Esta é nossa 25º edição. Estamos comemorando, neste mês de outubro, dois anos de fundação. (...)
A imprensa alternativa, na década de 1970, cumpriu um papel político importante no Brasil. A chamada imprensa nanica, ligada diretamente às correntes de esquerda, marcou época, principalmente entre o AI-5 (fim de 1968) e a anistia (1979). Foram dezenas de jornais, casos de O Pasquim e Opinião. Nenhum deles diário. Na ocasião o país vivia dominado por uma ditadura que matava, torturava, censurava, fechava as instituições, reprimia as organizações sociais, as manifestações artísticas, os estudantes e mandava adversários para o exílio.
Durante a tortuosa “abertura democrática”, já na década de 1980, com o surgimento de partidos progressistas e o avanço de um novo e amplo movimento social, os jornais alternativos perderam espaço no Brasil. Mas, na grande imprensa, a censura (e autocensura) continuou a ocorrer com nova roupagem, sendo driblada na última década pela subversiva comunicação social via internet.
Consideramos que hoje o Brasil ainda vai muito mal politicamente, com uma “democracia” tão fajuta quanto degenerada. Um regime onde o Poder Judiciário, por exemplo, a cada dia perde mais credibilidade. Ninguém, minimamente informado, deixa de desconfiar atualmente deste Poder. É lamentável, mas é verdade. A começar pelos tribunais superiores. As recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça (STF) de anular as provas de três importantes operações da Polícia Federal (PF) - Boi Barrica, Satiagraha e Castelo de Areia - são, sob qualquer aspecto, inadmissíveis. E como se diz em qualquer esquina deste país, é uma merda, mesmo!
E não tem essa balela de que decisão judicial se cumpre e não se discute. Este tipo de decisão se discute, se critica e se denuncia. Afinal, estas operações da PF investigaram desvio de uma montanha de dinheiro público. Dinheiro da sociedade! Então, esta mesma sociedade pode sim opinar, quando considerar o fato uma cagada feita por alguns ministros do STF.
Mas, se a coisa está ruim em Brasília, no Maranhão está bem pior, pois o nosso Estado ficou, até hoje, sob o comando de um dos principais representantes da já citada ditadura. Um gangster que se manteve no poder após sucessivas fraudes, criando um ambiente totalitário, que liquidou a oposição, oprimiu e/ou corrompeu os partidos políticos e calou a mídia tradicional, deixando o povo brutalmente submetido à miséria e a diferentes formas de violência.
É neste contexto, alastrado pelo atraso, que surge no Maranhão, em outubro de 2009, o indiscreto Vias de Fato, um jornal que iria reacender a postura crítica dos anos 70, mas com a marca da contemporaneidade, seis meses após o golpe judiciário que recolocou Roseana no Palácio dos Leões e um ano antes da fraude e do abuso escancarado de poder político e econômico, que manteve no governo a filha do gangster.
Fundar um jornal é sempre uma atitude política. Independente de ser de direita, esquerda, conservador, progressista, liberal, socialista, capitalista, anarquista, cristão ou comunista. A regra é todo veículo de comunicação nascer a partir de uma vontade de interferir na vida social e política da comunidade onde ele circula. Mesmo quando exacerbam no conteúdo alienado, os jornais colaboram na idiotização de uns, para facilitar a dominação de outros.
Na atual conjuntura maranhense consideramos que a comunicação alternativa é, antes de tudo, uma necessidade política. Precisamos incentivar no Estado um jornalismo que, além de informar sem medo, estimule um debate quase inexistente, dê voz às organizações de cunho popular e promova uma crítica tão profunda quanto plural. (...) Vamos tocando frente! E obrigado a todos que nos ajudaram a chegar até aqui... (leia o editorial completo aqui)
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