sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Artigo - Wagner Cabral: O QUE ESTÁ EM JOGO NO MARANHÃO EM 2010?

Vivemos os momentos decisivos da mais longa campanha política do Maranhão, a qual foi iniciada, na prática, com o “golpe judiciário” de abril de 2009, que instaurou o governo ilegítimo de Roseana Sarney. Temos destacado em nossas análises que, do ponto de vista democrático, a questão crucial da política estadual é o enfrentamento da mais velha (e hoje, única) oligarquia do Brasil. Nefasta oligarquia cuja manutenção no poder sempre esteve atrelada a alguns fatores primordiais:

1. a relação parasitária com o governo federal, primeiro com a ditadura militar, ontem com FHC e o PSDB, hoje com Lula, o PT e Dilma.

2. o abuso de poder político e econômico, expresso no uso da máquina pública, no clientelismo, na compra de votos, na cooptação política (hoje, de setores do PT), na fraude, em manobras junto à justiça eleitoral, na manipulação de pesquisas [sobre os mistérios da pesquisa IBOPE desde 2006:http://u.nu/8q64f ].

3. o abuso de poder da mídia e da propaganda, para vender, a cada eleição, a promessa nunca cumprida de desenvolvimento social, enquanto sustenta um modelo econômico excludente, concentrador de renda e responsável pelos piores indicadores sociais do país. Em 1970, por exemplo, a oligarquia prometia um “milagre do Maranhão”, com a descoberta de petróleo em Barreirinhas, hoje (quarenta anos depois) são as promessas do gás e da refinaria em Capinzal e Bacabeira.

Do ponto de vistas das oposições, existem duas candidaturas competitivas (Jackson Lago e Flávio Dino), as quais, para se estabelecer como reais alternativas, necessitam dar resposta a três ordens de questões:

1. a defesa da RENOVAÇÃO na política, a começar pela alternância no poder, com a transformação dos costumes políticos e a afirmação da ÉTICA e da CIDADANIA.

2. o efetivo confronto com a família/máfia Sarney, numa postura anti-oligárquica que aponte para a democratização da política, com participação popular e dos movimentos sociais.

3. a proposta de um novo modelo de desenvolvimento, que amplie as melhorias sociais dos últimos anos (ação do governo federal) e promova a inclusão social, através de programas de geração de emprego e renda, com o apoio à agricultura familiar, à habitação popular e outras atividades.

Portanto, num cenário em que se desenha a realização de um 2º turno, a população maranhense será convocada às urnas em 03 de outubro (no 1º turno) para decidir em torno de duas linhas políticas (mas também de projetos econômico-sociais):

1. se vai votar pela RENOVAÇÃO política e a ALTERNÂNCIA no poder, ou se pela CONTINUIDADE da oligarquia e seu trem do atraso?

2. qual dos candidatos da oposição (Flávio Dino ou Jackson Lago), melhor representa os anseios de MUDANÇA (ética, política e econômica), bem como, por outro lado, reúne as condições para derrotar a oligarquia Sarney no 2º turno? Candidatos que devem ter, ainda, capacidade de estar unidos nesse mesmo 2º turno.

Dessas decisões/definições depende o futuro da população maranhense nos próximos anos. Alea jacta est (a sorte está lançada)!

E fica a pergunta: qual papel você pretende exercer nesse processo?

(*) Wagner Cabral – Historiador e Professor da UFMA.

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