sábado, 28 de fevereiro de 2009

Poesia de Quinta

POESIA DE QUINTA - nº 21
Por Deila Maia

O Poesia de Quinta de hoje (26/02) é com uma poetisa do Rio Grande do Sul, que eu ainda não tive o prazer de conhecer pessoalmente, apenas virtualmente. Espero que gostem.

Beijos.


DESCOBERTA
Isolde Bosak

Do alto desta vista cá,
vou mais longe.
Pelo rio embarco,
ganho o oceano
e cruzo
o arco de sagitário
e o cruzeiro
até o sul e mais.

E se a memória de lá
o seu afogado tange,
resgato o mar liso e plano
de tanto uso,
pego flecha e destinatário,
abro velas que o vento trás.

Agora entendo navegar:
e o que mais me constrange,
é ter deixado o que abarco
desde aqui ao dano,
tudo o que é luso
escrito em diário,
de não ser dignatário
tendo voltado ao cais.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Fragmentos de uma noite mobilizada

Deoclides Macedo, Manoel da Conceição, Marcelo Tavares, Janete Capiberibe, João Capiberibe, João Pedro Stédile, Jackson Lago. Todos realizaram pronunciamentos ao povo mobilizado em frente ao Palácio dos Leões, no acampamento Balaiada, na noite de ontem (quinta-19/2), após o TSE adiar o julgamento da cassação do governador do Maranhão.

Discursos que oxigeram corações e mentes da militância presente. Aplausos e muita convicção de que se trava o bom combate e a causa é justa, a defesa da Democracia no Maranhão.

Vaias mesmo só para a Rosengana, que, de beicinho, insistiu em querer tomar a cena (e o cargo do governador do Maranhão)... Abaixo, Ecos das Lutas registra alguns fragmentos dos dircursos proferidos.



JOÃO PEDRO STÉDILE - Direção Nacional do MST

"Companheiros, hoje, pago um dívida histórica do povo gaúcho com o povo maranhense. Por isso também foi prioridade nossa estar aqui. Porque, em 1961, quando o povo gaúcho e o seu governador, Leonel Brizola, precisou levantar a cadeia da legalidade contra o golpe militar a Jango, o Maranhão mandou sua solidariedade através do bravo companheiro Neiva Moreira"

"Ganhamos o jogo de hoje, mas não ganhamos o campeonato. Mesmo com o juiz contra, ganhamos este jogo porque temos um bom técnico, o governador Jackson Lago, um bom time, mas sobretudo: porque nós lotamos a arquibancada!"


JANETE CAPIBERIBE - deputada federal (PSB/AP)

"O Sarney só se junta com gente como o Collor, o Renan Calheiros, o Agripino Maia, o DEM, os velhos coronéis da política brasileira. É um fantasma que vaga por ai, que ninguém quer ele pelos maus que causa. No Amapá, é "Xô, Sarney!"; no Maranhão, é "Sarney nunca mais"!

"Desde que chegou ao Amapá, onde há 24 anos tem mandato de senador, o Estado só empobreceu. Confesso que tenho vontade de mandar o Sarney de volta para o Maranhão, mas vocês maranhenses não merecem!!!"


JOÃO CAPIBERIBE- ex-governador do Amapá

"Estamos aqui para defender o voto, para defender a democracia. Se querem o Maranhão de volta, por que não aguardam as eleições de 2010?"

"O povo do Maranhão escolheu Jackson Lago para ser o seu governador. Como pode agora o segundo colocado querer governar no lugar do eleito. Os derrotados não têm o direito de substituir os vitoriosos"



MANOEL DA CONCEIÇÃO - líder camponês (perdeu uma perna na década de 60, quando lutava contra o latifúndio e a grilagem de terras no governo Sarney)

"Ninguém vai tomar nossa liberdade, nossa democracia, vamos resistir. Quantas vezes for preciso, eu voltarei aqui para mobilizar e manter a resistência em frente a este Palácio dos Leões"

JACKSON LAGO - governador do Maranhão

"Quero agradecer aos sem-terras, ao movimento de moradia, ao movimento de mulheres, aos deputados na pessoa do presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares, aos prefeitos aqui presentes na pessoa do vice-presidente da FAMEM, Deoclides Macedo, ao bravo Manoel da Conceição, ao Joaõ Pedro Stédile, aos companheiros Janete e João Capiberibe, a todos vocês que estão aqui hoje. A luta de todos vocês é a nossa luta, a luta pela Democracia no Maranhão, a luta para dizer que o voto dos maranhenses tem valor!"

"Em 40 anos de poder, o grupo Sarney não tirou uma família das palafitas, em 40 anos, proliferam as casas de taipa cobertas de palha. Em dois anos de governo, vamos possibilitar moradia decente e entregar, em março, apartamentos novos aos moradores do Rio Anil. Em 40 anos, não fizeram a ponte sobre o rio Tocantins, ligando Imperatriz ao estado do Tocantins. Nós vamos entregá-la. Não me cansarei de percorrer os municípios inaugurando escolas, recuperando e fazendo estradas, não cansaremos de lutar pelo desenvolvimento do nosso estado".

A confissão de Sarney e a cassação que devemos cobrar


Em primeira mão em blogue local, Ecos das Lutas reproduz artigo do jornalista Rogério Tomas Jr. sobre o controle e uso político dos meios de comunicação pela oligarquia Sarney, exposta pelo grampo da Polícia Federal.

Maranhense de coração (pois nasceu no Ceará), Rogério está radicado em Brasília, onde se dedica às lutas pela segurança alimentar, democratização da comunicações e outras tantas. O texto vem ganhando visibilidade em diversas listas de comunicadores do País, acompanhe.



A CONFISSÃO DE SARNEY E A CASSAÇÃO QUE DEVEMOS COBRAR
Por Rogério Tomaz Jr(*)
(http://www.direitoacomunicacao.org.br/novo/content.php?option=com_content&task=view&id=4727)

Imortal, talvez. Infalível, certamente não. Fisgado em grampo da Polícia Federal em conversa com seu filho, Fernando Sarney, o senador do Amapá – ou o quarto senador do Maranhão – confessa o óbvio não assumido: as emissoras de televisão e rádio, bem como os jornais e todo e qualquer veículo de comunicação, servem de batalhão de elite na guerra política.

“Vamos botar isso na TV”. Sintético, o presidente do Senado se refere a uma denúncia de corrupção contra Aderson Lago, tucano que comanda, de fato, o governo do Maranhão. Aderson, primo do governador Jackson Lago, enquanto deputado estadual, destacou-se pela oposição ferrenha ao sarneísmo durante os dois mandatos da governadora Roseana Sarney (1995-1998 e 1999-2002). Vale o registro, porém, que o mesmo Aderson Lago já teve abrigo cativo na família real do Maranhão.

Entretanto, o que nos interessa aqui, mais do que os elementos e o mérito da disputa, é a confissão explícita de José Sarney revelando o uso político de uma concessão pública.

A Constituição, no seu artigo 54, é inequívoca quanto à proibição de parlamentares serem concessionários de rádio e TV:

“Os Deputados e Senadores não poderão:
I - desde a expedição do diploma:
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
[...] II - desde a posse:a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou ela exercer função remunerada.”

A essa vedação objetiva, somam-se os princípios gerais da administração pública, listados no artigo 37 da Carta Magna:

“A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”.

E tanto a Constituição quanto o Código Brasileiro de Telecomunicações determinam a subordinação das emissoras de rádio e TV às finalidades – educativas, artísticas, culturais e informativas – que atendam ao interesse público da sociedade brasileira.

Ao confessar, incauto, a conduta em que se vale de uma concessão do Estado para obter favorecimento político de caráter pessoal, o ex-presidente da República e dirigente máximo da instituição que elabora as leis do país reforça a constatação de que o Estado não é neutro e tampouco a Justiça é cega.

A família Sarney, embora destronada do governo estadual após quatro décadas de domínio, controla não apenas os principais meios de comunicação do estado mais indigente do país. O Judiciário maranhense, por exemplo, está profundamente atado às redes de relações de poder tecidas desde que José Sarney derrotou a oligarquia comandada por Vitorino Freire, em 1965.

Jamais a hegemonia do clã Sarney esteve tão ameaçada quanto no momento atual. Derrotado nas urnas na eleição de 2006 e praticamente varrido das principais cidades maranhenses em 2008, tem os negócios investigados a fundo pela PF e pelo Ministério Público Federal (MPF). Fernando Sarney é acusado de crimes contra o sistema financeiro, formação de quadrilha, falsidade ideológica, fraude em licitação, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre outros delitos, e teve prisão preventiva solicitada pelo MPF. Atacado duramente até por publicações conservadoras, como as revistas The Economist e Veja (através de um colega de partido, o senador Jarbas Vasconcelos) e denunciado pela Folha de S. Paulo, veículo no qual assina coluna semanal, o patriarca Sarney pode ter na direção do Senado menos uma prova de força do que um derradeiro e incerto respiro. A conferir.

