segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A CHARGE E O MOMENTO (2012 continua...)



Quase ao fim da primeira fase da pré-campanha das eleições de 2012, a pesquisa da Amostragem nada mais serve do que instrumento de convencimento para atrair apoiadores e possíveis aliados, sobretudo por ter sido contratada e amplamente divulgada pelo PCdoB. Ao divulgar, num final de semana, que seu possível candidato vai muito bem numa disputa em São Luís para 2012 e, noutro fim de semana, que seu mesmo candidato vai bem numa disputa ao Governo do Maranhão em 2014, o partido deixa sua base orgânica e social mais confusa do que convicta do que fazer.
Rigorosamente, nada de novo em relação aos levantamentos internos dos partidos de três meses atrás. O problema não é o eleitoral, é o político... E, no político, a única novidade é a sinalização de Lula em querer trocar a cabeça de Netinho (PCdoB-SP) - para apoiar seu pré-candidato à Prefeitura paulistana, Fernando Hadad - pelo apoio do PT aos comunistas em Porto Alegre e em São Luís. Ideia que o PCdoB fez questão de vazar à imprensa nacional e que Lula não desmentiu.
Enfim, o dilema de Flávio Dino, em sendo verdade o apoio prometido por Lula, é se aceita um vice de Washington e retoma suas alianças de 2008 e torna a eleição de São Luís um passeio ou reafirma sua aliança com os setores antissarney feitas para 2010 e mantém sua perspectiva de candidatura para 2014... Isso porque sozinho, sem PT, PSB ou PPS, parece uma aventura que não combina com o cálculo cartesiano de Flávio e seu PCdoB em eleições. 
Fosse uma charge, teríamos assim redesenhado o momento atual:
Castelo, perguntando “e agora o que foi?”, em seu triciclo com a roda dianteira sendo lustrada pela deputada Gardeninha (PSDB), sob auxílio do professor Othon Bastos (PSB), e as duas rodas traseiras, cheias de esparadrapos, impedidas de girar para frente, por conta de uma pedra em cada uma delas colocadas pelo PDT, com a faixa na mão "queremos a vice" e pelo PTC, com outra faixa "nós também", dando uma piscada de olho para o PCdoB;
Roberto Rocha, com a pomba do PSB debaixo do braço, mas sem conseguir decolar da catapulta armada pelos deputados Ribamar Alves e Luciano Leitoa, sob olhar descontente dos Tavares;
A deputada Eliziane, de joelhos, agradecendo por ter sido iluminada e lhe mostrado que o caminho é cair fora dessa disputa da capital;
Sarney e João Alberto guardando a calculadora no bolso e resmungando, a responsabilidade é toda dela agora, olhando para Roseana empurrando o trator do Max Barros para cima de Waldir Maranhão-PP, Cleber Verde-PRB, Raimundo Cutrim-DEM, Pedro Fernandes-PTB, Vitor Mendes-PV, Jota Pinto-PR, Pereirinha-PSL e Tadeu Palácio, que salta da Via Expressa roseanista com um binóculo a mão tentando enxergar onde irá cair...
Ao lado, a estrela do PT sussurando num ouvido de Washington, "o chefe falou em Flávio..." e, no outro ouvido, José Antonio Heluy falando alto, a melhor vice é a mamãe! Isso sob um olhar perdido no tempo de Bira do Pindaré e Domingos Dutra arrumando o carro pink de Núbia Dutra a caminho de Paço do Lumiar;
Haroldo Saboia-PSOL colando um adesivo de Chico Alencar e ainda dando duro na Brasília amarela, sob olhar de Marcos Silva-PSTU em seu fusquinha vermelho, agora brigando para ver quem fica na janela de motorista, ele ou Saulo Arcangeli;
E, sozinho lá na frente da pista, Flávio Dino-PCdoB, com um pé numa Ferrari-2012 e outro numa Hilux-2014, ainda  procurando a resposta no livro de Lênin “O que fazer?”.
Eis a charge do momento...



Nota da Coluna Abaporu* - número 07

Abaporu é  a tela brasileira mais valorizada no mundo (1,5 milhão de dólares). Pintada em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral, é um símbolo do movimento modernista, que propunha  deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. O nome vem do tupi e significa aba(homem), pora (gente) e ú (comer): o "o homem que come gente".

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