quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Coluna Haroldo Saboia - JP (30.11.2009)

SERIEDADE E RESPEITO, SENHOR PREFEITO!

A julgar pela agressividade com que o Senhor João Castelo respondeu aos comentários desta coluna, edição do JP de 23, concluímos que o chefe da administração municipal continua despreparado para receber sugestões e muito menos críticas. Ressaltamos, na ocasião, as já conhecidas características fortemente autoritárias do prefeito de São Luis. Por tudo isso não surpreende a tentativa do senhor Castelo em tentar impedir que sua administração seja sequer avaliada.

A liberdade de expressão é direito de todo cidadão. (Direito que não está à venda no mercado, como não devem estar as licenças ambientais.) Para o seu exercício não pode a administração cobrar do cidadão pedágio ou coisa parecida.

O fato é que lembramos a todos que a Prefeitura Municipal recebeu da Associação Comercial do Maranhão uma proposta de PLANO DIRETOR VIÁRIO PARA SÃO LUIS. Isto em janeiro. Onze meses depois tal Plano não foi apreciado nem a população informada a respeito. O Senhor Castelo fala, agora, de um tal projeto ”Novos Caminhos” que teria sido elaborado pela SMTT, Secretária Municipal de Trânsito e Transporte de São Luis.

Pergunto: em que consiste tal projeto? Foi submetido à apreciação da Câmara dos Vereadores? Seu objetivo é de curto, médio ou longo prazo? Propõe o redimensionamento do sistema viário de São Luis no seu conjunto , em interligação com os demais municípios e,ainda, com as rodovias estaduais (MAs) que cortam a Ilha ?

Quais as medidas priorizadas pela Prefeitura? Entendo que muitas intervenções exigem projetos e ações de curto e, diria até mesmo, de curtíssimo prazo.

Explico. A proposta oferecida pela ACM, em janeiro, ao então recém eleito prefeito João Castelo indica que: “alguns pontos principais do plano são voltados aos corredores de transporte de massa, as interligações entre as principais avenidas da cidade, pois o nosso eixo principal é norte-sul e propomos criar um eixo leste oeste”.

O que significa interligar as principais avenidas da Cidade, senhor prefeito João Castelo? No meu modesto ponto de vista, quer dizer construir vias (várias, no plural mesmo), por exemplo, entre (1) a av. Jerônimo de Albuquerque e a Holandeses; (2) a av. Daniel de La Touche e São Luis Rey de França; (3) entre a Guajajaras e a Santos Dumont a ser reconstruída. Para citar três entre, pelo menos, dezenas de casos, de situações concretas.

A busca, a procura de soluções para tantos problemas, Senhor Prefeito Castelo, exige antes de tudo seriedade. E respeito. Com a cidade e seus habitantes!


DESCONGESTIONAR O TRÂNSITO REQUER CRIATIVIDADE

As grandes e suntuosas obras não representam necessariamente as melhores soluções, em especial para os problemas viários.No Brasil, a mania dos viadutos teve seu apogeu no início da década de 70, no governo Médici, anos de maior repressão da ditadura militar.

Paulo Maluf prefeito nomeado de São Paulo, e Lucena, de Recife, construíram caríssimos “elevados”, verdadeiras avenidas suspensas. Obras que acabaram por configurar um colossal equivoco: o adiamento da construções dos metrôs , transporte de massa, destinado às grandes maiorias da população das regiões metropolitana.

Quando Castelo anuncia a construção de novos elevados e túneis (como no retorno do Policia Militar, no Calhau) tem todo cidadão o direito de questionar se a solução adotada terá sido a mais adequada. Por que não priorizar as ligações entre as principais avenidas, e entre bairros vizinhos muitas vezes separados pela ausência de uma ponte de dez, quinze metros, ou um pequeno aterro de menos de cem metros?

O Sr. João Castelo quando anuncia que “o Sistema Viário de São Luis tem projeto já submetido à pré-qualificação a nível nacional com editais publicados em jornais do Sul do País” apenas ilustra seu descaso em relação à Câmara, à participação popular, aos empresários e à imprensa

Respeito à democracia, criatividade e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!


PT SAUDAÇÕES

Análise do jornalista e membro da Executiva do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores, Franklin Douglas:

“A maioria consolidada pelo resultado das eleições do PT-MA define que o partido não vai para uma aliança com o PMDB sarneyzista.E, igualmente, não constrói uma maioria capaz de levá-lo para Jackson Lago ou Flávio Dino.

As urnas petistas apontam o caminho rumo à candidatura própria, em 2010” – finaliza.

FÓRUM SOCIAL MUNDIAL: 10 ANOS

Volta a Porto Alegre, onde nasceu, o Fórum Social Mundial (FSM). A edição comemorativa de 10 anos do FSM será uma ampla reflexão dos propósitos do que foi o maior contraponto ao Fórum Econômico e às idéias neoliberais no mundo. O décimo Fórum Social será de 25 a 29 de janeiro do ano que vem.


“QUEBRADEIRAS” REVIVE “TEMPO DE ESPERA”...

O documentário “Quebradeiras”, dirigido por Evaldo Mocarzel, sabida ou inconscientemente homenageia quase quarenta anos depois”Tempo de Espera “ a peça de Aldo Leite.Premiada no Brasil e internacionalmente,”Tempo de Espera” por mais de uma hora prende a atenção da platéia tão sòmente pela expressão cênica dos personagens sem que há qualquer diálogo.Experiência revivida pelo trab alho de Mocarzel.


...E VENCE FESTIVAL DE CINEMA

“Quebradeiras” venceu o 42º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. Do diretor Evaldo Mocarzel, o documentário retrata a vida das quebradeiras de coco do Maranhão, Tocantins e Pará. O cineasta inovou ao produzir um documentário modificando a linguagem desse gênero de filme. Sem entrevistas ou qualquer outra forma de diálogo, a câmera capta o cotidiano das quebradeiras.



PAULO FREIRE ANISTIADO

A Comissão do Ministério da Justiça declarou a anistia de Paulo Freire. A Comissão reconheceu a perseguição política sofrida pelo educador pernambucano à época da ditadura e pediu desculpas pelos atos criminosos cometidos pelo Estado brasileiro.

Paulo Freire nasceu em Recife, em 1921, e morreu em São Paulo, em 1997. Seus livros Educação Como Prática da Liberdade, de l967, e Pedagogia do Oprimido, de l968, ambos publicados durante seu exílio no Chile, foram traduzidos em dezenas de línguas.

A importância de Paulo Freire é de tal maneira significativa que podemos dizer,com segurança,que como educador e pedagogo ele mais contribuiu com o processo de elaboração da Teologia da Libertação do que por ela foi influenciado.


PEC DO CALOTE AINDA AMEAÇA

O projeto de emenda constitucional que modifica as regras de pagamentos dos precatórios foi aprovado, em segundo turno, pela Câmara dos Deputados.
Elaborado por inspiração do ministro da Defesa, Nelson Jobim,quando presidente do Supremo Tribunal Federal e apresentado pelo senador Renan Calheiros ,a proposição segue para o Senado onde volta a ser discutido e votado.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Fórum Social Mundial: de volta a Porto Alegre

Há 10 anos surgia o Fórum Social Mundial (FSM). Sua primeira edição, em Porto Alegre, foi um surpreendente sucesso de público. Atraiu mais de 30 mil pessoas.

O FSM aconteceria ainda em 2001 e em 2002 na capital gaúcha. Em 2003, ocorreu simultâneo em todos os cinco continentes, descentralizadamente. Em 2004, deslocou-se para a Índia. No ano seguinte, novamente descentralizado em atividades pela paz. Em 2006, aconteceu na Venezuela. Em 2007, por todos os continentes. Em 2008, na África. No ano de 2009, retornou ao Brasil para a cidade de Belém (Pará).

Após 10 anos de encontros, o FSM viu suas ideias legitimarem a plataforma política de muitos governantes que chegaram ao poder na América Latina especialmente. Viu as teses neoliberais ruírem com a derrocada financeira que acometeu o capitalismo no ano passado.

Mais do que nunca a utopia de que um outro mundo é possível prevalece motivando os movimentos sociais mundiais. De 25 a 29 de janeiro de 2010, em seu retorno ao Rio Grande do Sul, um balanço de 10 anos de atuação. Vida longo ao Fórum Social!

Abaixo, artigo de Oded Grajew, sobre os 10 anos do FSM:

Fórum Social Mundial, 10 anos
ODED GRAJEW - Folha de São Paulo (29nov2009)

NO ANO 2000, o neoliberalismo estava no seu auge. Dizia-se até que havíamos chegado ao fim da história. Teríamos encontrado o modelo ideal de sociedade, em que as forças do mercado, liberadas de qualquer controle governamental ou social, levariam o mundo à prosperidade, ao bem-estar e à paz. O Fórum Econômico Mundial, o grande propulsor dessa ideologia, acolhia o ex-presidente argentino Carlos Menem com todas as honras e elegia suas políticas como exemplares a serem seguidas por todos os países em desenvolvimento. Os críticos do modelo eram tratados como retrógrados que só sabem criticar, sem apresentar propostas alternativas.

Foi nesse ambiente que tive a ideia de criar o Fórum Social Mundial (FSM) para, em contrapartida ao Fórum Econômico Mundial, denunciar os enormes riscos que o neoliberalismo representava para a humanidade, dar visibilidade a propostas alternativas e criar um espaço auto-organizado em que a sociedade civil, em nível local e global, pudesse se encontrar, promover atividades e se articular, ganhando força política e social para empreender suas ações.

Graças ao empenho de um grupo de militantes e organizações brasileiras e internacionais e com o apoio dos governos de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, viabilizou-se na capital gaúcha, em janeiro de 2001, o primeiro encontro mundial.

De lá para cá, muita coisa aconteceu. As sucessivas crises econômicas, a proliferação de guerras e conflitos, o aumento da concentração de renda e da desigualdade social e a degradação ambiental fizeram ruir a crença na ideologia neoliberal. O lema adotado no FSM, "um outro mundo é possível", encheu de esperança milhões de pessoas que, movidas pelo desejo de mudança, conseguiram alterar o quadro político de muitos países, a começar pela América Latina e, recentemente, nos EUA.

A metodologia adotada no FSM propiciou a todas as organizações e pessoas que comungam com a carta de princípios a oportunidade de organizar livremente suas atividades e poder se juntar aos que se dispõem a declarações e ações conjuntas. A promoção da diversidade, um dos pilares da carta de princípios, fez cada organização e cada cidadão se sentir valorizado. Ninguém é mais importante que o outro, nenhum tema tem a precedência. O "outro mundo possível", onde a solidariedade e a cooperação superam a competição e o conflito, foi aplicado na nossa metodologia.

Foi assim que o FSM ganhou o mundo. Fóruns globais e inúmeros fóruns locais, nacionais, continentais e temáticos se espalharam em todos os continentes. Organizações sociais aproveitaram o espaço aberto e a metodologia para formar parcerias e criar redes, o que viabilizou inúmeras iniciativas políticas, sociais e ambientais. Os encontros, os fóruns, se tornaram momentos dentro de um amplo processo, o processo FSM, que se desdobra ao longo dos dias anteriores e posteriores aos eventos.

