sexta-feira, 10 de maio de 2013

Questão agrária no Maranhão: o modelo de Roseana e o silêncio de Flávio Dino


As "Notas sobre a questão agrária no Maranhão", de Wagner Cabral, constituem excelente instrumento de análise de nosso tempo atual maranhense. Nelas:

a) a compreensão da "fórmula 6+1" (06 bolsas famílias distribuídas para um emprego gerado) que sustenta o modelo sob controle do lulo-PMDB-petismo;

b) o desvendamento do (fracassado) modelo maranhense sob o enclave minério-soja-alumínio-ferro-gusa e agronegócio que destruiu a agricultura familiar e expulsou o homem do campo (de 1991 a 2010, a população economicamente ativa do Maranhão caiu de 60,6% para 32,6%) - eis o porquê não produzimos nem o cheiro-verde de nosso caldo de peixe e a farinha anda tão cara!).

Wagner mostra os dados dos recursos destinados à agricultura familiar e ao agronegócio, evidenciando que só o município de Balsas abocanhou 770 milhões de reais para produzir soja (para o mercado europeu, não para o prato do maranhense), enquanto, em média, o agricultor familiar recebeu R$ 4 mil...

Nesse cenário, o Cabral nos alerta: "não é por acaso que tanto a oligarquia Sarney (desde sempre), quanto setores da oposição estão flertando abertamente com o agronegócio".

Ao que acrescento: oligarquia e oposição consentida são dois frutos desse mesmo modelo. Veja que enquanto Roseana vai ao início da colheita da soja no Baixo-Parnaíba, Flávio Dino vai a Balsas, em seus Diálogos pelo Maranhão, falar de produção de peixe com o Bispo responsável pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), mas nada sobre a monocultura da soja que dizima o meio-ambiente do cerrado e o Baixo-Parnaíba no estado; nem uma palavra sobre os 39 conflitos por terra em Balsas (atrás apenas de Codó - 70 conflitos e Urbano Santos - 43 conflitos) ou  trabalho escravo (Balsas, com seus 10 casos de trabalho escravo, está entre os 19 municípios maranhenses que concentram 80% do trabalho escravo no Maranhão). Não há diálogo entre latifúndio e a questão agrária no Maranhão!

Wagner Cabral nos lembra ainda que o Maranhão é pela terceira vez consecutiva o "campeão" em conflitos de terra no Brasil: 1.085 conflitos, entre 2003 e 2012, sob um INCRA nas mãos do PT e sob absoluto controle da oligarquia Sarney. Vítimas desses conflitos: quilombolas, indígenas, camponeses, comunidades tradicionais, jovens sob o jugo do trabalho escravo...

Arremata seriamente Wagner: "diante desse quadro, não basta falar da relação visceral da oligarquia com esse modelo, mas também dos muitos "silêncios" da oposição..." 

Parabéns pela análise Wagner. Deixo a pergunta aos amigos e às amigas: para subverter esse quadro, vale tentar ganhar de qualquer jeito? É essa a oposição (consentida) que a "libertação do Maranhão" merece??

Para nossa reflexão...

Documento original aqui.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Movimento Estudantil é MOBILIZAÇÃO, o resto é armazém de secos e molhados!



Parafraseando Millor Fernandes,
Movimento Estudantil é MOBILIZAÇÃO,
o resto é armazém de secos e molhados!



















- Assistência estudantil de qualidade;
- Casa universitária no campus;
- Ampliação do R.U;
- Ampliação de bolsas de pesquisa e extensão;
- Mais segurança no campus;
- Creche para atender aos filhos de alunos e servidores;
- Contratação de professores;
- Entrega das bibliotecas setoriais do CCH e do CCSo;
- Ampliação e novas linhas de ônibus do campus;

Por essas e outras, todo apoio às reivindicações dos estudantes da UFMA, em ocupação à reitoria!!

Lulo-PMDB-petismo elevou dívida do Brasil de 600 bi para mais de 2 trilhões de reais

