domingo, 22 de julho de 2012

SBPC - 17 ANOS DEPOIS

  Franklin Douglas (*) 



Em 1995, São Luís sediou a 47ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). A partir deste domingo (22/7), a cidade volta a receber a principal reunião de cientistas do país. Após 17 anos, há muitas semelhanças e poucas diferenças entre as duas reuniões anuais da SBPC.
A principal das semelhanças trata-se da promessa de redenção da UFMA por conta da realização da SPBC. Em 1995, falava-se em conclusão de prédios, auditórios que seriam edificados e, após a reunião, deixariam a UFMA estruturada para receber qualquer evento de grande porte, haveria a ampliação de bolsas de pesquisa, recursos para reformar turmas, melhoria de laboratórios, ampliação de projetos de extensão, maior apoio à pós-graduação, que se iniciava com os mestrados de Políticas Públicas e de Educação. Enfim: a UFMA daria o seu grande salto rumo aos anos 2000.
Outras semelhanças também se apresentam entre as UFMA´s separadas no tempo por quase 20 anos: tal como em 1995, a UFMA de hoje segue autoritária em seus processos decisórios (ainda se elege reitor sob uma desigual proporção do peso de voto entre professores, alunos e técnicos-administrativos), o Conselho Universitário segue sob total controle do reitor de plantão; assim como antes, o orçamento da universidade é uma caixa-preta, seu estatuto anti-democrático, a participação da comunidade universitária na decisão dos rumos da instituição é mínima; da mesma forma que em 95, a SBPC fora antecedida por uma forte greve de professores...
Se nas diferenças temos a troca dos indivíduos que personificam o poder na UFMA e uma reunião que se tornou, nesse espaço de tempo, um mega-evento festivo e pouco crítico, há outro dado que evidencia que a situação piorou: em 1995, havia uma Comissão Democratizando a Ciência, pela qual se aproximava a SBPC dos movimentos populares, dos que estavam do lado de fora dos muros invisíveis da UFMA. Hoje, os muros e portais de entrada milionários estão em concreto, materializando a separação entre universidade e sociedade. No debate da temática da pobreza a que se propõe a reunião de 2012, os pobres (e quilombolas... e sem-terras... e indígenas...) não figuram como protagonistas das mesas de debate.
Em 1995, a SPBC aconteceu mesmo sem prédios concluídos, mesmo com auditórios feitos de tendas, mesmo sob terrenos mal preparados (mas deu-se a sorte de não ter chovido!), mesmo sob protestos de professores e estudantes... e mobilizou o povo de São Luís. Ao invés de ir ao único shopping center à época, o Tropical, tornou-se “febre” na cidade ir ao campus circular na SBPC: era passeio obrigatório.
Em 2012, deve se repetir o fenômeno, com um agravante: ante o crescimento desordenado e sem sustentabilidade do campus e da cidade, os 20 mil inscritos na SBPC são orientados a deixar carros no Ceprama e seguir a pé até UFMA... cientistas e pesquisadores percorrerem a barragem do Bacanga, sob o sol escaldante do meio-dia, certamente será um Deus-nos-acuda!
Com professores em greve, sem prédios concluídos e em auditórios de tendas, a SBPC ocorrerá em 2012. O show não pode parar. Porque, do reitor Aldy Mello (1992-1996) a Natalino Salgado (desde 2007), passando por Othon Bastos (1996-2003), José Américo Barroqueiro (2003) e Fernando Ramos (2003-2007) – para ficar neste período entre a 47ª e a 64ª Reunião da SBPC –, a UFMA vem sendo comandada pelo mesmo grupo que une o setor acadêmico vinculado à oligarquia, a dissidência castelista universitária, o braço estudantil do PMDB na direção do DCE (pasmem!) e o apoio ativo dos comunistas do PCdoB...
E para todos, com maior ou menor ênfase, ciência é isso: UMA GRANDE FESTA!

Em tempo:
O “melhor governo da vida” de Roseana anunciou esta semana investimentos de R$ 124 milhões em estação de tratamento de esgoto. A governadora Sarney não fez isto durante os 12 anos que já esteve à frente do governo estadual. A promessa de Ricardo Murad de tratar 90% do esgoto de São Luís lembra máxima de João Alberto, de que seu governo foi 90% honesto. Ambas 100% mentira!

        

(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 22/07/2012, página 16)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bom Dia Brasil...? Em São Luís, todas as praias estão impróprias para banho

Bom Dia Brasil


Todas as praias
de São Luís (MA) estão
impróprias para banho













Nesses lugares foi encontrada uma quantidade de bactérias muito acima do tolerável. Uma das explicações, é vista quando se caminha pela praia: em vários pontos, o esgoto é jogado diretamente na água do mar.

