Artigo publicado em O Imparcial (Opinião, p. 2) e no Jornal Pequeno (Geral, p.8), de 03 jul. 2024 |
A grande novidade
destas eleições de outubro de 2024 será a inédita participação direta da
população na definição de uma política pública de transportes voltada à
juventude da ilha: o plebiscito sobre o Passe Livre Estudantil.
Explico, cara
leitora, caro leitor.
O artigo 14,
parágrafo 12, da Constituição Federal, estabelece que “serão realizadas
concomitantemente às eleições municipais as consultas populares sobre questões
locais aprovadas pelas Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral
até 90 (noventa) dias antes da data das eleições [...]”. Esse texto foi incluído
pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021.
Ou seja: no dia 6
de outubro (domingo), enquanto 156 milhões de brasileiros elegerão 5.568
prefeitos e cerca de 60 mil vereadores, a capital maranhense – talvez a única
do país – dará um terceiro voto. Será a resposta (Sim ou Não) à seguinte
questão: O município de São Luís deve implantar o Passe Livre Estudantil?
Aprovada no
Congresso em 2021, a Emenda Constitucional nº 111 permitiu que os municípios
façam consultas populares, no mesmo dia das eleições para prefeito e
vereadores, a respeito de temas locais, desde que as Câmaras de Vereadores dos
respectivos municípios aprovem a solicitação até 6 de julho de 2024. O que foi
feito em São Luís, a partir de indicação do Ver. Sá Marques, subscrito por 11
outros parlamentares (a exemplo de Ivaldo Rodrigues, Jhonatan-Coletivo Nós,
Pavão Filho, Álvaro Pires, André Monteiro, Marlon Botão, Ribeiro Neto, dentre
outros).
A indicação ao
TRE/MA aprovada pelos vereadores foi fruto de abaixo-assinado organizado por
professores (como o Prof Leonel Torres), servidores públicos (como o técnico da
UFMA Paulo de Tasso), ativistas da luta pela mobilidade urbana e o Passe Livre,
a exemplo de organizações das juventudes e da luta docente.
Dessa forma, os
quase 750 mil eleitores de São Luís irão às urnas exercitar um mecanismo da
Democracia Direta, tão frequentado em outros países (como Estados Unidos e
Suíça), mas que, no Brasil, é uma raridade: colocar o povo decidindo o destino
de uma questão da cidade. No País, só se viu essa experiência em Petrópolis, em
2018, para decidir sobre o uso de tração animal nos passeios turísticos por
meio de charretes na região. A população rejeitou a proposta.
Aos que têm 35
anos hoje, só puderam vivenciar essa experiência, se eleitores em 2005, no
Referendo sobre a proibição do comércio de armas de fogo. Igualmente, só os
acima de 50 anos participaram do plebiscito sobre a forma de governo
(República/Monarquia) e o sistema de governo (Presidencialismo/Parlamentarismo),
realizado no País, em 1993. Abaixo dessas idades, Plebiscitos? Referendos? A
resposta é tipo a letra da música do Zeca Pagodinho sobre caviar: “nunca vi [nem
comi], só ouço falar”... Ou nas páginas dos livros de História. Fora uma ou
outra consulta sobre desmembramento de regiões, será a primeira eleição em que
as cidades poderão definir políticas públicas para seus cidadãos e cidadãs. São
Luís fará história!
No contexto dos 45
anos da luta pela meia-passagem, a chamada Greve de 1979, consultar o povo se
cabe ou não a gratuidade total nos transportes de São Luís, com o Passe Livre
Estudantil, será uma grande homenagem à geração que conquistou na marra esse
direito.
É tempo de ampliar
essa conquista, agora nas urnas. Sem dúvida, uma verdadeira novidade
democrática!
(*) Franklin Douglas – professor, doutor em Políticas Públicas, jornalista e advogado. E-mail: franklin.artigos@gmail.com.
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