Para celebrar os dez anos do FSM, um grupo de organizações que participaram desde o início teve a ideia de realizar, em janeiro de 2010, um grande encontro para uma reflexão sobre essa última década, mas, principalmente, para elaborar propostas para o futuro do processo. Nada seria mais simbólico do que voltar ao berço do primeiro fórum: Porto Alegre. Das conversas com as organizações sociais locais, que foram fundamentais na realização dos primeiros fóruns, nasceu a ideia de envolver as cidades da Grande Porto Alegre na realização do evento.

Foi assim que nasceu o Fórum Social 10 Anos, a ser realizado de 25 a 29 de janeiro de 2010 nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Campo Bom, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul. Além das atividades auto-organizadas que serão realizadas nessas cidades, haverá um grande seminário internacional que juntará lideranças sociais e políticas numa reflexão sobre o processo FSM.

Em 2000, o nosso desafio era desmistificar e denunciar o modelo neoliberal, mostrando que "um outro mundo é possível". Em 2010, diante das reais e graves ameaças representadas pelo nosso modelo de produção e consumo, pela imperiosa necessidade de implementarmos um desenvolvimento justo e sustentável, "um outro mundo possível" se torna cada vez mais "necessário e urgente". Esse é o desafio que está sendo colocado para nós e para todos os que estarão na Grande Porto Alegre durante o Fórum Social 10 Anos.

(*) ODED GRAJEW, 65, empresário, é um dos integrantes do Movimento Nossa São Paulo. É também membro do Conselho Deliberativo e presidente emérito do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. É idealizador do Fórum Social Mundial e idealizador e ex-presidente da Fundação Abrinq. Foi assessor especial do presidente da República (2003).

Vale tudo contra "O filho do Brasil"

O artigo de César Benjamin, "Os filhos do Brasil", publicado pela Folha de São Paulo, é deprimente. Revela uma dupla situação: o destino sem rumo de Benjamin e o jornalismo anti-Lula da Folha. Ambos, à serviço de um único interesse: a obestinada perseguição a qualquer fato que desqualifique o filme sobre a vida de Lula.

Sobre César Benjamin, servem as palavras de José Maria (PSTU) e Silvio Tendler (cineasta e um dos presentes ao diálogo).

O primeiro: "Tenho todos os motivos para combater o governo Lula, um desastre para a classes trabalhadora, mas o César viajou na maionese. Não houve nada disso". Zé Maria, então com 23 anos, esteve na mesma cela com Lula. Era diretor do sindicato, quando Lula o presidia.

O segundo: "A reunião existiu, mas foi uma grande piada que o Lula estava contando. Como várias outras em outros momentos. Era uma brincadeira". Tendler foi da equipe do programa de TV do Lula, em 1989.

Sobre o jornalismo anti-Lula da Folha, encontra-se muito no blogue do Nassif (aqui).

Alberto Diniz, também aponta com precisão o comportamento da Folha no caso: lixo em estado puro (leia aqui)

A cada dia, a reação da elite midiática ao filme sobre o Lula ao invés de despretigiá-lo, aumentar sua curiosidade e repercussão. É o tiro saindo pela culatra.


sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SEDE DAS PROMOTORIAS DE JUSTIÇA: QUANDO A VIDA IMITA A ARTE

Por Haroldo Saboia


Na coluna que escrevo todas as segundas na página dois deste jornal, procuro abordar assuntos diversos que não estejam necessariamente no noticiário da imprensa mas que sejam do interesse da sociedade.

Neste sentido, no dia 16, com o título “QUEM IRÁ VIGIAR OS PRÓPRIOS VIGILANTES?”, publiquei nota da qual reproduzo trechos:

“Cresce o sentimento de que finalmente a sociedade maranhense será esclarecida dos motivos que acabaram por transformar a própria sede das promotorias da Capital em construção abandonada (...) Lá continua, é certo, um enorme esqueleto cercado de tapumes que sugerem trabalhos de reforma da edificação.
Todavia ficamos sem as conclusões das investigações que, com certeza, chegaram às causas e aos responsáveis por tamanho desperdício de recursos públicos. Quis custodiet ipsos custodes?”

Na realidade, o motivo de gastar todo o latim que ainda guardava na memória fora a satisfação que tive ao ler o discurso de posse do novo diretor das promotorias da Capital, o professor Paulo Roberto Barbosa Ramos.

Em suas palavras, o ilustre promotor de Justiça teve a coragem de tratar da questão do edifício da Avenida Carlos Cunha:

“Senhora Procuradora-Geral, sei que a senhora recebeu o prédio das Promotorias de Justiça da Capital na situação em que se encontra hoje. Contudo, precisamos do seu imprescindível apoio, e sei que não faltará, para voltarmos muito brevemente para o nosso espaço, devidamente reformado e equipado.”

O novo diretor das Promotorias da Capital - reconhecido pelo seu extremado apego às leis, à letra da lei, ao Direito e à Justiça - ao dar ênfase à necessidade do “imprescindível apoio, e sei que não faltará” (da procuradora-geral de Justiça, Fátima Travassos) para o breve retorno ao edifício sede reformado e equipado”, no meu entendimento, demonstrou sua determinação em apurar e esclarecer, finalmente, todo mistério que envolve tal obra.

Daí o meu otimismo, a minha confiança. Otimismo e confiança que me fizeram buscar mais elementos sobre o caso.

E, pela primeira vez, consultei o Blog “O Parquet: um espaço para divulgação de idéias e suas conseqüências”. Grata surpresa. Fiquei feliz por travar conhecimento com círculo de discussão tão importante e necessário. Onde encontrei muitas informações e ensinamentos do seu editor, o promotor Juarez Medeiros Filho, e de seus leitores (próximos à marca dos cem mil).

Em 5 de fevereiro de 2008, O PARQUET informa:

“MI(NI)STÉRIO PÚBLICO: O prédio das promotorias da capital foi inaugurado há oito anos, em 14/12/1999, e já passa por profunda reforma. Houve erro na execução, ou falta de manutenção, ou as três coisas, incluindo ineficiente fiscalização? Há quem só fale dos transtornos...”

Colho, entre vários, outro comentário de O PARQUET de 17 de outubro:

“GLORIOSO: Parece que não tem jeito. Doloroso dizer, mas o Ministério Público vai manter silêncio. O respeitável público não ouviu e não vai ouvir a procuradora-geral ou os ex-procuradores virem à boca do palco oferecer esclarecimentos e apontar responsáveis pelo fato do prédio das promotorias de São Luís ter adquirido o ignóbil título de “espeto de pau”. Sabe como são as coisas, Ministério Público é ferreiro com os outros.
Inaugurado em 14/12/1999, em menos de 10 anos, junho de 2008, teve de ser evacuado para uma reforma no valor de R$ 1.367.456,98 (reforma geral e reforço na estrutura de concreto armado) que se completaria em 270 dias. No entanto, faz mais de ano, e ainda está como mostra a foto de 26/09/09. (o PARQUET apresenta imagens dos escombros). Quase caiu e não se levanta.”

O fato é que a sede das promotorias de justiça da Capital permanece em reforma. E o mais grave é que tais trabalhos estão paralisados há meses. Enquanto isto o Ministério Público estadual continua a pagar, mensalmente, 47 mil reais de aluguel pelas suas instalações provisórias, em prédio de co-propriedade do deputado estadual Afonso Manoel.

Os custos totais desse contrato de locação (que se encerraria no mês passado) ultrapassam, largamente, o orçamento previsto no edital de concorrência da reforma, de n° 001/2007. Atingem muito provavelmente os dois milhões de reais.

Se os procuradores-gerais de justiça, ao longo desses anos, não determinaram a abertura de procedimento para apurar a responsabilidade do construtor e do recebedor da obra, foram omissos. De uma gritante omissão. Mas ainda há tempo. E o diretor das promotorias de justiça da Capital, o digno e respeitável Paulo Roberto Barbosa Ramos tem todo o preparo e legitimidade para fazê-lo. Afinal trata-se da sede do órgão que dirige!

Dizem que - por vezes - a vida imita a arte... Desta feita, tudo indica que as presepadas e artimanhas dos construtores foram imitadas pelas empreiteiras responsáveis pelas obras de reforma, caríssimas, do já famoso edifício sede. A reforma imita a obra... Será o DNA da corrupção?

Poesia de Quinta - Número 55

Por Deíla Maia (originalmente em 29.10.2009)

Pessoal,

Com 20 minutos de atraso, hoje eu tive um dia tão cheio que simplesmente esqueci que era quinta-feira. Estou chegando em casa agora e hoje foi a primeira vez que não mandei o Poesia de Quinta a tempo. Mil desculpas!!!

Escolhi a poesia de quinta de hoje com antecedência até (mais imperdoável até, pois já estava nos meus rascunhos) de uma poetisa aqui do Maranhão, minha colega de SOBRAMES (Sociedade Maranhense de Médicos Escritores), DILERCY ADLER, que recentemente participou de um concurso de poesias no Chile.

Espero que vcs gostem das poesias dela tanto quanto eu. Eu me identifiquei demais com os versos dela...

Beijos.
Deíla


TUA AUSÊNCIA
Dilercy Adler



Caminho na areia molhada
da praia deserta
é cedo!
o sol brilha distante
entre nuvens solitárias
como eu
as ondas da maré vazante
brincam com os meus pés descalços...
relaxo
sinto-te junto... inteiro ao meu lado
como antes!
não entendo o teu silêncio
nada me dizes desde que partiste
sinto forte a tua ausência
fico triste...
há muito
só te tenho em pensamento!


ILHA DOS AMORES


São Luís ilha dos muitos mares
também pudera
é a “Ilha dos amores”!

amor e mar
combinação perfeita
eternizada
quando a onda deita
meus dissabores sobre a areia branca!
são tantas praias
imensas insondáveis
desertas ou cheias de pés descalços
pequenos frágeis como os meus sonhos
que sempre se esvaem pela madrugada
ou morrem afogados pelas ondas!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quebradeiras de coco levam prêmio em Festival de Cinema de Brasília

A vida das quebradeiras de coco babaçu leva o prêmio de melhor direção no 42 Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. O prêmio foi dado ao documentário "Quebradeiras", dirigido por Evaldo Mocarzel.

O documentário retrata a vida das quebradeiras de coco do Maranhão, Tocantins e Pará. Seu diretor inovou ao produzir um documentário modificando a linguagem desse tipo de filme. Aos invés de entrevistas propriamente ditas, a câmera capta o cotidiano das quebradeiras.

Confira abaixo cenas do documentário.



quarta-feira, 25 de novembro de 2009

500 mil brasileiros serão atigindos por câncer em 2010

O Instituto Nacional do Câncer (INCA), através do estudo "Incidência do câncer no Brasil", estima que 489.270 brasileiros desenvolverão algum tipo de câncer no ano que vem.

O INCA lista 11 tipos mais comuns, destacando entre os que mais atingirão os brasileiros o de intestino - cólon e reto - (56 mil novos casos) e o câncer no pulmão (55 mil casos).