"Moradores e turistas que visitam São Luís têm uma preocupação: todas as praias da capital maranhense estão poluídas, impróprias para banho.
Uma das principais praias de São Luís está quase deserta. O motivo está estampado nas placas - que o Ministério Público Federal  conseguiu na Justiça obrigar o estado a colocar ao longo de toda orla. É que todas as praias da capital maranhense estão poluídas.
Todos os 21 pontos monitorados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente foram considerados impróprios para o banho. Isso porque nesses lugares foi encontrada uma quantidade de bactérias muito acima do tolerável. E uma das explicações a gente encontra caminhando pela praia. Em vários pontos, o esgoto é jogado diretamente na água do mar.
Nas medições, o Conselho Nacional de Meio Ambiente usa como referência uma bactéria chamada escherichia coli - que é um indicador de contaminação por fezes humanas. O limite aceitável é de 800 bactérias para cada 100 ml de água. Mas em alguns pontos, perto de onde o esgoto é jogado direto no mar, o nível chega a 120 mil bactérias por cada 100 ml.
O turista gaúcho ficou assustado. “É uma pena, porque a gente paga imposto e não é pouco”, aponta Albano Aguiar.
Desde que as placas foram colocadas, um grupo prefere ficar só na areia mesmo. Batendo uma bolinha longe da água.
O grupo de canadenses estava tranquilo na praia. Mas quando ficou sabendo, disse que não ia voltar mais e que era muito triste. E mais triste ainda e irritado ficou o turistinha, quando a mãe mandou todo mundo sair correndo da água e voltar para o hotel."


Comentário do Ecos:
Essa é a situação de nossas praias no "melhor governo da vida" de Roseana e daquelle canditato que quer ficar para fazer muito mais por São Luís... aguente-se!!


quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mais do mesmo...


Promessa de Ricardo Murad de tratar 90% do esgoto de São Luís lembra máxima de João Alberto, de que seu governo foi 90% honesto. Ambas 100% mentira!


"Roseana Sarney não investiu 1 real na CAEMA durante o atual mandato de governadora. O problema do abastecimento foi agravado por diversos rompimentos da Adutora Italuís. Os consumidores foram premiados com um aumento de 86,9%."

"Roseana Sarney anunciou em 25 de setembro de 2010, investimentos de 255 milhões para solucionar definitivamente, segundo ela garantia, os problemas de abastecimento na capital. Era apenas mais uma promessa eleitoreira(...)"

"Nesta quinta(19) os jornais destacam investimentos em 124 milhões na construção de 3 Estações de Tratamento de Esgotos. Trata-se de mais uma das inúmeras promessas eleitorais. (...)"

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Após apoio a PT, Governo dá mais 36 milhões para partido de Maluf. E para os professores, ó!

Verbas para partido de Maluf crescem após apoio ao PT

Governo Federal liberou mais R$ 36,6 milhões para obras e projetos do PP depois de declaração de apoio a Haddad



A aliança do PP com o PT coincide com um aumento na destinação de verbas federais para as emendas parlamentares do partido de Paulo Maluf, segundo reportagem da Folha de S. Paulo. Após o acordo de apoio de Maluf ao candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, foram liberados mais de R$ 36,6 milhões para as obras e projetos do PP.

Antes do anúncio da coligação, o partido de Maluf recebeu R$ 7,2 milhões do governo federal de janeiro deste ano até 14 de junho, data em que o PP passou a considerar apoio ao PT.
A alianças entre os partidos foi oficializada no dia 18 de junho, na casa de Maluf, em São Paulo, com a presença de Haddad e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na data, um posto-chave do Ministério das Cidades também foi entregue a um afilhado de Maluf.
A Secretaria de Relações Institucionais afirmou em nota que a solicitação de parlamentares de todas as bancadas foram atendidas pelo governo federal, mas não explicou os critério utilizados em relação ao PP.

Artigo - Wagner Baldez: PARQUE DO BOM ADULTO


O dia era de festa, haja vista tratar-se da inauguração do NOVO-PARQUE como passou a ser denominado, após restauração a que fora submetido.

Em razão deste acontecimento, lógico seria o nosso comparecimento a este ato, como usuário que somos do citado recanto; acrescido do fato de pertencermos à Associação dos Amigos do Parque, cuja finalidade, neste particular, é auxiliar a administração a preservá-lo da destruição que nos parecia iminente!

Tão logo chegamos ao local, providenciamos estabelecer contato com a pessoa encarregada do cerimonial, a fim de sabermos se era facultada a palavra a quem dela desejasse fazer uso.Incontinente, a funcionária procurou o nosso nome, inclusive se éramos representante de alguma associação de bairro, ao que lhe respondemos que não; pois trata-se de um dos freqüentadores do referido logradouro e membro dos Amigos do Parque.

Para surpresa nossa ela exigiu o comprovante da existência da entidade. Fizemos ver a nossa interlocutora que a agremiação era de caráter informal, motivo pelo qual não haveria necessidade de ser registrada  em cartório. Em vista disto o nosso pleito foi negado. Então no sentido de dirimir dúvidas,  lhe apresentamos a cópia do artigo de nossa lavra, cujo  assunto relacionava-se ao parque. De posse da matéria e convencendo-se do que lhe havíamos dito, pediu-nos que mostrássemos o discurso para saber qual assunto nele abordado; já que cumpria determinação superior. Dissemos- lhe que só falávamos de improviso. Relutante e precipitadamente solicitou-nos que escrevêssemos num papel o assunto que desejávamos comentar.

