sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SÃO LUIS: UM ANO DEPOIS E... AINDA NÃO FOI!

Por Haroldo Saboia

Em novembro, na Coluna da Página 2 que escrevo às segundas neste JP, preocupado com o agravamento dos problemas de nossa cidade alertei:

“Eleito há um ano o prefeito João Castelo, por sua experiência anterior a frente do executivo estadual, despertou forte expectativa na população de que faria, embora com característica fortemente autoritária, desde o início, um governo de realizações, de obras, uma administração dinâmica, enfim. Onze meses passados, o sentimento que prevalece é que quase nada foi feito. E, ainda pior, que quase nada está por ser feito.”

Citei como exemplo, a questão do sistema viário de São Luis: “um caos que a cada dia toma proporções maiores e alarmantes”.

Foi um Deus nos acuda. Agressivo, o Sr. João Castelo respondeu aos comentários da Coluna sem discutir nenhuma das inúmeras sugestões apresentadas.

“Passados onze meses, o sentimento que prevalece é o de que povo acertou mais uma vez (...) e elegeu João Castelo que lhe está devolvendo a confiança em ruas trafegáveis, lixo recolhido, escolas funcionando e tudo o que todo mundo vê...” (Coluna do Othelino, Jornal Pequeno, edição de 26 de novembro de 2009).

Em 7 de fevereiro, o prefeito João Castelo, em entrevista ao JP, parece mudar o tom. Não mais as afirmações categóricas de novembro e, sim, um novo anúncio:

“Castelo diz que sua gestão agora começa a 'deslanchar'. O prefeito João Castelo disse ontem que, depois de superar graves dificuldades, a Prefeitura de São Luís, agora saneada e com suas finanças ajustadas, está ‘em condições de deslanchar’. "(JP, 7/2/10).

Com boa vontade poderíamos até falar que se trata de “mais um agora vai”. Mas não é esse o nosso propósito. Quando criticamos não apenas fundamentamos como apresentamos idéias e sugestões para nossa cidade. A administração reage sempre desarrazoadamente. Chega de tanto despreparo e arrogância!

O aumento das tarifas dos transportes, por exemplo, em pleno carnaval, é uma medida autoritária e covarde. Autoritária posto que a administração não foi transparente, não apresentou à população as reivindicações dos empresários e nem assegurou aos usuários o direito do contraditório, a possibilidade de apresentar contra-argumentos às proposta de elevação dos preços das passagens.

Covarde e traiçoeira, pois esperou o início dos festejos para aplicá-la. Quanta bobagem!
Esse aumento de tarifas vai gerar dois fatos: o primeiro, a rápida rearticulação do movimento popular de transporte, mais forte e vigoroso; e o segundo (nem precisa ser marqueteiro, como o Duda Mendonça, para perceber) é que todos estes fatos reavivarão fortes na memória popular a imagem truculenta do governador João Castelo, quando das memoráveis lutas dos estudantes pela Meia-Passagem.

Este caso é apenas um exemplo, entre vários.

Em comentários anteriores insiste na questão do sistema viário de São Luis. Ressaltei a necessidade e urgência das ligações inter-bairros e cobrei da Prefeitura uma prestação de contas em relação ao projeto viário, elaborados por técnicos paranaenses, oferecido pela Associação Comercial ,em janeiro de 2009, ao prefeito eleito.

Ou bem projeto dorme em alguma gaveta de um burocrata qualquer ou, então, o senhor João Castelo imagina que basta “fazer caixa” para tirar da cartola, na hora que lhe der na telha, e um passe de mágica executa um viaduto, uma ponte ou coisa parecida. Obra de fachada com mero objetivo eleitoral...

Os tempos mudaram. A luta, a disputa político-eleitoral é cada vez mais acirrada e a legislação complexa que muito facilmente grupos de interesses ou adversários partidários conseguem inviabilizar ou, pelo menos, postergar meses, anos, iniciativas e obras do poder públicos.

O exemplo do tão propalado Hospital Central de Emergência de São Luis é eloqüente! O grupo Sarney, com seus enormes tentáculos nas mais diversas instituições, públicas e privadas, está deitando e rolando.

Será que o prefeito de São Luis, João Castelo Ribeiro Gonçalves, que por longos anos conviveu com Sarney e apaniguados não se dá conta que a oferta pelo Governo do Estado de um terreno para a construção do Hospital de Emergência não passa de uma cilada?

Oferecer um terreno, no Sacavém, na Reserva do Batatã, área de preservação ambiental, de propriedade de uma empresa de economia mista, com centenas de disputas judiciais, querelas trabalhistas, pendências com fornecedores, entraves no TCU e TCE e outros quejandos, não passa de uma grande piada.

E o mais grave, gravíssimo, é que tudo indica que o Sr. Castelo teria ficado encantado com o presente de grego. Esquece que:

“Laranja madura na beira da estrada
Tá bichada Zé ou tem marimbondo no pé.”

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