sábado, 21 de setembro de 2013

PDT NA LAMA - O adeus de Igor Lago ao PDT


Por Igor Lago
Depois de fazer todos os esforços para que o PDT do Maranhão fosse respeitado pela Executiva Nacional (leia-se Carlos Lupi e Manoel Dias, pois são os dois que tocam o partido e decidem tudo); 

Depois de solicitar todas as reparações garantidas pelo Estatuto e que não foram sequer acusadas de recebimento;

Depois de tentar criar com outros companheiros um movimento nacional que enfrentasse a atual direção e disputasse a convenção nacional, e que acabou sendo proibida a formação da chapa opositora devido à resolução nacional criada por eles mesmos; 

Depois de aguardar o desfecho de algumas ações judiciais que visavam anular a convenção nacional por eles feita em fevereiro último, não nos restou senão a decisão de sair do PDT. 

Não tinha como continuar num partido dominado, absolutamente, por esses distintos senhores, e sem vislumbrar mudanças no futuro porque, como já disse, eles tem o controle de tudo e usam o Estatuto partidário a seu bel-prazer. A rigor, um partido que se preze não deveria tê-los em suas fileiras!

Contudo, não liguei ou convidei ninguém para sair do partido e deixei que cada um tomasse a sua decisão livremente.

Considero que o PDT do Maranhão, desde o dia 04 de junho, data da nossa desfiliação e de outros companheiros e companheiras, marca uma linha na história do PDT do Maranhão. Este PDT que aí está é outro! 

Aqueles que decidiram por permanecer no partido, sabiam muito bem da situação do mesmo e, pior, optaram por compactuar com essa triste realidade. 
Desde cedo, percebi que o que estava em jogo, não era apenas a sobrevivência política de alguns de seus líderes regionais mas, sim, a opção por um futuro que visa os seus interesses próprios, e não os da busca coerente por um papel melhor a desempenhar pelo partido como, por exemplo, a discussão de um plano de governo que os candidatos assumam um compromisso. 

Na última reunião em que participei em minha casa com os senhores Chico Leitoa e Deoclides Macedo, na companhia de outros companheiros, desejei-lhes boa sorte.

Além de trabalharem intensamente para convencer muitos pedetistas a permanecerem no PDT, com promessas várias e arranjos de cargos e/ou de benesses em prefeituras amigas, decidiram realizar uma convenção da unidade, da união do PDT, a que fizeram no último sábado 14. 

O resultado foi o de uma convenção marcada pela mediocridade, além de uma entrega total ao segmento que tomou o partido com o canetaço do Lupi e do Manoel Dias. 

Pior: Se renderam a um cargo, o de vice-presidente da Comissão Executiva estadual, ao contrário do que diziam, que iriam dividir "meio a meio" a direção do partido. Mera ilusão? Ou, apenas, blá-blá-blá para os ouvidos ingênuos?

A festa ainda teve direito à submissão declarada ao projeto pessoal de um segmento da oposição maranhense que em nada se distingue do atual grupo dominante.

A bem da verdade, optaram por realizar a unidade com pessoas que só tem maculado a imagem do partido perante a sociedade, e com o único fim de buscar a realização de seus objetivos eleitorais.

Coincidindo com a concretização de seus conchavos - a convenção, vem à tona mais um escândalo protagonizado pelos distintos senhores com quem aceitaram compactuar, se unir e se render. Em plena convenção, nenhuma fala ou debate ou manifestação de mal estar com o que estava acontecendo.
 
 As ausências de Lupi e Manoel Dias não foram sequer mencionadas e justificadas.

O que importava era a encenação da unidade, em torno de seus interesses pessoais, e utilizar uma sigla histórica relegada à desfiguração do fisiologismo e pragmatismo. Ah! Utilizando a imagem de Jackson Lago. 

Não sei se tiveram, tem ou terão sorte, mas creio que as coisas ficaram, ficam e ficarão cada vez mais claras para todos.

Quanto a mim, estou com a consciência tranquila de que cumpri o meu dever e tentei fazer a política que a sociedade espera e cobra, a do P maiúsculo. 

Fui derrotado, mas jamais quis ficar no lugar de quem me venceu. 

Ainda assim, boa sorte na vida a todos!