"Na última versão da pesquisa, válida para 2008 e 2009, a previsão era de 467 mil novos casos por ano. O número real não é conhecido pela inexistência de um sistema nacional de registro da doença -atualmente, apenas 20 cidades brasileiras têm um mecanismo confiável de monitoramento", informa Denise Menchen, na Folha de São Paulo de hoje (aqui, só para assinantes).

No Estado e em São Luís não há um sistema de monitoramento da incidência de câncer entre os maranhenses.

"Hoje, o SUS conta com 294 unidades credenciadas para o tratamento de câncer. Em média, cada uma é capaz de cuidar de cerca de mil pessoas", completa Menchen.

O Estado de São Paulo também destaca os números do INCA: "No total, dois em cada mil brasileiros terão algum tipo de câncer em 2010. (...) 52% atingirão mulheres e 48%, homens." Confira aqui.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Poesia de Quinta - Número 54

Por Deíla Maia (originalmente em 22.10.2009)

Pessoal,

A Poesia de Quinta de hoje é bem leve, para desanuviar o juízo... Talvez eu mesma esteja precisando de um bom vinho estes dias, por isso tenha escolhido justamente esta.

Ainda bem que amanhã vou fazer 10 anos de formada (em Medicina) e vai ter um festão da minha turma (na 6ª, sábado e domingo). Pensem numa comemoração!!!!!!! Vou rever meu povo, vai ser tão bom... Com certeza, vou fazer uma poesia deste reencontro mágico!!!!

Escolhi um poeta que eu conheci quando eu era adolescente e muito me impressionou. É um francês mundialmente famoso: Charles Baudelaire. Todos já devem ter ao menos ouvido falar dele.

Escolhi a poesia dele "O vinho dos amantes", do livro ícone da sua obra: As flores do mal.

Dedico a Poesia de Quinta de hoje à minha querida amiga e colega de turma de Medicina, Glenda, a qual infelizmente não poderá vir para as nossas comemorações, por conta de compromissos profissionais (sempre eles!!!!!), mas que estará presente em pensamento e nos nossos corações.
Espero que gostem.

Beijos.
Deíla


O VINHO DOS AMANTES
Charles Baudelaire



No espaço é o brilho das auroras!
Vamos sem rédea, freio e esporas,
Vamos, cavalo sobre o vinho
Para um céu feérico e divino!

Como dois anjos que tortura
Uma implacável calentura,
No cristal azul da paisagem
Vamos perseguindo a miragem!

Molemente presos num elo
Dum turbilhão orientado,
Num pesadelo paralelo,

Minha irmã, junto a mim, a nado,
Fugiremos sempre risonhos,
Ao paraíso dos meus sonhos!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Coluna Haroldo Saboia - JP(23.11.09)

SÃO LUIS NÃO PODE ESPERAR SENHOR PREFEITO!

A atual administração municipal, empossada em primeiro de janeiro, praticamente está as vésperas de completar seu primeiro aniversário. A rigor, temos ainda dezembro, momento de fechar as contas do ano, fazer o balanço das atividades , festejar o Natal e comemorar o Novo Ano.

Eleito há um ano, o prefeito João Castelo, por sua experiência anterior à frente do executivo estadual, despertou forte expectativa na população de que faria, embora com característica fortemente autoritária, desde o início, um governo de realizações, de obras, uma administração dinâmica, enfim.

Onze meses passados, o sentimento que prevalece é que quase nada foi feito. E, ainda pior, que quase nada está por ser feito.

Tomemos, por exemplo, a questão do sistema viário de São Luís. Um caos que a cada dia toma proporções maiores e alarmantes.

Não precisamos lembrar que os trabalhadores, os estudantes gastam preciosos momentos de sua jornada presos em engarrafamentos quando se deslocam de suas moradias para o trabalho ou para a escola. Seja de transporte público ou particular; de ônibus ou de carros.

E não vemos, Senhor Prefeito João Castelo, nada a ser feito. Ou pelo menos planejado, anunciado. Nada. Tão somente o anúncio do aumento diário e assustador da frota de veículos na Capital?

Lembramos que, em 12 de janeiro, a Associação Comercial do Maranhão entregou uma proposta de Plano Diretor Viário para São Luís ao prefeito eleito João Castelo. Na proposta é dito que “Alguns pontos principais do plano são voltados aos corredores de transporte de massa, as interligações entre as principais avenidas da cidade, pois o nosso eixo principal é norte-sul e propomos criar um eixo leste-oeste, ciclovias, sinalização de trânsito e algumas pequenas intervenções que darão resultados imediatos no fluxo do trânsito”.

O que foi feito do Plano? Não era bom e foi para o lixo? A prefeitura elaborou outro Plano? Para quando?

Com a palavra a Prefeitura de São Luís.


OAB: VITÓRIA POLITICA DO DEP. FLÁVIO DINO

A eleição do advogado Mário Macieira à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, pela “Chapa Avançar Sempre”, por uma pequena margem (99 votos) sobre a segunda colocada, “Juntos pela Ordem”, liderada por Roberto Feitosa, representa, sem qualquer dúvida, uma inflexão na história da seccional maranhense. Quando são feitas longas listas de vencidos e vencedores, muito provavelmente seus autores não fazem outra coisa senão demonstrar que pouco, ou quase nada, entenderam dos meandros de uma longa e complexa construção.

Construção que remonta aos bancos universitários, à fundação do Partido dos Trabalhadores, e a afirmação de um grupo de jovens advogados que se integraram a outros ainda jovens mas já estabelecidos. Ao longo dos anos, assumiu a liderança dessa nova geração o hoje deputado Flávio Dino com o concurso, sem dúvida inestimável posto que decisivo, do então advogado e hoje magistrado Amilcar Rocha.

A constituição dos escritórios MACIEIRA, NUNES & ZAGALLO ADVOGADOS ASSOCIADOS (cuja composição sofreu pequenas alterações ao longo dos anos) e mais tarde do FIGUEREDO, DINO E LAUANDE ADVOGADAS ASSOCIADOS viabilizaram e fortaleceram os vetores da ação política, hoje coroada com a eleição de Mário Macieira, presidente, Valéria Lauande, vice-presidente, e Guilherme Zagallo, Conselheiro Federal.

Profissionais competentes e politicamente habilidosos conseguiram “pasteurizar” político e partidariamente as diferentes chapas e, sem desmerecer o peso das mais diversas, novas e antigas lideranças, impuseram uma nítida hegemonia do maior vencedor da disputa, o advogado e deputado Flávio Dino.

VALE-TUDO NO STF (I)

A primeira página do jornal O Estado de São Paulo deste domingo estampa em manchete: “Caso Battisti expõe vale-tudo no Supremo Tribunal Federal”.

Na realidade, a imprensa brasileira parece que tem dificuldade em entender a disputa pela hegemonia política cada vez mais acirrada na Suprema Corte.

Como observo no artigo O VENENO DO CONHECIDO ESCORPIÃO (JP, 20/11/09): nesta quarta-feira, 18 de novembro, o presidente Gilmar Ferreira Mendes estava mais interessado em castrar os poderes constitucionais do Presidente da República Federativa do Brasil, ampliando jurisprudencialmente a competência do Supremo Tribunal, do que julgar o pedido de extradição do escritor Cesare Battisti.


VALE-TUDO NO STF (II)

O ministro Gilmar Ferreira Mendes, que lidera uma ativa corrente ultra-conservadora minoritária, tenta impor suas posições com argumentos de autoridade em manifesto abuso do prestígio do cargo de presidente da Corte. Ainda bem que encontra resistência na ministra Carmem Lúcia e em Joaquim Barbosa e Marco Aurélio de Mello. Os três tentam conduzir a maioria visivelmente desarticulada.


MOACIR PRESIDE PDT DA CAPITAL


Após três meses dirigido por uma comissão provisória, o PDT de São Luís por consenso escolheu direção. Por sugestão de Neiva Moreira e do governador Jackson Lago, o professor Moacir Feitosa foi aclamado presidente do novo Diretório Municipal.


20 DE NOVEMBRO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Em 20 de novembro de l695 morreu Zumbi dos Palmares, Herói Nacional. O professor Franklin Douglas, no blogue ECOS DAS LUTAS, e Oswaldo Viviani nas páginas do JORNAL PEQUENO observaram que São Luís, cidade nitidamente afrodescendente, não valoriza tão importante data.

“Conhecida mundialmente por suas riquíssimas manifestações culturais e religiosas de origem africana como o tambor de crioula e a Casa das Minas” – diz Oswaldo – nem a prefeitura nem o governo estadual não promoveram nenhum evento oficial “para a reflexão sobre a inclusão racial”. Franklin, por sua vez, lembra que a dia 19 não é feriado em São Luís ao contrário do que ocorre em 680 municípios, entre os quais capitais como São Paulo e Rio.


Lula, o filho do Brasil, e Sérgio, o cidadão do mundo

Coincidentemente enquanto o filme Lula, o filho do Brasil, é lançado nacionalmente um documentário sobre o brasileiro Sérgio Vieira de Mello concorre pela indicação do Oscar na categoria.

Lula, o retirante nordestino, líder operário, duas vezes eleito Presidente da República. Sérgio, filho de diplomata cassado pelo regime militar, torna-se funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU).

Chefe do alto-comissariado para os Direitos Humanos, Sérgio Vieira de Mello morreu vítima de um ataque terrorista no Iraque, em 2003.

Duas trajetórias, dois grandes brasileiros!

domingo, 22 de novembro de 2009

Ao votar no PED, Lula respeita divergência regional e, mesmo achando problemático mais de um palanque, ressalta que o importante é unificar com Dilma

PT DEFINE RUMO

Se ainda bem entendo de PT, neste domingo, o Processo de Eleições Diretas (PED) do partido deve resultar no seguinte:

1. José Eduardo Dutra ganha a eleição no primeiro turno para presidente nacional;

2. A Construindo um Novo Brasil (CNB) deve ser a chapa mais votada, alcançando em torno de 45% das vagas da Direção Nacional e algum pouquinho mais;

3. No Maranhão, haverá segundo turno para a presidência estadual. Raimundo Monteiro (apoiado por Washington Luiz) tem vaga assegurada. A segunda vaga será disputada voto a voto entre Augusto Lobato e Bira do Pindaré. À favor do primeiro, o apoio pulverizado de Dutra em mais de 40 municípios pequenos; e contra, o seu fraco desempenho em São Luís. À favor de Bira a boa votação nos maiores diretórios e o bom desempenho na capital. Jogo minhas fichas no Bira;

4. Para o Diretório Estadual do Maranhão a chapa de Dutra será a mais votada. Seguida da chapa de Washington (CNB), Bira (Unidade Petista), Augusto (Amanhecer na Luta), Rodrigo Comerciário e Edmilson alcançam de 5 a 10% e Fransuília não faz ninguém para a Executiva Estadual. Nenhum campo de tendência terá força para sozinho impor uma tática eleitoral ao partido. Claro mesmo só a maioria contrária a unir PT ao PMDB de Sarney;

5. Em relação ao maior Diretório Municipal, o de São Luís, deve haver maioria folgada para a chapa da CNB. Dificilmente Fernando Silva enfrentará um segundo turno. Se tiverem uma boa capacidade de mobilização, Pedrosa e Joab disputam voto a voto a segunda vaga. Vantagem para Joab.