Na lista histórica de confissões desse tipo, não esqueçamos o que disse o nosso sumo magnata da mídia. Em 1987, The New York Times publicou entrevista com Roberto Marinho, tão reveladora do seu pensamento quanto pouco conhecida do grande público:

“Sim, eu uso o poder [da Rede Globo], mas eu sempre faço isso patrioticamente, tentando corrigir as coisas (...). Nós gostaríamos de ter poder para consertar tudo o que não funciona no Brasil. Nós dedicamos todo o nosso poder para isso. Se o poder é usado para desarticular um país, para destruir seus costumes, então, isso não é bom. Mas se é usado para melhorar as coisas, como nós fazemos, isso é bom”. (Citado em: “Mídia: Teoria Política”, de Venício Lima, Ed. Fundação Perseu Abramo, 2001.)

Em 2005, como lembra o professor Venício Arthur de Lima em artigo no Observatório da Imprensa, Sarney cunhou uma máxima que resume a relação entre políticos e mídia no Brasil: “Se não fossemos políticos, não teríamos necessidade de ter meios de comunicação”, registrado em Carta Capital (nº 369, de 23/11/2005).

Na conversa flagrada pela PF, divulgada semanas atrás, Sarney economizou nas palavras, mas não deixou dúvidas quanto a uma das finalidades da sua emissora de televisão.

Diante de tal declaração de culpa, o mínimo que se pode esperar das autoridades é a cassação da concessão da TV Mirante (anagrama de mentira), afiliada da Rede Globo.

Como bem apontou a revista inglesa, Sarney representa o mais autêntico dinossauro político do país. É sinônimo do atraso e do fisiologismo. A renúncia do posto recém-assumido no Senado seria a conseqüência esperada, desejada e, ademais, lógica, embora, na política, esse termo não tenha muito sentido.

(*) Rogério Tomaz Jr. é jornalista formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), membro do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Poesia de Quinta

POESIA DE QUINTA - nº 20
Por Deila Maia

Não sei se é a proximidade do Carnaval, período do ano que eu simplesmente ADORO, ou se foi uma feliz coincidência eu ter encontrado esta poesia, mas... Aposto que muitos de vocês também irão se identificar.

A poesia de hoje é de um autor russo. Ai meu Deus, que nome difícil. Lá vai: Andrêi Andrêievitch Vozniessiênski. Ufa!!! De um livro bem legal que ganhei agora no meu aniversário (obrigada, Lena!!!), que se chama "Poesia soviética".

O autor é vivo ainda, nascido em 1933, em Moscou. É arquiteto e super premiado por suas poesias, sendo membro de dez academias (científicas e de letras).

Tenho certeza que vocês irão gostar. A minha mãe vai achar a minha cara, com certeza! O grifo no verso é meu. Achei esta frase poderosa!!!!

A PREGUIÇA
Andrêi Andrêievitch Vozniessiênski


Abençoada preguiça, que delícia de armadilha,
quando é tanta que nem me levanto, nem durmo de novo.

Preguiça de atender o telefone. Você o alcança,
passando uma perna por cima do meu corpo,

ouço a sua voz pertinho de mim, soando como um sino,
e meu estômago é comprimido pelo seu ombro.

"Entradas?" - diz você - "Que vão para o diabo. Ai, que preguiça!"
Dentro de nós, a lentidão dos dias mergulha na sombra,

A preguiça é o motor do progresso. A chave para Diógenes é a preguiça.
Só o que sei é que você é encantadora -
o resto é lixo.

Este mundo é feio? Dê um jeito de ir levando.
Preguiça de ir pegar o telegrama - passe-o por baixo da porta.

Preguiça de ir jantar, preguiça de apagar a luz,
preguiça até de terminar a frase:
hoje é segun...

Nesta estrada, o mês de junho,
bêbado, derramou-se:
sátiro com pés de bode
descalços - e usando shorts.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Ato político inicia vigília cívica. Nesta quinta, milhares mobilizados em frente ao Palácio dos Leões


Centenas de militantes dos movimentos sociais do campo e da cidade, lideranças políticas, religiosas e partidárias compareceram ao ato político de instalação da vigília cívica em frente ao Palácio dos Leões. O acampanhamento Balaiada, como é conhecido, retoma a resistência popular em defesa da democracia no Maranhão.

NENHUM PASSO ATRÁS, SARNEY NUNCA MAIS foi a palavra-de-ordem que uniu maranhenses e lideranças nacionais neste ato. Dele participaram Carlito Reis (União Estadual de Luta por Moradia), Elías Araújo (MST), Altermar (Vale Protestar), Maria Lúcia Telles (Movimento de Mulheres), Francisco Sales (Fetaema), Wagner Baldez (sócio do Instituto Maria Aragão), Dep. Est. Valdinar Barros (PT), prefeitos de Icatu-Juarez Lima, Porto Franco-Deoclides Macedo, Cururupu-José Pestana, Davinópolis-Chico do Rádio, Arnaldo-Altamira, Vete Botelho, além de outros gestores municipais.

A eles, juntaram-se também o ex-governador do Amapá, João Capiberibe (PSB), a deputada federal Janete Capiberibe (PSB), a vereadora Cristina Almeida (PSB) e o líder nacional dos sem-terras, João Pedro Stédile.

Cristina Almeida, primeira quilombola eleita vereadora em Macapá - mulher mais votada para a Câmara Municipal da capital do Amapá, simbolizou a luta contra Sarney naquele estado. Ela disputou com Sarney a vaga para o Senado em 2006, e quase ganhou. "Lá, obrigamos o Sarney a deixar de fazer campanha só pelos telões e a colocar os pés na lama das favelas, na terra dos quilombos. Até marabaixo (dança típica local) ele dançou. E ganhou por pouco. Ganhou usando muito poder econômico. Mas na população ficou a mensagem do 'Xô, Sarney!' ", discursou Cristina. "Nosso 'Xô, Sarney' se une, neste ato de instalação desta vigília, ao 'Sarney nunca mais' dos maranhenses. A luta do Maranhão é a luta do Amapá", comparou a vereadora.



Capiberibe discursou explicando que a principal lição que aprendeu, ao ser golpeado por Sarney e ter o seu mandato de senador cassado no TSE, foi o de não construir a resistência popular. "Nossos advogados diziam: esta peça jurídica é um absurdo, inconsistente, não tem como cassar. Vamos ganhar. Nós acreditamos e ficamos com a guarda aberta. Quando nos cassaram, não havia uma alma nas ruas para fazer a resistência e a mobilização popular. Não tivemos tempo de reagir. Vocês, aqui no Maranhão, estão dando uma aula para a história dos trabalhadores do País", registrou o ex-governador do Amapá.

Coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile também se manifestou no ato: "Estamos aqui para participar deste momento histórico, desta luta de classes em pleno processo no Maranhão. Jackson seguirá o exemplo de Brizola no Rio Grande do Sul, quando resistiu ao golpe militar contra Jango em 1961, aquartelou-se no Palácio Piratini e construiu a cadeia da legalidade. Estamos aqui para instalar nossos sacos de areia e construir a bastilha maranhense. Deste palácio, o governador Jackson pode contar com os sem-terras, que daí ele não sai!", discursou Stédile, sendo efusivamente aplaudido pelos presentes.

João Pedro conclamou o povo maranhense à resistência ganhando ou perdendo no TSE nesta quinta. "Sei que vamos ganhar, mas se perdermos a resistência será firme, e terá nossa organização", orientou. O ato político foi encerrado com todos de braços levantados e de mãos dadas, cantando o hino do Maranhão.

Mobilização
Nesta quinta-feita - 19/2, a praça em frente ao Palácio dos Leões será palco de uma das maiores manifestações populares já registradas na história do estado.

Três passeatas saem de locais diferentes: a das mulheres, parte da praça João Lisboa, em frente à Igreja dos Remédios; a da Fetaema e caravanas do interior, inicia na praça Deodoro, percorrendo a rua Grande; a do movimento de moradia sai da Camboa. Todas concentram a partir das 15 horas.

As três se encontram com os sem-terras no Acampamento Balaiada. Lá, assistem através de telão a sessão de julgamento do TSE.

Paraíba e Maranhão: nada a ver

Os casos de cassação dos mandatos dos governadores Cássio Cunha Lima e Jackson Lago são totalmente distintos. No início, no meio e num possível fim: o do segundo colocado assumir.

É o que prevê o artigo 61 da Constituição do Estado do Maranhão. Vejamos:

"Art. 61 - vagando os cargos de Governador e de Vice-Governador do Estado, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.
Parágrafo primeiro - Ocorrendo a vacância nos dois últimos anos do período governamental, a eleição para ambos será feita trinta dias depois da última vaga, pela Assembléia Legislativa, na forma da lei.
Parágrafo segundo -Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus antecessores ".

