Ele não tinha nenhum motivo para vir ao Maranhão.
Liderando a intenção de votos nas pesquisas para o Governo do Rio Grande do Sul, por que vir "criar problemas", no estado do aliado mais forte da governabilidade (conservadora) de Lula?
Tendo o TSE já votado o processo de cassação, por que insistir na resistência popular num estado periférico da política nacional?
Já tendo alcançado, pelo voto do povo, os mais destacados cargos públicos graúchos (Prefeito da capital, Porto Alegre, e Governador do Rio Grande do Sul), e já tendo sido ministro de Estado das Cidades, por que sair de sua política "paroquial" no Chuí para vir fazer política quase no Oiapoque?
Veio porque Olivio Dutra é a expressão e um ícone do PT grande, militante e socialista.
Veio sim, porque o projeto nacional é importante, mas não se sustenta sufocando os projetos locais de libertação. O preço de uma eleição para Governador do Rio Grande do Sul não pode ser a omissão à luta do povo do norte e nordeste;
Veio sim, porque a governabilidade no Parlamento é importante, porém, mais importante é governabilidade popular sustentada pelo povo mobilizado, consciente e organizado.
Veio sim, porque a luta continua. A decisão do TSE é passível de reversão, desde que argumentada nas contradições do acórdão, na mobilização do povo, da opinião pública nacional, nos movimentos sociais. Com Olívio, o povo gaúcho passou a ter o conhecimento da problemática maranhense, na qual quatro ministros cassam um governador mas não apreciam o pedido de cassação de Roseana Sarney.
Veio sim, porque Olívio Dutra conhece Jackson Lago, a sua trajetória, o seu compromisso com a luta do povo que, mesmo sob as contradições da Frente de Libertação, não anulam, pelo contrário, reafirmam que é possível avançar para a superação da antiga oligarquia. Oxigenar a política e o desenvolvimento econômico e social maranhense.
Veio sim, porque, tal como no Rio Grande do Sul, a alternância no poder pelo voto popular é salutar, rica e engracedora para vencedores e vencidos. Só não serve aos perdedores inconformados e golpistas. Que não ganha no voto, busca a vitória no tapetão.
Veio sim, porque, embora distantes 3.829 quilômetros, Rio Grande do Sul e Maranhão têm traços comuns de construção de resistência ao domínio e tirania dos poderosos e oligarcas. Lá teve Farroupilha, aqui Balaiada. Balaiadas ontem, hoje e sempre que as velhas oligarquias quiserem humilhar e esmagar o povo maranhense e seu direito ao voto e ao exercício da Democracia.
Valeu, Olívio!
Foto: Gilson Teixeira
6 comentários:
Franklin, maravilhosa sua matéria sobre o Olívio Dutra. Cheia de leveza apesar de se tratar de um tema tão duro. Que bom seria se todos os petistas desta terra deixassem de olhar para seu próprio umbigo, seus próprios interesses, e ajudassem a desterrar o Sarney do Maranhão, o senhor de todos os males que aqui nasceram ou que por suas mãos aqui chegaram. Um grande abraço Fátima Sousa, funcionária pública federal.
"...embora distantes 3.829 quilômetros, Rio Grande do Sul e Maranhão têm traços comuns de construção de resistência ao domínio e tirania dos poderosos e oligarcas.
Lá teve Farroupilha, aqui Balaiada. Balaiadas ontem, hoje e sempre que as velhas oligarquias quiserem humilhar e esmagar o povo maranhense e seu direito ao voto e ao exercício da Democracia."
Em 2017 os estado de Pernambuco vai comemorar os 200 anos da "Revolução Pernambucana de 1817".
Seria interessante, você, Franklin, ler os fatos históricos do Recife. As Guerras, as Batalhas, as Revoltas, as Insurreições, as lutas e os gritos do povo da ex-Província do Norte do Nordeste,Pernambuco.
Nós, pernambucanos, ao contrário do resto do BraZil, nascemos em um estado revolucionário e guerreiro, o que muito nos orgulha.
PERNAMBUCO (1817): "...Um forte sentimento ANTI-Aristocrata pode ser percebido nas ruas, o PATRIOTISMO está forte como JAMAIS esteve em TERRAS NORDESTINAS.