Vamos a ver.

Em tempo: enquanto isso no PDT, o secretário municipal de Educação, Moacir Feitosa, sagra-se eleito como novo presidente do Diretório Municipal de São Luís. Chapa de consenso em que, ainda assim, não deixou de ter perdedores e vencedores na unidade "pra inglês ver". Apenas um pouco menos doloroso que no PT.

sábado, 21 de novembro de 2009

Poesia de Quinta - Número 53

Por Deíla Maia (originalmente em 15.10.2009)

Pessoal,

A Poesia de Quinta de hoje é sobre um assunto bastante necessário, mas às vezes um pouco esquecido neste mundão... a solidariedade. A consciência plena que todos nós somos interdependentes, que não sobrevivemos sozinhos, que precisamos dos outros, assim como os outros precisam de nós.

Vi este poema por acaso na internet. Infelizmente, não tem o nome do autor, mas nem por isso deixa de ser bonito.

Espero que gostem.

Beijos.
Deíla


Solidariedade
Publicado por amizadepoesia em Março 10, 2008




Somos parte de um todo
nele estamos contidos
Ele nos contem
Desde o mais simples ser
desde a menor das partículas
até a maior das estrelas
os sóis, as constelações, as estrelas
os indivíduos de todos os reinos
a natureza em todos os níveis
com toda sua pujança e beleza
Todos somos parte de um só organismo
tanto no nosso planeta, até o infinito
tanto nosso lado material,
quanto nosso lado espiritual
um só sistema, de corpo e alma
Naturalmente, integrados interativos
Todos tem sua função, seu propósito, sua missão
Para harmonia universal
Tudo que somos, que temos
do sistema recebemos
dos nosso país, da sociedade, dos nossos amigos
de toda humanidade, de Deus
Nossos dons, nossos talentos
Não nos pertence, os recebemos para uma missão cumprir
É uma mutualidade de interesse e deveres.
É um compromisso pelo qual todos se obrigam
uns pelas outros e cada um por todos
Compartilhando, dividindo, somando
Com amor , com generosidade, com fraternidade
Todo seu pão, todo seu coração, todo seu saber
A todo organismo suprir, atender
Para prover toda e qualquer necessidade
Do irmão, da comunidade, da sociedadeda humanidade, da universalidade
Do todo harmonicamente disposto
E tudo isto se resume
Simplesmente em SOLIDARIEDADE…

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Há 314 anos morria Zumbi dos Palmares: VIVA O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!




20 de novembro: Dia da Consciência Negra.

A data é uma homenagem do movimento negro à data em que morreu Zumbi dos Palmares, líder quilombola brasileiro. Zumbi partiu no dia 20 de novembro de 1695. E também um contraponto ao 13 de maio, comemorado como dia do fim da escravidão decretado pela princesa Isabel...

O dia de hoje é feriado ou ponto facultativo em 680 municípios do País. Nos estados do Rio de Janeiro e do Mato Grosso, por lei aprovada em suas Assembleias Legislativas, 100% dos municípios têm feriado estadual decretado. Em São Paulo, são 104 cidades onde o 20 de novembro é feriado.

Enquanto isso, no Maranhão, terceiro maior estado em população negra urbana e segundo em população quilombola, o 20 de novembro não é feriado em nenhuma cidade. Mas é intensamente lembrado pelas diversas entidades do movimento negro.

O VENENO DO CONHECIDO ESCORPIÃO

Por Haroldo Saboia

Aqueles que acompanharam o noticiário relativo ao pedido de extradição formulado pela Itália ao Brasil do escritor Cesare Battisti observaram a grande dificuldade enfrentada pelo governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Cesare Battisti fora condenado em seu país à prisão perpétua por quatro crimes cometidos, na década de setenta, pelo Grupo denominado PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) ao qual pertencia.

Seus advogados de defesa afirmam que não há provas efetivas quando à participação do escritor nessas ações armadas; sustentam ainda que as acusações contra Cesare Battisti foram formuladas por prisioneiros, membros da organização à qual pertencia, que aceitaram participar de programas equivalentes aqueles conhecidos no Brasil como “delação premiada”. Este fato, a rigor, desqualifica a denuncia contra Battisti.

Uma questão adquire especial relevo: o crime supostamente cometido pelo Cesare terá tido motivação política ou não?

Por um longo período a França entendeu que sim e concedeu refúgio político ao escritor. Com o advento de maiorias conservadores ao poder, o governo francês iniciou processo de revogação do estatuto de refugiado concedido o que levou a fugir em 2004 para o Brasil. Preso em 2007, desde então a Itália tenta impor ao Brasil a sua extradição. Por meios diplomáticos é verdade mas, sobretudo, através de uma sórdida campanha de imprensa que tem como alvo, em especial, a numerosa população ítalo-brasileira na sua origem, majoritariamente, rural e conservadora.

O governo italiano, chefiado pelo midiático Berlusconi da direita mais conservadora, não aceitou a decisão soberana do Estado brasileiro que, através do Ministério da Justiça, concedeu a condição de refugiado político a Cesare Battisti. E, ao invés de apelar pelas vias diplomáticas ou aos organismos internacionais, entendeu recorrer à própria justiça brasileira contra uma decisão soberana do executivo brasileiro.

A demanda do Estado italiano ensejou um processo extremamente delicado. Tenramente democráticas, nossas instituições sofrem as conseqüências de um legislativo que pouco legisla, enfraquecido e imobilizado por suas práticas cada vez mais fisiológicas; um executivo titubeante, extremamente flácido no embate com os demais poderes; e, por fim, um poder judiciário com o Supremo Tribunal Federal controlado por uma ativa e minoritária corrente ultra-conservadora liderada pelo seu presidente Gilmar Mendes.

Nesta quarta-feira, 18 de novembro, o presidente Gilmar Ferreira Mendes estava mais interessado em castrar os poderes constitucionais do Presidente da República Federativa do Brasil, ampliando jurisprudencialmente a competência do Supremo Tribunal, do que julgar o pedido de extradição do escritor Cesare Battisti.

A Constituição venceu. Venceu com os votos dos ministros Carmem Lúcia, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Joaquim Barbosa e Marco Aurélio Mello.

Doravante os setores mais conservadores da sociedade brasileira tudo farão para intimidar o presidente Luis Inácio Lula da Silva para que ele se curve aos caprichos e à arrogância do Estado e do governo italianos.

A oposição e a velha direita, PSDB e PFL, já ocuparam as tribunas da Câmara e do Senado exigindo que Lula entregue Battisti aos carcereiros italianos. Os argumentos políticos e as razões humanitárias não os comovem.

E como não poderia deixar de ser, o velho escorpião José Sarney faz coro a velha direita e à oposição conservadora e golpeia o presidente que tanto bajula.

Sarney, ao afirmar que o presidente deve acompanhar a decisão inicial do Supremo pela extradição, na realidade quer, à maneira de Gilmar Mendes, negar a condição de Chefe de Estado de Luis Inácio Lula da Silva a quem compete, privativamente, manter relações com Estados estrangeiros, declarar a guerra e celebrar a paz.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

40 anos do milésimo gol de Pelé

Em 19 de novembro de 1969, Edison Arantes do Nascimento, o Pelé, marcava o seu milésimo gol.

40 anos atrás o rei do futebol marcou num pênalti contra o Vasco o gol histórico de sua carreira de mais jovem campeão mundial de futebol (aos 17 anos), maior artilheiro do campeonato paulista (por 11 temporadas, 588 gols), 1.355 jogos (104 pela seleção brasileira) e um total de 1.282 gols marcados, sendo 95 defendendo a camisa do Brasil.

A bola que Pelé marcou seu milésimo gol foi leiloada por R$ 120 mil. Seu milésimo gol foi dedicado ao cuidado para com as crianças brasileiras. Saiba mais aqui sobre o milésimo gol de Pelé.

Nova enquete
Aproveitando a deixa, mudamos a enquete do Ecos. Na sua opinião, quem será o vencedor do campeonato brasileiro de futebol? Flamengo ou São Paulo.

Deixe sua opinião. Os dois times foram colocados na enquete após a trágica atuação do Palmeiras contra o Grêmio, na noite de ontem, em Porto Alegre, dando adeus ao título do Brasileirão.

Em tempo: na última enquete, sobre os candidatos ficha suja, 76% opinaram que não deveriam poder se candidatar, reforçando assim a posição do Comitê de Combate à Corrupção Eleitoral, contra 23% que acharam o contrário.

Moções condenam censura do clã Sarney ao Estado de São Paulo

Pipocam país afora - e Maranhão a dentro - as moções que repudiam a censura do empresário Fernando Sarney (proprietário do Sistema Mirante de Comunicação) ao jornal O Estado de São Paulo, por conta das matérias publicadas pelo periódico paulista sobre a operação "Barrica", da Polícia Federal.

Uma moção de repúdio foi aprovada no poder legislativo municipal da capital paulista.

É de se perguntar se na Câmara de Vereadores de São Luís não tem nenhum vereador disposto a propor idêntica moção. Bem como se não caberia aos deputados Marcelo Tavares (PSB), Valdinar Barros (PT), Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e Edivaldo Holanda (PTC) fazerem o mesmo na Assembleia Legislativa maranhense...

Vereadores de São Paulo
Por unanimidade a Câmara de Municipal de Vereadores de São Paulo aprovou Moção de Repúdio à censura ao Estadão, impedido há mais de 100 dias de publicar qualquer matéria sobre a operação Barrica.

A moção foi apresentada pelo vereador Carlos Apolinário (DEM) e aprovada por unanimidade por todos os partidos. A moção foi encaminhada aos presidente da República, Lula da Silva; do Senado, José Sarney; da Câmara dos Deputados, Michel Temer; e do STF, Gilmar Mendes.

Conferência de Comunicação do Maranhão
Além de não conseguir boicotar a Conferência de Comunicação do Maranhão, o Governo do Estado ainda viu ser aprovada, entre as deliberações da conferência, uma Moção de Repúdio à Censura ao jornal Estado de São Paulo.

Apresentada pela professora Amarilis Cardoso (UFMA), integrante da ONG Travessia, e por Neuton César, presidente da rádio comunitária Conquista FM, e por vários signatários, a moção foi aprovada pela sessão final da conferência. Abaixo, a íntegra do texto.

Moçao de Repúdio à Censura ao jornal O Estado de São Paulo

A Conferência Estadual de Comunicação do Maranhão, realizada nos dias 17 e 18 de novembro, vem a público repudiar a censura ao jornal O Estado de São Paulo para evitar a publicação de matérias referentes à operação "Barrica" da Polícia Federal, imposta pelo empresário Fernando Sarney, proprietário do Sistema Mirante de Comunicação.

Pela liberdade de imprensa e de expressão, não à Censura do clã Sarney ao Estadão.

São Luís (MA), 18 de novembro de 2009.