Nestes termos, o relator do processo, Eros Grau, deveria inclusive refazer o seu voto, pois quando se posicionou pela cassação do governador maranhense e pela posse da segunda colocada, o fez no dia 18 de dezembro. Ou seja, ainda dentro dos primeiros dois anos do período governamental. Com a decisão de refazer o processo, com nova apresentação de voto do relator, de sustentação oral de acusação e defesa e, sobretudo, possivelmente neste dia 19 de fevereiro, estamos no período governamental indicado pela constituição do Estado, nos dois últimos anos. Caso de nova eleição a ser realizada pela Assembléia Legislativa.

Os deputados estaduais elegeriam um governador para mandato tampão entre os candidatos restantes: Roseana, Vidigal, Aderson e Saturnino. É o que diz explicitamente a Constituição do Estado do Maranhão. Não por acaso, a coligação, embora jogue boa parte de suas fichas no instrumento cancelamento de diploma, diretamente ao Tribunal Superior Eleitoral, não deixou de apresentar três outras ações no próprio Tribunal Regional Eleitoral (TRE) maranhense. Ou seja, vencida a batalha de 19 de fevereiro, ainda restarão às referentes às ações locais. Não é outra coisa senão luta política do clã Sarney. Assim, inferniza-se todo o período do mandato, a fim de evitar tranquilidade administrativa para gestar as políticas públicas tão necessárias ao desenvolvimento do Maranhão.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Carta Capital destaca devassa no TJ-Maranhão

Carta Capital desta semana traz matéria sobre judiciário maranhense e aborda caso Jorge Moreno


Enquanto deputados estaduais titubeiam, segue o judiciário maranhense exposto em suas mazelas a toda a sociedade brasileira. Desta vez, o judiciário do Estado está nas páginas de Carta Capital. A revista demonstra ainda o caso do juiz Jorge Moreno.

Para os leitores do Ecos das Lutas, a situação é clara: 93% acreditam que o poder judiciário maranhense não foi isento nas eleições de 2008. Eles responderam à enquete que figura ao lado. Internautas, organizações da sociedade, formadores de opinião, etc, em sua maioria são favoráveis pela CPI do Judiciário, mas não chegam ecos desta voz das ruas na Assembléia Legislativa...

Já está agendado por entidades um Tribunal do Poder Judiciário do Maranhão. Uma espécie de julgamento sobre a atuação do judiciário maranhense. A iniciativa retoma os anos 1990, quando o movimento social organizou o Tribunal da Terra, para denunciar a situação da luta pela terra no Maranhão. Em breve, Ecos trará mais detalhes desta iniciativa. Nesta quarta-feira (18/2), a partir das 8h30, o Tribunal de Justiça julga o juiz Jorge Moreno. É comparecer pra ver (no que vai dar...). Confira a matéria de Carta Capital (http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=3366).

DEVASSA NO TRIBUNAL
Leandro Fortes

Há quinze dias, veio à tona o mais impressionante relatório sobre o submundo de corrupção, nepotismo e inépcia do Judiciário brasileiro. Trata-se de casos ocorridos no Tribunal de Justiça do Maranhão, confraria cevada à sombra de quatro décadas pelo grupo político do senador José Sarney (PMDB), recém-eleito presidente do Senado Federal. O relatório é o resultado de um mês de fiscalização da corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), comandada pelo ministro Gilson Dipp, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O texto, divulgado em 29 de janeiro, revela as entranhas do Poder Judiciário do mais atrasado e miserável estado do País.

Dipp comandou uma audiência pública realizada, em 28 de novembro de 2008, na sede do TJ-MA, com a presença de desembargadores e funcionários. O ministro e uma equipe de fiscais colheram centenas de depoimentos, boa parte deles em sigilo, para evitar retaliações contra os denunciantes. Em seguida, foram fiscalizadas dezenove varas na capital, São Luís, dezesseis varas no interior e duas penitenciárias. O resultado é uma lista interminável de irregularidades de um tribunal marcado pela malversação de dinheiro público e pela morosidade absoluta na condução dos processos. A ação do CNJ não foi, contudo, de uma expedição punitiva, mas um suporte importante para a ação do Ministério Público Estadual. "Esse é um trabalho para o aprimoramento do Judiciário brasileiro", afirma o ministro Dipp.

O CNJ descobriu que o TJ-MA é uma espécie de paraíso do nepotismo. Para manter parentes empregados, os desembargadores chegam a convocar servidores lotados a 500 quilômetros de São Luís para encher os gabinetes da capital. Cada gabinete tem dezoito funcionários, a maioria sem um único servidor de carreira. Segundo o relatório, apenas 10% dos funcionários do tribunal fizeram algum tipo de concurso público. Além disso, é impossível, fisicamente, colocá-los a trabalhar ao mesmo tempo. Simplesmente, não há lugar para todos.

Na tentativa de evitar o caos, algumas medidas foram tomadas pelo atual presidente do TJ do Maranhão, desembargador Raimundo Cutrim. Embora não tenha instituído nenhum mecanismo de controle de frequência dos servidores, por iniciativa própria o TJ-MA reduziu a jornada de trabalho de oito para seis horas diárias (aí incluída a hora do almoço), o que transformou o expediente do tribunal num arrazoado de pouco mais de quatro horas por dia de uma semana bem enxuta, de apenas três dias, de terça a quinta-feira. Além disso, por causa do inchaço de servidores, o curto expediente foi dividido em dois turnos. Para manter essa estrutura precária, os 24 desembargadores do tribunal dão uma despesa conjunta de 2,5 milhões de reais mensais. Diante disso, o CNJ deu quinze dias para o tribunal informar os nomes e, principalmente, os sobrenomes de todos os funcionários. Quer identificar parentes contratados nos gabinetes, inclusive os beneficiados pela chamada contratação cruzada, entre os desembargadores.

Dipp constatou, ainda, haver 144 policiais militares deslocados do trabalho de rua para tomar conta das casas e dos parentes dos desembargadores do TJ do Maranhão. Os PMs foram requisitados por Cutrim. Enquanto isso, há diversas ocorrências de assaltos a fóruns no interior por falta de policiamento, como no município de Codó. Outro, de Santa Luzia, foi invadido e incendiado, após a divulgação de panfletos anônimos pela cidade, onde se incitava a população a resolver as pendengas judiciais pondo fogo no tribunal local. Dito e feito. Em 1º de janeiro de 2009, foram destruídos pelas labaredas que tomaram conta do fórum 9.731 processos. Até hoje, nenhum culpado foi identificado pela polícia maranhense.

Um dos eventos mais graves detectados pelo CNJ foi a prática de bloqueios judiciais em contas de bancos no Maranhão, sem critérios claros, em favor de desembargadores, juízes e promotores de Justiça. Todos, autores de ações de restituição de contribuições previdenciárias, a maioria lesiva aos cofres estaduais. E de pouco adianta ao cidadão reclamar. Em 2007, foram impetradas 120 representações contra magistrados maranhenses, mas nunca houve uma única sanção contra eles.

O CNJ reuniu provas contra diversos magistrados. Um deles, o desembargador Augusto Galba Maranhão, atualmente aposentado, também foi denunciado pelos promotores Marcos Valentim e João Leonardo Sousa Pires Leal, das promotorias de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, por irregularidades cometidas na folha de pagamento, no período em que ele foi presidente do tribunal, entre julho de 2006 e abril de 2007. Galba e outras doze pessoas, aí incluída a mulher, Celina Ramos Maranhão, são acusados de causar um prejuízo de mais de 350 mil reais aos cofres públicos por meio de desvios de vencimentos de cargos comissionados da presidência do TJ-MA. O CNJ também está prestes a concluir, com auxílio do Tribunal de Contas da União, uma auditoria completa sobre o esquema do desvio de dinheiro na folha de pagamento do tribunal.

Responsável por muitas das denúncias apuradas pelo CNJ, Aníbal Lins, presidente do Sindicato dos Servidores da Justiça do Maranhão (Sindjus-MA), comemorou a divulgação do relatório, mas ainda desconfia da disposição da corregedoria do TJ-MA em corrigir as irregularidades apontadas pelo ministro Dipp – sobretudo por conta das ligações políticas dos desembargadores. O Tribunal leva o nome de Sarney Costa, pai do senador Sarney (já a sede do Tribunal de Contas do Estado chama-se Governadora Roseana Sarney Murad). O relatório do CNJ, aliás, pôs a obra de reforma do anexo do fórum sob suspeita. Os serviços foram orçados em 39,4 milhões, mas esses valores, de acordo com o conselho nacional, foram superfaturados.

