segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Esperança para manter a resistência!




Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...

Com Mario Quintana, lhes desejo um 2019 de esperança!

Feliz ano novo aos amigos e amigas do Ecos das Lutas, porque o importante é ser feliz!

Franklin Douglas


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2018: SETE ERROS E UM DESTINO



ELEIÇÃO PRESIDENCIAL 2018:
SETE ERROS E UM DESTINO
            Por Franklin Douglas (*)              

Nestas eleições à Presidência da República, o campo progressista precisa ter muito cuidado em sua luta política em defesa da Democracia. Do contrário, pode cometer erros fatais, especialmente na tentativa de derrotar o candidato do PSL, Jair Bolsonaro. São sete erros na disputa eleitoral que podem conduzir, ineditamente, pelo voto popular, o bolsonarismo ao Palácio do Planalto. São eles:
1. Tentar tirar votos do Bolsonaro xingando o eleitor e a eleitora do Bolsonaro;
2. Tratar o eleitor e a eleitora do Bolsonaro como um incapaz de pensar, refletir e raciocinar sobre o próprio voto;
3. Argumentar de forma mal humorada ou mal educada com o eleitor e a eleitora dele;
4. Dizer que o eleitor e a eleitora de Bolsonaro são iguais a ele, rotulando a opção desse eleitorado como um voto homofóbico, misógino, racista;
5. Argumentar a partir de dados de pesquisas de opinião;
6. Combater o voto em Bolsonaro pelo seu viés mais forte, a ideologia conservadora de viés fascista;
7. Tratar esta eleição como um plebiscito entre PT e antipetismo.
TEMOS QUE COBRAR DO ELEITOR E DA ELEITORA DO BOLSONARO A LEITURA DO PROGRAMA DE GOVERNO E DAS PROPOSTAS DELE!!! Se sabem quais são as propostas concretas do candidato para gerar empregos e tirar o Brasil da atual crise econômica.
Devemos travar com esse eleitorado um diálogo paciente, educativo, respeitoso e compreensivo, mas firme, frente à gritante situação social na qual o país se encontra. Um cenário que possibilita diversas pessoas em desesperadora situação social, de forma muito fácil, a aderir a opções e soluções imediatas e sem necessidade de grandes elaborações complexas.
E isso se faz por duas formas:
(i) expondo o eleitor e a eleitora de Bolsonaro a própria incoerência quando diante de propostas do candidato com as quais esse eleitorado não concorda e;
(ii) explorando a discordância do eleitor e da eleitora com propostas que não sabiam que Bolsonaro defende em seu programa de governo.
E mais: num país onde vices importam (e muito!), questionar o eleitor e a eleitora se eles conhecem o vice de Bolsonaro, o general que, estando o candidato esfaqueado na mesa de cirurgia, já conspirava para tomar o lugar do titular nos debates e atividades de campanha.
Lembremos: pela direita, o Brasil já teve as experiências de Jânio Quadros, nos anos 1960, e Collor de Mello, nos anos 1990. Mas, pela primeira vez, nos anos 2000, a extrema direita tem um líder tão popular e eleitoralmente forte, impondo sua pauta política, inclusive, aos setores de centro-direita no país. Jair Bolsonaro cresceu graças a um cenário de ampla frustração social e econômica das classes trabalhadoras. Incorpora o voto de protesto contra tudo que está aí, com uma pauta retrógrada.
Para não cometer esses erros capitais e não sofrer uma derrota para Bolsonaro e sua agenda de ódio, é preciso paciência e habilidade. Evidente, esse esforço é destinado ao eleitorado que, sinceramente, busca uma saída (imediata) para a crise do país, e está seduzido por ele.
Para o eleitor e a eleitora ideológica e politicamente engajados, pouco ou nada adiantará todo esse trabalho e cuidado, pois já saíram do âmbito da racionalidade sobre o próprio voto para o nível de torcida. E, nesse caso, é como religião e futebol, não adianta nada argumentar!
A isto tudo, acrescente-se: devemos fazer amplas mobilizações em defesa do projeto humanista e de civilização que se contraponha à barbárie, do amor versus a política do ódio. Cidadãos e cidadãs, mulheres, educadores, intelectuais e artistas, cristãos autênticos, gente do povo e de paz, estão todas e todos desafiados a não ficar parados e se movimentarem à favor de um Brasil sem ódio.
Como já dizia Apparício Torelly (1895-1971), o “Barão de Itararé”: “Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.” Não fosse difícil desmontar Bolsonaro e seu discurso, tudo seria fácil nestas eleições de 2018!



(*) Prof. Franklin Douglas – jornalista e advogado, tem doutorado em Políticas Públicas.