Se for preciso, me acorrento”, promete o petista, que está acompanhado de Manoel da Conceição, 75 anos de idade, militante e fundador do PT. Manoel perdeu uma perna em confronto com a polícia do Maranhão e culpa a família Sarney pela agressão. Temer quer tirar os manifestantes do plenário. (Sofia Krause)
Blog do Noblat
Revoltado com a decisão da Executiva Nacional do PT, o deputado Domingos Dutra (PT-MA) entra no terceiro dia de greve de fome.
Desde a última sexta-feira (11), o parlamentar está no plenário da Câmara, em Brasília, à base de água e água de coco. Ele está acompanhado do presidente de honra do PT/MA, Manoel dos Santos.
Dutra protesta contra a cúpula nacional do PT que impôs ao diretório do Maranhão o apoio à candidatura de Roseana Sarney (PMDB) na disputa pelo governo local.
O parlamentar, assim como a maioria do diretório maranhense, é a favor da candidatura de Flávio Dino (PCdoB).
“Apoiar o Sarney é apoiar a bandidagem. Se o Sarney não tivesse mandato, estaria com o Fernandinho Beira Mar: preso. A Executiva Nacional resolveu transformar o PT numa sublegenda do PMDB”, disparou Dutra para em seguida emendar: “Que dívida é essa que o Lula tem com o Sarney?”.
Magoado com Lula, Dutra diz que o presidente abandonou os “companheiros” que o ajudaram a chegar à presidência.
“Ele não nos atende. Durante três anos e meio de mandato, o presidente Lula nos recebeu apenas uma vez na casa do Arlindo [Chinaglia, ex-presidente da Câmara]. E ainda foi para nos dar carão. Não temos importância para o Lula: somos lixo, descartáveis”, queixou-se.
A greve de fome, de acordo com o deputado, deve durar até o final do mês, data limite para a composição das coligações que disputarão a eleição de outubro.
Nesse meio tempo, o parlamentar estuda recorrer à Justiça comum e/ou Eleitoral contra a decisão da Executiva Nacional do PT.
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