A ação do CNJ gerou pânico dentro do Tribunal de Justiça do Maranhão e obrigou o corregedor-geral, Jamil Gedeon, a instaurar, logo após a divulgação do relatório, "correição geral extraordinária" em seis varas cíveis e na 4ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, para apurar denúncias e indícios de irregularidades. Entre os investigados, dois juízes estão na mira do corregedor: Douglas Amorim (3ª Vara Cível) e Luiz Gonzaga (8ª Vara Cível). Trata-se de uma dupla do barulho. Recentemente, Amorim concedeu liminar requerida por Gonzaga para determinar a censura de reportagem de um blog independente, o "Blogue do Colunão", do jornalista maranhense Walter Rodrigues, referente à venda de sentenças no âmbito do Tribunal Regional Eleitoral.

Estão, portanto, sob investigação os titulares das seis varas cíveis postas sob "correição extraordinária": Nemias Nunes Carvalho, Douglas Amorim, José de Arimatéia Silva, Abraão Lincoln Sauáia, Luiz Carlos Nunes Freire e Luiz Gonzaga. O juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública, igualmente sob correição, é Megbel Abdalla. Ele e Gonzaga também integram o TRE, designados pelo Tribunal de Justiça.

Além da ação do CNJ, pesou na iniciativa do corregedor-geral os protestos públicos do desembargador Bayma Araújo, decano do TJ. Ele cobrou publicamente a investigação de denúncias e fortes indícios de corrupção nessas varas. O magistrado decidiu pronunciar-se depois que o juiz Megbel Abdalla, da 4ª Vara da Fazenda Pública, na virada do ano, concedeu liminar a uma empresa de transporte, a Viatur. Abdalla determinou a penhora e o saque de 6 milhões de reais dos cofres da prefeitura de São Luís. Bayma cassou a liminar e deixou claro que suspeitava das motivações do juiz.

Em seguida, o decano insurgiu-se contra a escolha por sorteio dos juízes José de Arimatéia Silva (5ª Vara Cível) e Luiz Gonzaga (8ª Vara Cível), para a função de "juiz convocado", uma espécie de desembargador interino que substitui os titulares de férias ou de licença. Ele disse não poder aceitar Arimatéia e Gonzaga na função de desembargador porque pesavam contra ambos graves suspeitas de corrupção. Em 1999, José de Arimatéia foi investigado pela CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados por conceder decisões favoráveis à quadrilha comandada pelo ex-deputado federal José Gerardo de Abreu, cassado em 2006, acusado de comandar o crime organizado no Maranhão. O plenário do TJ apoiou por unanimidade o pronunciamento do decano e declarou a inidoneidade de ambos os magistrados ao anular o resultado do sorteio.

O ambiente de caça às bruxas acabou por adiar o julgamento do juiz Jorge Moreno, da comarca de Santa Quitéria, afastado há dois anos por ter denunciado o esquema de fraudes e desvios de recursos do Programa Luz Para Todos no Maranhão. Moreno ficou conhecido internacionalmente por ter zerado o déficit de registros civis de nascimento em Santa Quitéria. Por essa razão, ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos e foi homenageado pelas Nações Unidas. Em seguida, o município de Santa Quitéria virou nome de um prêmio da Secretaria Nacional de Direitos Humanos. No processo, o juiz cassado alegou ausência de pleno direito de defesa. Um dos desembargadores solicitou, então, pedido de vista para apreciar melhor a situação – e deixar baixar a poeira levantada pelo relatório do CNJ.

O processo contra Moreno teve iniciativa na ação de um deputado estadual, Max Barros (DEM), um dos herdeiros políticos do coronelismo local. Barros foi secretário de Roseana Sarney e um dos responsáveis pelo setor de obras do estado. Para o grupo político dos Sarney, o juiz Moreno foi identificado como defensor dos direitos humanos e dos movimentos sociais, o que, no Maranhão, é considerado uma afronta entre a maioria dos magistrados. "Os movimentos sociais são vistos como perturbadores da ordem. Os interesses do Estado estão acima e é superior aos interesses da coletividade", avalia o magistrado.

No TJ, a desembargadora Nelma Sarney, cunhada de José Sarney (é casada com um irmão do senador, Ronaldo Sarney) e corregedora do TRE, assumiu pessoalmente a função de convencer os demais desembargadores a punir Moreno com a aposentadoria compulsória. O argumento fundamental é o de impor o temor aos demais juízes que queiram bater de frente com a estrutura viciada detectada pelo relatório do CNJ.

O relator do processo de Moreno é o desembargador Mário Lima Reis. Ele ficou conhecido quando foi obrigado a depor na CPI da Grilagem de Terras, instalada no Congresso Nacional nos anos 80, durante o mandato presidencial de José Sarney. À época juiz de Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão, Reis foi acusado de expedir liminares de reintegração de posse favoráveis aos grileiros, sempre com recomendação de uso de força policial, origem de vários conflitos que resultaram no assassinato de lideranças rurais na divisa do Maranhão com o Tocantins. Desde então, Reis odeia tudo que diz respeito a movimentos sociais, aos quais o juiz Moreno é explicitamente engajado, no estado.

Há outros eventos ocorridos no TJ do Maranhão que foram reportados em caráter sigiloso ao CNJ, prontos para ser investigados. Um deles, emblemático, diz respeito a duas decisões judiciais proferidas pelos juízes Abraão Lincoln Sauáia, da 6ª Vara Cível, e Nemias Nunes Carvalho, então na 2ª Vara Cível. As duas sentenças são rigorosamente iguais, em todos os termos, com o emprego dos mesmos jargões jurídicos, clichês, com as mesmas citações de obras jurídicas e de jurisprudências. A dupla de juízes bloqueou 4,3 milhões de reais das contas da Companhia de Eletricidade do Maranhão (Cemar). O bloqueio foi em favor da empreiteira Vega Serviços de Construção Elétrica e Civil Ltda., com a mesma minuta de decisão

Entidades apóiam Jorge Moreno


Abaixo, Ecos das Lutas publica duas moções de apoio recebidas pelo juiz Jorge Moreno: uma subscrita por diversas entidades, outra específica do CONSEA-Ma. Ambas destacam o compromisso de Moreno com as lutas democráticas no estado. Jorge é reconhecido nacionalmente por sua atuação pela erradcação do sub-registro de nascimento, campanha que fez em Santa Quitéria, ao lado da promotora Nahyma Abas.

A partir do exemplo de Santa Quitéria, o Consea-MA lançou, em 2005, a campanha "Sub-registro Zero" junto a outros municípios como Raposa, Barreirinhas, Presidente Vargas, Icatu, a fim de erradicar o sub-registro nessas cidades. Alcançou êxito nos três primeiros. O Viva Cidadão e a Corregedoria do Tribunal de Justiça ampliaramsignificativamente a campanha, fazendo com que os índices de subregistro no estado caíssem de 57% para atuais 32%, o que ainda é muito... Tudo, então, tomou corpo a partir da ação de Jorge Moreno. Por isso, e por outras atuações, recebe o apoio de entidades de credibilidade como as que seguem abaixo.


MOÇÃO DE APOIO A JORGE MORENO

O CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR – CONSEA, reunido em 09 de fevereiro de 2009, deliberou por vir a público manifestar seu irrestrito apoio ao juiz de Direito Jorge Moreno.

O CONSEA acredita que o judiciário maranhense, através de seu Tribunal de Justiça, não punirá a ação do juiz que pautou na sua comarca, em Santa Quitéria, a campanha pela erradicação do sub-registro civil de nascimento, fiscalizou a execução do Programa Luz para Todos a fim de garanti-lo sem manipulação política aos que precisavam efetivamente da energia e objetivou garantir o Direito Humano à Alimentação no município.

Condenar Jorge Moreno é condenar a luta por Direitos Humanos no Maranhão. O CONSEA manifesta seu apoio a Jorge Moreno. Qualquer punição imputada a ele é injusta e agride a cidadania maranhense.

São Luís (MA), 09 de fevereiro de 2009.
CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR
(CONSEA-Maranhão)


ORGANIZAÇÕES E MOVIMENTOS SOCIAIS EM DEFESA DO JUIZ JORGE MORENO

As organizações e movimentos sociais estão acompanhando o julgamento do processo disciplinar instaurado contra o juiz de Santa Quitéria – Dr. Jorge Moreno, e esperam que o Tribunal de Justiça do Maranhão, ao final do julgamento do processo, proclame a justiça que se espera e se faz necessária no caso

O processo disciplinar em curso foi instaurado a pedido do Deputado Estadual Max Barros - DEM (que obteve 20% de seus votos no município de Santa Quitéria), alegando o exercício de atividade político-partidária pelo Juiz Jorge Moreno.

No entanto, o que foi demonstrado no processo foi que o Juiz Jorge Moreno tem atuação destacada em favor da população, tendo sido responsável, em conjunto com a Promotora de Justiça Nayma Abas, pelo Município de Santa Quitéria ter sido o primeiro município brasileiro a erradicar o sub-registro nascimento, grave problema a atingir as populações mais empobrecidas do país.