Conferência Estadual de Comunicação do Maranhão

Poesia de Quinta - Número 52

Por Deíla Maia (originalmente em 08.10.2009)

Pessoal,

Hoje resolvi escolher um lado não muito conhecido de um poeta bastante famoso, que é o Vinícius de Moraes.

Gosto desta poesia, de tom bem enigmático, reflexivo, para ler e ficar pensando, matutando, lendo, relendo ...

Espero que gostem também.
Beijos misteriosos,
Deíla


ACONTECIMENTO
Vinícius de Moraes




Haverá na face de todos um profundo assombro
na face de alguns risos sutis cheios de reserva
Muitos se reunirão em lugares desertos
E falarão em voz baixa em novos possíveis milagres
Como se o milagre tivesse realmente se realizado
Muitos sentirão alegria
Porque deles é o primeiro milagre
E darão o óbolo do fariseu com ares humildes
Muitos não compreenderão
Porque suas inteligências vão somente até os processos
E já existem nos processos tantas dificuldades...
Alguns verão e julgarão com a alma
Outros verão e julgarão com a alma que eles não têm
Ouvirão apenas dizer...
Será belo e será ridículo
Haverá quem mude como os ventos
E haverá quem permaneça na pureza dos rochedos
No meio de todos eu ouvirei calado e atento, comovido e risonho
Escutando verdades e mentiras
Mas não dizendo nada
Só a alegria de alguns compreenderem bastará
Porque tudo aconteceu para que eles compreendessem
Que as águas mais turvas contêm ás vezes as pérolas mais belas

Brasil entre os piores no combate à corrupção

Pesquisa da Transparência Internacional junto a 180 países tornou público o novo ranking mundial da percepção do combate à corrupção.

Mesmo com todos os avanços da Controladoria Geral da União (CGU) e das operações da Polícia Federal, a percepção registrada é a de que o país é tolerante com a corrupção. O Brasil ficou na posição 75 (estava no ranking anterior, ocupava a posição de número 80), entre as 180 nações avaliadas.

Nova Zelândia, Dinamarca e Cingapura lideram o ranking. A Somália é o país mais corrupto, ocupando o último lugar. Na América do Sul, destaca para a Venezuela, de Hugo Chaves. Está entre os melhores no combate à corrupção.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Conferência Estadual de Comunicação deu certo, apesar da tentativa de boicote do Governo Roseana

Terminou hoje a Conferência Estadual de Comunicação, sob coordenação da Secretaria de Comunicação do Governo do Maranhão (SECOM) e um conjunto de organizações da sociedade civil e de representação empresarial.

Como de esperar, o Governo biônico de tudo fez para inviabilizar a conferência:

1. limitou o que pôde o orçamento para a realização da conferência (comprometendo a mobilização pelas diversas regiões do estado e o não-financiamento das passagens de deslocamento dos participantes do interior do estado);

2. arrastou-se nos prazos de publicação do edital de convocação da conferência;

3. manipulou a composição da comissão organizadora, desrespeitando acordo com as entidades das organizaçoes da sociedade civil, impondo três entidades (ACLEM, Sindicato dos Radialistas e Sindicato dos Jornalistas) e duas representações dos empresários (ABERT e AMART) à cota das organizações da sociedade civil;

4. definiu o
mauzoléu de Sarney para sediar a conferência (é como se dissesse: aqui é nosso Convento das Mercês; nele e na mídia maranhense, quem manda é o Sarney);

5. abriu as inscrições às vésperas da conferência, dificultando o processo de participação;

6. Bloqueou os painéis e mesas de discussão em torno da temática regional, priorizando somente a temática nacional;

7. Não viabilizou qualquer divulgação em rádios e TV que convocassem os interessados para a conferência.

Deu com os burros n´água, ante a forte determinação de organizações como Matraca, Intervozes-MA, Abraço-MA, Rádio Conquista, CUT, Departamento de Comunicação da UFMA, ONG Formação, Laboratório de Internacional de Mídia Livre, dentre outros, empenhados em realizar a Conferência Estadual.

Como ficaria feio não fazer e ver acontecer a Conferência à revelia do Governo Estadual, convocada e bancada pela Comissão Nacional (a exemplo do que ocorreu em dois outros estados), a SECOM reavaliou e decidiu convocar a Conferência. Assim, disputando-a por dentro.

A Conferência é um marco histórico. Convocada pelo Governo Federal, pretende ser um passo rumo à construção de políticas democratizantes para as políticas de comunicação no País. Boicotada por empresários e pelo próprio ministro das Comunicações, Hélio Costa (dono de emissoras de TV Globo em Minas Gerais), coube ao ministro Secretário Geral da Presidência, Luiz Dulci, e a Franklin Martins, ministro da SECOM, bancar o processo de realização da conferência nacional.

A etapa nacional será nos dias 17 e 18 de dezembro. Abaixo, confira vídeo "Levante a sua voz", de Pedro Ekman, produzido pelo Intervozes, que mostra como esse é um debate prioritário para os que pretende fazer valer o Direito Humano à Comunicação.

Intervozes - Levante sua voz from Pedro Ekman on Vimeo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Começa a saga de "Lula - filho do Brasil"

Com a pré-estreia hoje, no Festival de cinema de Brasília (oficialmente só chega às telas em janeiro do próximo ano), começa a "saga" do filme de Fábio Barreto sobre parte da vida do presidente Lula.

O filme retrata a trajetória do nascimento de Lula até a sua ascensão como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, no ABC paulista.

É o Lula filho do Brasil que encantou sindicalistas, intelectuais, católicos das CEB´s, ex-guerilheiros, juventude estudantil, militantes da esquerda democrática e da luta contra o Golpe (cívico) Militar de 1964.

Já odiado pelos conservadores (basta ler as críticas da grande mídia), o filme pode ser um momento de despertar da consciência de classe em amplos segmentos populares. Ou não. Que, em seguida, pode (ou não) ter consequências como: o voto (ou não) em Dilma; aumento ou nenhum engajamento em organizações populares, estudantis ou sindicais; disputar o Oscar ou ser apenas mais um filme biográfico...

O que apavora a direita é a simples possibilidade do filme, retratando o Lula que ela não domesticou, ser um instrumento da remota primeira possibilidade, da mensagem aos que vivem-do-trabalho que, para alcançar algo, eles precisam se organizar e lutar muito.

Abaixo, o trailer oficial do filme.


domingo, 15 de novembro de 2009

1989: há 20 anos no Maranhão era assim...



15 de novembro de 1989. Há 20 anos o Brasil elegeu, pelo voto direto, o primeiro presidente da República após a Ditadura Militar.

No plano nacional muito mudou em relação aos personagens que disputaram aquela eleição. É o que lembra o repórter Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo deste domingo:


"Eleição de 89 foi "ensaio geral" democrático. Partidos e imprensa estavam desacostumados a evento de tal magnitude, após 29 anos sem voto direto para presidente. Campanha lançou bases da política de hoje, com uso de siglas nanicas para engordar tempo de TV e a ausência de projeto nacional do PMDB" (leia aqui, só para assinantes)

E anotam os repórteres Rodrigo Vizeu e João Paulo Godim:

"Passados exatos 20 anos do primeiro turno da eleição presidencial de 1989, a trajetória de alguns dos principais personagens mostra o que mudou no cenário político brasileiro.

Fernando Collor, então no PRN, foi ao segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem derrotou em 17 de dezembro numa disputa que teve lances de golpe baixo.

Collor chegou a exibir na TV Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, dizendo que o petista lhe ofereceu dinheiro para abortar. Hoje senador pelo PTB, Collor é da base da apoio do presidente Lula.

"Três personagens importantes continuam em cena: Lula, Collor e [o então presidente José] Sarney. Lula era contra os outros dois e os dois candidatos eram contra Sarney. Hoje os três estão juntos", resume Fernando Gabeira (PV-RJ), também candidato em 1989.

O empresariado, que hoje tem boa relação com o presidente, temia o radicalismo petista e preferia a plataforma liberal de Collor e Guilherme Afif Domingos (PL). "Com sua barba comprida à la Fidel, Lula inspirava medo", diz Paulo Maluf (PP-SP).

O marketing político engatinhava. Affonso Camargo, então no PTB, usava o humorista Tião Macalé no horário eleitoral.

A desorganização das campanhas também existia na legislação eleitoral. Temido pelos líderes nas pesquisas por sua popularidade, o apresentador Silvio Santos entrou na disputa a 15 dias da votação. Ele criou uma versão eleitoral da música "Silvio Santos vem aí". A candidatura foi impugnada às vésperas da eleição." (leia mais aqui)

Nestes 20 anos alguns que estavam no centro dessa história já se foram, a exemplo de Ulisses Guimarães (candidato do PMDB), Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB) e Aureliano Chaves (PFL).

E NO MARANHÂO?
Por aqui também houve mudanças nas trajetórias de alguns políticos em relação a 1989. Vejamos:

1. Collor foi no primeiro e no segundo turno apoiado por João Castelo (ambos PRN). Collor (PTB)virou aliado de Lula, Castelo no PSDB trabalha para derrotar o PT em 2010, com Serra;

2. Lula desde o primeiro turno já recebera um apoio velado dos Sarneys (distribuídos entre PMDB e PFL) - cristianizando tanto Ulisses quanto Aureliano. Nenhuma declaração ou aparição pública de quaisquer do clã. Também não convinha a ambas as partes. Mas as bases sarneizistas do interior do estado foram em massa para Collor. Passados 20 anos, Lula e Sarneys andam em lua de mel. Sonham em ter PT e PMDB juntos em 2010 no Maranhão.

O PT maranhense, em sua maioria, resiste e se mantém anti-sarneyzista. Neste período, o PT perdeu militância para o PSTU (a então tendência Convergência Socialista sairia e levaria, dentre outros, Marcos Silva e Noleto) e para ao PSol (onde militantes com Paulo Rios, Valdeny Barros e Saulo Arcangeli deixariam o partido);

3. O PDT de Jackson Lago fez uma grande campanha para Brizola. No segundo turno, foi de Lula. 20 anos depois Jackson é o principal candidato da oposição a Roseana Sarney para 2010;

4. O PMDB de Haroldo Saboia segurou e foi até o fim na campanha de Ulisses Guimarães no primeiro turno. No segundo, apoiaria Lula. O PMDB acabou tomado pela oligarquia. Haroldo Saboia posiciona-se no PDT, após passagem pelo PT nos anos 1990;

5. O PL de Sérgio Tamer defendeu a candidatura de Afif Domingos. No segunto turno, foi de Collor. Desapareceu enquanto partido e suas lideranças se realinharam ao grupo oligárquico, onde tiveram origem;

6. Roberto Freire contou com o apoio da única vereadora do PCB na capital, Simone Macieira. No segundo turno, também foi de Lula. 20 anos depois, o PCB ressurgiu no Maranhão, após a divisão que originou o PPS. Simone abandonou a política e o PCB manteve-se na oposição. O PPS surgido vai de acordo com o vento...

7. PV de Gabeira não existia politicamente no Maranhão. Hoje, está sob comando do deputado federal Zequinha Sarney.

E assim caminhou a política maranhense nos últimos 20 anos.