São tempos de ousadia, já NÃO haviam ROMPIDO as amarras COLONIAIS?? Então, TODOS os SENTIMENTOS EXPLODIRAM no dia 6 de MARÇO e PERNAMBUCO sonhou um sonho brasileiro, um sonho de BRASILIDADE. Um sonho que se ALASTROU para o Rio Grande do NORTE, PARAÍBA e CEARÁ.
Pela PRIMEIRA vez, o Brasil foi INDEPENDENTE, foi PROCLAMADA a REPÚBLICA e por mais de dois meses os brasileiros tiveram governo próprio, constituição, exército, esquadra e até embaixadas no exterior. A Revolução de 1817 ANTECIPOU a Independência do Brasil em cinco anos (ANTES do “sete de setembro”) e fez valer em RECIFE, pela PRIMEIRA vez, os Princípios da DECLARAÇÃO dos DIREITOS do HOMEM e do CIDADÃO. Os pernambucanos foram muito além de decretar a autonomia política no País, cinco anos antes que o aventureiro dom Pedro II o fizesse: também proclamaram a IGUALDADE SOCIAL e a LIBERDADE RELIGIOSA, de PENSAMENTO e de IMPRENSA. Não só TENTARAM ACABAR com a ESCRAVIDÃO, mas também com a DISCRIMINAÇÃO CONTRA NEGROS e MULATOS; entre outras propostas extremamente avançadas para a época. Algumas delas – como, por exemplo, uma Segurança PÚBLICA eficiente e a PRESTAÇÃO de CONTAS ABERTA dos GASTOS GOVERNAMENTAIS - não foram alcançadas ainda hoje."
Em 2017 o estado de Pernambuco vai parar, a ex-Província do NORTE do Nordeste comemorará os 200 anos da "Revolução Pernambucana de 1817". Nossos irmãos Farroupilhas serão nossos mais queridos convidados, os "Café Com Leite", não, mas precisam vir para conhecer, em Recife nasceu a República!!!
Dom Hélder Câmara, Montesquieu, Rousseau e "a Revolta dos Padres"...
"...REVOLUÇÃO operada na Praça do RECIFE, aos SEIS do corrente mês de MARÇO, em que o generoso esforço dos nossos bravos patriotas EXTERMINOU daquela parte do BRASIL o MONSTRO INFERNAL da TIRANIA REAL", descrevia o texto do "Jornal dos Revolucionários', extraído da Tipografia da República de Pernambuco.
Os ideais LIBERTÁRIOS da "REVOLUÇÃO Pernambucana de 1817", também chamada "Revolução dos Padres", marcaram profundamente os ideais brasileiros de independência, nativismo e nacionalidade no Brasil, particularmente, no Nordeste.
Essa antiga REVOLUÇÃO sob a LIDERANÇA e INICIATIVA de PERNAMBUCO, como a principal Província do Norte do Nordeste, atingiu as Províncias do Ceará, da Paraíba e Rio Grande do Norte, esta última ainda parte integrante de Pernambuco. Passados quase dois séculos a data transformou-se em 2006, em Data Magna do Estado de Pernambuco. Certamente, de MAIOR importância para INDEPENDÊNCIA do BRASIL do que a Inconfidência Mineira, inclusive, com maior número de mártires, que nos dias atuais os historiadores tem descoberto outros viés no interesse de seu maior herói, o Tiradentes, ao qual a pátria reverencia pelo feriado de 21 de abril.
Esquecidos na história, lembrados em algumas ruas, e raros monumentos, estão os PADRES mártires da Revolução Pernambucana de 1817:
* PADRE João Ribeiro Pessoa de Mello Montenegro, líder da revolta, que após bradar nas ruas do Recife "Viva Nossa Senhora! Viva a liberdade! Morram os aristocratas!" cometeu suicídio por enforcamento. Foi sepultado na capela de Nossa Senhora da Conceição, do Engenho Paulista. Três dias depois, não podendo os regalistas beber-lhe o sangue, lançaram-se sobre seus despojos e por ordem do marechal Mello, teve seu corpo profanado, foi desenterrado e decapitado. Suas mãos foram enviadas para Goiana, a cabeça, separada do tronco, foi levada em trunfo para Recife, onde foi colocada no pelourinho por determinação do almirante Rodrigo Lobo, no atual bairro do Recife, durante 02 anos.