Em face desse trabalho, recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, moções de elogios da Corregedoria do TJ/MA, da Associação do Ministério Público, do CONSEA-MA e da Assembléia Legislativa, além de referências elogiosas em telejornais como o Jornal Hoje e Globo Repórter e em jornais como O Globo, O Estado do Maranhão, O Imparcial, Jornal Pequeno, além de ter sido considerado um exemplo a ser repetido no país pela UNICEF.

O próprio representante do Ministério Público presente no início do julgamento foi enfático ao afirmar que o Juiz Jorge Moreno não praticou atividades político-partidária, e que a representação deve ter sido apresentada por setores contrários ao trabalho realizado pelo juiz e pela promotora de Santa Quitéria.

Assim, espera-se do Tribunal de Justiça que seja feita justiça a esse juiz honesto e trabalhador.
São Luís, 10 de fevereiro de 2009.

CNBB NE V (CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL – REG. MARANHÃO
CÁRITAS BRASILEIRA REGIONAL MARANHÃO
SOCIEDADE MARANHENSE DOS DIREITOS HUMANOS - SMDH
REDE DE INTERVENÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS- RIPP/MA
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – REGIONAL MARANHÃO
CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO DO MARANHÃO - CIMI
CONSELHO ESTADUAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL
ONG TRAVESSIA
PASTORAIS SOCIAIS DA DIOCESE DE BACABAL
CÁRITAS DIOCESANA DE BREJO
CÁRITAS DIOCESANA DE VIANA
CÁRITAS DIOCESANA DE IMPERATRIZ
CÁRITAS DIOCESANA DE SÃO LUÍS
CÁRITAS DIOCESANA DE COROATÁ
CÁRITAS PAROQUIAL DE CODÓ
CÁRITAS DIOCESANA DE BALSAS
CÁRITAS DIOCESANA DE BACABAL
COOPERATIVA DOS PEQUENOS PRODUTORES AGROEXTRATIVISTAS DE VARGEM GRANDE
REDE MANDIOCA
CÁRITAS DIOCESANA DE CAXIAS
FÓRUM ESTADUAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA – MA
CONSELHO ESTADUAL DO TRABALHO - CONSET

Poesia de Quinta

Desculpem-me pelo atraso nas postagens. Problemas com o computador. Estamos de volta. Aos poucos vamos colocando o que os amigos/as nos enviaram. Reinicío com o Poesia de Quinta - número 19, com Deila Maia.

POESIA DE QUINTA - NÚMERO 19
Por Deila Maia

Gente, hoje a Poesia de Quinta vai ser bem diferente...

É de um autor árabe: MUHAMMAD AL-NAFZAWI, do livro "Campos perfumados". Aliás, um dos presentes que mais gostei de ganhar na vida. Super interessante! É um tratado de erotologia árabe, do século XV d.C, encomendado ao autor pelo sultão de Túnis.

Eu diria que é uma espécie de "O príncipe", que Maquiável fez sobre a política, só que no caso deste livro, foi a respeito do sexo. Tem uma formulação bem "científica", apesar de ainda não existir o conceito moderno de ciência que adotamos hoje, na época em que este tratado foi escrito.

Os nomes dos capítulos são muito curiosos: "Capítulo V - A cópula", "Capítulo VI - As maneiras de copular" "Capítulo VII - O que é prejudicial na cópula", "Capítulo XI - As artimanhas das mulheres", "Capítulo XIV - Sinais a serem observados para distinguir as matrizes estéreis e o tratamento que lhes pode ser aplicado", "Capítulo XVII- Como soltar o órgão viril tolhido"... Três casos a serem considerados. "Capítulo XVIII- O que pode fazer crescer o instrumento pequeno e torná-lo volumoso", "Capítulo XIX - O que faz desaparecer o odor desagradável da axila e do portal. O que torna este último mais estreito", dentre outros capítulos bem peculiares...

E o que é melhor, é um livro super fácil e gostoso de ler. Em uma palavra: exótico!!!! Não erótico, vale ressaltar! O livro é feito majoritariamente em prosa, mas há várias poesias.

Vou recortar uma que reflete o "medo" que eles tinham das mulheres na época. Infelizmente, mesmo em nossos dias, ainda há países árabes que proíbem que as mulheres estudem, baseados nesta idéia (Se as mulheres já são ardilosas sem estudo, imagina o que seria dos homens caso elas tivessem pleno acesso à cultura formal, ao conhecimento).


CAMPOS PERFUMADOS
MUHAMMAD AL-NAFZAWI


"Recomendo aos homens
que tenham cuidado com as mulheres,
pois facilmente os embriaga
o desejo que brota entre os olhos delas.

Que não deixem de estar atentos
diante das artimanhas de uma mulher,
mesmo que ela goze de grande fama,
mesmo que seja princesa de família real.

As artimanhas das mulheres são terríveis
e nem um rei consegue desmontá-las,
mesmo sendo um daqueles que tiranizam as criaturas."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Áudio da conversa entre Sarney e Fernando interceptada pela Polícia Federal: só no Jonh Cutrim e no Ricardo Santos!

Furo jornalístico do blogueiro John Cutrim!

Ele publica na íntegra o áudio da conversa entre o senador amapo-maranhense José Sarney (PMDB) e o seu filho, Fernando Sarney, investigado pela Polícia Federal. No link abaixo, confira o áudio e veja como Sarney evidencia qual é o papel da imprensa para ele: instrumento de poder para quem controla a mídia. E ponto. Além disso, fica demonstrado o tráfico de influência na ABIN para ajudar o filho.

Parabéns John, pelo trabalho! Confira no link: http://www.jornalpequeno.com.br/Blog/JohnCutrim/?p=1469 .

No blogue do Ricardo Santos também é possível acessar o áudio diretamente no you tube: http://www.youtube.com/watch?v=ivgnuP1hbMY

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Rumo aos 100 anos de Maria Aragão


No dia 10 de fevereiro de 1910 nascia Maria Aragão. A eterna defensora das bandeiras libertárias pelas quais levantou em sua vida continua a ser referência para a luta popular do Maranhão.

Se viva fosse, complateria 99 anos. Assim, iniciamos neste ano de 2009 a caminhada rumo ao centenário de Maria Aragão. Oportunidade para germinar estudos, publicações, seminários e palestras sobre a importância da militância de Maria para o Maranhão.

Abaixo, registro o artigo que escrevi quando da escolha do maranhense do século, campanha nacional da Globo e suas afiliadas (Mirante, no Maranhão), feita em 2003. Deu João do Vale, Maria ficou em segundo. Foi a melhor dupla que os maranhenses poderiam escolher para serem referência do século XX.


Todos por Maria!

Em relação às iniciativas da Rede Globo, o passado da emissora de Roberto Marinho nos obriga a colocar dois, e não apenas um pé atrás. Nascida por meio de uma negociação inconstitucional (acordo Globo–grupo americano Time Life), condenada em investigações de CPI do Congresso Nacional, em 1965, a Rede Globo se consolidou como a maior TV brasileira nestes últimos 35 anos. Isso a partir de um ostensivo apoio ao regime militar e de dar apoio – e ser apoiada – pelos governos que passaram pela República pós-Ditadura (Sarney, Collor, FHC).

A mais recente destas iniciativas da telinha do plim-plim, porém, merece que tiremos o chapéu. A eleição das personalidades do século – que compõe o projeto da emissora Nordestinos do Século XX – pelo povo de cada Estado é uma ação que nos faz refletir sobre o que construímos enquanto civilização nestes últimos 100 anos. E, em voto popular, a legítima escolha por aquele(a) que acreditamos simbolizar essa caminhada para os maranhenses.

Uma iniciativa comprobatória do poder ideológico da emissora do Jardim Botânico, que vem construindo significativa parte dos símbolos pelos quais o povo brasileiro vem se alimentando. Mas que, ao contrário de outras anteriores, traz um traço menos unilateral, mais horizontal e democratizante. A palavra final na escolha do maranhense do século é nossa: consumidores e/ou cidadãos.
Assim, mais do que declarar o voto em Maria Aragão como personalidade maranhense do século XX, quero conclamar a cidadania maranhense a ter uma ação ativa neste processo.

Se a disputa de mercado impõe à Rede Globo/Mirante a nos consultar, o nosso compromisso com a história de resistência do povo do Maranhão (do negro Cosme às manifestações populares pelo fim do crime organizado, passando pelas greves de 51 e de 79 - pela meia passagem – e ocupações camponesas e urbanas) nos chama a desenvolver um amplo processo de mobilização em torno da consolidação de Maria Aragão como ícone da história dos oprimidos maranhenses, esquecida nas páginas dos livros didáticos em nossas escolas.

Como sindicalista e fundadora da CUT, Maria Aragão lutou pela organização dos trabalhadores. A todos, sindicalistas e sindicalizados, que lutam por melhores salários, mais emprego e melhores condições de vida, cabe o voto em Maria.