A inconcebível exigência, nos fez lembrar da época da Ditadura Militar, em que tudo era submetido à censura!

Compreendendo  a situação, devolvemos-lhe de forma peremptória, que em hipótese alguma nos submeteríamos a tais condições  por considerarmos imprudentes, sobretudo, audaciosa e sem nexo!

Aquelas alturas, já agastado por ouvir tanta exigência no desencadeamento da questão, avisamos - lhe levar ao conhecimento público, através da imprensa, aludida ocorrência.

Foi aí que o grupo requerido para solucionar referido impasse, concordou com a nossa postulação.

Acalmado os ânimos, vai a cerimonialista e nos pergunta: “aquele senhor, acaba de nos informar ser membro da agremiação da qual o senhor faz parte. É verdade? Exatamente, pois trata-se do Prof° Lobato, ex- secretário da Educação do Estado; ressaltando à admiração que nutríamos pela sua pessoa, por tratar-se de um cidadão honrado...

Encerrada a programação reservada aos oradores, e por vermos nosso nome omitido, dirigimo-nos à cerimonialista para sabermos o motivo de tal decisão. Obtivemos por resposta que somente a um representante de cada instituição era dado o direito de falar; no caso fora concedida citada oportunidade ao professor Lobato. Em se tratando de um fraterno amigo, não contestamos a decisão tomada.

Agora desejamos nos reportar a respeito do nosso pronunciamento, caso nos fosse franqueada a palavra: É claro que, por um dever de reconhecimento, exaltaríamos as condições dos trabalhos ali realizados. Entretanto, levaria ao conhecimento do Prefeito Castelo que a restauração do Parque destinou-se  exclusivamente a beneficiar aos adultos e não as crianças para as quais fora o logradouro construído.

Caso alguém duvide, que faça uma visita a esse centro de recreação e procure o espaço lúdico, onde fora instalado os aparelhos para divertimento infantil, tais como: gangorra, balouço, escorregadores; brinquedos estes completamente destruídos  pelo fato do material empregado ser da mais péssima qualidade, assim como tudo que fora utilizado no parque na gestão do prefeito Tadeu Palácio.

Também parte do local reservado para as crianças praticarem o futebol, por não nivelarem o terreno, forma-se uma pequena lagoa pelo acúmulo das águas pluviais.

Essa as razões do título da presente matéria receber aludida denominação: Parque do BOM ADULTO.

Outrossim, faltou ao Prefeito Castelo, criar uma auditoria, conforme aludimos no artigo “O abandono em que se encontra o Parque do BOM MENINO”, a fim de apurar os graves crimes cometidos contra o bem público.

Então por qual razão continuou relegado ao abandono todos os espaços destinados às crianças, priorizando tudo que se relaciona aos adultos?... Quanto a esta particularidade, só existe uma única verdade: É PORQUE  CRIANÇA NÃO VOTA!!!  


“QUEM CRITICA DEVE FAZÊ-LO COM ÂNIMO DE APERFEIÇOAR”

(*) Funcionário Público Aposentado e Membro da Executiva Estadual do PSOL/MA

terça-feira, 17 de julho de 2012

No ensino superior, 38% dos alunos não sabem ler e escrever plenamente

LUIS CARRASCO, MARIANA LENHARO - O Estado de S.Paulo
"Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade.
Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto.
O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo. Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações.
Segundo a diretora executiva do IPM, Ana Lúcia Lima, os dados da pesquisa reforçam a necessidade de investimentos na qualidade do ensino, pois o aumento da escolarização não foi suficiente para assegurar aos alunos o domínio de habilidades básicas de leitura e escrita.
"A primeira preocupação foi com a quantidade, com a inclusão de mais alunos nas escolas", diz Ana Lúcia. "Porém, o relatório mostra que já passou da hora de se investir em qualidade."
Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado.
"Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência", comenta. "Se houvesse demanda por conteúdos mais sofisticados, elas se adaptariam da mesma forma."
Para a coordenadora-geral da Ação Educativa, Vera Masagão, o indicativo reflete a "popularização" do ensino superior sem qualidade. "No mundo ideal, qualquer pessoa com uma boa 8.ª série deveria ser capaz de ler e entender um texto ou fazer problemas com porcentagem, mas no Brasil ainda estamos longe disso."
Segundo Vera, o número de analfabetos só vai diminuir quando houver programas que estimulem a educação como trampolim para uma maior geração de renda e crescimento profissional. "Existem muitos empregos em que o adulto passa a maior parte da vida sem ler nem escrever, e isso prejudica a procura pela alfabetização", afirma.
Jovens e adultos. Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. De acordo com o cientista social Bruno Santa Clara Novelli, consultor da organização Alfabetização Solidária (AlfaSol), isso ocorre porque, quando essas pessoas estavam em idade escolar, a oferta de ensino era ainda menor.
"Essa faixa etária não esteve na escola e, depois, a oportunidade e o estímulo para voltar e completar escolaridade não ocorreram na amplitude necessária", diz o especialista.
Ele observa que a solução para esse grupo, que seria a Educação de Jovens e Adultos (EJA), ainda tem uma oferta baixa no País. Ele cita que, levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de completar o ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.
"A EJA tem papel fundamental. É uma modalidade de ensino que precisa ser garantida na medida em que os indicadores revelam essa necessidade", diz Novelli. Ele destaca que o investimento deve ser não só na ampliação das vagas, mas no estímulo para que esse público volte a estudar. Segundo ele, atualmente só as pessoas "que querem muito e têm muita força de vontade" acabam retornando para a escola.
Ele cita como conquista da EJA nos últimos dez anos o fato de ela ter passado a ser reconhecida e financiada pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). "Considerar que a EJA está contemplada no fundo que compõe o orçamento para a educação é uma grande conquista." "

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Cor da camisa de Holanda Júnior é ponta do iceberg...