Só no ano de 2001 o Padre JOÃO RIBEIRO Pessoa de Mello Montenegro teve seu crânio sepultado com TODAS as HONRAS devidas a um HERÓI NACIONAL, na Igreja de Santa Isabel, em Paulista, Pernambuco.
* PADRE Roma (José Ignácio Ribeiro de Abreu e Lima), foi executado na Bahia na presença da sua família, dentre eles, seu filho, o futuro herói Latino Americano, o General Abreu e Lima;
* PADRE Pedro de Sousa Tenório, ex-vigário de Itamaracá (um dos líderes da Revolução Pernambucana de 1817), foi enforcado, teve a cabeça decepada e exposta em praça pública por dois anos em Itamaracá. Suas mãos foram cortadas e expostas em Goiana. Seu corpo foi amarrado a um rabo de cavalo e arrastado pelas ruas do Recife do Forte das Cinco Pontas até a Igreja Matriz de Santo Antônio. Seus restos mortais, o crânio, foi recolhido por algum cristão e depois entregue à igreja de Vila Velha, onde permaneceu até 1905. Foi sepultado 188 anos após a sua morte na Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Velha, em Itamaracá, paróquia que ele dirigia no século XIX.
* PADRE Miguelinho (Miguel Joaquim d’Almeida Castro), foi fuzilado no Largo do Campo da Pólvora, em Salvador, em 12/06/1817;
* PADRE Antônio Pereira de Albuquerque, foi executado no Campo do Erário, onde é situada hoje a Praça da República, no bairro de Santo Antônio, em Recife);
"Frei Caneca" foi condenado à morte porque denunciava o despotismo do Poder Central e conclamou o povo à luta, pois considerava a Constituição contrária à Liberdade, a Independência e aos Direitos do Brasil.
Seu martírio aconteceu por ter liderado um movimento, a "Confederação do Equador", que visava proclamar a República e impedir a entrada de escravos no porto do Recife, o que desagradou os donos dos engenhos. Foi uma Revolta Social, de pobres e negros, e assustou a aristocracia da nova nação, motivo pelo qual foi duramente reprimida, inclusive, por mercenários ingleses contratados pelo Imperador D. Pedro I.
No que se refere à Centralização do Poder, Frei Caneca dizia que a Constituição visava "a desligação das províncias entre si e fazê-las todas dependentes do Governo Executivo, reduzir a mesma nação a diversas hordas de povos desligados e independentes entre si". Quanto à Organização do Estado, criticava o excesso de Poder do Executivo. O Poder Moderador, dizia, era "a chave-mestra da opressão da nação brasileira".
Em seu escrito de defesa, Frei Caneca ensinou que a sabedoria existe na Nação e, com coragem, negou que pregava o Separatismo aos que apenas defendiam o Regime Constituinte.
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"...Para conhecer uma paisagem não basta vê-la, é preciso muito mais. É preciso que as duas almas, a do contemplador e a do lugar, cheguem a entender-se, quando as vezes, elas nem mesmo se falam.
Não é a todos que a natureza conta os seus segredos e inspira o seu amor. Mas, mesmo com os poucos de quem ela tem prazer em fazer pulsar o coração, é preciso que eles se aproximem dela, sem pressa de a deixar, com tempo para ouvi-la.
Os viajantes nunca estão nessa disposição de espírito, em que é possível estabelecer-se o magnetismo da paisagem sobre os sentidos, de fato, sobre o coração. Ele não terá sentido os eflúvios desta nossa terra, os quais, talvez seja preciso ser pernambucano para sentir, e que podem não ter realidade e magia, senão, para nós mesmos", Joaquim Nabuco.
Olinda, 478 anos, é muita História.
"...No dia 23 de dezembro de 1824, antevéspera do Natal mais triste e vergonhoso da História da Pátria pernambucana, uma Comissão Militar votou por unanimidade pela sua "Condenação" à "Pena de Morte Natural" por "Crime de Sedição e Rebelião" contra os imperiais do mesmo augusto Senhor.
"...Com uma pesada corrente de ferro no pescoço o prisioneiro ia andando devagar. Estava descalço, usava uma batina suja e rasgada, vigiado por soldados bem armados. Em direção ao porto, caminhava em silêncio", a "Revolução Pernambucana" tinha sido esmagada, mas a idéia de libertar a "província" do "Poder Central" estava cada vez mais viva.
