ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2018:
SETE ERROS E UM DESTINO
Por Franklin Douglas (*)
Nestas eleições à
Presidência da República, o campo progressista precisa ter muito cuidado em sua
luta política em defesa da Democracia. Do contrário, pode cometer erros fatais,
especialmente na tentativa de derrotar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. São
sete erros na disputa eleitoral que podem conduzir, ineditamente, pelo voto
popular, o bolsonarismo ao Palácio do Planalto. São eles:
1. Tentar tirar votos
do Bolsonaro xingando o eleitor e a eleitora do Bolsonaro;
2. Tratar o eleitor e
a eleitora do Bolsonaro como um incapaz de pensar, refletir e raciocinar sobre
o próprio voto;
3. Argumentar de
forma mal humorada ou mal educada com o eleitor e a eleitora dele;
4. Dizer que o
eleitor e a eleitora de Bolsonaro são iguais a ele, rotulando a opção desse
eleitorado como um voto homofóbico, misógino, racista;
5. Argumentar a
partir de dados de pesquisas de opinião;
6. Combater o voto em
Bolsonaro pelo seu viés mais forte, a ideologia conservadora de viés fascista;
7. Tratar esta
eleição como um plebiscito entre PT e antipetismo.
TEMOS QUE COBRAR DO ELEITOR E DA ELEITORA DO
BOLSONARO A LEITURA DO PROGRAMA DE GOVERNO E DAS PROPOSTAS DELE!!! Se sabem
quais são as propostas concretas do candidato para gerar empregos e tirar o
Brasil da atual crise econômica.
Devemos travar com
esse eleitorado um diálogo paciente, educativo, respeitoso e compreensivo, mas
firme, frente à gritante situação social na qual o país se encontra. Um cenário
que possibilita diversas pessoas em desesperadora situação social, de forma
muito fácil, a aderir a opções e soluções imediatas e sem necessidade de
grandes elaborações complexas.
E isso se faz por
duas formas:
(i) expondo o eleitor
e a eleitora de Bolsonaro a própria incoerência quando diante de propostas do
candidato com as quais esse eleitorado não concorda e;
(ii) explorando a
discordância do eleitor e da eleitora com propostas que não sabiam que
Bolsonaro defende em seu programa de governo.
E mais: num país onde
vices importam (e muito!), questionar o eleitor e a eleitora se eles conhecem o
vice de Bolsonaro, o general que, estando o candidato esfaqueado na mesa de
cirurgia, já conspirava para tomar o lugar do titular nos debates e atividades
de campanha.
Lembremos: pela
direita, o Brasil já teve as experiências de Jânio Quadros, nos anos 1960, e
Collor de Mello, nos anos 1990. Mas, pela primeira vez, nos anos 2000, a
extrema direita tem um líder tão popular e eleitoralmente forte, impondo sua
pauta política, inclusive, aos setores de centro-direita no país. Jair
Bolsonaro cresceu graças a um cenário de ampla frustração social e econômica
das classes trabalhadoras. Incorpora o voto de protesto contra tudo que está
aí, com uma pauta retrógrada.
Para não cometer
esses erros capitais e não sofrer uma derrota para Bolsonaro e sua agenda de
ódio, é preciso paciência e habilidade. Evidente, esse esforço é destinado ao
eleitorado que, sinceramente, busca uma saída (imediata) para a crise do país,
e está seduzido por ele.
Para o eleitor e a
eleitora ideológica e politicamente engajados, pouco ou nada adiantará todo
esse trabalho e cuidado, pois já saíram do âmbito da racionalidade sobre o
próprio voto para o nível de torcida. E, nesse caso, é como religião e futebol,
não adianta nada argumentar!
A isto tudo,
acrescente-se: devemos fazer amplas mobilizações em defesa do projeto humanista
e de civilização que se contraponha à barbárie, do amor versus a política do ódio. Cidadãos e cidadãs, mulheres, educadores,
intelectuais e artistas, cristãos autênticos, gente do povo e de paz, estão todas
e todos desafiados a não ficar parados e se movimentarem à favor de um Brasil
sem ódio.
Como já dizia
Apparício Torelly (1895-1971), o “Barão de Itararé”: “Tudo seria fácil se não
fossem as dificuldades.” Não fosse difícil desmontar Bolsonaro e seu discurso,
tudo seria fácil nestas eleições de 2018!
(*) Prof. Franklin
Douglas – jornalista
e advogado, tem doutorado em Políticas Públicas.