quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Artigo - Wagner Baldez: A GREVE DOS POLICIAIS MILITARES: EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO, DIGNIDADE E OBSTINAÇÃO!



Bertold Brecht dizia:

"Há homens que lutam um dia e são bons,

Há homens que lutam um ano e são melhores,
Há homens que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém há os que lutam uma vida inteira, esses são os imprescindíveis".


Wagner Baldez é desses nossos imprescindíveis no Maranhão.

Aos 82 anos, mantém viva sua esperança de que um outro Maranhão é possível. É dele o artigo abaixo, a partir do qual passa a ser um colaborador semanal do blogue Ecos das Lutas. Entre artigos inéditos e já publicados no Jornal Pequeno, Atos e Fatos e Tribuna do Nordeste, aos poucos o objetivo é deixar registrado na blogosfera a contribuição que ele vem dando em sua mais de centena de artigos já publicados.

Ecos das Lutas tem a honra de tê-lo entre nossos colaboradores. Bem-vindo Wagner Baldez!


A GREVE DOS POLICIAIS MILITARES: EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO, DIGNIDADE E OBSTINAÇÃO!

Wagner Baldez (*)

Ainda que o assunto abordado sobre a greve dos Policiais Militares e Corpo de Bombeiros em nosso Estado pareça um tanto tardio para alguns, asseguramos ser auto-engano, já que, pela valorização do acontecimento, passou a fazer parte da nossa história; e, por tratar-se de mencionada ciência, qualquer que seja o tempo, o fato é considerado atualizado.

Assim sendo, desejamos levar ao conhecimento da população, com absoluta fidelidade, os pormenores ocorridos, a partir do procedimento das partes (Governo e Grevistas) até o desfecho final do aludido impasse.

Tão logo foi deflagrado o movimento paredista, a “Governadora”, desprovida de quaisquer sentimentos de justiça e solidariedade, cultivando unicamente arrogância e mórbida vaidade, não admitiu parlamentar com as lideranças do movimento enquanto perdurasse a greve: exigência rejeitada  pelo comando de greve. Sem dúvida, inesperado comportamento causou à Dona Roseana terrível impacto e constrangimento, já que se costumara a manipular a corporação. Esta foi a primeira derrota sofrida pela mandatária do Executivo maranhense.

Em seguida, inspirando-se no gênio militar do general Napoleão Bonaparte, que afirmava: “Perder uma batalhar não significa perder a guerra”... Dona Roseana se motivou a prosseguir a luta, etapa em que exerceu violenta pressão contra seus oponentes.

Acontece que ela, duvidando da posição coerente dos grevistas e pretendendo amedrontá-los, apelou à Justiça que decretasse a prisão das lideranças, inclusive que fosse descontado R$ 200,00 nos vencimentos de todos os participantes: ato que não vingou...

Ainda supondo arrefecer a resistência dos grevistas, solicitou a presença da Força Nacional e Tropa de Exército, providência que de forma alguma alterou a firme posição dos militares. Em razão do acúmulo de derrotas, presumiu-se que ela desistisse de suas intervenções diabólicas... qual nada!

Como última cartada (não de baralho...), tentou impedir o apoio das demais classes. Para ela, isso seria possível, pelo fato de, historicamente, tais classes serem vítimas da truculência policial, quando, concentradas nas praças, reivindicavam seus direitos.

A verdade é que, para desespero seu, nada do que ela havia idealizado  se viabilizou...simples devaneio! Foi ai que ela passou a acreditar na sua humilhante derrota!

Como membro do Instituto Maria Aragão, Comitê de Defesa da Ilha e PSOL, fizemo-nos presentes ao ato, a fim de prestarmos a nossa decidida contribuição.

Outrossim, naquela ocasião, assomou-nos o desejo veemente de conhecer pessoalmente os Coronéis Ivan e Melo, no sentido de demonstrar o nosso respeito e admiração pelo gesto de dignidade como se comportaram no que se refere ao apoio dispensado aos companheiros de farda nesse episódio, o qual marcou uma nova época para os movimentos de massa.

Quanto aos demais ocupantes do posto de Coronel, comporta, por oportuno, uma interrogação: Será que esses oficiais superiores aceitaram que fosse incorporado aos seus soldos o aumento conquistado com sacrifício pelos demais companheiros, sem haver tais patentes sequer participado de uma única batalha?!

O que mais consagrou esse memorável e épico acontecimento, porém, foi os Policiais Militares quebrarem a demasiada arrogância de Dona Roseana, cuja prática era, covardemente, empregada contra os fracos e injustiçados!!!

Concluindo a presente narrativa, merece alusão o fato inusitado de vermos colocado na faixa de Governadora por ela usada, uma tarja negra, simbolizando a decadência ou sepultamento de sua autoridade como chefe de Estado.

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(*) Wagner Baldez é funcionário público aposentado

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