Neste vídeo do Diretório Municipal do PSOL de São Luís, Sônia Guajarara, Wagner Baldez (87 anos, alfabetizado por Maria Aragão) e ativistas sociais reforçam o nosso grito para este 31 de Março de 2019: DITADURA NUNCA MAIS!
Vamos repudiar o golpe civil-militar que colocou o Brasil em 21 anos de Ditadura. Em memória dos que tombaram nos porões da tortura e em homenagem aos que resistiram pela construção da Democracia brasileira, às ruas e redes, praças e caminhadas, debates e panfletagens, companheiras e companheiros!
DOM | 31M às 10h
Tribuna Livre Marielle, na praça Benedito Leite, na Feirinha da Cidade, com adesivaço e caminhada do silêncio.
📍Ponto de Encontro: em frente à Igreja da Sé | Às 10 horas
Um minuto de silêncio e vários gritos de DITADURA NUNCA MAIS, praça Benedito Leite (no domingo, 31/3)
DOM | 31M às 15h
Debate-depoimentos "O que sobrou da ditadura e os novos autoritarismo", com Joãozinho Ribeiro, Helena Heluy, Arleth Borges e Joisiane Gamba.
📍Onde: praça do Letrado (Vinhais) | Às 15 horas
QUA | 3Abr às 17h30
Mesa-redonsa "Ditadura nunca mais", com Josefa Batista Lopes, Arleth Borges, Wagner Cabral e Francisco Gonçalves, sob promoção da APRUMA.
📍Onde: auditório setorial do CCH (UFMA) | Às 17h30min
QUA | 4Abr às 9horas
Mesa-redonsa "Censura às artes na ditadura militar no Maranhão e na atualidade", com Alexandre de Albuquerque (artista, ex-pesquisador da Comissão Nacional da Verdade) e Murilo Santos (cineasta, ex-perseguido político), sob promoção do C.A de Artes Visuais.
📍Onde: Hall do CCH (UFMA) | Às 9h
TER | 12Abr às 17h
Exibição do filme "Batismo de Sangue", seguido de debate com Marcus Baccega (Depto. História/UFMA) e Joana Coutinho (Depto. Sociologias/UFMA).
📍Onde: auditório Ribamar Caldeira do CCH (UFMA) | Às 17horas
Cara
leitora, caro leitor, permito-lhe pular a leitura dos três próximos parágrafos
deste artigo: são realmente desumanos os
casos relatados... Trata-se de registros cruéis do que foi a prática da
tortura no tempo da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), no seu
período mais duro. São registros feitos no livro “Brasil Nunca Mais” (da
Arquidiocese de São Paulo), coletados pela Comissão Nacional da Verdade e
depoimentos levados ao ar, ao final de cada capítulo da novela “Amor e
Revolução”, no ano de 2011. Dos quais, destaco estes:
Exemplo
1 de tortura pela Ditadura, uma atrocidade – Depoimento de Jarbas Marques na
televisão, ao final da novela citada: ele foi torturado nu, com cobra e um
jacaré de 1m20cm. Foi usado como cobaia em aula de tortura. Viu uma barata ser
colocada na vagina de uma mulher, que estava sendo torturada no pau de arara. Viu
um preso enlouquecer com as torturas tendo desvio de coprofagia (comia as
próprias fezes). Sofreu tortura sexual e teve éter introduzido no ânus: “A
sensação do éter no ânus é que eu ia ter um edema de glote, por que minha
língua inchou que parecia a língua de um boi...” Antes de qualquer reação, pense, caro/a leitor/a: esse torturado
poderia ter sido seu pai!
Exemplo
2 de tortura pela Ditadura, uma monstruosidade – Depoimento de Maria Amélia
Teles: torturada por Brilhante Ustra (aquele militar, exaltado pelo presidente
Bolsonaro), ela foi à chamada “cadeira de dragão”, uma cadeira de ferro, onde
se amarrava a pessoa por braços e pernas e se aplicava eletrochoques de 220
volts, com eletrodos e fios elétricos nos órgãos genitais, orelhas, nariz. Ela
sofreu tortura física, sexual e psicológica: “Trouxeram
meus filhos para me ver. E um deles, de cinco anos, perguntou por que eu estava
com a cor azul... eu, na verdade, estava toda roxa, após uma noite toda de
tortura, com choque elétrico no ânus, na vagina, na boca... estava cheia de
hematomas...” Antes de qualquer reação, pense, caro/a
leitor/a: essa torturada poderia ter sido sua mãe!
Exemplo
3 de tortura pela Ditadura, uma barbaridade – Depoimento de Derlei Catarina de
Luca - PRESA POR ENGANO! Foi torturada, dias e noites, no pau de arara, com
choques elétricos, porque achavam que ela seria uma procurada pelo regime, a agitadora
Maria Aparecida Costa. Danrlei não era “terrorista”, não era filiada a partido,
não militava contra o regime... Apenas foi confundida com outra pessoa... “Recebi
muitos choques... só parou quando desconfiaram que eu não seria a pessoa que
procuravam e decidiram averiguar a minha documentação com as minhas impressões
digitais... só aí concluíram que tinham se enganado...” Antes de qualquer reação, pense, caro/a leitor/a: essa torturada
poderia ter sido sua filha, sua irmã!
Fico
nesses três brutais exemplos, apenas para tentar chamar a atenção dos que não
leram, ouviram falar ou não têm qualquer conhecimento desse período ocorrido no
Brasil e ficam a propagar sem noção um “viva à Ditadura Militar!”
Nesse
período, de 30 a 50 mil pessoas foram presas ilicitamente e torturadas (o
instrumento do habeas corpus foi extinto nesse período); 4.841
pessoas punidas com a perda de direitos políticos, aposentados, demitidos do
trabalho; 3.783 funcionários públicos foram perseguidos e demitidos ou
compulsoriamente aposentados, dos quais 72 professores e 61 pesquisadores de
nossas universidades.
De
tais números e diversos casos, um dele foi reconhecido pela Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, que concluiu pela condenação do Estado
brasileiro pela tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nas
dependências do DOI/CODI, centro de tortura em São Paulo.
Por
tudo isso e muito mais, o 31 de março de 1964, na verdade, o golpe militar de
1º de abril de 1964, o Dia da Mentira (mas ficaria uma piada pronta, no
primeiro de abril se aplicar um golpe militar sob o argumento de que se estava
salvando a democracia no País!!), não pode ser exaltado, comemorado ou
rememorado sob a ótica defendida pelo presidente da República Jair Bolsonaro.
Seria um escárnio com a vida desses milhares de torturados e perseguidos pela
Ditadura Militar.
Três
vivas, sim: à Defensoria Pública da União! À juíza federal Ivani Silva da Luz!!
Às 19 seções estaduais do Ministério Público Federal que repudiaram essa
tentativa de comemoração do golpe contra nosso Estado Democrático de Direito. A
primeira entrou com ação civil pública contestando a moralidade e legalidade do
ato presidencial. A segunda deu razão e deferiu favoravelmente o pedido da DPU.
A nota dos 19 MPF´s nos estados (entre os quais está o do Maranhão e, vejam,
não está o do Paraná, da operação Lavajato...), a convicção de que há vozes
contrárias às ações que desconstruam nosso pacto democrático e nossa
Constituição de 1988.
Ações
relevantes, por estamos num tempo em que é preciso, para que não se esqueça de
e para que nunca mais aconteça, dizer bem alto: DITADURA NUNCA MAIS!!!
(*) Franklin
Douglas – professor e doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com