domingo, 29 de maio de 2022

NEM UM PASSO ATRÁS!

    Artigo publicano no Jornal Pequeno, 29/05/2022
          

         Franklin Douglas (*)

Proposta de Emenda Constitucional nº 206/2019 (PEC 206) quer instituir a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Mais um projeto de maldade com os setores populares, patrocinado pelos conservadores-reacionários que não admitem pobres no ensino superior. De autoria do deputado bolsonarista General Peternelli (SP), tem relatório favorável de outro deputado, Kim Kataguiri (SP), do MBL, o movimento da juventude destruidora dos direitos sociais no Brasil.

Argumentar a favor da PEC para que haja mais recursos para o custeio da universidade é balela!

Igualmente falso que a cobrança seria somente aos que teriam condições de pagar.

Mais cínico ainda é o argumento de que o pagamento de mensalidades contribuiria para superar a crise de financiamento do ensino superior.

Mero ilusionismo retórico para ocultar a essência da proposta: iniciar a liquidação da universidade gratuita e pública no país.

Darcy Ribeiro já denunciou há tempos: “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto!”. Querem substituir o ensino superior público pelo pago, privatizado, aligeirado e à distância.

Tentar cobrar mensalidades nas universidades públicas não é novidade. Almejaram no governo Collor de Mello (1990-1992). Empenharam-se novamente sob o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). Em ambos os momentos, fomos às urnas, estudantes e professores, e barramos esse ataque à universidade pública!

No atual cenário, na ofensiva de sua agenda ideológica, neoliberais e conservadores buscam novamente alavancar a ideia. Querem fazer a roda da história girar para trás. Pretendem que a universidade seja lugar somente das elites dominantes e formadora apenas de seus “doutores”. Aos demais jovens, restando o trabalho de menor remuneração, pouca reflexão e mera força de trabalho de reserva ao exército da mão de obra a ser utilizada pelo capital.

Um completo absurdo! Do Maranhão, apoiam a cobrança de mensalidades nas universidades públicas deputados como Aluísio Mendes (PSC), Cleber Verde (Republicanos), Edilázio Junior (PSD), Gastão Vieira (PT), Hildon Rocha (PMDB), João Marcelo (PMDB), Pastor Gil (PL) e Pedro Lucas Fernandes (União).

A iniciativa precisa de 171 deputados apoiando para que siga na tramitação. Tinha 177 subscrevendo-a. Oito deputados retiraram suas assinaturas: 02 do PT, 02 do PDT, 01 do PCdoB e 01 do PSB (inacreditável que tenham assinado...); 01 do PP e 01 do Patriotas. O que levaria à inadmissibilidade da PEC, visto não ter o número mínimo de apoio. Mas a proposta segue viva. E recolher assinaturas para substituir as desistências é algo fácil aos mercadores da educação.

Por isso, não dá para relaxar. É preciso mobilizar as universidades públicas e os defensores da educação para ir às ruas contra essa proposta. Mostrar à população as reais intenções dessa cobrança: retirar negros, indígenas, estudantes das escolas públicas e pobres das universidades. O então ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro, Milton Ribeiro, já deixou claro essa real intenção: “Universidade deve ser para poucos” (TV Brasil, 09/08/2021).

Cabe a nós mobilizarmos muitos contra esse retrocesso. Eis a posição que todos, docentes, discentes, técnicos-administrativos e suas organizações (DCE´s, DA´s/C.A´s, sindicatos, associações, etc), reitores e gestores das instituições de ensino superior públicas (como UFMA, IFMA´s, UEMA, etc.) devemos tomar.

NEM UM PASSO ATRÁS NA DEFESA DA UNIVERSIDADE GRATUITA, PÚBLICA E DE QUALIDADE!

 

 (*) Prof Franklin Douglas – jornalista e advogado, doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com


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Artigo publicado no jornal O Imparcial, edição de 28 e 29/05/2022, opinião, p. 4