Há uma certa razão na crítica à nova roupagem do candidato do Partido Trabalhista Cristão (PTC), Holanda Júnior, que passou a usar com mais ênfase camisas vermelhas, destoando dos tons azuis e cinzas que usava antes. Mas a cor da camisa é apenas a ponta do iceberg...



De fato, se o visual não fosse significante, Lula, por exemplo, não teria trocado a barba mal feita e o macacão de operário da campanha de 1989, pelo visual "Lulinha paz e amor", de ternos Armani de corte italiano, em 2002.


Ocorre que a mudança de visual em Lula veio junto com a conversão política: o Lula radical de 89 deu lugar ao Lula da "Carta ao Povo Brasileiro", onde se comprometeu com a banca financeira do País e sua política econômica.


Com Holanda Júnior, de fato, o que parece mudar é apenas a cor da camisa. Mas, e se voltar a vestir camisas de outra cor, está tudo bem?


CANDIDATURA DE HOLANDA NÃO REPRESENTA CAMPO DE ESQUERDA... e caminha para sequer representar o campo progressista


Não basta o Partido COMUNISTA do Brasil (PCdoB) como fiador da candidatura de Holanda Júnior, para torná-la progressista. O caráter de mudança que se quer à candidatura não tem encontrado eco no candidato.


Analisemos três fatores:


a) coligação: o PCdoB sequer figura na chapa majoritária. O PDT veio rachado, numa evidente negociata entre seu presidente municipal, Weverton Rocha, e o mandato de federal do candidato, que não precisaria se licenciar para cuidar da campanha. Lembremos que, em 2008, Flávio Dino não abriu mão de um único dia de seu mandato de deputado federal para ser candidato a prefeito. O PSB veio sob uma intervenção já devidamente difamada pelo ex-governador José Reinaldo: teve dedo do Sarney e promessa de filiação de Holandinha ao PSB após a eleição... A não ser tempo de televisão, o vice dá à candidatura um caráter mais conservador ainda: o ex-tucano Roberto Rocha, até outro dia chamado de coronel da mídia pelos comunistas hoje aliados (pelo controle de rádios e TV´s que possui no Maranhão), traz consigo a desconfiança de sua posição nas últimas eleições, de 2010 - quando forçou uma candidatura a senador que, ao final, só serviu para aumentar a divisão das oposições, facilitando a eleição de Lobão e João Alberto ao senado. Embora neodilmista, ideologicamente não é Rocha que garante o caráter popular, participativo, transparente à chapa. Vide sua declaração de bens: alguém acredita que RR tenha um patrimônio de apenas 90 mil reais? nada de fazenda, nada de rádios, nada de TV´s, nada de cabeças de gado... o PCdoB é apenas a cereja vermelha da coligação do PTC, considerado um nanico de aluguel em Brasília.


b) o programa: já é de desconfiar do programa cujo candidato recorre ao reitor Natalino Salgado, castelista de carteirinha e recém-queridinho da oligarquia (basta ler o editorial de O Estado do Maranhão - "Uma revolução da UFMA", de 11/7/2012, p.4). Em visita à UFMA, Holanda Júnior pediu ajuda ao reitor na elaboração de seu programa de governo. Sequer solidarizou-se com os professores em greve, nem na tribuna da Câmara, nem na visita à UFMA. Deste ponto, contudo, não se pode dizer muito, afinal, o programa registrado pelo candidato junto à justiça eleitoral só possui uma página... mas, pelas digitais, espere-se um programa salgado à descentralização-participação-transparência dos recursos, se a diretriz for a gestão da UFMA.


c) o candidato: sem trânsito junto a setores progressistas da cidade, Edivaldo Holanda Jr teve dificuldade já em sua primeira polêmica em agenda de campanha - ir à Parada do Orgulho Gay, como o fez o PSOL e a própria UJS (braço juvenil do PCdoB), ou à igreja, como fez  PT e PSDB? Nenhum, nem outro. Escondeu-se. Se por suas convicções pessoais, o candidato tem dificuldade de dialogar com um setor da cidade que mobiliza 300 mil pessoas, com uma temática polêmica e necessária de ser tratada como a homofobia, terá a mesma dificuldade ante outros temas? Por exemplo, reforma urbana - deixará de ir a uma ocupação de sem-tetos para não enfrentar os grandes especuladores imobiliários? democratização da comunicação - chamará seu próprio vice à razão, pedindo que seja exemplo às rádios comunitárias da ilha, declarando-se contra a perseguição da ABERT e ANATEL a elas? educação - sendo dono de empreendimento privado de educação, quais serão seus compromissos com a educação pública e de qualidade? transportes - como vereador, não foi qualquer empecilho aos interesses dos donos de empresas de ônibus, como prefeito terá autoridade para propor políticas que tornem o sistema de transporte efetivamente público? enfrentará o governo do Estado, propondo a municipalização da gestão de águas e esgotos, como está fazendo o PSOL?