Dívida do Brasil passou de R$ 600 Bilhões para R$ 2,2 Trilhões em 10 anos de PT
"Você que ouve falar em "DÍVIDA EXTERNA e DÍVIDA INTERNA" em jornais e TV e não entende direito vamos explicar a seguir:
DIVIDA EXTERNA é uma dívida com os Bancos, Mundial, FMI e outras Instituições, no exterior em moeda externa. DIVIDA INTERNA é uma dívida com Bancos em R$ (moeda nacional) no país.
Então, quando LULA assumiu o Brasil, em 2002, devíamos:
Dívida externa = 212 Bilhões;
Dívida interna = 640 Bilhões
Total da Dívida = 851 Bilhões
Em 2007 Lula disse que tinha pago a dívida externa. E é verdade, só que ele não explicou que, para pagar a dívida externa, ele aumentou a dívida interna.
Em 2007, no governo Lula:
Dívida Externa = 0 Bilhões
Dívida Interna = 1.400 Trilhão
Total da Dívida = 1.400 Trilhão
Ou seja, a Dívida Externa foi paga, mas a dívida interna mais que dobrou.
Agora, em 2010, você pode perceber que não se vê mais na TV e em jornais algo dito que seja convincente sobre a Dívida Externa quitada. Sabe por quê? É que ela voltou...
Em 2010 no governo Lula:
Dívida Externa = 240 Bilhões
Dívida Interna = 1.650 Trilhão
Total DA Dívida = 1.890 Trilhão
Ou seja, no governo LULA, a dívida do Brasil aumentou em 1 Trilhão.
(...)
Pepinão do Governo Dilma: dívida superior a R$ 2 trilhões.
As contas do governo vão ficar mais "no vermelho" em 2013. Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, após atingir a marca inédita de R$ 2 trilhões no ano passado, a dívida pública (que inclui as dívidas externa e interna) vai continuar crescendo este ano, e pode chegar a R$ 2,24 trilhões – R$ 232 bilhões a mais em relação a 2012, e mais do dobro do que o governo federal arrecadou com impostos e tributos no ano passado (R$ 1,02 trilhão, valor que foi recorde histórico).
Segundo os dados do Tesouro, nos últimos oito anos a dívida pública dobrou: em 2004, o estoque de dívida estava em R$ 1,01 trilhão, subindo para R$ 2 trilhões no fechamento do ano passado – um crescimento de 98,8%. Os dados constam no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro Nacional para o ano de 2012. O documento prevê um patamar entre R$ 2,1 trilhões, o que representaria um crescimento de R$ 92 bilhões, e R$ 2,24 trilhões, para a dívida pública brasileira no fim deste ano. Deste modo, a estimativa de expansão da dívida pública, em 2013, é de 4,58% a 11,55%.
Os vencimentos da dívida pública acontecem entre 2013 e 2041, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional. A maior parte está concentrada nos primeiros doze meses (24,38% - patamar de dezembro do ano passado). Outros 20% vencem de um a dois anos, ao mesmo tempo em que 15,3% vencem entre dois e três anos. Deste modo, que 59,7% da dívida está prevista para vencer até o final de 2015.
Operações com o BNDES
Da expansão da dívida pública de cerca de R$ 1 trilhão nos últimos oito anos, R$ 280 bilhões referem-se a emissões de títulos públicos para capitalizar do BNDES, ou 28% da alta total. Em 2009, o Tesouro emitiu R$ 100 bilhões para o banco público, valor que passou para R$ 80 bilhões em 2010, para R$ 45 bilhões em 2011 e para R$ 55 bilhões no ano passado.
"Dentro das bandas do PAF [mínima e máxima para crescimento da dívida pública], estão contidas emissões que o governo venha a fazer para o BNDES [captação de recursos para injetar no banco]. Não definimos o valor ainda. Ano a ano a gente tem definido este valor. Está prevista [emissão para o BNDES], mas o governo não divulga neste momento porque o governo não definiu isso", declarou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Em 2012, o Tesouro Nacional emitiu R$ 55 bilhões para o BNDES – impactando para cima a dívida pública em igual proporção." (Por Economista Waldir Serafim aqui)



domingo, 5 de maio de 2013

OS RICOS DO MARANHÃO E A POLÍTICA



Franklin Douglas (*) 


