domingo, 15 de novembro de 2009

1989: há 20 anos no Maranhão era assim...



15 de novembro de 1989. Há 20 anos o Brasil elegeu, pelo voto direto, o primeiro presidente da República após a Ditadura Militar.

No plano nacional muito mudou em relação aos personagens que disputaram aquela eleição. É o que lembra o repórter Fernando Rodrigues, na Folha de São Paulo deste domingo:


"Eleição de 89 foi "ensaio geral" democrático. Partidos e imprensa estavam desacostumados a evento de tal magnitude, após 29 anos sem voto direto para presidente. Campanha lançou bases da política de hoje, com uso de siglas nanicas para engordar tempo de TV e a ausência de projeto nacional do PMDB" (leia aqui, só para assinantes)

E anotam os repórteres Rodrigo Vizeu e João Paulo Godim:

"Passados exatos 20 anos do primeiro turno da eleição presidencial de 1989, a trajetória de alguns dos principais personagens mostra o que mudou no cenário político brasileiro.

Fernando Collor, então no PRN, foi ao segundo turno com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem derrotou em 17 de dezembro numa disputa que teve lances de golpe baixo.

Collor chegou a exibir na TV Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, dizendo que o petista lhe ofereceu dinheiro para abortar. Hoje senador pelo PTB, Collor é da base da apoio do presidente Lula.

"Três personagens importantes continuam em cena: Lula, Collor e [o então presidente José] Sarney. Lula era contra os outros dois e os dois candidatos eram contra Sarney. Hoje os três estão juntos", resume Fernando Gabeira (PV-RJ), também candidato em 1989.

O empresariado, que hoje tem boa relação com o presidente, temia o radicalismo petista e preferia a plataforma liberal de Collor e Guilherme Afif Domingos (PL). "Com sua barba comprida à la Fidel, Lula inspirava medo", diz Paulo Maluf (PP-SP).

O marketing político engatinhava. Affonso Camargo, então no PTB, usava o humorista Tião Macalé no horário eleitoral.

A desorganização das campanhas também existia na legislação eleitoral. Temido pelos líderes nas pesquisas por sua popularidade, o apresentador Silvio Santos entrou na disputa a 15 dias da votação. Ele criou uma versão eleitoral da música "Silvio Santos vem aí". A candidatura foi impugnada às vésperas da eleição." (leia mais aqui)

Nestes 20 anos alguns que estavam no centro dessa história já se foram, a exemplo de Ulisses Guimarães (candidato do PMDB), Leonel Brizola (PDT), Mário Covas (PSDB) e Aureliano Chaves (PFL).

E NO MARANHÂO?
Por aqui também houve mudanças nas trajetórias de alguns políticos em relação a 1989. Vejamos:

1. Collor foi no primeiro e no segundo turno apoiado por João Castelo (ambos PRN). Collor (PTB)virou aliado de Lula, Castelo no PSDB trabalha para derrotar o PT em 2010, com Serra;

2. Lula desde o primeiro turno já recebera um apoio velado dos Sarneys (distribuídos entre PMDB e PFL) - cristianizando tanto Ulisses quanto Aureliano. Nenhuma declaração ou aparição pública de quaisquer do clã. Também não convinha a ambas as partes. Mas as bases sarneizistas do interior do estado foram em massa para Collor. Passados 20 anos, Lula e Sarneys andam em lua de mel. Sonham em ter PT e PMDB juntos em 2010 no Maranhão.

O PT maranhense, em sua maioria, resiste e se mantém anti-sarneyzista. Neste período, o PT perdeu militância para o PSTU (a então tendência Convergência Socialista sairia e levaria, dentre outros, Marcos Silva e Noleto) e para ao PSol (onde militantes com Paulo Rios, Valdeny Barros e Saulo Arcangeli deixariam o partido);

3. O PDT de Jackson Lago fez uma grande campanha para Brizola. No segundo turno, foi de Lula. 20 anos depois Jackson é o principal candidato da oposição a Roseana Sarney para 2010;

4. O PMDB de Haroldo Saboia segurou e foi até o fim na campanha de Ulisses Guimarães no primeiro turno. No segundo, apoiaria Lula. O PMDB acabou tomado pela oligarquia. Haroldo Saboia posiciona-se no PDT, após passagem pelo PT nos anos 1990;

5. O PL de Sérgio Tamer defendeu a candidatura de Afif Domingos. No segunto turno, foi de Collor. Desapareceu enquanto partido e suas lideranças se realinharam ao grupo oligárquico, onde tiveram origem;

6. Roberto Freire contou com o apoio da única vereadora do PCB na capital, Simone Macieira. No segundo turno, também foi de Lula. 20 anos depois, o PCB ressurgiu no Maranhão, após a divisão que originou o PPS. Simone abandonou a política e o PCB manteve-se na oposição. O PPS surgido vai de acordo com o vento...

7. PV de Gabeira não existia politicamente no Maranhão. Hoje, está sob comando do deputado federal Zequinha Sarney.

E assim caminhou a política maranhense nos últimos 20 anos.

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