São esses os entraves da candidatura e do candidato do PTC. A cor da camisa importa menos, mas revela a ponta de um iceberg que, em sua parte submersa, pode fazer naufragar qualquer titanic eleitoral!





Drops do Abaporu* (Coluna Abaporu - Ano II - número 11)
Abaporu é  a tela brasileira mais valorizada no mundo (1,5 milhão de dólares). Pintada em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral, é um símbolo do movimento modernista, que propunha  deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. O nome vem do tupi e significa aba(homem), pora (gente) e ú (comer): o "o homem que come gente".

E o troféu pinico de ouro vai...



Do Vias de Fato, com edição


"Antes do show de Chico Cesar (10/7), um grupo formado por três artistas populares, foi até a entrada do teatro Arthur Azevedo, local do evento, vender exemplares do jornal Vias de Fato. E não foi uma venda qualquer!

Caracterizados de gazeteiros e com a edição atual nas mãos, eles gritavam: “Extra! Extra! Na festa dos quatrocentos anos de São Luís, deu merda!!!!!”

A atuação dos artistas teve entre os seus objetivos denunciar o gravíssimo problema que hoje atinge todas as praias da ilha, bastante poluídas por conta do esgoto atirado ao mar. Além do jornal Vias de Fato, o trio também vendeu pinicos, como recordação do ano festivo. Neles estava escrito: “Lembrança dos 400 anos: São Luís Ilha do Cocô”.

Ao final,o grupo foi ao camarim de Chico Cesar, onde deram um exemplar do jornal e a irônica lembrança.

“Adoro pinico!”, disse Chico, para em seguida, com o jornal nas mãos, lamentar pelas “belas praias de São Luis” e elogiar o trabalho do grupo.

Independente da irreverência mostrada na porta do Arthur Azevedo, este assunto das praias é muito sério! Muito! Primeiro, é uma questão de saúde pública, pois, por conta das fezes que são atiradas rotineiramente nos rios e nas praias da ilha de São Luís, quem banhar no mar de nossa cidade, pode contrair hepatite, cólera, leptospirose, ter problemas digestivos, respiratórios, de pele, de ouvido e diferentes infecções provocadas pela sujeira.

Depois, vem a questão econômica, pois se o problema não tiver uma solução, certamente vai prejudicar muito a todos que trabalham em torno das praias (falar em turismo, então, é piada). E por fim, esta imundice generalizada, impede o lazer de milhares de moradores de São Luís.

Na festa dos seus 400 anos, a nossa cidade não pode se calar.

Não podemos nos omitir diante da brutal irresponsabilidade e do descaso criminoso do poder público. É isso: Uma ilha que já teve fama de rebelde, não pode pedir pinico".

EM TEMPO:
A partir da irreverência da equipe do Vias de Fato, ao lado, Ecos das Lutas publica nova enquete: “Na sua opinião, quem merece um troféu pinico de ouro pela péssima qualidade das praias de São Luís?”

Deixe sua opinião na enquete:
Ibama, pela falta de fiscalização do órgão do governo federal;
Caema, pela falta de tratamento do esgoto da cidade;
Secretaria de Saúde, pela falta de política de saneamento;
Secretaria de Meio Ambiente, pela falta de fiscalização do governo do estado;
Prefeitura de São Luís, pela falta de ação municipal;
Ministério Público, pela falta de fiscalização e atuação.

Vá lá e deixe seu voto na enquete!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

As tuas ideias não correspondem aos fatos ou propor pra que, se não tem o que fazer?


Uma rápida visita ao DivulgaCand - Divulgação de Registro de Candidaturas 2012 (aqui) é suficiente para já encontrarmos algumas pérolas desta campanha.


Cobrada pelos eleitores (sobretudo aqueles desinteressados em travar o debate político que diferencia um candidato de outro) e criadas para tudo enquanto é gosto pelos candidatos, as propostas de governo tornaram-se um item obrigatório pela legislação eleitoral.


Pois bem, no item programa de governo, podemos dizer que sarnopetistas e tucanos se igualam, em situações opostas:


W.O - o candidato sarnopetista se perde de tanto propor. Em suas 34 páginas, parte do pressuposto que o PT mudou o Brasil (não disse o mesmo do PMDB de Roseana no Maranhão...) e propõe transformar "São Luís numa cidade moderna e sustentável"... isso com a base político-eleitoral mais atrasada do Maranhão! Pode? No programa do PT-PMDB, "as ideias não correspondem aos fatos", como dizia Cazuza.



Caostelo - por sua vez, o candidato da coligação "Pra fazer muito mais", que teve 04 anos para fazer e chegar agora à eleição prestando contas do feito, preferiu o não-dito pelo não-feito. Foi o único candidato que não apresentou programa de governo... Compreende-se: afinal, propor pra quê, se já se sabe que não vai fazer?





