segunda-feira, 9 de março de 2009

MEU VOTO É MINHA LEI. NUNCA MAIS SARNEY! - Fragmentos de uma plenária inspirada


Em clima de grande agitação, um grupo formado por mais de 200 militantes lotou, na última sexta feira (6 de março), o auditório do Sindicato dos Bancários para discutir as alternativas de resistência caso as autoridades brasileiras queiram impor a presença de Roseana Sarney e/ou João Alberto no governo do Maranhão.

Puxada pelo Comitê de Defesa da Democracia, a plenária criticou a posição do TSE e deixou claro que pretende ir às últimas conseqüências na luta em favor da democracia no Maranhão.

"Nenhum passo atrás, Sarney nunca mais!", continuou sendo a palavra de ordem.

O presidente do Sindicato dos Bancários, Raimundo Costa, um dos convidados, disse que se ele "fosse o governador Jackson Lago, também só sairia do Palácio morto". Costa fez este comentário, seguindo a fala de vários outros militantes que comentaram a declaração do governador de que está disposto "a dar a própria vida em nome da causa da liberdade do Maranhão".

O deputado federal Domingos Dutra, o primeiro a falar na plenária, afirmou categoricamente que o grupo Sarney só entra no Palácio "se houver derramamento de sangue". O presidente do PT lembrou a Balaiada, a greve de 51 e a greve de 79. "O povo do Maranhão tem história de luta, nós vamos honrar esta história. Por isso, não vamos nos submeter a esta violência que está sendo tentada contra a vontade popular".

Freitas Diniz, ex-deputado federal e figura que lutou contra a ditadura de 64, disse que o povo do Maranhão deve partir para a desobediência civil. Aplaudido pela plenária, ele afirmou que, "da forma como as coisas foram encaminhadas no TSE, o caso terá que sair do campo jurídico e entrar no campo político. Neste caso, a desobediência civil terá que ser o nosso caminho".

O engenheiro Magno Cruz, um dos fundadores do CCN (Centro de Cultura Negra), lembrou a história de luta dos quilombolas ao lado da Balaiada, falou de Negro Cosme e disse que, neste momento, eles terão que estar mais uma vez mobilizados ao lado desta luta pela democracia.

Mesmo contando com a presença de alguns militantes que estão no governo, o tom da reunião foi todo puxado por representantes da sociedade civil organizada. "Aqui não é uma luta em defesa de um governo. O que nós estamos fazendo é algo que vai muito mais além", disse Serjão, conhecido militante da Pastoral da Juventude, ao reforçar a fala Negro Paulão, representante do movimento Hip Hop.

O cantor e compositor César Teixeira participou de toda a plenária, sendo inclusive chamado para a mesa de abertura. Ele cantou no início e também no fechamento da atividade política. Além da consagrada Oração Latina, César mostrou uma toada que ele fez para o Vale Protestar, movimento anti-Sarney que ele participa ativamente desde 2006. Em sua fala, o poeta também falou da necessidade de resistir. "Eles não vão passar por cima dos nossos mortos" disse.

O Comitê de Defesa da Democracia no Maranhão reuniu na plenária de sexta-feira estudantes e professores universitários, militantes e dirigentes de sindicatos urbanos, do MST, da Fetraf, da Fetaema, do movimento de luta por moradia, do Conselho Regional de Assistência Social, do Movimento Negro, do Hip Hop, Vale Protestar, irmãs da congregação Notre-Dame, Movimento do Software Livre e mais militantes do PT, PDT, PSB e PCB, além de alguns simpatizantes do PSTU e P-Sol.

Na plenária foi apresentada uma agenda de mobilização contra o golpe. A partir dessa semana o grupo começa a sinalizar com mais força para a opinião pública. Confira alguns trechos dos discursos na plenária popular:

Freitas Diniz - 78 anos, ex-deputado federal e fundador do PT, participou ativamente da luta contra a Ditadura Militar
"Vamos lutar pela revisão jurídica no TSE; se não for possível, vamos impedir a diplomação no TRE; se for diplomada, vamos impedir a posse na Assembléia Legislativa; se for empossada, vamos ocupar o Palácio dos Leões e nos colocar em desobediência civil! O que está em jogo é o nosso voto. É a luta de uma geração contra essa famigerada oligarquia Sarney"

Wagner Baldez - 76 anos, militante social histórico
"Nos anos 50, vivi a famosa greve de 51. Vi o povo se levantar contra a fraude eleitoral. Foi de 1965 que escrevi meu primeiro artigo, nele alertava as oposições coligadas: era um equívoco apoiar o José Sarney para o governo do Estado. Ali nasceu essa oligarquia. Vi a rebeldia dos estudantes na greve de 79 vencer e conquistar a meia-passagem. Estive, junto com o nobre deputado Freitaz Diniz, na luta pelas Diretas Já. Vencemos. Haveremos de vencer agora, porque vamos garantir a supremacia do voto popular nas ruas, nas praças e com as bandeiras levantadas!"

Raimundo Costa - presidente do Sindicato dos Bancários
"Se eu fosse o governador Jackson Lago, também só sairia do Palácio morto. É preciso ocupar as praças, mas também os programas de rádio, informar o povo o que está acontecendo"

Magno Cruz - fundador do CCN (Centro de Cultura Negra)

"A história de Negro Cosme e dos quilombolas está registrada na Balaiada. Neste momento, vamos ter que estar mais uma vez mobilizados ao lado desta luta pela democracia."

Anibal Lins - presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Judiciário
"Conhecemos bem, muito bem, por dentro, o que é o poder judiciário. Contem conosco para a luta neste momento histórico. Mas não nos esqueçamos, precisamos mobilizar também a juventude, os professores, os policiais"

César Teixeira - artista, cantor e compositor
"Eles não vão passar por cima dos nossos mortos! Com as bandeiras nas ruas ninguém pode nos calar!"

Negro Paulão - movimento Hip Hop
"Não somos governo. Aqui não é Jackson contra Sarney. Estamos agora é do lado do movimento popular. Vamos lutar pela Democracia, pelo nosso voto. Ninguém comprou meu voto, ninguém vai roubar minha consciência!"

4 comentários:

Pamela Pinto disse...

Pamela Pinto: A leitura da Carta Capital desta semana é fundamental para os maranhenses. Nela o gov. Jackson dá uma aula de esperança e de serenidade.

Anônimo disse...

Dr. Jackson é como eu nunca perde a esperança principalmente quando entregamos também na mão de Deus o Juiz Maior.
Bravo Dr. Jackson agora mais do que nunca estamos com o Senhor nada nos intimida, iremos até o fim junto com a Balaida.

Franklin disse...

A entrevista esá boa mesmo, Pamela. Obrigado pelõ comentário.

Anônimo disse...

Alo Franklin, gostaria de entrevistar o ex-deputado Freitas Diniz para compor o documentário sobre os Autenticos do MDB. Voce poderia me ajudar a fazer um contato com ele?
at
marco bittencourt
bittenco@ucb.br