Neste 22 de março, tem-se o Dia Mundial da Água. Data a qual se busca a reflexão sobre esse bem cada vez mais precioso. O cinema já retratou, em MadMax, o que será a guerra pela água doce em nosso planeta. Podemos chegar ao futuro sem essa guerra? Quem sabe?
O que gosto de recordar, neste Dia Mundial da Água, é que o nosso Maranhão, sempre vendido somente pelas suas características amazônicas e como oásis do Nordeste, também tem sua região escassa de água: o semi-árido maranhense. Lá, chove muito, mas evapora ainda mais. Administrar o uso adequado da água é tarefa cada vez mais urgente, para os quem têm pouco e para os que (ainda tem) muito.
Abaixo, deixo um artigo sobre o semi-árido maranhense, que publiquei em 2003. À época, estava na coordenação da ASA (Articulação do Semi-Árido). Ainda nos serve para reflexão sobre o planeta água e a região do semi-árido.
O que gosto de recordar, neste Dia Mundial da Água, é que o nosso Maranhão, sempre vendido somente pelas suas características amazônicas e como oásis do Nordeste, também tem sua região escassa de água: o semi-árido maranhense. Lá, chove muito, mas evapora ainda mais. Administrar o uso adequado da água é tarefa cada vez mais urgente, para os quem têm pouco e para os que (ainda tem) muito.
Abaixo, deixo um artigo sobre o semi-árido maranhense, que publiquei em 2003. À época, estava na coordenação da ASA (Articulação do Semi-Árido). Ainda nos serve para reflexão sobre o planeta água e a região do semi-árido.
PARA ALÉM DOS MANDACARUS
Ao longo da semana que passou, o Jornal Nacional veiculou uma série de reportagens especiais sobre o semi-árido brasileiro, denominada “Sertão Feliz”. As matérias abordaram como a vida do sertanejo vem sendo transformada com participação e organização popular, superando a velha realidade do coitado, pobre e abandonado que cerca os brasileiros das áreas secas do Nordeste.
A TV Globo fez chegar a todo o País que emerge com força uma nova concepção sobre a problemática da seca. Consolidou que, a exemplo do Alasca nos Estados Unidos, onde cai neve durante os 365 dias do ano e que não se fala em combater a neve, no semi-árido brasileiro a política de desenvolvimento deve ser de igual conteúdo.
Não se trata mais de combater a seca, mas conviver com a seca. E, a partir desta concepção, substituir carros-pipa e perfurações de poços por construção de cisternas, barragens subterrâneas, economia popular solidária e um novo modelo de desenvolvimento local, fruto da agricultura familiar. Uma estratégia de desenvolvimento que tenha o sertanejo como sujeito protagonista das formulações de soluções de seus problemas, levando em conta a realidade na qual está inserido.
Já disse o pensador, quando o novo está nascendo e o velho insiste em continuar a existir, estamos diante de uma revolução. É o que acontece nos 974.752 km2 dos 11 Estados (nove do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) que compõem o semi-árido brasileiro: uma verdadeira revolução cultural em marcha. Que faz definhar o velho coronelismo e o antigo assistencialismo. No lugar disto, emerge uma cidadania ativa e uma luta coletiva por terra, trabalho, renda e direitos.
A criação do bode, o cultivo da palma, a ovinocultura, a apicultura, o aproveitamento da carnaúba e do babaçu, a educação por meio de modelos centrados na realidade a qual crianças e adolescentes vivenciam (o caju substituindo a uva nas contas da matemática, por exemplo) e a organização de base surgem como símbolo deste novo semi-árido, configurado nestas experiências bem sucedidas nesta região brasileira.
Por debaixo destes frutos, diversas raízes em forma de organizações locais. No semi-árido, são mais de 700 organizações de igrejas, ONG´s, sindicatos, ambientalistas e comunidades articuladas na construção dessa nova realidade. O Programa de construção de Um Milhão de Cisternas (P1MC) é apenas a porta de entrada dessa transformação.
