domingo, 29 de março de 2009

Zeca Baleiro embola contra Sarney nas páginas da IstoÉ

MARANHÃO, ENGENHOSA MENTIRA

Não me espantará que num futuro próximo o Maranhão venha a ser chamado de "Uganda brasileira"
Zeca Baleiro - Última palavra (IstoÉ, nº 2035, 1ºabr/2009)



O Maranhão é um Estado do Meio Norte brasileiro, um preciosismo para nomear a região geograficamente multifacetada que é ponto de interseção entre o Nordeste e a Amazônia. Com área de 330 mil km2, pleno de riquezas naturais, tem fartas agricultura e pecuária, uma culinária rica e diversa e uma cultura popular exuberante. Não obstante tudo isso, pesquisa recente coloca o Estado como o segundo pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do País, atrás apenas de Alagoas.

Sou maranhense. Nasci em São Luís, capital do Estado, no ano de 1966, mesmo ano em que o emergente político José Sarney assumiu o governo estadual, sucedendo o reinado soberano do senador Vitorino Freire, tenente pernambucano que se tornou cacique político do Maranhão, a dominar a cena estadual por quase 40 anos. De 1966 até os dias de hoje, são outros 40 anos de domínio político no feudo do Maranhão, este urdido pelo senador eleito pelo Amapá José Sarney e seus correligionários, sucedâneos e súditos, que gerou um império cujo sólido (e sórdido) alicerce é o clientelismo político, sustentado pela cultura de funcionalismo público e currais eleitorais do interior, onde o analfabetismo é alarmante.

O senador José Sarney, recém-empossado presidente do Senado em um jogo de caras barganhas políticas, parecia ter saído da cena política regional para dar lugar a ares mais democráticos, depois de amargar a derrota da filha Roseana na última eleição ao governo do Estado para o pedetista Jackson Lago. Mas eis que volta, por meio de manobras politicamente engenhosas e juridicamente questionáveis, para não dizer suspeitas, orquestrando a cassação do governador eleito, sob a acusação de crime eleitoral, conduzindo a filha outra vez ao trono de seu império. Suprema ironia, uma vez que paira sobre seus triunfos políticos a eterna desconfiança de manipulações eleitoreiras (a propósito, entre os muitos significados da palavra Maranhão no dicionário há este: "mentira engenhosa").

Em recente entrevista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disparou frase cruel: "Não vamos transformar o Brasil num grande Maranhão." A frase, de efeito, aludia a uma provável política de troca de favores praticada pelo Planalto atualmente - segundo acusação do ex-presidente -, baseada em jogo de interesses regionais tacanhos e tráfico de influências. Como alguém nascido no Maranhão, e que torce para que o Estado alcance um lugar digno na história do País (potencial para isso não lhe falta, afinal!), lamento o comentário de FHC, mas entendo a sua ironia, pois o Maranhão tornou-se, infelizmente, ao longo dos tempos, um emblema do que de pior existe na política brasileira. Não é de admirar que divida o ranking dos "piores" com Alagoas, outro Estado dominado por conhecidas dinastias familiares.

Em seus tempos de apogeu literário, São Luís, a capital do Maranhão, tornou-se conhecida como a "Atenas brasileira". Mais recentemente, pela reputação de cidade amante do reggae, ganhou a alcunha de "Jamaica brasileira". Não me espantará que num futuro próximo o Maranhão venha a ser chamado de "Uganda brasileira" ou "Haiti brasileiro". A semelhança com o quadro de absoluta miséria social a que dois célebres ditadores levaram estes países - além do apaixonado apego ao poder, claro - talvez justificasse os epítetos.

Zeca Baleiro é cantor é compositor

4 comentários:

Ricardo Santos disse...

O Mranhense Zeca Balaeiro dispensa comentarios!!
Um grande jornalista tambem, parabens pelo importante trabalho Franklin!

Anônimo disse...

Nada é de graça nem o pao nem a cachaça, anda cansado de ser caça agora quero ser caçador.

Zeca Baleiro....

Anônimo disse...

É preciso dizer e questionar alguma(s) coisa(s) SIM !!!!

Primeiro é preciso considerar que o Império de Sarney não teve seus sólidos (e sórdidos) alicerces abalados especificamente com a eleição do atual governador Jackson Lago, mas sim com o rompimento do governador anterior a ele, José reinaldo, com o grupo sarneysista. O q fez o talentoso artista diante dos abusos, escândalos, nepotismos e festas privadas realizadas com o dinheiro público nas dependências do Palácio dos Leões, fatos amplamente divulgados na imprensa local e nacional?? Onde estava a preocupação com o povo do Maranhão e a consciência política do nosso famoso artista??
Talvez alguns fatos possam explicar a mobilização, a articulação e o pronunciamento do nosso ilustre conterrâneo Zeca SANTOS Baleiro:

Caso alguém tenha um projeto sério e concreto relacionado à área do meio ambiente para o estado do Maranhão, procure Aziz SANTOS Jr - primo de Zeca Baleiro!!

Projetos Culturais de fomemto e resgate da bela diversidade cultural do Estado do Maranhão - é melhor primeiro consultar Samme SANTOS - prima de Zeca Baleiro!!!

Mas para que qualquer verba destinada a tais projetos sejam liberadas, é preciso a aprovação do TODO PODEROSO Secretário 'das finanças' do Governo do Maranhão, Sr. Abdala Aziz Aboud SANTOS - tio de Zeca Baleiro!!! - no momento prestando esclarecimento sobre destino obscuro dado ao dinheiro público, não coerente com o plano de orçamento apresentado para o atual exercício.

"Alguém precisa dizer ainda alguma coisa?" Sim, claro que sim...temos mais é que exercitar o pensamento crítico para não trocar 6 por meia dúzia. Diante disso tudo, a atitude de Zeca Baleiro não me comove...quem dera ele tivesse continuado apenas compondo e cantando suas belas canções!!!

Anônimo disse...

40 anos de Sarney têm uma simples razão zeca...a Oposição NUNCA foi à altura. E não adianta dizer que foi estrangulada pelo poder de uma oligarquia...Ingenuidade... O oposição se vendeu mesmo. Jackson Lago chegou ao palacio ladeado por dois picaretas que ganharam status quo ao cortejar a familia Sarney, Vidigal e Tavares. O mandato de J.L é fruto de uma traição regada a desvio de verbas públicas.

Me diga, zeca, isso é o melhor que osn Balaios consegue fazer?