quarta-feira, 29 de setembro de 2010

As oposições vencem Roseana Sarney no debate da Mirante


Abaixo, as impressões de Ecos sobre o debate entre os candidatos ao governo do Maranhão, ocorrido na noite de ontem, na TV Mirante:

1. Flávio Dino venceu e convenceu... que não é arrogante, que está mais preparado para governar, que melhor falou olhando paras as câmeras (portanto, falando direto ao eleitor/a), que sabe contornar perguntas espinhosas. Sendo o melhor no bloco de maior exposição (o primeiro), saiu-se melhor na busca do voto dos indecisos.
2. Jackson Lago surpreendeu pelo fraco desempenho... ao não repetir no debate a excelente performance de seu programa de televisão. Quando teve a sorte (no sorteio da primeira pergunta do debate e que escolheu a Roseana) de demarcar a polarização com a oligarquia, escolheu um tema que a Roseana ensaiou diversas vezes a resposta e, assim, deixou de “enquadrar” a adversária. Ademais, extrapolou diversas vezes seu tempo de fala, dando a impressão que não treinou os tempos de pergunta e resposta, olhou pouco para as câmeras nos dois primeiros blocos. Recuperou-se ao final do terceiro bloco mas, à cata dos indecisos, já era tarde demais: à meia-noite muitos já tinham ido dormir.
3. Marcos Silva amadureceu... dando a entender que está buscando dar uma inflexão da extrema esquerda para a esquerda a fim de ocupar o espaço deixado pelo PT, assumindo uma posição anti-oligárquica, sobretudo: não poupou Roseana (“mal preparada pelo Duda Mendonça”, “Não tem remorso de ter demitido pais de família quando privatizou a Cemar, Copema, BEM", “sua política de cultura é só para os que lhe bajulam”, “Chamo o Sarney para o debate” etc); apertou Jackson protocolarmente; e levantou a bola para Flávio por duas vezes (nos temas “segurança” – quando perguntado por Flávio – e “meio-ambiente” quando perguntou ao Flávio). Tarimbado em debates, olhava sempre para as câmeras buscando a atenção do eleitor/a, cumpria o tempo de fala e foi o melhor nos dois últimos blocos – mas também já tarde demais para fixar essa marca junto à maior audiência do início do debate.
4. Saulo assumiu o papel de franco-atirador... indispondo-se com o eleitorado de todos os demais e indecisos. Na difícil missão de mirar em Flávio, Jackson e Roseana ao mesmo tempo, perdeu-se no primeiro bloco na pergunta sobre educação infantil feita por Flávio para ele, bateu errado na política de esporte e de planejamento de Jackson Lago e se intimidou com o “me respeite” da Roseana, quando a encurralou na questão sobre saneamento. No papel de algoz de Flávio em sua política de aliança com Humberto Coutinho saiu-se bem, mas ficou a pecha de ter sido um inocente útil aos interesses da oligarquia. Neófito na seara, mesmo pouco olhando diretamente às câmeras, deixou a imagem de bom moço idealista que não tem medo de dizer as verdades doa a quem doer.
5. Roseana foi um (quase) desastre... safando-se bem da primeira abordagem de Jackson Lago, no primeiro bloco, errou ao escolher Flávio para perguntar: deu a chance do candidato do PCdoB desmontá-la na área da saúde (“Hospital não é fazer telhado e parede”, “desde 1992 não tem concurso na saúde”, “Upas são do governo Lula, a contrapartida do Estado é pouca” etc). No segundo bloco, ao ser questionada por Flávio repetiu seu mal desempenho, dando nova oportunidade para o candidato comunista lhe desconstruir (“A senhora apoiou FHC”, “Seu governo só coloca as placas nas obras do governo Lula”, “O Maranhão não é pobre governadora, é mal gerenciado”). Ao tentar se livrar da polarização com Dino e Lago, escolheu só Marcos e Saulo para as perguntas seguintes mas, já próximo da meia-noite, a marca já havia ficado de uma candidata nervosa (apelou por três para um inexistente direito de resposta, sendo desconsiderada pelo mediador do debate), dona da verdade (repetiu o “Você está equivocado” várias vezes quando contrariada em seus dados, mesmo os mais absurdos: de que melhorou os índices sociais, de saneamento e agricultura) e agressiva ao disparar o “Me respeite” por duas vezes, uma especialmente para cima do Saulo Arcangeli, quando encurralada pelos adversários. Não teve a ajuda dos seus concorrentes para sair de vítima, tentou apelar para a condição de mulher acoada por quatro candidatos homens, já no quarto bloco do programa, e quando foi muito bem, no último bloco, o das finais das considerações, "Inez já estava morta"! (já era quase uma da manhã).
A propósito, nas considerações finais saíram-se melhor Roseana, Marcos Silva e Flávio Dino. Saulo e Jackson extrapolaram seus tempos, não concluindo seus raciocínios.
O debate, portanto, serviu a quem melhor aproveitou o primeiro bloco. No mais, todos os candidatos mantiveram suas militâncias mobilizadas para a última semana de embate. Morno, o debate não se transformou em elemento incendiador da reta final, mas reforçou, através de seus candidatos, que o eleitorado oposicionista estará unido no segundo turno, apesar dos pesares.

Um comentário:

Luiz Noleto disse...

Quem ainda tinha alguma dúvida sobre a capacidade política de Marcos Silva do PSTU deve ter mudado de opinião no debate realizado pela TV Mirante, filial da Rede Globo, na noite de ontem. Muitos esperavam um Marcos Silva, candidato, atirando a esmo, mas viu um militante experimentado e sereno no enfrentamento a oligarquia e seus satélites políticos.

Os blogueiros da Mirante e seus, igualmente, satélites políticos estão estupefatos com Marcos Silva, dormiram nocauteados e acordaram atônitos. Assim com a candidata que virou picolé, os mesmos viram suas táticas desesperadas virarem pó. Divulgaram aos quatro cantos do estado que todos os candidatos de oposição teriam combinados bater só na candidata picolé, mas era tudo um grande blefe para blindar Roseana Sarney. Fizeram isso para pressionar Marcos Silva (PSTU) e Saulo Arcengeli (PSOL), os dois únicos realmente de esquerda, a bater em Jackson Lago e Flávio Dino mais do que na Dondoca.

Queriam ver Roseana tirando casquinha da esquerda em razão de sua indisfarçável incapacidade para debater política e esconder os quase cinqüenta anos de domínio oligárquico que levou o Maranhão a bater recordes e mais recordes de baixíssimos IDH. Marcos Silva foi implacável, sem perder a ternura. Fez diferença com Jackson Lago, principalmente relembrando suas gestões municipais desastrosas, não poupou Flávio Dino em sua equivocada proposta de aumentar a repressão policial no estado, mas foi na candidata da oligarquia que Marcos Silva, inequivocadamente, centrou suas críticas encurralando-a por diversas vezes, contrariando assim a tática dos blogueiros da Mirante e C.I.A. que jogaram verde para colher maduro a custa do PSTU.

Nessa manhã, basta dar uma olhadinha em seus blog’s para perceber que os mesmos e sua candidata a DONDOCA cultivaram maus de Marcos Silva nessa madrugada e agora devem está colhendo boas olheiras. Marcos Silva realmente um grande estrategista, por isso, um revolucionário imprevisível.

* por Hertz Dias ( candidato a vice-governador na chapa de Marcos Silva)