Partido é organização de gente a serviço de interesses. Uns nobres, outros menos ou nem tanto, ou algo que não valha a pena se referir!

Igor Lago

Artigo Wagner Baldez - AMBULATÓRIO FARINA E SUAS IMPLICAÇÕES NAS MAIS VARIADAS MODALIDADES DE ATENDIMENTO


Wagner Baldez (*)



Localizado no final do conjunto Filipinho, logo ao lado do Instituto Farina, encontra-se citado Ambulatório destinado, exclusivamente, a cuidar de saúde mental, qualquer que seja a faixa etária. Referido estabelecimento é mantido pela Prefeitura Municipal, sendo o imóvel pertencente ao Instituto, mas alugado à Municipalidade.
            Nos dispusemos a tratar sobre tal assunto, em razão das complicações existentes, já que, à guisa de subsídio, desejamos contribuir para a solução requerida por tão importante empreendimento; pois “quem critica deve fazê-lo com ânimo de aperfeiçoar”.
            Então passemos a tratar dos fatos mais chocantes ocorridos nesse setor da Administração Pública Municipal.
a) Nos corredores, onde os pacientes aguardam chamada para consulta, apesar do calor frequente nesse ambiente, sequer existe um só ventilador, ficando os que lá se encontram submetidos a um verdadeiro sacrifício!
b) Também, uma das coisas que desperta a curiosidade dos visitantes consiste na grande demanda de pacientes (aproximadamente vinte mil por mês) atendidos por oito médicos, o que é considerado um despropósito!
c) Ainda para completar as deficiências constatadas nesse Posto - fato que se tornou trivial -, é o que também acontece com os usuários, os quais de posse da receita, recorrem à farmácia do próprio ambulatório a fim de receberem os medicamente receitados. Entretanto, tais operações deixam de ser realizadas, devido à falta dos produtos nas prateleiras, inclusive, casos de não haver um só dos remédios indicados. Ao voltar, dias após (a maioria do interior), recebem o mesmo tipo de resposta dado anteriormente. Tais medicamentos jamais poderão faltar para evitar que seja o respectivo tratamento interrompido.
d) Oportuno acrescentar mais uma dolorosa e dramática situação; esta em relação àqueles que desejam marcar a consulta de praxe: acontecendo que essas pessoas deverão comparecer somente no dia primeiro do próximo mês. Quanto à consulta requerida, terá o paciente que aguardar mais trinta dias; procedimento este que implicará em sérios prejuízos da mesma forma como vem de acontecer com a ausência de medicamentos...
Em face do presente relato, compete ao Alcaide (o responsável por tais injunções) ultimar urgente e definitivas providências; pois, do contrário, o mais recomendável é substituir o trabalho exercido no Farina, por um Entreposto para distribuição de farinha à população carente, o que, sem dúvida, se torna mais fácil de administrar.

Finalmente por uma questão de justiça, cabe-nos homenagear os servidores dessa Entidade, considerando-os verdadeiros diletantes no exercício de suas funções; embora, é bom que se ressalte, a remuneração não corresponda aos sacrifícios a que estão sujeitos!!!

(*) Wagner Baldez - Funcionário Público Aposentado, é membro da Comitê de Defesa da Ilha e fundador do Instituto Maria Aragão. Integra a Executiva Estadual do PSOL/MA.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Já era o concurso do Hospital Universitário!! DEU NO G1 - Suspensos contratos entre UFMA e EBSERH, a empresa de serviços hospitalares