Poesia de Quinta - Número 51

Por Deíla Maia (originalmente em 01.10.2009)

Pessoal,

Não podia nem imaginar o tanto de gente que, assim como eu, tinha vontade de fazer rappel!!!!! Foi uma graça, várias pessoas perguntando quando foi, onde foi, como, datas futuras etc. Que legal ver a repercussão de uma poesia (e aventura) minha assim com tantas pessoas. Fiquei super feliz com os retornos de vocês.

Final de semana passado estive em Belém e ganhei um CD de poesias LINDO!!!!! ("lhindo", como falam por lá). Além das poesias serem bonitas, a pessoa declama muito bem e a música de fundo toca o coração... Pena que vocês não podem compartilhar esta sinestesia toda, mas, de qualquer forma, vou transcrever pelo menos uma poesia deste CD, que se chama "Águas", da poetisa Nazilda Corrêa. Esta poesia tem tudo a ver com o que eu estou vivendo no momento.

O Poesia de Quinta de hoje vai especialmente dedicado às minhas tias de Belém (Ody, Ormé, Iricina e Terezinha), que sempre me acolhem de maneira maravilhosa e moram no meu coração!!!!
Beijos.

Deíla



FASE ALADA
Nazilda Corrêa



Vôo
que esta é minha fase alada!
o tempo que dura
uma fase
dessa mutação
fase alada
de cupiim,
dura toda a chuva
de formiga
que quer se perder
de lagarta colada na folha
fazendo dela o alimento
Vôo
que esta é minha fase alada
de besouro
perseguindo a flor
libélula!
de íris
voando no arco
fechando quatro cantos de céu
de ícaro
queimando-se no sol
de verão ainda por ver
num porvir

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

PARA ONDE FOMOS?

Por Haroldo Saboia

O sociólogo Fernando Henrique Cardoso coloca em artigo publicado em vários jornais do país, com a autoridade de ex-presidente da República, eleito e reeleito pelo voto popular, a questão PARA ONDE VAMOS?

“Partidos fracos, sindicatos fortes, fundos de pensão convergindo com os interesses de um partido no governo e para eles atraindo sócios privados privilegiados, eis o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições. Comecei com para onde vamos? Termino...” (O Estado de São Paulo, 01/11/2009)

Para aqueles que se opuseram aos governos marcadamente neoliberais de FHC, em dois sucessivos mandatos e por oito longos anos, tais afirmações soam desafinadas e como que descoladas do tempo, anacrônicas, e deslocadas do espaço-histórico, do território e da realidade em que vivemos.

FHC elenca os elementos que constituem o que denomina “o bloco sobre o qual o subperonismo lulista se sustentará no futuro, se ganhar as eleições”. O presidente Luis Inácio Lula da Silva, ao fim e ao cabo de oito anos como presidente, por acaso não terá governado exatamente com esse cenário, ou bloco como prefere FHC? Por que tal bloco esperaria pela vitória do PT nas próximas eleições para só então constituir-se com base de sustentação do “subperonismo lulista”?

Iniciei pelas conclusões de FHC expostas no último parágrafo do “Para onde vamos?” exatamente para ressaltar a fragilidade de toda sua exposição. O ex-presidente remete para o futuro a configuração do cenário (partidos fracos/sindicatos fortes/fundos de pensão) com o objetivo de escamotear o fato de que tal “bloco” não apenas já está consolidado como teve pleno desenvolvimento e influência desde seu primeiro governo FHC e por todos os anos Lula.

Não seria de todo descabido se Lula, ao ler o artigo de seu antecessor, cantarolasse os versos de Chico Buarque, em “Apesar de Você”: Você que inventou esse Estado/ ...Ora tenha a fineza/ de “desinventar”.

PARTIDOS FRACOS: historicamente a questão partidária expressa a fragilidade das instituições republicanas no Brasil, debilitadas por todo o século XX, pelos longos ciclos ditatoriais que intercalaram nossas experiências democráticas.

Nesse ponto, FHC não tem autoridade para criticar Luis Inácio Lula da Silva. Ambos conceberam, articularam, participaram da fundação, foram as maiores lideranças e igualmente eleitos para a Presidência da República por dois mandatos pelos partidos que animaram: o PSDB, Partido da Social Democracia Brasileira, e o PT, o Partido dos Trabalhadores. E – a história confirmará – que um e outro, Fernando Henrique Cardoso e Lula, uma vez eleitos pelo voto popular, foram, cada a um a seu estilo, reduzindo a presença de seus partidos na definição das políticas de governo. E acabaram por exercer de forma imperial a Presidência da República.

SINDICATOS FORTES: a referência à força dos sindicatos não deixa de conter um travo de ironia e maledicência do auto-proclamado “príncipe dos sociólogos” brasileiros, FHC. Ele tem plena consciência das contradições do sindicalismo brasileiro, particularmente pós-Lula. Assegurada a plena liberdade de organização sindical; mantida a unicidade sindical na base; a legislação e o Estado facilitaram o surgimento de centrais sindicais. Estas, embora concorrentes, constituem na prática uma pequena constelação em torno da estrela maior, a CUT. Todos contemplados pelo imposto sindical antes tão combatido.

Chegamos a uma situação paradoxal: quanto mais fortes a liderança, o carisma de Lula e as estruturas dos sindicatos e das centrais, mais débil o movimento sindical devido à reestruturação produtiva do capitalismo.

FUNDOS DE PENSÃO: o terceiro ponto do tripé concebido por FHC para tentar criticar o governo Lula. Diz FHC: “...os fundos de pensão constituem a mola da economia moderna. É certo. Só que os nossos pertencem a funcionários de empresas públicas”.

E daí ? por acaso deseja o professor FHC confiscar o patrimônio dos trabalhadores aplicados em fundo de pensão? Reclama que os petistas, detentores da maioria dos representantes dos empregados nesses fundos, pudessem agora indicar também os do governo. Seria razoável e plausível que qualquer governo cedesse à oposição o direito de indicar os membros dos fundos de pensão?

O viés conservador de FHC o impediu de apontar os erros, que não são poucos, do governo petista e do presidente Luis Inácio Lula da Silva.

Generoso para com o sistema financeiro: “nunca como antes na história deste país os banqueiros tiveram lucros tão fabulosos”.

Magnânimo em relação ao poder local: as prefeituras detêm o monopólio da intermediação entre o Presidente da República e a população na execução das políticas públicas (como o Bolsa-Família), o que enfraquece e debilita as organizações e os movimentos populares.

Cúmplice das oligaquias e do fisiologismo: são os oligarcas do PMDB, os velhos coronéis como José Sarney e Jader Barbalho, e figuras como Collor de Mello, que dão as cartas nas políticas de saúde, de energia, de transporte e tantas outras através da ocupação dos cargos públicos.

PSDB com o PFL, atual DEM; PT com o PMDB. As paralelas, FHC e Lula, acabam por se encontrar no infinito do fisiologismo e da impunidade.

Só poderemos saber para onde vamos, se tivermos consciência do “PARA ONDE FOMOS?” levados por FHC e Lula.

Nota: se tivermos a sabedoria de não amaldiçoar a escuridão, talvez os apagões (ontem com FHC, hoje com Lobão/Sarney/LULA) possam iluminar os nossos caminhos futuros.

Poesia de Quinta - número 50

Por Deíla Maia (originalmente em 24.09.2009)

Pessoal,

No último domingo, vivi uma experiência muito diferente, marcante, inesquecível: RAPPEL!!!

Recebi o convite inusitado, de forma bem casual, inesperada. E o desejo de ir superou tudo... Mesmo bastante ocupada, dei um jeito de ter tempo de vivenciar isso...

E não me arrependi. Afinal, são as emoções que fazem a vida valer a pena.

Ofereço a Poesia de Quinta de hoje à minha amiga Andressa, com quem tenho "identificação de alma" e que me acompanhou nesta insólita aventura.

Beijos.

Deíla



RAPPEL
Deíla Barbosa Maia - São Luís, 20/09/2009



Atirar-me no vazio, no nada...
Sair da minha “zona de conforto”
Abandonar a solidez e as “certezas”...
Para levitar na fluidez, no desconhecido
Exige muita ousadia e coragem,
Capacidade de superação,
Possibilidade de romper os próprios limites
E aceitar o convite para conhecer o novo,
O incerto... O fugaz!

Senti um medo ENORME ao me aproximar
Da fronteira entre o conhecido e o desconhecido
Confiar, deixar para trás minhas barreiras
E mergulhar no insólito
Não foi nada fácil!!!

E, de repente, eu me vi presa por uma corda
Livre no vazio, solta, leve, feliz
E percebi que o rappel é como a vida
Em que controlamos nossas escolhas,
Descendo mais rápido, mais devagar, parando...
Sem nunca poder voltar
Porque, como dizia Cazuza,
“O tempo não pára”
E a vida não volta
Cada momento é único, mágico, precioso.

Eu me dei conta igualmente
Que não estamos sozinhos nesta vida
Há sempre pessoas acima e abaixo,
Ao lado também,
Que nos ajudam, orientam, estimulam, amparam
Só que é a gente que escolhe o destino.
E a velocidade da “descida”
Está literalmente em nossas mãos.
Se vamos viver “com emoção” ou “sem emoção”
De frente, de costas ou mesmo de cabeça para baixo
A decisão é nossa!

Escolhi sentir a adrenalina
Experimentar uma emoção diferente
Que tomou conta de todo o meu corpo,
Minha mente e me deu novas idéias.
O sentimento é indescritível em palavras
Assim como a vida...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Centrais sindicais levam 50 mil trabalhadores a Brasília

A Marcha da Classe Trabalhadora, realizada hoje em Brasília, dentre outros pontos, levanta como bandeira a aprovação da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. O projeto aguarda votação no Congresso Nacional, tal como a PEC contra o trabalho escravo (também bandeira da marcha).

A redução da jornada de trabalho divide classistamente o Parlamento. Empresários e seus parlamentares, contra; trabalhadores e deputados progressistas, à favor. O governo não se mete nessa bola dividida, muito menos na da PEC contra o trabalho escravo.

Vale, então, a capacidade de mobilização dos movimentos sociais para fazer o Brasil avançar nessa questão. Noutros países da Europa, o movimento sindical já batalha é pela redução da jornada para 36 horas.

O fato é que, no presente estágio do capitalismo, a velha (e atual) mais-valia de Marx mantém-se de pé para a compreensão da economia mundial.

A mais-valia é o conceito pelo qual o autor d´O Capital explica como o empresário se apropria da diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o salário pago ao trabalhador. Divide-se em mais-valia absoluta (maior jornada de trabalho; mesmo salário) e mais-valia relativa (mesma jornada, mesmo salário, contudo maior ritmo do trabalho/intensidade para maior produtividade, sobretudo pela mecanização). Entenda mais aqui.

O que está em jogo, nessa evidente luta de classes, é a luta da classe trabalhadora - em essência - pela redução da mais-valia absoluta, da exploração mais imediata. O que já é algo "atrasado" em relação à revolução tecno-científica e da informática que atravessa o mundo. Ou seja, o empresariado brasileiro mantém o ritmo da barbárie na defesa da jornada de 44h de trabalho, mas eleva o número de desempregados alegando as novas tecnologias, a exemplo de bancários e trabalhadores rurais, ante a mecanização no campo. Um bom texto para refletir é o do filósofo alemão Robert Kurz (leia aqui).

