quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Poesia de Quinta

No Poesia de Quinta - número 18, Deila Maia nos traz Cecília Meireles. Relembra também a Deíla de cinco anos. É que amanhã (6/02) é aniversário dela: pintou "nostalgia e alegria"... Feliz aniversário, Deíla!

Confira abaixo.



POESIA DE QUINTA - NÚMERO 18

Por Deila Maia

O Poesia de Quinta de hoje vai homenagear uma das minhas poetas preferidas, bastante conhecida de todos, que é Cecília Meireles. Gosto especialmente desta poesia (Motivo), pelo tom bem pessoal que ela imprime ao poema e, de um modo geral, a Cecília Meireles me encanta pela riqueza das rimas, o ritmo das palavras e o conteúdo provocante e libertador que suas poesias evocam. "Reinvenção" é um bom exemplo. Espero que gostem.


MOTIVO
Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada


REINVENÇÃO
Cecília Meireles

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível
reinventada.


E, com bem menos talento, mas com a graça que a minha pouca idade da época (tinha 5 aninhos) dá aos ares da poesia, compartilho com vocês este meu poema "das antigas", que fiz durante uma viagem de carro com a minha família, voltando do Círio de Belém, minha cidade natal.

Uma breve "reflexão ontológica" sobre a minha pessoa... (risos) Com a proximidade do meu aniversário, fico ao mesmo tempo alegre e nostálgica, algo bem esquisito. Será que isso ocorre com todo mundo? Acho esta poesia de uma simplicidade tão... pueril... Espero que gostem também.


EU, DEÍLA
Deíla - 13/10/1980 (na viagem de Belém a São Luís, pós-Círio)

No dia 6 de fevereiro,
Eu nasci.Como se fosse uma rosa
De uma planta a nascer.

Mamãe me chamou Deíla
- "Uma dádiva de Deus" -
Eu nasci porque Deus quis.

Eu não sou como um leão
Que é bravo e corajoso.
E não sou frágil
Igual a uma rosa.

Não sou rosa, não sou verde,
Não sou azul, não sou vermelha
E nem lilás.
Eu sou moreninha
Porque Deus quis para eu ser.

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