domingo, 20 de abril de 2014

CRÔNICA DE UMA DERROTA ANUNCIADA?

Foto: CRÔNICA DE UMA DERROTA ANUNCIADA?

Franklin Douglas

Primeira afirmação: "Ele errou ao decidir vincular sua candidatura a do PSDB".

Segunda afirmação: "Num estado que tem o maior contigente de beneficiários dos programas sociais e do Bolsa-Família, ir para o palanque dos que chamam esse programa de bolsa-esmola é um suicídio. É o que ele está cometendo".

Terceira afirmação: "No Maranhão, Lula obteve a segunda maior votação no Brasil. O conjunto desse eleitorado não é Lula+Sarney, existe uma parcela significativa Lula+antissarney. Ao optar pelo tucano, ele abriu mão de disputar esse eleitorado"

Quarta afirmação: "Lula é Sarney. Onde Lula estiver, a gente tem que estar do lado contrário. Ele está certo, vamos com o PSDB".

Não, cara leitora, caro leitor, ao contrário do que parece, o ele em destaque não se trata de Flávio Dino, como o fato político da semana (a declaração de apoio do tucano Aécio Neves ao pré-candidato do PCdoB) dá a entender.

Refere-se, na verdade, a Jackson Lago, ex-governador, cassado em 2009, quando optou, na eleição de 2010, ao fechar aliança com José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, naquele ano.

A chapa de Jackson teria como candidatos a senadores o deputado federal Roberto Rocha e o ex-ministro do STJ Edson Vidigal, ambos, então, tucanos, unindo PDT, PSDB e PTC, na coligação "O povo é maior".

A tática eleitoral resultou em 73% dos votos em Imperatriz, 15% dos votos em São Luís, as duas cidades administradas por tucanos (Sebastião Madeira e João Castelo), e num total de 19,54% dos votos ao final do primeiro turno, ficando atrás do outro candidato oposicionista vinculado ao lulismo, Flávio Dino (PCdoB-PSB-PPS), que alcançou o segundo lugar com 29% dos votos. Sob suspeita de fraude, a candidata da oligarquia levou a eleição no primeiro turno.

A soma dos dois candidatos instalados no condomínio do Planalto (Roseana - 50,08%; e Dino - 29,4%) teve cerca de 9% a mais que a quantidade de votos dados a Dilma no Maranhão - 70,5%, a maior votação obtida no país. No segundo turno, exatamente o mesmo percentual: Dilma totalizou 79,09% dos votos. Serra ficou com 15,09%, no primeiro turno, e 20,91%, no segundo turno.

Há outros elementos a acrescentar à análise, tais como: a intervenção do PT nacional no PT maranhense, forçando a coligação com Roseana; o uso, pelo candidato do PCdoB,  de que o candidato do PDT teria seu registro cassado, por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa - o que não aconteceu; a cristianização de Jackson, abandonado por sua coligação e empresários aliados que se afastaram do candidato no desenrolar do processo eleitoral; o "pragmatismo" dos prefeitos das cidades do interior e dos vereadores da capital, em sua maioria retornando à base da oligarquia, após a volta de Roseana via o golpe judiciário de 2009; o desgaste dos dois anos de governo da Frente de Libertação do Maranhão; a excelente performance do candidato do PCdoB na capital, fruto da quase vitória em 2012, evitada pelo (desastroso) apoio dado pelo PDT de Jackson à eleição de Castelo; dentre outros pontos.

Mas para a variável isolada em análise, o fato é que a tática eleitoral de unir-se aos tucanos para garantir a eleição no Maranhão é um equívoco já devidamente evidenciado pelo resultado das eleições passadas. Como corretamente avaliaram, naquela ocasião, dirigentes das correntes das alas antissarneysistas no PT, responsáveis pelas duas primeiras afirmativas no início deste artigo, e um alto comandante da campanha comunista, autor da terceira afirmação. E errou feio um alto dirigente pedetista, autor da quarta afirmação, que herdaria o controle partidário pós-Lago e, sem pudor algum, depois de votar em Serra, comporia o governo Dilma.

O que mudou? Estruturalmente nada. Eleitoralmente há um cenário de fragilização da coligação nacional, mas que não se reflete no Maranhão. Estadualmente, há um favoritismo oposicionista que não é inédito na história política maranhense, e foi revertida pela oligarquia a partir dos erros das oposições. Especialmente daquela que, vocacionada para ser oposição de esquerda, sucumbiu ao atalho fácil como o caminho para ganhar uma eleição, e se tornou uma oposição conservadora, de viés de direita: no projeto e nas alianças eleitorais.

Estaríamos, uma vez mais, diante da crônica de uma derrota anunciada?

