Bom Dia Brasil
Crise no Senado se agrava com novas denúncias contra Sarney
Um afilhado político do senador José Sarney, Raimundo Nonato Pereira Filho, que recebe salário do Senado, não dá expediente em Brasília.
A cada dia, novas suspeitas de irregularidades no Senado são divulgadas. Ontem, houve troca de acusações, bate-boca. O motivo são os chamados atos secretos. Aumentos de salários e contratações que teriam sido aprovados na surdina. O resultado da primeira investigação deve ser divulgado hoje.
Em Brasília, costuma-se dizer que quando não se quer investigar nada, cria-se uma comissão. Mas neste caso, diante de tanta pressão, essa comissão deve apresentar, pelo menos, algum resultado. Já se sabe que os atos secretos são mais de 600 e serviram para nomear apadrinhados de senadores, criar cargos e aumentar salários. O que se espera é que a comissão aponte os responsáveis por esses atos secretos.
Em meio a uma das maiores crises já enfrentadas, o senado viveu ontem uma segunda-feira movimentada como há muito tempo não se via no parlamento brasileiro. Foi uma segunda-feira atípica. “Quero dizer que o Senado da República vive um grande momento. Nunca na história do Brasil o Senado funcionou às segundas-feiras”, elogiou o senador Mão Santa (PMDB-PI). E que segunda-feira. O senador Cristovam Buarque sugeriu que o presidente José Sarney se afaste do cargo.
“Creio que o presidente Sarney dará uma contribuição maior participando dos debates com a experiência dele do que presidindo a mesa e tendo que se defender”, disse o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
O senador Arthur Virgílio acusou o ex-diretor-geral Agaciel Maia de ameaçar senadores. Pediu a demissão dele e do ex-diretor de recursos humanos e foi mais longe.
“Estou aqui apontando dois ladrões comprovados: o senhor Zoghbi e o senhor Agaciel Maia. Duvido que o senhor Agaciel Maia tenha praticado esses crimes todos sozinho, duvido. Tenho a convicção de que tem senador por trás dele. Tenho a convicção clara de que tem gente com mandato por trás dele”, apontou o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
O presidente do Senado se defendeu mais uma vez e disse que não imaginava que assumiria a presidência para limpar a Casa.
“Julguei que eu fosse eleito presidente para usar e presidir politicamente a Casa e não para ficar submetido a procurar a despensa da Casa ou para limpar o lixo das cozinhas da Casa”, disse o presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP).
Mas as denúncias não param. Mais uma foi revelada: um afilhado político do senador José Sarney, Raimundo Nonato Pereira Filho, que recebe salário do Senado, não dá expediente em Brasília.
Funcionário do gabinete do senador Edison Lobão Filho, o nome dele aparece no site da Fundação José Sarney, com sede no Maranhão. Explicação da assessoria: o servidor é apenas voluntário na Fundação Jose Sarney e trabalha para o senador Lobão Filho em São Luis.
Está prometido para hoje o primeiro resultado da investigação interna sobre atos secretos usados para nomear parentes e aumentar salários. Um desses atos permitiu que um servidor ganhasse acima do teto constitucional, de R$ 24,5 mil.
Para esconder a irregularidade, o funcionário recebeu este mês quatro contracheques: um para o salário do mês, outro para vantagens pessoais, mais um para horas extras e um quarto contracheque com o valor referente à ajuda de custo que senadores e servidores recebem duas vezes por ano. No total, R$ 29 mil.
“Esse assunto só será superado na medida em que todos os atos supostamente secretos forem exibidos, a sua substância for investigada, transformada em processo disciplinar e os culpados identificados tiverem sido exemplarmente punidos”, apontou o líder do Democratas, senador José Agripino (DEM-RN).
O ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, negou que tenha chantageado senadores e disse não ter motivação para isso. Maia disse também que o senador Arthur Virgílio não tem provas das afirmações que fez em plenário e voltou a dizer que está sendo vítima de uma guerra política.
O advogado do ex-diretor João Carlos Zoghbi disse que o senador Arthur Virgílio fez um desabafo e não trouxe fatos novos, nem fez acusações diretas.
Assista aqui.
Alexandre Garcia no Bom Dia Brasil
"O senador Sarney afirmou que pensava ter sido eleito para "usar e presidir politicamente a Casa". Repeti a frase na mesma ordem com que foram pronunciados os verbos: primeiro usar e depois presidir politicamente o Senado"
O senador José Sarney sabia de que falava quando afirmou que a crise do Senado não é só dele. Ao todo, 37 senadores teriam sido beneficiados com atos secretos, assim como 24 que hoje são ex-senadores.
Por isso são tão poucas as bocas que se abrem para denunciar aqueles que compuseram o que o senador Arthur Virgílio chamou de camarilha. O senador Sarney afirmou que não foi eleito para limpar as lixeiras das cozinhas do Senado. Mais uma vez o presidente do Senado se acha acima dos comuns.
