sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Poesia de Quinta - Número 102

Por Deíla Maia
Olá!






Pessoal, 
nestes tempos de tantos debates políticos, resolvi resgatar a obra de uma poetisa russa, não muito conhecida no Brasil, mas ativamente aclamada na Europa: ANNA AKHMÁTOVA. 

Esta poeta viveu os horrores das guerras mundiais, teve dois maridos seus mortos (um por fuzilamento e outro no campo de concentração), um filho preso por questões políticas, foi censurada pelo governo comunista de Stalin, enfim, vivenciou um sofrimento muito grande, que acabou refletido em suas belas poesias, que têm um toque muito íntimo e original, mas bastante tristes.

Dedico esta poesia carinhosamente à minha tia Iricina, que em breve chegará aqui na Ilha do Amor.
 
Beijos, 



Deíla








SEPARAÇÃO

Anna Akhmátova



Nem semanas nem meses - anos


levamos nos separando. Eis, finalmente, 
o gelo da liberdade verdadeira
e as cinzentas guirlandas na fachadas dos templos. 

Não mais traições, não mais enganos, 
e não me terás de ficar ouvindo até o amanhecer, 
enquanto flui o riacho das provas
da minha mais perfeita inocência. 

E como sempre acontece nestes dias de ruptura, 
a nossa porta bateu o espectro dos primeiros dias
e, pela janela, irrompeu o salgueiro prateado
com toda a encanecida magnificência de seus ramos.
E nós, perturbados, amargos mas altivos, 
não ousamos erguer do chão os nossos olhos. 
Com voz exultante, o pássaro pôs-se a cantar
o quanto um do outro tínhamos gostado.

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