Em tempo: o título deste artigo parafraseia o nome de um dos livros de Gabriel Garcia Marques- Crônica de uma Morte Anunciada, de 1981. Por ele, minha homenagem aquele que foi o abre-alas de literatura latino-americana para o Mundo. Partiu em 17/04/2014, aos 87 anos, mas deixou o legado de seu "realismo fantástico", neste tempos em que as atuais gerações tomam gosto pela literatura a partir de um "fantástico irrealismo".

Artigo aqui:
http://ecosdaslutas.blogspot.com.br/2014/04/cronica-de-uma-derrota-anunciada.html  
Franklin Douglas (*) 



Primeira afirmação: "Ele errou ao decidir vincular sua candidatura a do PSDB".
Segunda afirmação: "Num estado que tem o maior contingente de beneficiários dos programas sociais e do Bolsa-Família, ir para o palanque dos que chamam esse programa de bolsa-esmola é um suicídio. É o que ele está cometendo".
Terceira afirmação: "No Maranhão, Lula obteve a segunda maior votação no Brasil. O conjunto desse eleitorado não é Lula+Sarney, existe uma parcela significativa Lula+antissarney. Ao optar pelo tucano, ele abriu mão de disputar esse eleitorado".
Quarta afirmação: "Lula é Sarney. Onde Lula estiver, a gente tem que estar do lado contrário. Ele está certo, vamos com o PSDB".
Não, cara leitora, caro leitor, ao contrário do que parece, o ele em destaque não se trata de Flávio Dino, como o fato político da semana (a declaração de apoio do tucano Aécio Neves ao pré-candidato do PCdoB) dá a entender.
Refere-se, na verdade, a Jackson Lago, ex-governador, cassado em 2009, quando optou, na eleição de 2010, por fechar aliança com José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República, naquele ano.
A chapa de Jackson teria como candidatos a senadores o deputado federal Roberto Rocha e o ex-ministro do STJ Edson Vidigal, ambos, então, tucanos, unindo PDT, PSDB e PTC, na coligação "O povo é maior".
A tática eleitoral resultou em 73% dos votos em Imperatriz, 15% dos votos em São Luís, as duas cidades administradas por tucanos (Sebastião Madeira e João Castelo), e num total de 19,54% dos votos ao final do primeiro turno, ficando atrás do outro candidato oposicionista vinculado ao lulismo, Flávio Dino (PCdoB-PSB-PPS), que alcançou o segundo lugar com 29% dos votos. Sob suspeita de fraude, a candidata da oligarquia levou a eleição no primeiro turno.
A soma dos dois candidatos instalados no condomínio do Planalto (Roseana - 50,08%; e Dino - 29,4%) teve cerca de 9% a mais que a quantidade de votos dados a Dilma no Maranhão - 70,5%, a maior votação obtida no país. No segundo turno, exatamente o mesmo percentual dados a Roseana e Flávio no primeiro turno: Dilma totalizou 79,09% dos votos. Serra ficou com 15,09%, no primeiro turno, e 20,91%, no segundo turno.
Há outros elementos a acrescentar à análise, tais como: a intervenção do PT nacional no PT maranhense, forçando a coligação com Roseana; o uso, pelo candidato do PCdoB, de que o candidato do PDT teria seu registro cassado, por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa - o que não aconteceu; a cristianização de Jackson, abandonado por sua coligação e empresários aliados que se afastaram do candidato no desenrolar do processo eleitoral; o "pragmatismo" dos prefeitos das cidades do interior e dos vereadores da capital, em sua maioria retornando à base da oligarquia, após a volta de Roseana via o golpe judiciário de 2009; o desgaste dos dois anos de governo da Frente de Libertação do Maranhão; o excelente desempenho do candidato do PCdoB na capital, fruto da quase vitória em 2008, evitada pelo (desastroso) apoio dado pelo PDT de Jackson à eleição de Castelo; dentre outros pontos.
Mas para a variável isolada em análise, o fato é que a tática eleitoral de unir-se aos tucanos para garantir a eleição no Maranhão é um equívoco já devidamente evidenciado pelo resultado das eleições passadas. Como corretamente avaliaram, naquela ocasião, dirigentes das correntes das alas antissarneysistas no PT, responsáveis pelas duas primeiras afirmativas no início deste artigo, e um alto comandante da campanha comunista, autor da terceira afirmação. E errou feio um alto dirigente pedetista, autor da quarta afirmação, que herdaria o controle partidário pós-Lago e, sem pudor algum, depois de votar em Serra, comporia o governo Dilma.
O que mudou? Estruturalmente nada. Eleitoralmente há um cenário de fragilização da coligação nacional, mas que não se reflete no Maranhão. Estadualmente, há um favoritismo oposicionista que não é inédito na história política maranhense, e, em outras oportunidades, já foi revertido pela oligarquia, a partir dos erros das oposições. Especialmente daquela que, vocacionada para ser oposição de esquerda, sucumbiu ao atalho como o caminho fácil para ganhar uma eleição, e se tornou uma oposição conservadora, de viés de direita: no projeto e nas alianças eleitorais.
Estaríamos, uma vez mais, diante da crônica de uma derrota anunciada?