Drops do Abaporu* (Coluna Abaporu - Ano II - número 11)
Abaporu é  a tela brasileira mais valorizada no mundo (1,5 milhão de dólares). Pintada em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral, é um símbolo do movimento modernista, que propunha  deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. O nome vem do tupi e significa aba(homem), pora (gente) e ú (comer): o "o homem que come gente".




terça-feira, 10 de julho de 2012

Nobel da Vergonha: Vale vence prêmio de pior empresa do mundo



Para vencer o prêmio da vergonha, a Vale superou as empresas Tepco, Barclays, Syngenta e Freeport, empresa que atua na Papua e é acusada de torturar e matar os que levantam suas vozes contra seus abusos.


vale pior empresa
A Vale foi entregue à iniciativa privada pelo governo FHC, num processo muito pouco explicado até hoje
A transnacional brasileira Vale conquistou o primeiro lugar no ‘Nobel’ da vergonha corporativa no Public Eye Awards, que elege por voto popular a pior empresa do mundo em questões ambientais, sociais e trabalhistas. O prêmio foi criado pelo Greenpeace Suíça e Declaração de Berna e o vencedor é sempre revelado durante o Fórum Econômico Mundial, aberto nesta semana em Davos, na Suíça.
A Vale disputou o primeiro lugar com a japonesa Tepco, envolvida no desastre nuclear de Fukushima, mas superou a usina com um total de 25.041 votos. Para as entidades que indicaram a Vale ao prêmio – a Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, representada no Brasil pela Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e Xingu Vivo para Sempre -, o fato de a Vale ser uma multinacional presente em 38 países e com impactos espalhados pelo mundo, ampliou o número de votantes.
Para os organizadora do Public Eye, um fator determinante para a entrada da Vale na disputa entre as piores foi a adesão em 2010 no Consórcio Norte Energia, que constrói a usina de Belo Monte, no Rio Xingu.


“Para as milhares de pessoas, no Brasil e no mundo, que sofrem com os desmandos desta multinacional, que foram desalojadas, perderam casas e terras, que tiveram amigos e parentes mortos nos trilhos da ferrovia Carajás, que sofreram perseguição política, que foram ameaçadas por capangas e pistoleiros, que ficaram doentes, tiveram filhos e filhas explorados, foram demitidas, sofrem com péssimas condições de trabalho e remuneração e tantos outros impactos, conceder à Vale o título de pior corporação do mundo é muito mais que vencer um prêmio. É a chance de expor aos olhos do planeta seus sofrimentos e trazer centenas de novos atores e forças para a luta pelos seus direitos e contra os desmandos cometidos pela empresa”, afirmaram representantes das entidades que encabeçaram a campanha contra a mineradora.
As demais vencedoras foram a Tepco (24.245 votos), Samsung (19.014 votos), Barclays (11.107), Syngenta (6.052) e Freeport (3.308), empresa que atua na Papua e é acusada de torturar e matar os que levantam suas vozes contra seus abusos.
Caros Amigos, com informações do Movimento Xingu Vivo para Sempre e Public Eye Awards, no Pragmatismo Político

Bembem deixa o PT...

