domingo, 12 de setembro de 2010

TEMPO DE FACTÓIDES

Por Franklin Douglas

Os nervos andam a flor da pele na campanha oligárquica. Mesmo com o aparelho do Governo do Estado, o abuso do poder econômico, o império midiático, a influência no poder judiciário, a manipulação no Tribunal de Contas, a maioria dos prefeitos, a mais ampla coligação de partidos (são 16!) e de candidatos a deputados, a ameaça ao empresariado local para que não faça contribuições financeiras aos candidatos oposicionistas, a chantagem da Presidência do Senado Federal, a genialidade de Duda Mendonça, as pesquisas do IBOPE, o PT subalterno, nada está dando certo!

Após a intervenção no PT maranhense, o maior e mais significativo apelo foi a Lula: nunca na história deste país um presidente foi tão usado e abusado pedindo votos para uma Sarney quanto agora em 2010.

É no programa eleitoral da TV: "Pra desenvolver o Brasil e o Maranhão, vote Dilma, vote na Roseana!";

É na inserção comercial: "Pra desenvolver o Brasil e o Maranhão, vote Dilma, vote na Roseana!";

É no programa de rádio: "Pra desenvolver o Brasil e o Maranhão, vote Dilma, vote na Roseana!";

É nas centenas de carro de som ecoando nos quatro cantos do Maranhão o Lula repetindo: "Pra desenvolver o Brasil e o Maranhão, vote Dilma, vote na Roseana!".

E assim se reproduz nas plotagens de carros, adesivos, panfletos, fachadas de comitês etc, etc...

NÃO FUNCIONA! O povo só atende Lula na primeira parte do recado: votar na Dilma.

Em todos os estados do Nordeste onde houve a conjugação de forças LULA + DILMA + PT + CANDIDATO AO GOVERNO DO ESTADO, os candidatos lulistas pegaram a onda Dilma e foram catapultados à liderança nas pesquisas. Em alguns casos, à vitória eleitoral já no primeiro turno. É o que ocorre em Sergipe – Marcelo Déda, 48%; na Bahia – Jacques Wagner, 49%; no Ceará – Cid Gomes, 61%; em Pernambuco – Eduardo Campos, 73%. Até onde Lula não é “deus”, nas regiões Sul e Sudeste, seu apoio alavanca Tarso Genro no Rio Grande do Sul (41%), Sérgio Cabral no Rio de Janeiro (58%) e Renato Casagrande no Espírito Santo (60%). Enquanto isso, seus adversários patinam entre os 17 e 20%.

Mas no Maranhão, não. Tal como o povo não acredita na união Collor e Lula em Alagoas (lá o eleitorado inclina-se para Dilma e Ronaldo Lessa), os maranhenses separam Dilma de Roseana como a água não se une com o óleo. Mesmo com todo esse aparato a oligarquia não ultrapassa os 49% dos votos, enquanto Dilma vai a quase 70%. É o que captam os mais variados institutos: Ibope (pesquisa para a Rede Globo) – 47%; Escutec (para o Sistema Mirante) – 48,7%; Amostragem (para o Jornal Pequeno) – 47,3%; Opinare (para Rádio Educadora) – 42,4%. ROSEANA ESTÁ DESDE 2006 NO MESMO PATAMAR DE VOTOS. Não cresce, mesmo com o Lula, o PT e o seu tempo de TV.

Não bastando então Lula, apela-se para a onipotente e onipresente voz da consciência. Isso mesmo. Forjam até a voz de Deus no programa eleitoral para indicar, ao final sob nuvens ao céu, que a opção do Todo-poderoso é por “RO-SE-A-NA” (Programa eleitoral de Roseana, veiculado em 06.09.2010).

Mas também NÃO FUN-CIO-NA!

E multiplicam-se os factóides contra as oposições: num, Flávio Dino passa a ter responsabilidades sobre a vida pessoal de um amigo (“Carlos Alberto x Bianka” – Blog do Décio, 08/09); noutro, Flávio Dino esconde José Reinaldo e Carlos Alberto (“Por que Flavio Dino esconde seus amigos?” - Blog do D´Eça, 08/09); em mais outro, o PSTU é qualificado como um partido de “mau caratismo incompatível com as práticas políticas mais saudáveis” por criticar João Alberto no horário eleitoral (“As infâmias e canalhices de Marcos Silva e seus asseclas” – Blog do D´Eça, 09/09); num dia, Flávio Dino renuncia para Jackson Lago (“Jackson e Flávio Dino planejam palanque conjunto” – Blog do Décio, 09/09); no dia seguinte, é Jackson quem desiste para Flávio (“Uma ala do PDT acredita que o fato ocorrido hoje na Opendoor pode ser até uma estratégia do próprio Aziz para facilitar a debandada pró-Dino –“Crise financeira e ameaça de cassação podem levar Jackson Lago a renuncia candidatura” – Blog do Décio, 10/9).

Com esses factóides, a oligarquia antecipa assim os seus maiores medos: (1) o segundo turno. Como já se disse, parecem querer ganhar por W x O; (2) a unidade do eleitorado oposicionista, seja com Flávio, seja com Jackson contra Roseana; (3) a reação do povo ao ver seu voto uma vez mais ser fraudado no tapetão dos tribunais – último recurso oligárquico para garantir a continuidade de seu poder no Maranhão.

Como se vê, estamos em tempo de muitos, muitos factóides. Eles são mais um instrumento que a oligarquia possui para buscar a vitória eleitoral a qualquer custo. Têm o objetivo de confundir o eleitorado e desunir as oposições.

Podem ter vários recursos, até o de manipular a voz de Deus. Mas, com certeza, falseada pela propaganda da televisão, ela não é a voz do povo do Maranhão.

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(*) Franklin Douglas jornalista e professor, 37 anos. Email: oifranklin.ma@gmail.com

Artigo publicado no Jornal Pequeno, edição de 12/09/2010, p. 08

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