Em tempo: o título deste artigo parafraseia o nome de um dos livros de Gabriel Garcia Marques- Crônica de uma Morte Anunciada, de 1981. Por ele, minha homenagem aquele que foi o abre-alas de literatura latino-americana para o Mundo. Partiu em 17/04/2014, aos 87 anos, mas deixou o legado de seu "realismo fantástico", neste tempos em que as atuais gerações tomam gosto pela literatura a partir de um "fantástico irrealismo".



(*) Franklin Douglas -  jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 20/04/2014, opinião - p. 03

quarta-feira, 2 de abril de 2014

PSOL: prisão de Coronel Melo é mais uma arbitrariedade do (des)governo Roseana Sarney





NOTA PÚBLICA:
PRISÃO DO CORONEL MELO É MAIS UMA ARBITRARIEDADE DO (DES)GOVERNO ROSEANA SARNEY!
Todo apoio à greve dos Policiais Militares e Bombeiros do Maranhão!
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) REPUDIA a prisão do Coronel da Polícia Militar do Maranhão, Francisco Melo, na data de hoje, ordenada pelo Comando da Polícia Militar deste mesmo Estado.
Até o momento, a única resposta dada pelo Governo do Estado para as reivindicações não atendidas, desde a greve de 2011, são prisões, ameaças a familiares, escutas telefônicas e outras modalidades de retaliações para criminalizar e reprimir o movimento grevista, deflagrado pelos policiais e bombeiros militares.
O PSOL reafirma seu compromisso político com a luta travada por policiais e bombeiros pela democratização e pela integração das polícias, o que significa enterrar o lixo autoritário representado pelos estatutos e regimentos que orientam um modelo de hierarquia e disciplina ultrapassado.
AFIRMAMOS como legítimo e necessário o movimento deflagrado pelos policiais e bombeiros militares do Estado do Maranhão, numa conjuntura em que a pauta da segurança pública se coloca na ordem do dia, apesar da indiferença e do autoritarismo do governo Roseana Sarney.
DENUNCIAMOS o governo Roseana Sarney por sua omissão em relação aos direitos dos policiais e bombeiros militares do Estado, que reivindicam hoje o Código de Ética, a Lei de Promoção, carga horária, constantes do acordo de 2011, jamais cumprido, e anistia para os grevistas.
TODO APOIO À GREVE DOS POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES DO MARANHÃO!


São Luís (MA), 1º de abril de 2014.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

terça-feira, 1 de abril de 2014

50 anos de uma mentira - o golpe foi em defesa da Democracia...

http://hugo-freitas.blogspot.com.br/search?updated-max=2014-04-01T15:53:00-03:00&max-results=5

A imagem acima, "pesquei" do blog do Hugo Freitas (como ele diz). Dois textos de autoria dele são de boa leitura sobre o fato histórico.

Carlos Leen também tem produzido boas postagens sobre o Golpe de 64, confira aqui.

Sobre o papel da Rede Globo na legitimação dos governos dos generais, Luiz Carlos Azenha traz uma entrevista com César Bolaño - aqui.

Mas vem de um projeto viabilizado por estudantes de Jornalismo da FAMECOS (PUC/RS) o que considero a melhor Cronologia do Golpe. Registrado via Twitter, após extensa pesquisa histórica, o 
perfil Cronologia do Golpe expõe o desenrolar dos fatos em torno do Golpe Militar de 1964.

Vale a pena conferir em Cronologia do Golpe - @golpe1964.

Naquele 31 de março e 1º de abril, a maior mentira da História do Brasil: um golpe militar em defesa da democracia no país. Abaixo, como a mentira foi contada pelos jornais da época:

Capa da Folha de São Paulo é dedicada ao avanço militar da rebelião.

Folha de São Paulo, 1º de abril de 1964.




Jornal do Brasil também pede renúncia de Jango e acusa apoiadores do governo de invadirem a redação

Jornal do Brasil, 1º de abril de 1964

Correio da Manhã publica editorial intitulado "Fora!", exigindo a renúncia de Jango.

Correio da Manhã de 1º de abril de 2014.