CARTA DE SÍLVIO BEMBEM DE DESFILIAÇÃO DO PT


"Depois de 25 anos de filiado no PT, decidir neste momento solicitar a minha desfiliação do partido.
Chega ao fim a minha motivação, entusiasmo e convicção de seguir militando no Partido dos Trabalhadores. No PT, iniciei a minha militância político ainda jovem, com 19 anos de idade. Hoje sinto que é hora de sair. Mudo de casa, mudo de endereço, mas a minha concepção de lutar por uma sociedade fraterna, solidaria, democrática, sem racismo, sem homofobia, sem machismo, com igualdade, justa e socialista continuar!
No PT, ocupei função de dirigente no Diretório Municipal de São Luís como Secretário-Geral, em uma época que ainda tínhamos dois vereadores na capital: Helena Barros Heluy e o Professor Joan Botelho. Prof. Joan sendo do mesmo do grupo político que sempre fiz parte no PT.
No partido, coordenei várias campanhas, venci prévias e PED´s (Processo de Eleição Direta) para escolhas da direção e perdi outras. 
Em 1992, concorri pela primeira vez ao um cargo eletivo no Partido dos Trabalhadores, o de vereador, pelo bairro da Areinha, em São Luís (o candidato a prefeito da época foi Haroldo Sabóia e o vice Prof. Joan). Na época, ajudando a eleger Ademar Danilo como o segundo vereador da história do PT de São Luís. E depois, em 2006, fui candidato a deputado estadual.
No Diretório Estadual do PT também exerci vários funções na direção, cito-os: Secretário Institucional (esse ainda na gestão de Washington Luiz), Secretário de Organização e Secretário de Comunicação (esses dois últimos nas gestões do Dep. Domingos Dutra).
Dos cinco PED´s, fui coordenador geral no Maranhão de dois, diga-se os mais polêmicos e disputados: o de 2005, período da maior crise ética já vivida pelo PT, o mensalão, e o de 2009, quando o partido optou pela aliança oficial com a oligarquia no Maranhão. Foi quando a direção nacional por meio de uma intervenção mudou o resultado do encontro de delegados (as) que escolheu Flávio Dino (PCdoB) - candidato a governador em 2010, entregando o partido para Roseana Sarney Murad.
No PT, fundei com outros companheiros(as) a Secretaria de Combate ao Racismo e depois, com lideranças do movimento negro, ajudei  a criar a Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Maranhão (SEIR), na qual exerci, de 2007 a 2009, o cargo de Secretário Adjunto no governo Jackson Lago (PDT).
No PT fiz boas disputas, enfrentei bons combates e nunca fugi da guerra de posição. Sempre fiz parte de um campo que se posicionou contra a aliança com a oligarquia Sarney, a principal tese em disputa que divide o partido no Maranhão ainda hoje.
Todavia, analiso que o petismo sucumbiu ao Lulismo e o presidencialismo de coalizão (o maior já montado da história republicano) com objetivo de garantir a governabilidade, só enfraqueceu os partidos, cooptou os movimentos sociais, anulando sua autonomia frente à política de governo.
E no PT, a democracia interna está cada vez mais fragilizada, não se tem nenhuma segurança jurídica nas regras internas do partido. É triste ver como um partido nascido das massas se torna um partido da política tradicional. No PT, agora vale mais a força do dinheiro. Acabaram-se as ideologias pela transformação da sociedade.  E, sem a reforma política, ficará mais difícil, pelas condições normais, vencer alguma disputa pela esquerda no PT.
Por fim, quero desejar aos militantes do campo da Resistência Petista do Maranhão, representados por Manoel da Conceição, Francisco Gonçalves, Dep. Bira, Dep. Dutra, augusto Lobato, Marcio Jardim, Joan Botelho, Carlito Reis, Creuzamar de Pinho, Luís Carlos Cintra, Bernardo Felipe, Janete Amorim, Irene, Adilene Ramos, Bruno Rogens, Terezinha e Jomar Fernandes, Nelsinho Brito, Marlon Botão, Ed Wilson, Genilson Alves, Dr. Raimundão, Balbina, João de Deus, Paulo Jorge, Ivaldo Coqueiro, Paulo Oliveira, ex-vereador Cacá, Prof. Gilberto, Nilian Goulart, Itamar, Hildonjackson, e de toda a esquerda do PT que fica, boa sorte a todos e todas! E saibam que tenho a mais sincera admiração e valeu todas as nossas lutas juntos, companheiros e companheiras, para tornar realidade o sonho de um Maranhão livre e democrático.


São Luís (MA), 10 de julho de 2012.


Sílvio Bembem"

A (sempre boa) charge do Amarildo...

Na luta contra a homofobia, o caminho é pela esquerda! (Blog do Manoel Santos)



Haroldo Saboia participa da Parada Gay na Avenida Litorânea


Cerca de 50 militantes da coligação “São Luís, o caminho é pela esquerda” (PSOL-PCB) marcaram presença neste domingo (8) na Parada do orgulho LGBT de São Luís. Os militantes ocuparam um trecho da Avenida Litorânea, na praia de São Marcos, com bandeiras estampadas com o símbolo do PSOL-50 para mais uma atividade de rua da campanha do candidato a prefeito de São Luís nas eleições deste ano, Haroldo Saboia (PSOL).
Foi a segunda manifestação de rua da coligação. Haroldo Saboia acompanhou a militância partidária durante a mobilização, distribuindo panfletos e conversando com a população presente na maior concentração espontânea que acontece anualmente na cidade.
“Estamos aqui porque o PSOL é o partido que luta contra a homofobia. A população de São Luís demonstrou mais uma vez que sabe lutar pelos direitos individuais e sociais. O sucesso da parada do orgulho LGBT relembra muito bem que os maranhenses cada vez em maior número são contra a homofobia e toda sorte de preconceito e exclusão”, disse Haroldo Saboia. O PSOL tem em seus quadros uma das principais vozes da atualidade contra a homofobia no país, o deputado federal Jean Wyllys.

Confira também no Blog do Petrônio, mais informações sobre a participação do PSOL na Parada: clique aqui - blog do Petronio Alves
Em tempo (Opinião Ecos das Lutas):
O programa de governo do PSOL, apresentado à justiça eleitoral, apresenta compromisso para a temática da diversidade, do respeito à opção das pessoas, independente de sua orientação sexual, de gênero, de etnia. Nem precisa ser de esquerda, qualquer candidatura minimamente progressista não pode se omitir/esconder do debate dessa temática, numa cidade que mobiliza 300 mil pessoas para uma atividade com a Parada do Orgulho GLBT. E sem cinismo, como a candidatura que propõe umas coisinhas, mas vai à missão no dia da parada...

domingo, 8 de julho de 2012

S.O.S. CRIANÇA

  Franklin Douglas (*) 