Há nove anos, repercutíamos aqui nas páginas do Jornal Pequeno a palestra de Marcio Pochmann em São Luís. O professor da Unicamp (SP) lançava em terras maranhenses o seu livro “Os ricos do Brasil”.
No artigo “Os ricos do Maranhão”, registrávamos:
Se os pobres são alvo de estudos e mais estudos, o professor paulista nos alerta que os ricos são pouco pesquisados e se escondem no Brasil (não só dos cientistas, mas também da Receita Federal!). Trata-se de 1 milhão 162 mil 164 famílias brasileiras, de um total de 51 milhões, que concentram 75% da renda do País, percebem R$ 23 mil mensais, estão nos altos cargos do setor privado (40,7%) ou são patrões (28,5%) e se encontram principalmente na região sudeste (78% lá residem). Têm nível superior (67%), mas há ricos analfabetos (4%) – pasmem!” (Jornal Pequeno, 06/07/2004, p. 02).
E sobre os ricos maranhenses, frisávamos:
E no Maranhão, onde estão os ricos? No mesmo lugar dos ricos do Brasil: pertinho, mas bem longe dos pobres.
No nosso Estado pobre e agrário, revela Márcio Pochmann, os maranhenses ricos se concentram em São Luís. Aqui estão 58% dos ricos do Maranhão. São 3.300 famílias na ilha, das 5.722 do Estado. Têm renda 20 vezes maior do que a média dos maranhenses (...).
Estes 2,9% de ricos – entre os mais de seis milhões de maranhenses – também estão envoltos no ciclo da financeirização da economia brasileira, mas bem que Pochmann poderia também pesquisar se não vivem dos cofres públicos das prefeituras do interior do Estado (...)” (Jornal Pequeno, 06/07/2004, p. 02).
Passada quase uma década, o que mudou nesse quadro? Muito pouco. A concentração de renda no Maranhão não se alterou significativamente. Mas algo conseguiu piorar: o cinismo de "nossa" elite política! Vejamos três casos.
A prisão de Aldenir Santana (PDT), ex-prefeito de Urbano Santos. Santana foi daqueles políticos da oposição no município que se projetou denunciando o oligarca local, Abnadab Leda, que além de saquear os cofres públicos, e por isso teve seu mandato cassado pelo TSE, também foi flagrado fazendo campanha para a atual governadora usando uma ambulância do município. Pois bem, o pedetista Aldenir Santana foi preso pelos mesmo crimes praticados por seu oponente... desvio de recursos públicos. Até jóias chegou comprar com cheques da prefeitura de Urbano Santos...
Mas o cinismo é crescente, quando se trata do uso privado dos recursos públicos. Veja as declarações do deputado estadual Manoel Ribeiro (PTB), repercutida nos telejornais da Rede Globo e TV Mirante, ao auxílio moradia aos deputados estaduais: "... mas é claro que preciso do auxílio moradia. Tenho 18 casas no interior e 7 aqui na capital, tenho que cuidar de todas". Semelhante auxílio moradia foi derrubado na justiça paulista pelo Ministério Público de São Paulo. E aqui, o MP não vai fazer nada?
Mas pasmem, cara leitora, caro leitor, ainda tem mais. Em matéria de cinismo, "nossa" elite é insuperável! Veja a governadora Sarney.
Roseana Sarney pertence a uma família cuja fortuna visível já foi avaliada em 125 milhões de reais (Revista Veja - edição 1.742, de 17/03/2002). Certamente, de lá para cá, o patrimônio já evoluiu bastante. Dentre seus bens declarados, Roseana possui: mansão no Calhau, imóveis em Brasília, Rio de Janeiro, São Luís e Paço do Lumiar, milhares de reais distribuídos em contas bancárias, participações em empreendimentos diversos, sociedade em gráfica, rádios e emissora de televisão, etc. Roseana se encontra no ponto mais alto do topo de pirâmide social do miserável estado do Maranhão.
Além de ser muito, muito rica, Roseana Sarney recebe R$ 15.409,95 mensais de salário para o exercer o mandato de governadora do Maranhão. Não tem gastos com alimentação, combustível, empregados domésticos, possui duas residências oficiais custeadas pelos cofres públicos: não paga água, luz, telefone, segurança, etc.
E com toda essa fortuna pessoal, o que fez a governadora? Pediu aposentadoria, mas não solte foguetes, não se aposentou da política; Roseana pediu aposentadoria como servidora do Senado Federal!
Isso mesmo! Sem nunca ter prestado um concurso público na vida, ela entrou pela janela, no "trem da alegria" do Senado em 1974 e, após ter trabalhado efetivamente somente de 1982 a 1985 no serviço público, nossa representante máxima da elite política maranhense perceberá uma aposentadoria vitalícia de R$ 23, 8 mil mensais. É ou não é cúmulo do cinismo, ante um Maranhão tão pobre e cheio de miseráveis?
Certa vez, perguntado por alguns alunos o que era o burguês, resolvi responder tal como vi na palestra do Prof. Jun Moo Sung (da Universidade Metodista de São Paulo):
- se vocês ganhassem 50 milhões de reais, o que faria com esse dinheiro? perguntei aos alunos;
Muitos responderam:
- ajudaria a família, viajaria o mundo, doaria uma parte a crianças abandonadas, instituições de caridade, ajudaria um amigo muito doente etc...
A resposta de um burguês seria esta, disse-lhes:
- usaria os 50 milhões para ganhar mais 50 milhões para, depois, ganhar mais 50 milhões!
Eis a lógica do burguês: acumular, acumular e acumular, ainda que isso custe a miséria e a pobreza de muitos.
Aldenir Santana, Manoel Ribeiro, Roseana Sarney, oligarquia... são a mais autêntica expressão de como se comporta nossa elite. Como diz aquela personagem do programa humorístico Zorra Total: é a cara da riqueza!! Só não leva dez centarros... é tudo em milhões!


(*) Franklin Douglas - jornalista, professor e doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve para o Jornal Pequeno aos domingos,  quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno  (edição 21/04/2013, p. 12)