"...Cadeia pública do Recife, 10 de janeiro de 1825 - Um homem condenado à Morte por Enforcamento em sentença lavrada por uma Comissão Militar nomeada pelo imperador Dom Pedro I, está à espera.
O "patíbulo" está pronto, o condenado rezou, se confessou, já adquiriu a serenidade diante do inevitável.
Então, o prisioneiro é conduzido à forca, só falta o carrasco.
E na hora de concluir o ofício surge o problema: Nada, ninguém queria se prestar ao papel de carrasco.
Castigos, sangue, tortura, coação, a autoridade militar está em busca de um carrasco que não aparece, não há quem queira executar aquele condenado.
Manda-se chamar um preso, um mulato recrutado às pressas com a promessa de benefícios, isso, se cumprisse o sinistro ofício. Mas o mulato se recusa a enforcar o condenado mesmo sendo espancado pela soldadesca.
As horas se arrastavam, desde o dia 10 de janeiro quando foi lida a sentença, ninguém queria executar o sentenciado.
Nos dias 11 e 12 a tensão da espera continua. Mais um negro... igualmente espancado. E mais outro, igualmente torturado. Todos se recusam a enforcar aquele homem que espera em sua cela.
Do lado de fora da prisão, muita gente pede clemência para o condenado. Petições, passeatas de ordens religiosas, nada demove a vontade imperial de executar aquele homem querido e respeitado, e não há carrascos dispostos a enforcar o revolucionário liberal, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, "o Frei Caneca".
"...No dia 13 de janeiro de 1825, três anos depois da Independência do Brasil, não havendo quem aceitasse enforcá-lo, trocaram a forca pela Execução por Fuzilamento.
Impessoal, o ato de cada soldado do pelotão era mais viável, e mesmo assim, há relatos sobre um mal-estar dos executores no momento da fuzilaria, Frei Caneca, de cabeça levantada, recebeu as descargas, e o Carmelita de origem humilde, tombou frente a um pelotão de fuzilamento. Foi executado no Forte das Cinco Pontas, no Recife. Estava encerrada a carreira do insurgente Frei Caneca, com ele, uma parte importante do ardor radical liberal do início do século XIX.
O escrivão do crime, Miguel Arcanjo Póstumo do Nascimento, certificou que, "aos 13 do mês de janeiro do ano de 1825, o Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, pelas nove horas da manhã, "padeceu" de "Morte Natural", posto que foi fuzilado, visto não poder ser enforcado, pela desobediência dos carrascos."
Essa foi a homenagem que os anônimos carrascos, e ainda escravos, e mesmos prisioneiros, prestaram a Frei Caneca, negando-se a enforcá-lo. Daí porque o Frei teve que ser fuzilado, tendo mais honrada a sua morte.
Seu corpo sem vida, em um caixão de pinho, foi deixado em frente ao Convento das Carmelitas, onde os padres o recolheram. E apesar de Frei Caneca ter sido enterrado por seus colegas do Convento do Carmo, não há registro de onde o corpo foi sepultado, sua família, até os dias de hoje, não podem visitar seu túmulo.
O religioso Carmelita foi o primeiro "Desaparecido Político" da História do Brasil, sua morte foi martirizada e cercada de uma auréola de legenda mística pelo povo pernambucano, em especial, o de Recife.
"...Entre Marília e a pátria coloquei meu coração: A pátria roubou-me o todo; Marília que chore em vão.
Marília, pede a teus filhos, por minha própria abenção, morram, como eu, pela pátria; Marília que chore em vão.
Apenas forem crescendo, cresçam com as armas na mão, saibam morrer, como eu morro; Marília que chore em vão.
(Fragmentos do poema "Entre Marília e a pátria", do Frei Caneca)
"Frei" Joaquim do Amor Divino Caneca, o "Frei Caneca", nasceu no Recife, no dia 20 de agosto de 1779, recebendo o nome de Joaquim da Silva Rabelo. Era filho do português Domingos da Silva Rabelo e Francisca Maria Alexandrina de Siqueira, moravam em "Fora de Portas", próximo do demolido "Arco do Bom Jesus", no Recife.
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