Como professora, Maria Aragão defendeu um ensino público e gratuito. A todos, estudantes e professores, que lutam por uma educação de qualidade, cabe o voto em Maria.

Como médica, Maria Aragão exigiu uma sáude de qualidade e universal. A todos, profissionais da área de sáude e comprometidos com um sistema eficiente de saúde pública, cabe o voto em Maria.

Como negra e mulher, Maria Aragão se rebelou contra as discriminações étnicas e de gênero. A todos que não se calam diante dos desrespeitos aos direitos humanos, cabe o voto em Maria.

Como militante oposicionista, Maria Aragão resistiu ao autoritarismo e à Ditadura Militar. A todos que acreditam na Democracia como elemento fundamental de construção de uma nova sociedade, cabe o voto em Maria.
Enfim, penso que, mesmo não sendo Maria Aragão eleita a personalidade maranhense do século, terá sido válido e vitorioso o movimento que, uma vez mais, confirme Maria como o exemplo e a referência popular da História do Povo maranhense.

Presidência do Senado coloca Sarney no olho do furacão

A Presidência do Senado colocou o senador amapo-maranhense José Sarney (PMDB) no olho do furacão da mídia nacional. Sarney só foi ofuscado pelo democrata Edmar Moreira (MG), o deputado do castelo de milhões que não durou uma semana na Mesa da Câmara dos Deputados. Mas a disputa (negativa) pelos holofotes foi grande! Confira a repercussão nacional (afora o que saiu na Econosmist-Inglaterra).


Do Jornal Pequeno-10/2, repercutindo O Estado de São Paulo (9/2) - (http://www.jornalpequeno.com.br/2009/2/10/Pagina98552.htm)

AGORA É O JORNAL ‘O ESTADO DE S. PAULO’ QUE REVELA FALCATRUAS DO CLÃ SARNEY
Grupo chefiado pelo superintendente da Mirante teria se valido de afilhados de Sarney em estatais para obter obras

Reportagem publicada na edição de ontem do jornal O Estado de S. Paulo confirma o que o Jornal Pequeno já havia revelado em várias matérias: que a investigação feita pela Polícia Federal nas empresas da família Sarney mostra que o suposto esquema que envolveria integrantes do clã em lavagem de dinheiro, fraude em licitação e desvio de recursos públicos pode ter atuado no Maranhão durante a gestão de Roseana Sarney (PMDB-MA) no governo do Estado (1998-2002). O jornal paulista também destaca que a PF quer investigar se o “esquema Fernando” se valeu de contatos com pessoas indicadas pelo senador José Sarney (PMDB-AP) para cargos em estatais para obter vantagens em obras públicas.

Prossegue o Estadão: “De acordo com documento sigiloso da PF, uma das empresas investigadas - a Proplan - participou da execução do projeto de recuperação da Lagoa de Jansen, obra orçada em R$ 118 milhões. O caso, mesmo antigo, mereceu a atenção da PF na investigação aberta em 2007. Os policiais pediram à Justiça autorização para buscar documentos do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, no que seria a empresa de contabilidade da Proplan.

Além disso, em ofício sigiloso encaminhado à 1ª Vara Criminal Federal do Maranhão, a PF informa terem sido ‘freqüentes os contatos promíscuos’ entre os integrantes do esquema e o diretor de engenharia da estatal Valec, Ulisses Assad.

Assad foi diretor da Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão (Caema) no governo Roseana e indicado para a diretoria da Valec por Sarney. Ele não foi encontrado para comentar a suspeita. Roseana disse, por meio de sua assessoria, que não poderia se manifestar sem antes ter acesso aos documentos da PF e lembrou que as contas de sua gestão foram aprovadas pela Justiça eleitoral.

Grampos – Nessa mesma investigação, a PF grampeou telefonema entre Sarney e seu filho Fernando. Na conversa, revelada pelo Estado, o senador pergunta ao filho se ele recebera informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), supostamente sobre processo que, então, corria em sigilo. Fernando responde: ‘Também’.

A escuta da Polícia Federal mostra ainda os dois combinando o uso das empresas de comunicação da família para responder a um artigo publicado por Aderson Lago, primo do governador do Maranhão, Jackson Lago, seu inimigo político. O diálogo foi publicado pelo jornal Folha de S. Paulo. No texto que provavelmente motivou as reclamações de Sarney, Aderson o chama de ‘velho oligarca’. Na conversa com o filho, Sarney reclama que Aderson ‘foi muito cruel’ e o insultou de ‘maneira brutal’. E pede que o filho leve para a televisão denúncias contra as empresas de Aderson.

Nesta semana, Sarney pode ver o adversário perder o mandato. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve concluir o julgamento do processo de cassação de Jackson Lago, interrompido no fim do ano passado. O relator do processo, ministro Eros Grau, votou pela cassação do mandato e a favor da posse da segunda colocada nas eleições, a senadora Roseana Sarney.”
(Da Redação, com informações de Felipe Recondo, da sucursal de O Estado de S. Paulo em Brasília)








Da Folha de São Paulo-8/2, Caderno Brasil (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc0802200912.htm)- para assinantes


GRAMPO DA PF INDICA QUE SARNEY USOU JORNAL E TV PARA ATACAR GRUPO DE LAGO
Governador do MA também é acusado, por assessores de Sarney, de usar veículos de comunicação para ataques

Como as emissoras de TV são concessões públicas, a lei 4.117/62 proíbe seu uso para fins políticos; senador não comenta a escuta da PF
LEONARDO SOUZAFELIPE SELIGMANDA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney (PMDB-AP) e seu filho Fernando Sarney aparecem em uma escuta legal da Polícia Federal discutindo o uso de duas empresas do grupo de comunicação da família -a TV Mirante (afiliada da Rede Globo) e o jornal "O Estado do Maranhão"- para veicular denúncias contra seus rivais do grupo do governador Jackson Lago (PDT).

O Maranhão vive uma acirrada disputa política entre Sarney, eleito presidente do Senado na segunda-feira, e Lago -que também é acusado pelo grupo do senador de utilizar a mídia local para atacá-lo.

Em uma das conversas, a cujo áudio a Folha teve acesso, Sarney liga para seu filho pedindo que ele levasse à TV acusações contra Aderson Lago, primo e chefe da Casa Civil do governador Lago, que derrotou a filha de Sarney, Roseana, em 2006. Como as emissoras de TV operam por meio de concessão pública, a lei 4.117/62 veda seu uso para fins políticos.

O grampo foi feito pela PF nos telefones de Fernando, principal alvo da Operação Boi Barrica, que apura movimentações financeiras de empresas da família Sarney no período eleitoral de 2006. Fernando sacou R$ 2 milhões nos dias 25 e 26 de outubro daquele ano, três dias antes do segundo turno. O senador não é alvo do inquérito. Procurados pela Folha, Sarney e Fernando não quiseram se manifestar sobre o assunto.Em um diálogo de 17 de abril de 2008, os dois tratam de uma denúncia publicada num blog do Maranhão contra Aderson e seu filho, Aderson Neto. Segundo o blog, Neto teria se envolvido em desvio de recursos públicos de convênios firmados entre a Prefeitura de Caxias (MA) e o governo estadual.

Na conversa, Sarney manda Fernando -que dirige o grupo de comunicação da família- levar ao ar na TV Mirante uma reportagem sobre o caso, ressaltando que Aderson sempre o atacou e que o insultou de "maneira brutal" num artigo. Fernando dá a entender que foi ele quem vazou a informação contra Aderson para o blog, e que já estava preparando reportagens sobre o tema tanto na TV quanto no jornal da família.

Sarney provavelmente se referia a um artigo publicado por Aderson no "Jornal Pequeno" e em "O Imparcial", no dia 15 de maio de 2007. No texto, Aderson chamou Sarney de "velho oligarca" e disse que luta contra o grupo do ex-presidente desde 1990, tendo feito "algumas das denúncias que mais incomodaram aquele que desejou ser o dono do Maranhão".

Reportagem
No dia seguinte ao diálogo entre Sarney e seu filho, "O Estado do Maranhão" publicou a reportagem "Empresa sediada no Rio recebeu verba pública destinada a Caxias", sobre a denúncia contra Aderson e seu filho. Houve ainda duas outras reportagens negativas a Lago na semana seguinte. Lago diz que a TV também fez matérias sobre as denúncias. Como o site da TV está fora do ar, não foi possível consultar os arquivos para verificar se isso ocorreu.

Aliados de Sarney, por seu turno, acusam Lago da mesma prática, utilizando veículos locais capitaneados pelo "Jornal Pequeno". "Os veículos de comunicação a serviço do governador Jackson Lago, entre os quais o "Jornal Pequeno", atacam a família Sarney de forma irresponsável, criminosa e sistemática, mas nem por isso a família Sarney usa seus veículos de comunicação para responder a essas calúnias", disse a assessoria do senador, que não quis comentar o grampo.