 Do G1 

Alunos denunciam professor da UFMA (Foto: Reprodução/TV Mirante)Universidade ainda não foi notificada sobre
a decisão (Foto: Reprodução/TV Mirante)
O juiz da 5ª Vara da Justiça Federal do Maranhão, José Carlos do Vale Madeira, suspendeu, liminarmente, todos os atos tendentes - ou já praticados - para efetivar a adesão da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH). A decisão atende a um pedido da Associação de Professores da Universidade Federal do Maranhão(Apruma), que alegou que o a assinatura do contrato não seguiu normas estabelecidas no Regulamento Geral da UFMA.
Segundo a Apruma, a celebração de acordos, convênios e contratos pela universidade “não pode ocorrer sem antes passar pelo crivo dos seus órgãos consultivos e deliberativos, entre os quais o Conselho Universitário e o Conselho de Administração”.
Além de levar em consideração as alegações da entidade e o RGUFMA, na decisão, o magistrado ponderou que a manutenção do contrato “macularia o princípio da moralidade administrativa e repercutiria drasticamente na situação econômico-financeira da universidade, abrindo ensejo, ainda, à instauração de centenas de contratos de trabalho a serem celebrados entre a EBSERH e os diversos profissionais que passariam a desempenhar funções – coadjuvados ou não por seus servidores – nas dependências do Hospital Universitário da UFMA”.
Vinculada ao Ministério da Educação e Cultura, a EBSERH foi criada há dois anos, através de decreto federal, com a responsabilidade de administrar os recursos financeiros e humanos dos hospitais universitários das Instituições Federais de Ensino Superior.
De acordo com sua assessoria, até o momento a universidade não foi oficialmente comunidada sobre a decisão e que qualquer posicionamento oficial será dado após notificação da Justiça Federal.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Artigo Francisco Valdério: MEMÓRIA E ESQUECIMENTO DO 11 DE SETEMBRO



Por Francisco Valdério (*)

