quinta-feira, 28 de julho de 2011

Verdades e mentiras da oligarquia

    No último domingo, o editor do Ecos das Lutas estreou entre os colunistas do Jornal Pequeno.
    O convite do JP reforça a opção do matutino pela pluralidade de opiniões no diário dos Bogéas.
    Blogueiros do sistema, que estranham nas páginas do JP a coluna do deputado estadual sarneyzista Roberto Costa (PMDB), e aproveitaram para espalhar que o jornal estava prostrado, silenciaram quanto ao reforço do time de articulistas contrários à oligarquia, somando com José Reinaldo (PSB), Edson Vidigal (PDT) e Joãozinho Ribeiro (PT ).
    Deveriam estranhar mesmo é a falta pluralidade nas páginas d´O Estado do Maranhão... quanto a isso, nunca têm nada a dizer.
    Abaixo, o artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 24/07/2011 - página 04).


Franklin Douglas

         VERDADES E MENTIRAS DA OLIGARQUIA

Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), 81 anos, entoou sua versão para a História recente do Brasil.
Como que inspirado no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que desfraldou uma campanha de marketing em torno da comemoração de seus 80 anos para repaginar sua imagem pública, Sarney tenta se reapresentar a História sob versões que, seguramente, a análise científica apurada não demorará em apontar a inconsistência de suas afirmações. Bastará ler os jornais da época, verificar os anais do Poder Legislativo, contrapor sua versão a de outros personagens do mesmo tempo histórico.
Relembremos, a título de exemplo, nota no “Colunaço do Peta”, de domingo passado, o tamanho da mentira desmedida:
“Na memorável entrevista ao Correio Braziliense, o senador Sarney contou o que até então ninguém no mundo sabia!!! Disse que foi preso político na ditadura de Vargas, a quem combateu!!!”
[Declaração de Sarney no jornal: “Quando era estudante, fui preso pela ditadura Vargas. Fui contra o Getúlio.” – grifo nosso]
Continua o Colunaço:
“Getúlio tomou o poder em 3 de outubro de 1930, quando Sarney tinha seis meses de nascido!! A ditadura de Vargas se instalou com o Estado Novo, em 1937, quando Sarney tinha apenas sete anos de idade (...)”
Percebeu, caro leitor, cara leitora, como será fácil aos pesquisadores desmontar as versões mirabolantes de Sarney?
Mas, dentre tantas mentiras na entrevista de Sarney ao Correio, surge uma verdade:
“(...) este será meu último mandato. Não concorrerei a uma eleição”.
Mesma declaração ao jornal brasiliense foi reafirmada esta semana à mídia maranhense, durante o lançamento do livro “Sarney – a biografia”.
Sim, enfim, nas entrevistas cheias de patranhas, Sarney não fez gabolice sobre seu futuro eleitoral. Sarney não concorrerá a nova eleição. Não porque não queira, mas porque as condições políticas o impedem. Tanto no Amapá quanto no Maranhão.
Aqui, não se elege a nada desde 1976 e, em 2014, só haverá uma vaga ao Senado, certamente reservada para sua filha disputar. No Amapá, o povo cansou de Sarney. Lá, a família Capiberibe (Camilo, o filho, governador; João, o pai, senador; e Janete, a mãe, deputada federal – todos no PSB) e a liderança ascendente de Randolfo Rodrigues, senador do PSOL, estrangulam qualquer pretensão do velho morubixaba.
As “sete vidas de gato” (ou as várias cores de camaleão) vão chegando ao fim; seja pela idade, seja pela impossibilidade de se reinventar através dessas lorotas que conta sobre si.
Se Sarney uma vez na vida falou a verdade, sua filha não deixou de contar uma mentira, só para não desmoralizar a fama da famiglia. Na mesma ocasião da entrevista do pai, no lançamento do livro no Shopping São Luís, a governadora Sarney soltou que também está próxima da aposentadoria...
Roseana sem disputar as eleições de 2014?
Afirmativa tão verdadeira quanto os 72 hospitais, a ponte do Quarto Centenário, o combate implacável a qualquer denúncia de corrupção em seu governo (o caso FAPEMA fala por si só), a geração de 200 mil empregos ou a Avenida Metropolitana.
Com a frase de efeito, Roseana apenas busca retardar a fome de poder de seu vice, o sarnopetista Washington Luiz, que nos quatro cantos do Maranhão espalha: a partir de abril de 2014, é com ele. Objetiva, ainda, frear lobos e carcarás de seu grupo quanto à disputa pela escolha de quem concorrerá a seu cargo nas próximas eleições estaduais. Sem liderança sobre os seus, Roseana sabe que somente a chave do cofre lhe dá força junto às famílias dentro da oligarquia. Sua força e fraqueza, em abril de 2014 – quando do prazo de desincompatibilizações. Como “quem morre de véspera é peru de natal”, só lhe resta dizer que não será candidata para tentar manter influência sobre sua sucessão.
Se não inventar a criação do Maranhão do Sul até 2014 ou pular para o vizinho estado do Pará para disputar três novas vagas ao Senado que surgirão caso o estado seja dividido, o mais provável é que Sarney se encontre com seu ocaso.
Como anota o jornalista Zema Ribeiro:
“Os Sarney José e Roseana anunciaram pendurar as chuteiras.
Dois bons motivos para comemorarem brasileiros e brasileiras” !



Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente

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