Portanto, a Marcha das centrais sindicais está no rumo certo. Tanto pela geração de empregos que a redução da jornada de trabalho traz consigo, quanto pelo embate de classes que ela coloca na arena pública de debates.

Abaixo, matéria do saite da CUT.

Centrais sindicais levam 50 mil trabalhadores a Brasília e fazem a maior das seis Marchas. CUT encerra mobilização em protesto diante do STF

A CUT e as demais centrais sindicais do País se uniram na manhã desta quarta-feira (11) para promover a tradicional Marcha Nacional da Classe Trabalhadora.

A sexta edição da manifestação, fundamental para implementar uma política de valorização do salário mínimo no Brasil, contou com 50 mil trabalhadores que deixaram o estacionamento do estádio Mane Garrincha, na região central de Brasília, às 9h30, e caminharam rumo ao Congresso Nacional.

Neste ano, as centrais definiram seis eixos unificados: votação do PL 01/07 que efetiva a política de valorização do salário mínimo; novo marco regulatório para o pré-sal, atualização dos índices de produtividade da terra e aprovação da PEC 438/01 contra o trabalho escravo; ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT; aprovação do PL sobre a regulamentação da terceirização e combate à precarização nas relações de trabalho e, principalmente, redução da jornada sem redução do salário. (leia mais aqui)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Coluna Haroldo Saboia (Jornal Pequeno - 09 de novembro de 2009)

Além dos artigos semanais, Ecos passa a postar também a Coluna Haroldo Saboia, publicada às segundas-feiras pelo Jornal Pequeno. Mais uma contribuição do colaborador ao blogue.

Boa leitura.


Coluna Haroldo Saboia
AINDA HÁ TEMPO: NÃO ÀS JOBINETAS!


A aprovação, na Câmara Federal, em primeiro turno do projeto de emenda constitucional (PEC N° 351/2009) não tranqüilizou seus maiores arquitetos: os grandes partidos PT, PSDB, PMDB e DEM.

É que o resultado da votação foi muito apertado. Uma emenda constitucional para ser aprovada precisa de 308 votos favoráveis. Nesta primeira votação, a PEC do Calote recebeu o voto SIM de 328 deputados, apenas 20 além do mínimo.

Votaram contra 76 deputados, quatro se abstiveram e houve uma abstenção. Como são 513 parlamentares (e apenas 409 presentes ) aqueles 104 ausentes, na prática, se posicionaram ,por omissão,igualmente contrários ao Calote.

Precatórios são dívidas públicas com empresas e particulares reconhecidas em sentenças judiciais de “última instância”. O que faz a PEC do Calote? Estende o prazo ( para o mínimo de 15anos) para o pagamento de precatórios devidos mas não pagos pelos Estados e municípios.Também ,entre outras aberrações,quebra o principio constitucional de respeito à ordem cronológica.

Como? Pela introdução de mercado no cumprimento de decisões judiciais incontroversas. A PEC estabelece que, anualmente, 50 por cento dos precatórios não pagos poderão ir a leilão, em “câmara de conciliação”, verdadeira arena onde leões vorazes ( os senhores governadores e prefeitos) estarão negociando com seus esquálidos e famintos credores.

O Estado de São Paulo desta sexta, em editorial, explica: “aqueles que aceitem, como último recurso, receber apenas uma fração do que lhes cabe, para não esperar uma eternidade pelos valores a que têm direito líquido e certo”, - estes serão os tristes contemplados por tão bizarros leilões.

É possível que nesta semana a proposta volte ao plenário da Câmara para a votação em segundo turno. Bem provável que, com a forte repulsa da opinião pública, da OAB e do judiciário, seja estancada, no nascedouro, este conluio de interesses do maior partido do governo,o PT,com a maior legenda de oposição o PSDB .Trama elaborada ,às escâncaras,pelo ministro Nelson Jobim ainda - pasmem – quando no presidência do Supremo Tribunal Federal.

Há tempo para evitar a transformação de precatórios em jobinetas, a mais nova versão das conhecidas moedas podres, sempre à mercê de ágios e deságios, numa verdadeira mercantilização de decisões judiciais.

Como votou a bancada maranhense

São 18 os deputados que compõem a bancada maranhense na Câmara Federal.

Votaram SIM, favoravelmente, à PEC dos Precatórios os parlamentares: Benê Camacho(suplente-PTB); Carlos Brandão (PSDB); David Alves Silva Júnior (PR); Nice Lobão (DEM); Pedro Fernandes (PTB); Pedro Novaes (PMDB); Professor Sétimo (PMDB); Ribamar Alves (PSB); Roberto Rocha (PSDB); Sarney Filho (PV); e José Vieira (PR). TOTAL: 11(onze) votos favoráveis a PEC dos Precatórios.

Votaram NÃO, contra a proposta: Cleber Verde (PRB); Clóvis Fecury (DEM) e o deputado Julião Amim (PDT). TOTAL: 3 (três) votos contrários à PEC do Calote.

AUSENTES: Domingos Dutra (PT), Flávio Dino (PCdoB), Pinto Itamaraty (PSDB); Washington Luis (PT). TOTAL : 4 (quatro) parlamentares ausentes da votação.


1968: O BRASIL SOB A CHIBATA DOS MILITARES

“Às onze e meia da noite de ontem, o elenco da peça Roda Viva, no Galpão do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo.... já estava nos camarins.(...) quando ouviram os primeiros gritos e o grande barulho que vinha da platéia. Ninguém sabia o que estava acontecendo.

Muita gente ainda... nas cadeiras, quando mais de vinte rapazes, armados de cassetetes e revólveres, deram um grito, e começaram a depredar tudo dentro do Teatro galpão. Não deu tempo para nada.

Enquanto isso, os homens que quebraram tudo começavam a sair lá de dentro, correndo. Ninguém sabia quem tinha atacado o teatro e quem tentava fugir dos agressores.”

"O teatro todo destruído a pauladas" (Jornal da Tarde - 19/07/68). Reportagem que relata a invasão do Teatro Ruth Escobar por membros do CCC, dito Comando de Caça ao Comunistas, por ocasião da apresentação da peça RODA VIVA, de Chico Buarque de Holanda.




2009: O MARANHÃO DE VOLTA AO CHICOTE DA OLIGARQUIA SARNEY

“O lançamento em São Luís do livro “Honoráveis Bandidos”, que narra escândalos e falcatruas da família Sarney, foi marcado por tumulto, quebra-quebra, socos e pontapés ontem à noite, na sede do Sindicato dos Bancários, na Rua do Sol. (...)

Enfurecidos, os manifestantes jogaram ovos em direção de Palmério Dória, que se encontrava ao lado dos jornalistas Mylton Severiano e Marcos Nogueira. (...)

Alarmado com a violência que marcou a sua noite de autógrafos, o jornalista Palmério Dória protestou, declarando que “não somos nós que estamos aterrorizados, na verdade é o grupo Sarney que está acuado. Eles é que estão com medo....”

Baderna criminosa no lançamento do livro 'Honoráveis Bandidos'. Tumulto e quebra-quebra marcam lançamento de livro sobre Sarney. Por Manoel Santos Neto (Jornal Pequeno, São Luis-MA,05/11/2009)

Poesia de Quinta - Número 49

Por Deíla Maia (originalmente em 17.09.2009)

Pessoal,

Mais uma vez, vou usar meu poeta predileto para fazer uma reflexão importante sobre as amizades...

Os "irmãos" que escolhemos ter, os companheiros para todas as horas, para falar bobagens, para desabafar, rir, chorar, sonhar...

Um beijo ENORME a todos os meus amigos, próximos, distantes, mas sempre no meu coração.

Beijos.

Deíla



SAUDADES...
Fernando Pessoa



"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre. Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar quem sabe...

Podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens... Aí os dias vão passar, meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro.

Vamos nos perder no tempo... Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão?
Quem são aquelas pessoas? Diremos... Que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto.. . nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos.

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.

E nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades seja a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Artigo definido: Jhonatan Almada

Jhonatan Almada destacou-se na equipe do Prof. Raimundo Palhano quando na presidência do IMESC, no governo Jackson Lago. Como técnico, participou da elaboração do Plano Plurianual (PPA) e de outras ações que o instituto traçava para redimensionar o planejamento do Estado.

No seu blogue, tem se dedicado a acompanhar os programas "lançados" pelo governo biônico de Roseana Sarney. Mostra como muitos dos "Vivas" - sem esse verniz marquetológico - já estavam traçados pela gestão anterior. Esse talvez tenha sido um dos erros da gestão, deixar para o segundo biênio do mandato o que já podia ter sido feito antes.

Jhonatan cumpre o papel que legitimamento deveria ser dos ex-secretários. Os próprios gestores anteriores desmontando os factóides atuais da oligarquia. Mas parece que boa parte (e aqui tomo o cuidado para não generalizar a todos) só faz política quando da montagem da equipe de governo.

Abaixo, dois dos artigos de Jhonatan Almada. Um revela o engodo do "Viva Infra-estrutura" e outro questiona o conceito de cidadania do "Viva Cidadão". Abaixo:

47,46% de verdade sobre a infra-estrutura

“Viva Infra-estrutura alcança 47,46% de recuperação das MAs” (Jornal Estado do Maranhão-EMA, 8/11/09, p. 6, Caderno Cidades)

(...) Quando vi essa notícia hoje, achei que já tinha não só lido como participado do processo de planejamento dessas obras, há dois anos e três meses, no Governo Jackson Lago.
Como minha memória ainda funciona bem, abri o documento “Agenda 2010 – Maranhão Democrático e Solidário”, lançado publicamente pela Secretaria de Planejamento do Governo Jackson Lago, em março de 2009, acessível na internet, basta pesquisar no Google. (...) Qual a diferença entre uma lista e outra? (leia o artigo completo aqui)



No Maranhão a cidada nia ainda é de papel

Apesar de todas essas análises, em 8 de novembro de 2009, o principal programa anunciado pelo Governo Roseana Sarney

Reproduzo a matéria: “A população terá acesso a diversos serviços, tais como emissão de Carteira de Identidade, antecedentes criminais, Carteira de Trabalho, alistamento militar, CPF, telecentros (espaço para acesso à internet e impressão de documentos de pesquisa) e a atendimentos que serão prestados no local pela Secretaria de Estado da Fazenda, pelo Detran, Sebrae, Banco do Brasil e Banco Popular” (jornal O Estado do Maranhão, Caderno Cidades, Geral, p. 7, 8/11/09).

Mais estranho ainda é o trecho final da matéria “A expansão do Viva Cidadão integra as ações do Programa de Valorização do Servidor Público Estadual, lançado em julho pela governadora Roseana Sarney”.