Afinal, está estimulado pelo presidente Lula, que afirmou no Cazaquistão que Sarney tem história e não pode ser julgado como uma pessoa comum. Se tem história, se já foi presidente da República, em respeito a essa história não deveria ter permitido o lixo de nomeações secretas de parentes e afins.
O senador Sarney se referiu ao lixo ao responder ao discurso forte do senador Arthur Virgílio. Foi uma segunda-feira em que não se produziram atos secretos, mas se reproduziram dois atos falhos bem reveladores: como ouvimos, o senador Arthur Virgílio chamou o ex-diretor-geral de "senador", e o senador Sarney afirmou que pensava ter sido eleito para "usar e presidir politicamente a Casa". Repeti a frase na mesma ordem com que foram pronunciados os verbos: primeiro usar e depois presidir politicamente o Senado.
É tanto uso da instituição e do dinheiro suado dos impostos que lá é consumido, que tem sido o Senado e o povo do Senado, e não o Senado e o povo do Brasil, que só entra para eleger e sustentar a farra.
Os contracheques explicam casas suntuosas em Brasília. Se a gente pergunta se a casa é de algum sócio do Bill Gates, a resposta tem sido: não, ele trabalha no Senado. Com gratificações e horas extras.
Só que à noite, às luzes da casa iluminam os pobres do Senado. Os que fazem faxina e limpam as lixeiras, em contratos terceirizados que já deram cadeia para um diretor do Senado, que foi demitido por ato ostensivo e renomeado dois dias depois por ato secreto.
O senador Mão Santa ainda fez ironiza, mostrando a raridade de o plenário funcionar numa segunda-feira. Teriam sido pagas horas-extras?
Jornal da Globo
Assessoria de Sarney nega denúncia de irregularidade em fundação
Integrante da Fundação Sarney recebe salário do Senado, diz denúncia. Sequência de acusações colocaram presidente do Senado sob pressão.
Fato raro na política de Brasília, a semana começou com uma movimentada segunda-feira no Senado. A causa imediata é uma sequência de acusações de irregularidades que colocaram sob pressão o presidente do Senado, José Sarney.
Movimento grande demais no Senado para uma segunda-feira antevéspera de São João. ”Eu quero dizer que o Senado da República vive um grande momento. Nunca na história do Brasil o Senado funcionou na segunda-feira", declarou o senador Mão Santa (PMDB–PI)
Muitos senadores trocaram as quadrilhas de São João pela fogueira do plenário. ”Estou aqui apontando dois ladrões comprovados: o senhor Zoghbi e o senhor Agaciel Maia", acusou o senador Arthur Virgílio, líder do PSDB.
João Carlos Zoghbi é o ex-diretor de recursos humanos do Senado e Agaciel Maia, o ex-diretor geral a quem o senador Arthur Virgílio acusou de fazer chantagens contra ele e outros senadores. Arthur Virgílio disse que foi alvo de tentativa de chantagem por causa do alto custo de um tratamento de saúde da mãe dele, que teve uma parte da despesa paga pelo Senado e disse mais. “Duvido que o senhor Agaciel Maia tenha praticado esses crimes todos sozinho, duvido. Tenho a convicção de que tem senador por trás dele", disse.
Agaciel Maia negou que tenha chantageado senadores e se disse vítima de uma guerra política. Já o ex-diretor João Carlos Zoghbi não quis falar. Por meio do advogado, disse que o senador Arthur Virgílio não trouxe novos fatos e nem fez acusações diretas.
Senador propõe licenciamento de Sarney
Num momento em que o presidente do Senado estava fora do plenário, o senador Cristóvam Buarque (PDT–DF) propôs que ele se licenciasse do cargo. “Que ele peça uma licença de dois meses, 60 dias que seja, que passe a presidência ao vice-presidente, que eu espero que terá uma velocidade maior sintonizada com a velocidade da indignação da opinião pública”, sugeriu. Sarney negou a notícia publicada sábado no jornal "O Estado de S. Paulo" de que a filha dele, a governadora Roseana Sarney, mantinha na casa dela, em Brasília, o mordomo Amaury de Jesus Machado, com salário de R$ 12 mil pago pelo Senado. ”A senadora Roseana não tem mordomo em casa.o senhor Amaury é chofer do Senado ha 25 anos", disse.
Nova denúncia
Na noite desta segunda-feira, o presidente do Senado teve que dar mais explicações. Dessa vez sobre a denúncia de que o funcionário Raimundo Nonato Quintiliano Pereira Filho trabalha na fundação José Sarney, em São Luís, e recebe salário do Senado. Ele é lotado no gabinete do senador Lobão Filho. A assessoria de José Sarney disse que Raimundo Nonato trabalha sim na fundação, mas como voluntário e não há nenhuma irregularidade nisso.
Assista aqui.
Um comentário:
por isto e muito mais que nosso pais esta na situaçao que esta por este politico que pensao que nosso pais e' doto deles fora a impunidade
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