O deputado estadual Ricardo Murad (PMDB), líder do bloco de oposição ao governo estadual, vai ainda mais longe. Murad afirmou que Jackson Lago, por meio da Secretaria de Comunicação do Estado, financia diversos veículos de comunicação para atacar a família Sarney: "Com a exceção do sistema Mirante, quase todos os veículos de comunicação do Estado estão a serviço do governador. Esses jornais, capitaneados pelo "Jornal Pequeno", são bancados pela Secom", disse Murad, sem exibir provas.

Lourival Bogéa, diretor-geral e sócio do "Jornal Pequeno", rebateu as acusações: ""O Jornal Pequeno" é um veículo de comunicação que tem uma causa no Maranhão, que é a causa da democracia política".

Aderson Lago também nega as acusações: "Desde o primeiro dia do governo, eles tentam nos atacar, seja pela televisão, rádio, jornal ou blog", disse ele.

Segundo ele, aliados da família Sarney chegaram a pedir investigação ao Ministério Público Federal, sem sucesso. A Procuradoria da República no Maranhão confirmou que não há procedimento sobre o assunto. A Folha também não localizou processos contra Aderson e seu filho relacionadas ao caso.

Em 2001, Aderson ganhou uma causa no STJ por "danos morais" contra a Gráfica Escolar S/A, que edita "O Estado do Maranhão". Segundo Lago, seu filho foi tachado de "assassino" após um acidente de carro.

No Jornal da Globo - Rede Globo, ARNALDO JABOR - em 05/2 (http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM961031-7823-CORREGEDOR+E+PRECURSOR+DO+FEUDALISMO+NO+BRASIL+AFIRMA+JABOR,00.html)

Arnaldo Jabor comenta feudalismo ressuscitado por Edmar Moreira e o relaciona a velhas oligarquias como Sarney-Marnahão, Renan-Alagoas etc.

"(...) Edmar é o percursor do regime ideal para nós: o feudalismo. E nem precisamos dividir o Brasil em feudos. Pois já o é. Vejam as terras do barão Sarney. Seu castelo da ilha de Curupu, no Maranhão. (...)"


Do Colunista Macaco Simão (Folha de São Paulo-04/2)

(...) E o Sarney? A coruja empalhada! Sabe qual foi sua primeira medida como presidente do Senado? Botou a placa: "Não se aproxime, propriedade particular"! E um leitor mandou perguntar se, quando o Sarney morrer, se ele morrer, quer dizer, na possibilidade remota dele morrer, o Maranhão fica pros filhos ou volta pro povo. Rarará! E já tão chamando o Sarney de Benjamin Button: nasce com 80 e vira bebê! Relógio ao contrário! Ele é imortal MESMO. Literalmente! Ele escreveu "Marimbondos de Fogo", mas o Senado é que tava de fogo! Senadores de Fogo!

E escreveu "O Dono do Mar". Errado. Devia ser "O Dono do Mar... anhão". Mas o Sarney tá tão enfronhado na cultura brasileira que, quando estava indo pra Campina Grande, parei num posto. E em vez de "masculino" e "feminino" estava escrito nas placas dos banheiros "brasileiros" e "brasileiras". Rarará! E imortal é todo brasileiro: não tem onde cair morto! E agora com Temer e Sarney o PMDB quer dizer "Pomos a Mão no Dinheiro do Brasil"! E eu adoro mesmo os títulos dos textos do Sarney, tipo "A Vaca e a Internet"! É mole? É mole, mas sobe! (...)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PRA INGLÊS VER!

"ONDE OS DINOSSAUROS AINDA VAGAM". Deu na Inglaterra - Revista Economist - sobre a vitória de Sarney...

Tá bem escondido ali no UOL - Folha On Line - seção Brasil, às 8h01min. Na página de Internacional nem existe mais. Mas Ecos das Lutas pesquisou e encontrou: "Para 'Economist', Eleição de Sarney no Senado é vitória do semifeudalismo". A notícia na UOL é originalmente da BBC Brasil.



O fato é: com precisão britânica, a revista Economist reporta bem o que significou a eleição de Sarney à Presidência do Senado. É a volta de Collor de Mello, Renan Calheiros, Democratas (antes pefelistas), coronéis nordestinos e oligarcas fisiológicos ao comando do Senado. Bem que tucanos e petistas tentaram. Partidos primos, nascidos da luta contra a Ditadura, e defensores da política moderna, PSDB e PT foram isolados pelo velho Centrão (da centro-direita) no Senado. Enquanto isso, o povo sofre...

Abaixo o conteúdo publicado na Folha On Line (
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u499793.shtml ). E, também, o texto original na Economist (http://www.economist.com/world/americas/displaystory.cfm?story_id=13062220).

FOLHA ON LINE - BBC Brasil. 06/02/2009 - 08h01
Para "Economist", eleição de Sarney no Senado é vitória de semifeudalismo
da BBC Brasil


A eleição de José Sarney para a presidência do Senado, nesta semana, representa "uma vitória para o semifeudalismo", segundo uma reportagem da revista britânica "Economist" que chegou às bancas nesta sexta-feira.

A reportagem, intitulada "Onde dinossauros ainda vagam", comenta o passado político de Sarney e o número de vezes em que foi eleito para cargos públicos, afirmando que talvez fosse "hora de (Sarney) se aposentar".

"Sarney pode parecer um regresso a uma era de políticas semifeudais que ainda prevalecem em alguns cantos do Brasil e puxam o resto dele para trás. Mas, com o apoio tácito de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente de centro-esquerda do país, ele foi escolhido esta semana para presidir o Senado", diz a revista.

"Esta é a terceira vez em sua carreira que ele ocupa esse cargo poderoso, que dá a ele um grau de controle sobre a agenda do governo e oportunidades para nomear funcionários públicos."
De acordo com a revista, a escolha de Sarney vai fortalecer seu poder no Maranhão, "onde alguns moradores mantinham esperanças de que sua influência estivesse começando a ruir".

"O centro de São Luís está decrépito", diz a Economist. "As ruas estão cheias de buracos e a cidade conta com um número extraordinário de flanelinhas. Só no mês passado, houve 38 assassinatos na cidade de 1 milhão de habitantes".

A reportagem afirma que no interior do estado o atraso é "mais evidente", e cita o exemplo da cidade de Sangue, onde "muitas pessoas vivem em casas de um só cômodo, cujo telhado é feito de folhas de palmeiras, e que não têm nem água nem eletricidade".

"Os avanços educacionais no Estado são ruins. Sua taxa de mortalidade infantil, de 39 por mil nascidos vivos é 60% mais alta do que a média brasileira", cita a revista.

A Economist diz que não é incomum que apenas um homem ou uma família domine Estados no nordeste, mas que isso estaria mudando.

Mas o controle da família Sarney no Maranhão é reforçado pelo fato de ela ser proprietária de uma estação de TV que passa programas da Rede Globo e que, no meio das novelas, "costuma exibir reportagens favoráveis ao clã", diz a revista.

"O controle das estações de televisão e rádio é particularmente útil no interior do Maranhão, onde a maioria do eleitorado é analfabeto, e onde Sarney encontra a maior parte de seu apoio", diz a "Economist".

Ainda assim, o poder da família poderia estar diminuindo, afirma a revista, comentando a derrota de Roseana Sarney nas últimas eleições para governador, e as derrotas de alguns candidatos de Sarney nas eleições municipais do ano passado.

"Sarney sempre diz que o Maranhão precisa votar nele para que ele traga dinheiro de Brasília", diz à revista Arleth Santos Borges, da Universidade Federal do Maranhão.
"Na verdade, ele precisa do poder em Brasília para aumentar seu poder aqui", diz a especialista.



ECONOMIST.COM - 05/02/2009
Brazilian political boss
WHERE DINOSAURS STILL ROAM

A victory for semi-feudalism


JOSÉ SARNEY first ran for elected office over half a century ago. For the past 40 years he has controlled the fortunes of Maranhão, a state on the eastern fringe of Brazil’s Amazon region. He has represented it as federal deputy (twice), governor, and senator (twice). In 1985 he became the accidental, and undistinguished, president of Brazil when the man chosen for the job died before he could take it up. More recently he has been senator for the nearby and newly-created state of Amapá (twice). Time to retire, one might think.

Mr Sarney may look like a throwback to an era of semi-feudal politics that still prevails in corners of Brazil and holds the rest of it back. But with the tacit support of Luiz Inácio Lula da Silva, the country’s left-of-centre president, he was this week chosen to preside over the Senate. It is the third time in his career that he has held this powerful job, which confers a degree of control over the government’s agenda and opportunities for patronage.