Primeira das conclusões possíveis é que no Maranhão apenas quem é servidor público é cidadão; segunda, cidadania no Maranhão significa tirar documentos (pagando taxas salgadas para uma população com baixa renda) e acessar serviços públicos fundamentais como Detran (a maioria não possui veículo quanto mais carteira de motorista), Banco do Brasil (como se não existissem Agências), Banco Postal (como se não existissem os Correios) e Secretaria da Fazenda (como se houvesse economia local para arrecadar impostos); terceira, a discussão sobre cidadania que será debutante ano que vem é "desconhecida" pelo governo de Roseana Sarney. (leia mais aqui)

20 anos da queda do muro de Berlim

Neste 9 de novembro, há 20 anos caía o muro de Berlim, e com ele a bipolarização (capitalismo x socialismo) no mundo.

Nos jornais e matérias jornalísticas de tevê, o enfoque é totalmente conservador e liberal, como não poderia deixar de ser.

Da Folha de São Paulo, dois textos se salvam: "Transição à democracia tem muitos muros", de Claudia Antunes e "Muro interno", entrevista com Eric Hobsbawm. No primeiro, a autora enumera oito fatores que levaram à queda do muro. Dá uma dimensão mais ampla do processo. No segundo, Hobsbawm situa criticamente as consequências do fim da guerra fria.

Numa das partes mais interessantes da entrevista de Eric Hobsbawm, quando a Folha questiona se a queda do muro representou o colapso do pensamento de esquerda, o historiador britânico responde convicto:

"Ela simbolizou, mas não foi a causa, da crise do pensamento de esquerda, que já vinha desde os anos 1970. Estritamente falando, ela apenas demoliu a crença de que o socialismo de corte soviético (economia planificada comandada por um Estado centralizador que eliminou o mercado e a iniciativa privada) era uma forma factível de socialismo.

Na verdade, como foi a única tentativa de realizar o socialismo na prática, seu fracasso desencorajou os socialistas como um todo -embora a maior parte deles tenha sido crítica do sistema soviético.

Entretanto as raízes da crise da esquerda retrocedem ainda mais. Ela ainda não chegou ao fim, mas o colapso do capitalismo financeiro global em 2008-9 -que foi uma espécie de queda do Muro de Berlim para a ideologia neoliberal- oferece uma chance de reabrir as perspectivas para a esquerda. Mas, espera-se, em uma base mais realista do que no passado."

Ambos os textos da Folha estão acessíveis só para assinantes. Mas gratuitos e disponíveis para baixar estão seis artigos da Revista Espaço Acadêmico - no. 102, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) - no especial "Dossiê - Muro de Berlim 20 anos". Sao cientistas sociais refletindo sobre esse momento histórico abordando variados aspectos. Acesse aqui. E boa leitura.

domingo, 8 de novembro de 2009

Mais imagens da barbárie sarneyzista no lançamento de Honoráveis Bandidos


O Blog de Márcio Santos - Acorda Alice traz uma excelente contribuição para comprovar, por definitivo, o vínculo entre os "estudantes" que promoveram o quebra-quebra no lançamento do livro Honoráveis Bandidos e o grupo Sarney.

Márcio Santos publica as fotos dos dois principais "cabeças" do quebra-quebra ao lado de nada mais, nada menos, de Roseana Sarney e de José Sarney. Confira
aqui as fotos e o texto "O PMDB de Roseana Sarney foi o grande patrocinador da baixaria armada para impedir o lançamento do livro Honoráveis Bandidos em São Luís" de Acorda Alice.

Abaixo, novas imagens da barbárie sarneyzista.




DE VOLTA AO CHICOTE

Por Haroldo Saboia

Em vários artigos deste espaço semanal do JP, tenho tentado demonstrar o caráter verdadeiramente obsessivo de José Sarney em distorcer a história, falseá-la sempre na tentativa de fixar sua imagem como a de um político moderno, tolerante, magnânimo e, ao longo de sua vida, comprometido com os ideais democráticos.

Sarney tem plena consciência de sua mediocridade como poeta e literato. Sabe perfeitamente das vicissitudes e da verdadeira dimensão de sua carreira política. Aparentemente vitoriosa, sua trajetória não revela uma liderança popular, um líder carismático, um profissional liberal ou intelectual elevado à condição de homem público.

Não! Os momentos relevantes de seu percurso expõem as marcas da trapaça, da esperteza, dos golpes, das traições, do absoluto descompromisso com a História e a coisa pública. Vejamos:

- a fraude eleitoral da famosa 41ª. zona (“esta é do Zé, meu filho”) que lhe assegurou uma suplência de deputado federal;

- a mudança do PSD para a UDN que lhe permitiu em 1960 transitar livremente pelos setores mais conservadores da política nacional que apoiavam Jânio Quadros (com Carlos Lacerda, forte no Rio de Janeiro, Magalhães Pinto em Minas, e o próprio Jânio, majoritário em São Paulo) sem romper com o poder estadual vitorinista. Explico: Sarney em 1960 apoiou dois pólos partidários: no Maranhão, o PSD, com os vitorinistas e seu candidato ao Governo Newton Bello, franco favorito; nacionalmente, o outro lado, a UDN, que elegeu Jânio Quadros e abriu o caminho ao golpe militar de l964;

- Sarney foi, assim, um político de TRÊS VIAS: do poder local vitorinista e pessedista; do populismo conservador de Jânio Quadros e da UDN golpista, com suas vivandeiras que estimularam e deram sustentação civil ao golpe militar;

- político por natureza governista e fisiológico, Sarney nas TRÊS VIAS que circulava ia empregando parentes, amigos, aderentes e correligionários. Sempre com um olho nos quartéis, outro nos tribunais... ;

- em l965, enfim veio a coroação da tática das TRÊS VIAS: o general João Batista Figueiredo, chefe da Casa Militar do ditador-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, proibiu expressamente, em audiência pessoal com o governador Newton de Barros Bello, que o PSD apoiasse o candidato, até então favorito, Renato Archer Bayma da Silva, deputado federal contrário ao golpe militar. (Por favor, não relacione, o fato que acabo de narrar, com a vinda recente de José Dirceu a São Luis, os tempos e o regime são outros e as práticas, bem... discutiremos depois);

- Newton Belo cedeu e o velho PSD lançou o ex-prefeito nomeado de São Luis Costa Rodrigues. Com dois candidatos, Costa Rodrigues e Renato Archer, a estrutura de poder local se dividiu e Sarney, traindo suas origens, graças ao apoio dos militares do Planalto e toda sorte de pressão, ameaças, chantagens, fraudes de todo o tipo, consegue ser eleito governador: nascia a nova oligarquia;

- as lentes de Glauber Rocha (que enigmáticas, ainda estão, penso, à espera de várias e várias análises e interpretações) fixaram o início desse ciclo oligárquico que germinou no nascedouro do regime militar. Lembro, a propósito, dois importantes estudos que fazem referências à presença do cineasta em terras maranhenses, naquele momento. O primeiro, ”Formação Social do Maranhão: o presente de uma arqueologia”, - trabalho de mestrado de Rossini Correa, defendido em 1982 na Universidade Federal de Pernambuco, (em especial, o capítulo oitavo); e, o importante “Sob o signo da morte: o poder oligárquico de Victorino a Sarney”, dissertação de Mestrado obtido na Universidade de Campinas (Unicamp), em 2001, pelo professor Wagner Cabral da Costa.

Aqui estão elencadas passagens do início da construção oligárquica. Sequer abordamos (nem o espaço possibilitaria) seu desenvolvimento posterior até sua consolidação com a ascensão bacteriana do personagem à Presidência da República.

Só, assim, poderemos entender, minimamente, as cenas de terror orquestradas pelo atual presidente do Senado da República na tentativa de impedir o lançamento do livro “Honoráveis Bandidos: um retrato do Brasil na era Sarney”.

Entendi ser necessário recuar no tempo e pesquisar o ovo da serpente, as origens da barbárie tão viva e presente no auto-proclamado Oligarca da Liberdade.


Sim, o próprio José Sarney teve a audácia de publicar, em seu jornal “O Estado do Maranhão”, um artigo de página inteira, com o pseudônimo Gilberto Meneses, com o título “O OLIGARCA DA LIBERDADE”.

Sabem em que data? Curiosa e cruel coincidência: 4 de novembro de 1990. Após exatos 19 anos, o atentado no Sindicato dos Bancários!


Um pseudônimo como biombo, Sarney solta o verbo:

“Por uma disposição inexcedível de sua índole tolerante e perseverante na indulgência, Sarney nunca soube usar da crueldade na apreciação dessa matéria complexa, plena de ambivalências, sujeita a mutações tão imprevisíveis, que é a natureza humana.”

E prossegue Sarney em seu auto-elogio:

“Com a virtuosidade de todo verdadeira artista da política, Sarney prosseguiu em sua rota, sem se deixar abater pelas misérias e fraquezas dos homens, convicto de que na vida pública a mais ruinosa e nefasta das posturas é ser pequeno”.

Só alguém que tem a coragem de proclamar-se “oligarca da liberdade”, tolerante, perseverante na indulgência, incapaz de usar da crueldade... pode ter o refinamento, a meticulosidade de agir com a sutileza e a complexidade de Sarney ao construir tramas como a de Reis Pacheco, do processo-trapaça que cassou Jackson e, sua mais recente obra, o atentado à Palmério Dória e seus leitores.


“Com a virtuosidade de todo verdadeiro artista da política”, Sarney (que como Hitler pinta telas) armou o abortado ato terrorista da noite de autógrafos no Sindicato dos Bancários, utilizando jovens remunerados (pelo menos um deles comissionado pela cumplicidade do Prefeito Luis Fernando, de Ribamar). E muito provavelmente com a cobertura (os indícios são fortíssimos) de membros do Serviço Velado da Policia Militar, presentes no ato em manifesta postura de coordenadores.

O DNA de Sarney é visível na edição de quinta- feira de seu jornal O Estado do Maranhão e em comentários veiculados pelos blogues de dois repórteres de política de sua empresa.


Enquanto o jornal ignora o episódio, o blogue de um afirma que “na realidade o lançamento dos Honoráveis Bandidos em São Luis não passa de uma provocação”, enquanto outro acusa textualmente um Secretário de Estado do Governo Roseana Sarney de patrocinar e coordenar o atentado.

Coisas do Sarney! Para confundir, ora silencia (1), ora faz a defesa da “ação” (2), ora aponta um responsável como bode expiatório (3).

Em outras palavras: silenciosamente, atira a pedra e tenta esconder a mão!

Vale lembrar que no episódio da invasão pela Policia Federal do escritório da empresa Lunnus de propriedade de Roseana e Jorge Murad, Sarney também recorreu à violência e ao terrorismo.

Determinou que aliados seus tentassem dissolver com pedras e pauladas ato público na Praça Deodoro, no início de maio 2001, em que manifestantes exigiam rigorosa apuração do caso Lunnus. Verdadeiras hordas de vândalos, transportados por ônibus fretados, promoviam a baderna e a intimidação comandadas pessoalmente pelos deputados Max Barros e Telma Pinheiro, e ainda pelo falecido vereador Sebastião do Coroado.

Max, Telma e Sebastião juntos em um verdadeiro sincretismo de terror e violência ao sabor dos caprichos do velho oligarca Sarney, o poeta do chicote.