Um grupo de médicos, universitários e outros profissionais da área de saúde realizou uma manifestação na Praça Deodoro, no dia 06/7 (sexta-feira). Inicialmente organizados na rede social via Facebook, o movimento “Nas ruas. Saúde” tomou também as ruas e a praça. Reivindicaram mais atenção à pediatria de nossa cidade.
Os manifestantes informaram à população a situação gritante do atendimento pediátrico em São Luís: fechamento dos setores de urgência e emergência pediátricos dos hospitais Português, Centro Médico, Aliança; desrespeito dos planos de saúde para com os direitos garantidos às crianças; superlotação; a situação é difícil tanto no setor público quanto no setor privado.
O setor privado não deve ser referência alguma de garantia de saúde. A lógica, como de todo negócio, é ganhar dinheiro e ter lucro. Pelo visto, atendimento pediátrico não está entre os setores lucrativos a prestar serviços.
O setor público é uma maquiagem só no Maranhão. Seja o Hospital Universitário, em vias de privatização pela EBSERH, empresa constituída pelo Governo Federal para gerir os hospitais federais; sejam as UPA´s entregues às “ONG´s/Organizações sociais”, privatizando também a gestão destas unidades (nada de concurso público para profissionais, contratação precária, nada de direito à sindicalização etc); ou os 72 prometidos hospitais (fantasmas) do melhor governo da vida de Roseana...
Ante esse caos, no meio do caminho ficam aqueles que investiram suas economias na contratação de planos de saúde. Esse tipo de negócio cresce diretamente proporcional ao aumento do emprego formal no País. Há em torno de 1.098 operadoras de planos de saúde médico-hospitalar que “atendem” a 48 milhões de consumidores. Veja bem o dado da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar): CON-SU-MI-DO-RES, não cidadãos... Em média, esses consumidores pagam R$ 113,00 pelos serviços dos planos de saúde.
No Maranhão, existem 282 operadoras de planos de saúde. Pela pobreza do estado, os maranhenses estão entre os que menos contratam planos, menos de 5% de cobertura, juntando-se ao grupo dos primos pobres Pará, Tocantins, Piauí, Paraíba, Acre e Roraima. Há em torno de 80 mil consumidores de planos de saúde no Maranhão, só tem menos beneficiários que o Piauí, com pouco mais de 20 mil.
Em todos os planos, um dado salta aos olhos: as crianças (até 10 anos) são maioria nos planos individuais (ANS, Informe Saúde Suplementar, março de 2012). Eis a questão: vende-se um serviço que não é prestado!
Pais correm com seus filhos ao serviço público, onde não têm atendimento. Contratam plano de saúde, que não pagam justamente os médicos e hospitais, que fecham seus serviços de atendimento ou, aqueles que ainda aceitam os planos, estão superlotados. E o futuro não parece promissor à saúde de nossas crianças. Os estudantes de Medicina em formação são influenciados pela lógica de especializar-se para a área de que dá dinheiro. E lá se vão para a cirurgia plástica, dermatologia, anestesiologia, radiologia... pediatria, nem pensar!
Diante disso, caro leitor, cara leitora: A quem recorrer? Nem para a TV Globinho, a fim de deixar a criança estática diante de uma televisão, não dá mais! Agora, só tem Encontro com Fátima Bernardes...
O Movimento “Nas ruas. Saúde” dá a pista: devemos recorrer a nós mesmos, a nossa mobilização!
É preciso gritar desde já, expor essa situação, levá-la a debate público, reivindicar nossos direitos, exigir uma saúde pública, lutar pela valorização do trabalho dos profissionais da saúde, denunciar o descaso do Governo do Estado com as condições de funcionamento do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, da Prefeitura em relação aos Conselhos Tutelares, atuar junto ao Ministério Público. Ou se faz isso, ou veremos nossas crianças minguarem por falta de atendimento pediátrico. Essa dura realidade que já atinge as crianças pobres do interior do estado, agora chega às crianças da classe média da capital e da dita “nova classe média”... Ao invés de colocar uma contra a outra, deve-se unificá-las nessa luta.
Não podemos é nos conformar, achar isso tudo natural, que não tem jeito. Devemos pensar como nos ensinou o poeta e dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956): NADA DEVE PARECER IMPOSSÍVEL DE MUDAR!

Em tempo:
Começou oficialmente a campanha eleitoral de 2012. Em Imperatriz, 78% dos eleitores que votaram contra Roseana, em 2010, estão “órfãos”, após o acordo do prefeito tucano Sebastião Madeira com a oligarquia. Em São Luís, há três eleitores “órfãos” em disputa: (1) o eleitorado antissarney do falecido ex-governador Jackson Lago (PDT); (2) os eleitores do PT que não engolem a aliança Lula-Sarney e que queriam votar no deputado estadual Bira do Pindaré para Prefeito; e (3) o eleitorado de esquerda de Flávio Dino (PCdoB), que abdicou de disputar a eleição para a Prefeitura da capital. Friso: nos dois maiores colégios eleitorais do Maranhão, estão órfãos os eleitores livres, não a militância orgânica ou acomodada em cargos públicos. Portanto, dos candidatos colocados lá e cá, quem conquistará esse voto livre no dia 7 de outubro? É esperar para ver.
        

(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 08/07/2012, página 16)