And so it will buttress Mr Sarney’s grip over Maranhão just when some locals hoped that this was beginning to crack. The centre of São Luís, the state capital, is decrepit. Some historic buildings are well cared for, such as the gleaming white Church of Our Lady of the Exile. But most are slowly crumbling in the hot, wet weather. The streets are pitted with potholes. An extraordinarily large number of people hang around in the hope of getting a tip in return for showing drivers where to park. In a city of 1m people, there were 38 murders last month alone.

But it is outside São Luís where Maranhão’s backwardness is most evident. In Sangue, a town in the interior, many people live in single-room houses, roofed with palm fronds, that lack both running water and electricity. Public transport is scarce. There is nothing much to buy or sell beyond bucketloads of bacuri, an Amazonian fruit. Educational achievement across the state is poor. Its infant mortality rate of 39 per thousand live births is 60% higher than the Brazilian average.

Dominance by a single man or family was not uncommon in Brazil’s north-east. But it is fading away. The Sarney clan is becoming unusual. Mr Sarney’s daughter, Roseana, has been Maranhão’s governor and currently represents it in the Senate. His son was a minister in Brazil’s previous government. Other relatives are scattered in positions of authority in Maranhão’s courts and the civil service. One of his lieutenants, Edison Lobão, is Lula’s minister for mines and energy. When he took the job, Mr Lobão’s seat in the national Senate went to his son; his wife sits in the lower house. All three of Maranhão’s senators answer to Mr Sarney, as do his fellow senators from Amapá.

This control is aided by the Sarney family’s ownership of Maranhão’s biggest media company. Its television station transmits the programmes of Globo, which produces Brazil’s most popular soap operas. These are interspersed with glowing news reports about the owner’s family. Controlling television and radio stations is particularly useful in rural Maranhão, where a majority of the electorate is illiterate and where the Sarneys now draw most of their support. “We are ruled by an electronic oligarchy,” laments Zé Reinaldo, a former state governor.

Even so, the family’s power may finally be waning. In 2006 Roseana Sarney lost the gubernatorial election to Jackson Lago. But Mr Lago and his deputy are currently being investigated for electoral crimes. If they are impeached, Ms Sarney will take over as governor once again. In last year’s municipal elections, Sarney candidates suffered some setbacks. “Sarney always says that Maranhão must vote for him so he can bring federal money from Brasília,” says Arleth Santos Borges of the Federal University of Maranhão. “In fact he needs power in Brasília to shore up power here.” That is what the Senate presidency brings him.
Meanwhile Maranhão continues in its sad way. “For fifteen years I have heard Sarney say he will bring development and tourism to Maranhão, but we still have one road in and one road out of this city,” says Hélio, a waiter in São Luís. “And they are both a mess.”

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Poesia de Quinta

No Poesia de Quinta - número 18, Deila Maia nos traz Cecília Meireles. Relembra também a Deíla de cinco anos. É que amanhã (6/02) é aniversário dela: pintou "nostalgia e alegria"... Feliz aniversário, Deíla!

Confira abaixo.



POESIA DE QUINTA - NÚMERO 18

Por Deila Maia

O Poesia de Quinta de hoje vai homenagear uma das minhas poetas preferidas, bastante conhecida de todos, que é Cecília Meireles. Gosto especialmente desta poesia (Motivo), pelo tom bem pessoal que ela imprime ao poema e, de um modo geral, a Cecília Meireles me encanta pela riqueza das rimas, o ritmo das palavras e o conteúdo provocante e libertador que suas poesias evocam. "Reinvenção" é um bom exemplo. Espero que gostem.


MOTIVO
Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada


REINVENÇÃO
Cecília Meireles

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível
reinventada.


E, com bem menos talento, mas com a graça que a minha pouca idade da época (tinha 5 aninhos) dá aos ares da poesia, compartilho com vocês este meu poema "das antigas", que fiz durante uma viagem de carro com a minha família, voltando do Círio de Belém, minha cidade natal.

Uma breve "reflexão ontológica" sobre a minha pessoa... (risos) Com a proximidade do meu aniversário, fico ao mesmo tempo alegre e nostálgica, algo bem esquisito. Será que isso ocorre com todo mundo? Acho esta poesia de uma simplicidade tão... pueril... Espero que gostem também.


EU, DEÍLA
Deíla - 13/10/1980 (na viagem de Belém a São Luís, pós-Círio)

No dia 6 de fevereiro,
Eu nasci.Como se fosse uma rosa
De uma planta a nascer.

Mamãe me chamou Deíla
- "Uma dádiva de Deus" -
Eu nasci porque Deus quis.

Eu não sou como um leão
Que é bravo e corajoso.
E não sou frágil
Igual a uma rosa.

Não sou rosa, não sou verde,
Não sou azul, não sou vermelha
E nem lilás.
Eu sou moreninha
Porque Deus quis para eu ser.

Ecos do Fórum Social (I)

Caros/as amigos/as do Blogue, estamos de volta, após uma intensa oxigenada no Fórum Social Mundial. Aos poucos, vamos revendo os emails recebidos com sugestões de textos, lendo as mensagens ao blogue.

Desde já iniciamos a série "Ecos do Fórum Social", onde vamos registrar os momentos que presenciamos em Belém. Também estamos aceitando contribuições de outras experiênicas de quem por lá esteve: um texto, uma foto, um comentário será bem recebido.

Começamos com o artigo do petista Bira do Pindaré. Nele, Bira mostra o que viu no Fórum Social Mundial, e que outros jamais enxergarão, pois a cegueira ideológica (ideologia no sentido da leitura marxista de Marilena Chauí - falsificação do real) os impede que vejam e mais: trabalham para que outros nunca possam tentar ver a realidade na qual estão inseridos, o horizonte que é possível alcançar, o sonho que é possível nutrir a alma. Se um Homem sem sonho for um Homem sem alma, felizmente no Fórum Social (nos) encontramos (c0m) muitas (belas) almas!



Esperança à vista
Por Bira do Pindaré

Estive no Fórum Social Mundial em Belém do Pará. Logo na marcha de abertura, vi o frenesi de homens e mulheres nas ruas, nas janelas, nas praças, nas calçadas, carregando faixas, cartazes, gritando palavras de ordem, cantando, dançando, pulando, discursando, poetizando... Era gente para todo lado. Naquele instante, também vi desabar uma chuva torrencial, típica da Amazônia, como prenúncio da abundância que seria aquele grande evento.

Vi o anúncio coletivo da derrocada do neoliberalismo, todo ideário produzido em Davos sendo ofuscado e os movimentos sociais retornando, com força, à cena política mundial.

Vi a esperança nos olhos da militância e uma explosão de diversidade como marca das lutas sociais contemporâneas.

Vi expressivas lideranças e renomados pensadores prolatando teses e reafirmando, com fluidez vibrante, que o socialismo é o caminho.

Vi Frei Betto dizendo que o Fórum é um grande posto de gasolina, onde demos uma paradinha para nos abastecer para as lutas que virão pelas estradas que nos conduzirão a um mundo novo.

Vi o teólogo Leonardo Boff lembrando que somos filhos da terra, “que cuidou de nós até aqui, agora temos que cuidar dela”. Defendendo a necessidade de “ecologizar a política” com o eco-socialismo face à crise global.

Vi a senadora Marina Silva afirmando que a crise ambiental é mais séria que a econômica, mas que as duas terão que ser resolvidas agora, por essa geração, e ao mesmo tempo. Lançou o desafio de buscarmos um novo processo civilizatório. Em resposta o povo clamou: Brasil, urgente, Marina presidente.

Vi o Frei Xavier Plassat, pela Comissão Pastoral da Terra, ao lado de Carmen Bascaran, pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, denunciando e reafirmando a luta contra o trabalho escravo no Brasil.

Vi o líder do Movimento dos Sem Terra, João Pedro Stédile, lembrando que a luta por reforma agrária é mais atual do que nunca e conclamando o povo do Maranhão a lutar pela democracia e contra a cassação do governador Jackson Lago.

Vi o sociólogo português Boaventura de Souza Santos defendendo a reinvenção do Estado, inspirado nas comunidades indígenas, de modo integrado à natureza.

Vi a cubana Eleida Guevara, filha do líder Che Guevara, cantando, clamando por união e por solidariedade entre os povos e comemorando os 50 anos da revolução cubana.

E finalmente, vi os presidentes Lula da Silva (Brasil), Hugo Chavez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Fernando Lugo (Paraguai) e Evo Morales (Bolívia), pela primeira vez juntos no Fórum Social Mundial, apelando pela integração do continente latinoamericano.

Foi bonito ver aquele mundo de gente cultuando, de todas as maneiras, a vida como bem maior da humanidade e de todos os demais seres que habitam o planeta. É bom saber que não estamos sós e que no mundo inteiro há pessoas comprometidas com a construção de uma nova sociedade, embalados pela convicção de que um outro mundo é possível e necessário.

*Bira do Pindaré é advogado, bancário e mestre em políticas públicas pela Universidade Federal do Maranhão.