domingo, 2 de janeiro de 2011

DE VOLTA AO PASSADO


Por Franklin Douglas



O dia primeiro de janeiro, a cada quatro anos, é mais do que o início de um ano novo. É o começo de novos governos, saídos das urnas no ano anterior: uns incontestáveis; outros ilegítimos; ambos portadores de concepções de como será governado o povo de um Estado, de uma nação. A posse, em si, já aponta os caminhos a serem trilhados pelos governantes alçados ao comando do Executivo do Poder Público.
No Maranhão, o 1º de janeiro de 2011 torna-se um bom momento de comparações entre dois governos, dois governantes, duas posses. O primeiro, legítimo, de vitória no voto popular, de mobilização de esperança, ainda que mais à frente frustrada; o segundo, fruto da fraude eletrônica, do abuso do poder econômico e da vitória constrangedora por centésimos de votos que sequer permitiu uma avassaladora comemoração, parecendo-se mais com um ditado popular do tipo escapamos fedendo...
Trata-se, como o leitor já percebeu, de confrontarmos as posses de Jackson Lago (PDT), em 1º de janeiro de 2007, e de Roseana Sarney (PMDB), em 1º de janeiro de 2011. Pela comparação entre ambas, já nos é possível concretizar avaliações que evidenciam como será o quarto mandato da governadora Sarney à frente do Governo do Maranhão: insípido, inodoro e incolor aos interesses populares. Valerá apenas os interesses dos ricos do Maranhão.

A posse de Jackson Lago foi em praça pública, à tardinha (horário no qual as famílias geralmente saem para se congraçar em espaços públicos), com 15 mil pessoas disputando um lugar na Maria Aragão, prestigiada por políticos, intelectuais, artistas, juventude, militantes dos movimentos sociais, prefeitos, lideranças partidárias e, sobretudo, pelo povo humilde maranhense que, pela primeira vez, assistia gratuitamente a um concerto do renomado pianista Arthur Moreira Lima na posse de um governador maranhense.
Posse de Roseana em 2011...
A posse de Roseana Sarney ocorre na calada da noite, em pleno momento em que o povo quer mais é comer e dançar no réveillon e fazer seus pedidos de saúde e paz. Acontece entre os donos do poder, entre as famílias da plutocracia maranhense, deixando claro que o Maranhão não será de todos nós nos próximos anos. Não há povo a ser cortejado. Agora, só tem relevância daqui a quatro anos. A posse da filha sequer se iguala a do pai, em janeiro de 1966: também em praça pública, com povo e artista nacional presenciando aquele momento – o cineasta Glauber Rocha filmando para o seu “Maranhão 66: posse do governador José Sarney”.
... sequer igual a de José Sarney, em 1966















A distância entre uma e outra posse aponta para o modelo de gestão a ser implementado pelo próximo governo: nada de participação popular, transparência administrativa, melhoria da educação, eficiência na segurança pública. O anúncio dos secretários, sem a apresentação de cada um, seu perfil, histórico com a política pública que gestará, metas e prioridades para a área, somente com a governadora (e seu PT diminuto como adereço) – sem a participação de outros partidos que lhe ajudaram a “ganhar” (casos do PRB de Cleber Verde, PP de Waldir Maranhão e PSL de Pereirinha, dentre outros) –, também mostra que quem governará com mão de ferro serão os Murads, devidamente ocultados por secretários seus nomeados.
Quanto à anunciada promessa de tolerância zero com a corrupção, venha de onde vier, vale tanto quanto uma cédula de R$ 3,00 ou a promessa de que 72 hospitais seriam inaugurados até 31 de dezembro do ano que terminou. Marketing, governo dos e para os ricos, mentiras e nada mais. Qualquer semelhança com os governos de Roseana de 1994 e 1998 não é mera coincidência: ESTAMOS DE VOLTA AO PASSADO!


(*) Franklin Douglas – jornalista e professor, 37 anos. Email: oifranklin.ma@gmail.com

6 comentários:

  1. Olá, lhe faço votos de que possamos no decorrer deste ano de 2011 ser um importante contraponto às poderosas mídias que existem, especialmente aqui em nosso desvalido Estado do Maranhão.
    Estamos seguindo seu blog e listamos como um dos indicados à leitura.
    Um abraço e sucesso.

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  2. Retribuo os mesmos votos aos amigos do G.D. News. Sucesso também.

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  3. O governo Jackson teve a posse desse jeito ai que vc fala e terminou na lei do cão, greve dos policiais civis, politica salarial do subsidio, desvios de verbas públicas, enriquecimento ilícito de alguns secretariozzz etc

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  4. A esperança mais a frente frustrada, como registrei no segundo parágrafo, contempla esses fatos registrados pelo nobre leitor.

    O fundamental, no entanto, é que ao longo de seu primeiro ano, o governo Jackson foi sendo hegemonizado pela política de CONCILIAÇÃO com o Sarneismo, e não de RUPTURA. Daí os erros subsequentes, tais como esses levantados por você.

    Obrigado pelo comentário.

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  5. Concordo,

    Assim é o governo oligarquico, governo de elite, onde os anseios do povo maranhense por uma vida digna é o que menos interessa.

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  6. Nada de novo, não é mesmo?
    Obrigado pelo comentário.

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