Que estas experiências bem sucedidas que acontecem no semi-árido mais visível também rapidamente cheguem ao semi-árido maranhense. Área de 96.000 km2 reunindo 44 municípios e uma população total de 1.150.000 habitantes, situada na transição entre a Amazônia/Caatinga e Cerrado/Caatinga, localizado à leste do meridiano 44º, equiparado no Código Florestal ao Polígono das Secas. Onde chove muito (uma precipitação aproximada de 1.000mm), mas evapora ainda mais (uma evapotranspiração acima de 1.500mm).
Cá, como lá, há um povo sofrido, sob casas de taipa e palha, mas esperançoso, lutador e em efervescente organização. Como todo sertanejo, um forte, como diria Euclides da Cunha. Viva este povo maranhense e brasileiro!
Ao longo da semana que passou, o Jornal Nacional veiculou uma série de reportagens especiais sobre o semi-árido brasileiro, denominada “Sertão Feliz”. As matérias abordaram como a vida do sertanejo vem sendo transformada com participação e organização popular, superando a velha realidade do coitado, pobre e abandonado que cerca os brasileiros das áreas secas do Nordeste.
A TV Globo fez chegar a todo o País que emerge com força uma nova concepção sobre a problemática da seca. Consolidou que, a exemplo do Alasca nos Estados Unidos, onde cai neve durante os 365 dias do ano e que não se fala em combater a neve, no semi-árido brasileiro a política de desenvolvimento deve ser de igual conteúdo.
Não se trata mais de combater a seca, mas conviver com a seca. E, a partir desta concepção, substituir carros-pipa e perfurações de poços por construção de cisternas, barragens subterrâneas, economia popular solidária e um novo modelo de desenvolvimento local, fruto da agricultura familiar. Uma estratégia de desenvolvimento que tenha o sertanejo como sujeito protagonista das formulações de soluções de seus problemas, levando em conta a realidade na qual está inserido.
Já disse o pensador, quando o novo está nascendo e o velho insiste em continuar a existir, estamos diante de uma revolução. É o que acontece nos 974.752 km2 dos 11 Estados (nove do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo) que compõem o semi-árido brasileiro: uma verdadeira revolução cultural em marcha. Que faz definhar o velho coronelismo e o antigo assistencialismo. No lugar disto, emerge uma cidadania ativa e uma luta coletiva por terra, trabalho, renda e direitos.
A criação do bode, o cultivo da palma, a ovinocultura, a apicultura, o aproveitamento da carnaúba e do babaçu, a educação por meio de modelos centrados na realidade a qual crianças e adolescentes vivenciam (o caju substituindo a uva nas contas da matemática, por exemplo) e a organização de base surgem como símbolo deste novo semi-árido, configurado nestas experiências bem sucedidas nesta região brasileira.
Por debaixo destes frutos, diversas raízes em forma de organizações locais. No semi-árido, são mais de 700 organizações de igrejas, ONG´s, sindicatos, ambientalistas e comunidades articuladas na construção dessa nova realidade. O Programa de construção de Um Milhão de Cisternas (P1MC) é apenas a porta de entrada dessa transformação.
Que estas experiências bem sucedidas que acontecem no semi-árido mais visível também rapidamente cheguem ao semi-árido maranhense. Área de 96.000 km2 reunindo 44 municípios e uma população total de 1.150.000 habitantes, situada na transição entre a Amazônia/Caatinga e Cerrado/Caatinga, localizado à leste do meridiano 44º, equiparado no Código Florestal ao Polígono das Secas. Onde chove muito (uma precipitação aproximada de 1.000mm), mas evapora ainda mais (uma evapotranspiração acima de 1.500mm).
Cá, como lá, há um povo sofrido, sob casas de taipa e palha, mas esperançoso, lutador e em efervescente organização. Como todo sertanejo, um forte, como diria Euclides da Cunha. Viva este povo maranhense e brasileiro!
2 comentários:
legal so tem esclarecer melhor!!!!!!!!!!
???????????????
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