sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Poesia de Quinta - Número 117

Por Deíla Maia

Pessoal, 

Hoje vou trazer para vcs um poeta novo, que eu aposto que vcs já conhecem como músico (ex-Titãs): Arnaldo Antunes.
A poesia dele, à primeira vista, pode parecer meio "non-sense", boba, sem sentido mesmo. Mas se formos parar para pensar, não é assim. 
O primeiro livro dele que eu li foi "As coisas" e lembro que quase morrir de rir das loucuras dele. 
Por outro lado, acho que ele é muito criativo, inventivo, inovador. 
Vou mandar uma bem característica do estilo meio louco dele. Leiam. Aposto que primeiro vocês vão pensar: "Que bobagem!". Aí leiam de novo e reflitam. Vão ver que é mais profundo do que se pensa. 
Na minha leitura, esta poesia aparentemente simplória, faz uma reflexão sobre o materialismo, o apego aos bens, ao dinheiro etc., que não conduz à paz interior. Realmente, as coisas têm muitas coisas (como ele enumera na poesia), mas não têm o mais importante (PAZ). 
Espero que gostem.
Beijos,
Deíla
AS COISAS
Arnaldo Antunes


As coisas têm peso,
 massa,
 volume,
 tamanho, 
tempo,
 forma,
 cor,
 posição,
 textura, 
duração,
 densidade,
 cheiro,
 valor, 
consistência,
 pro-fundi-dade, 
contorno,
 temperatura,
 função, 
aparência,
 preço, 
destino,
 idade,
 sentido.
 As coisas não têm paz.

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