Abaixo, as impressões de Ecos sobre o debate entre os candidatos ao governo do Maranhão, ocorrido na noite de ontem, na TV Mirante:
1. Flávio Dino venceu e convenceu... que não é arrogante, que está mais preparado para governar, que melhor falou olhando paras as câmeras (portanto, falando direto ao eleitor/a), que sabe contornar perguntas espinhosas. Sendo o melhor no bloco de maior exposição (o primeiro), saiu-se melhor na busca do voto dos indecisos.
2. Jackson Lago surpreendeu pelo fraco desempenho... ao não repetir no debate a excelente performance de seu programa de televisão. Quando teve a sorte (no sorteio da primeira pergunta do debate e que escolheu a Roseana) de demarcar a polarização com a oligarquia, escolheu um tema que a Roseana ensaiou diversas vezes a resposta e, assim, deixou de “enquadrar” a adversária. Ademais, extrapolou diversas vezes seu tempo de fala, dando a impressão que não treinou os tempos de pergunta e resposta, olhou pouco para as câmeras nos dois primeiros blocos. Recuperou-se ao final do terceiro bloco mas, à cata dos indecisos, já era tarde demais: à meia-noite muitos já tinham ido dormir.
3. Marcos Silva amadureceu... dando a entender que está buscando dar uma inflexão da extrema esquerda para a esquerda a fim de ocupar o espaço deixado pelo PT, assumindo uma posição anti-oligárquica, sobretudo: não poupou Roseana (“mal preparada pelo Duda Mendonça”, “Não tem remorso de ter demitido pais de família quando privatizou a Cemar, Copema, BEM", “sua política de cultura é só para os que lhe bajulam”, “Chamo o Sarney para o debate” etc); apertou Jackson protocolarmente; e levantou a bola para Flávio por duas vezes (nos temas “segurança” – quando perguntado por Flávio – e “meio-ambiente” quando perguntou ao Flávio). Tarimbado em debates, olhava sempre para as câmeras buscando a atenção do eleitor/a, cumpria o tempo de fala e foi o melhor nos dois últimos blocos – mas também já tarde demais para fixar essa marca junto à maior audiência do início do debate.
4. Saulo assumiu o papel de franco-atirador... indispondo-se com o eleitorado de todos os demais e indecisos. Na difícil missão de mirar em Flávio, Jackson e Roseana ao mesmo tempo, perdeu-se no primeiro bloco na pergunta sobre educação infantil feita por Flávio para ele, bateu errado na política de esporte e de planejamento de Jackson Lago e se intimidou com o “me respeite” da Roseana, quando a encurralou na questão sobre saneamento. No papel de algoz de Flávio em sua política de aliança com Humberto Coutinho saiu-se bem, mas ficou a pecha de ter sido um inocente útil aos interesses da oligarquia. Neófito na seara, mesmo pouco olhando diretamente às câmeras, deixou a imagem de bom moço idealista que não tem medo de dizer as verdades doa a quem doer.
5. Roseana foi um (quase) desastre... safando-se bem da primeira abordagem de Jackson Lago, no primeiro bloco, errou ao escolher Flávio para perguntar: deu a chance do candidato do PCdoB desmontá-la na área da saúde (“Hospital não é fazer telhado e parede”, “desde 1992 não tem concurso na saúde”, “Upas são do governo Lula, a contrapartida do Estado é pouca” etc). No segundo bloco, ao ser questionada por Flávio repetiu seu mal desempenho, dando nova oportunidade para o candidato comunista lhe desconstruir (“A senhora apoiou FHC”, “Seu governo só coloca as placas nas obras do governo Lula”, “O Maranhão não é pobre governadora, é mal gerenciado”). Ao tentar se livrar da polarização com Dino e Lago, escolheu só Marcos e Saulo para as perguntas seguintes mas, já próximo da meia-noite, a marca já havia ficado de uma candidata nervosa (apelou por três para um inexistente direito de resposta, sendo desconsiderada pelo mediador do debate), dona da verdade (repetiu o “Você está equivocado” várias vezes quando contrariada em seus dados, mesmo os mais absurdos: de que melhorou os índices sociais, de saneamento e agricultura) e agressiva ao disparar o “Me respeite” por duas vezes, uma especialmente para cima do Saulo Arcangeli, quando encurralada pelos adversários. Não teve a ajuda dos seus concorrentes para sair de vítima, tentou apelar para a condição de mulher acoada por quatro candidatos homens, já no quarto bloco do programa, e quando foi muito bem, no último bloco, o das finais das considerações, "Inez já estava morta"! (já era quase uma da manhã).
A propósito, nas considerações finais saíram-se melhor Roseana, Marcos Silva e Flávio Dino. Saulo e Jackson extrapolaram seus tempos, não concluindo seus raciocínios.
O debate, portanto, serviu a quem melhor aproveitou o primeiro bloco. No mais, todos os candidatos mantiveram suas militâncias mobilizadas para a última semana de embate. Morno, o debate não se transformou em elemento incendiador da reta final, mas reforçou, através de seus candidatos, que o eleitorado oposicionista estará unido no segundo turno, apesar dos pesares.