Rememorar o 11 de Setembro é se solidarizar com todos aqueles que direta ou indiretamente testemunharam o horror daquele fatídico dia: uma manhã de terça-feira, em que um grupo neofacista e seus aliados, mobilizados pelo ódio e a intolerância, atacaram covardemente e vitimaram milhares de inocentes ceifando suas vidas. Esses inimigos da liberdade interromperam brutalmente sonhos. O sangrento ataque veio pelo ar, aviões bombardearam o coração destes sonhos, o Palácio de La Moneda, sede do governo democrático-popular do Chile no ano de 1973.
Essa narrativa não esconde sua inspiração no lúcido curta de 2002 de Ken Loach, 29 anos após o evento e um ano depois de outro acontecimento marcado pela trágica coincidência histórica: o 11 de Setembro dos EUA. Entretanto, mais que realçar as semelhanças entre tais eventos, é necessário compreendê-los em suas contradições e, a partir delas, perceber o significado para história humana. Pelo transcurso do tempo entre ambos acontecimentos, estamos mais do que naquela situação e ocasião, para falarmos como Paul Ricoeur, de passarmos da comoção absoluta à consideração relativa.
Não é difícil concordar com essa última afirmação. Sobretudo quando observamos, por um lado, que no decorrer das semanas que antecederam o 10º (mas igualmente o 11º e 12º) aniversário do desabamento das Torres Gêmeas dos EUA, não faltaram reportagens especiais seriadas em todos os telejornais, além de extensas matérias jornalísticas na mídia impressa cuja diretriz não é outra senão o apelo à dor da perda individual como única característica digna de lembrança. E, por outro lado, um total esquecimento do Golpe de Estado no Chile, agora no seu quadragésimo aniversário, que implantou a ditadura de Pinochet culminando na morte de 30 mil pessoas, entre elas o presidente Salvador Allende.
É verdade que setores da chamada mídia alternativa, alojada em boa medida em revistas e internet (blogs, redes sociais, etc), disseminam e contrapõem, sempre, ao 11 de Setembro estadunidense o 11 de Setembro chileno. Contudo, é preciso ir além. Sem sobrevalorizar a lembrança de nenhum deles ou relegar qualquer um dos fatos ao esquecimento, é preciso perpassá-los, compreendê-los num mesmo movimento cuja coincidência extraída esteja para além do dia e drama. Pois que diferença há entre Osama bin Laden e Richad Nixon ou Henry Kissinger? Ou entre organizações como Al Qaeda e Patria y Liberdad cuja fomentação e instrumentalização estiveram, em algum momento, a cargo da CIA? Em política, extremos e fundamentalismos sempre se igualam nos métodos.
Os dois eventos, que de alguma forma se encontram, são dignos da mais fecunda reflexão porque nos interrogam ainda sobre muito do que somos e queremos atingir. Ambos refletem, cada um a seu modo e conjuntamente, os desígnios humanos. Refletem, como nos ensina Hegel, um tempo que é apreendido no conceito, ou seja, a compreensão da história com sentido. Aquela experiência iniciada em 1970 e interrompida em 1973 no Chile - disposta a realizar a passagem da antiga sociedade à nova - estava à frente de seu tempo exatamente por tê-lo melhor compreendido.
Experiência inovadora que pagou um alto preço por tamanha ousadia histórica: a Revolução Chilena se propunha verdadeira e radicalmente democrática em plena Guerra Fria. Seus pressupostos buscavam o sonho da emancipação da humanidade, da distribuição igualitária da riqueza universal, dos valores mais elevados para a promoção da harmonia dos povos, enfim, da construção de uma sociedade melhor. E tudo isso considerando as vozes dissonantes no pluripartidarismo, da manutenção da independência do judiciário e da garantia de uma imprensa livre. Em outras palavras, estava mantida a estrutura da ordem constitucional do Estado de Direito - a despeito da franca desvantagem da UP nessas três frentes. A via pacífica e democrática adotada pelo Chile expressava a necessidade do diálogo no mundo extremamente surdo ante a bipolaridade. O rumo ao socialismo democrático chileno na década de 1970 é irredutível à figura da retórica propagandista tão comum na política.
Contudo, paradoxalmente, é essa conjuntura do aprofundamento da democracia no Chile de Allende que, de certa forma, ajudou os conspiradores na implantação de uma das ditaduras militares mais cruéis e sanguinárias que a América Latina conheceu em sua história recente. A intolerância que assinalava aqueles tempos de Guerra Fria (e que ainda persiste em nossos dias pelo lado que se supõe vencedor, bastaria atualmente observar o monitoramento secreto que mantém sobre boa parte do mundo, assim como a iminente invasão da Síria) liquidou a experiência democrática que vigorava no Chile e que vinha em progressão desde os anos 1920. Sob a liderança e a logística dos EUA, o Golpe de Estado no Chile foi violento e brutal. Anos mais tarde, serão os norte-americanos a chorarem seus cadáveres sob os escombros de seus monumentos que também são as ruínas de sua própria história intervencionista.
É aqui que, curiosamente, os eventos se tocam e se atravessam. As vítimas do 11 de Setembro do Chile são vítimas da ganância e da política invasora dos EUA, assim como as vítimas do WTC e do Pentágono também são sucedâneas da mesma ganância e da mesma política, só que sob aspecto diverso e reversível: o de uma resistência que não conhece outra via senão o da cega violência igualmente (des)proporcional. Os que perderam a vida no 11 de Setembro do Chile não a perderam em vão, seus sonhos de uma humanidade vivendo e convivendo com dignidade e justiça, são o seu mais sonoro recado ao presente em que a potência que se proclama vencedora, hoje às vésperas de mais uma guerra, também chora seus mortos exatamente por negar esta vida digna a tantas outras nações empobrecidas em nome e promoção do seu terror de Estado. Se o 11 de Setembro norte-americano é seu holocausto - como tentam nos fazer acreditar quase todas as mídias e documentários produzidos sobre o tema até então - é preciso perguntar em nome do que foram sacrificadas no altar da história aquelas vidas? Serviram tão somente, como temos visto, para alimentar ainda mais esse modelo capitalista agressor dos povos, intolerante e letal, cujo agravante é o aumento do sonho individualista que sustenta o consumismo e devasta vorazmente todos recursos do planeta?
São os valores que impulsionaram a Revolução Chilena que clamam para serem ouvidos hic et nunc: a liberdade dos povos, a confiança na pessoa humana, a justiça social calcada em sonhos e projetos coletivos. É curioso como a experiência chilena tem muito ainda a nos dizer e esclarecer. Já não é mais possível olhar para o 11 de Setembro dos EUA e não ver o Chile de 1973 sediciado em sua mensagem de esperança e humanidade. Da mesma maneira que não se pode deixar de lembrar esse Golpe de Estado que depôs Allende no 11 de Setembro, 40 anos atrás, e não enxergar as consequências funestas, em solo norte-americano, levadas a cabo pela sanha do lucro e da louvação do mercado. É assim, nessa mútua implicação, que tais eventos nos lembram da situação de bifurcação de nosso presente histórico e de todas as escolhas que aqui somos convocados a fazer.

(*)Francisco Valdério - 41, professor, é mestre e doutorando em Filosofia pela PUC/SP. E-mail: fderio@gmail.com