Com Lula, há espaço para travarmos essas lutas, trazendo o povo sem medo para o centro do palco dessa disputa por políticas públicas a favor da classe trabalhadora |
Franklin
Douglas (*)
O mais recente ataque do presidente Jair Bolsonaro à urna eletrônica e
ao sistema eleitoral no país explicita que temos, nestas eleições presidenciais
de 2022, três grandes desafios:
1. Ganhar as eleições do campo que representa a barbárie e a
restauração do conservadorismo reacionário de viés neofascista;
2. Garantir que o resultado das urnas dando a vitória às forças
democráticas seja respeitado;
3. Assegurar a posse do eleito pelo campo democrático-progressista, em
janeiro de 2023.
Como diria Nelson Rodrigues, é o óbvio ululante! Está tão gritante, tão
na cara, que ainda há quem não enxergue essa realidade.
Tal como Donald Trump nos Estados Unidos, país cujo sistema eleitoral é
muito mais consolidado e antigo que o brasileiro, não resta dúvida que o
bolsonarismo, derrotado nas urnas, não aceitará o resultado. Incitará sua base
orgânica a uma tentativa de golpe no processo eleitoral. Gritará que houve
fraude.
Não basta ganhar – seja no primeiro, seja no segundo turno. Tem que
ganhar e estar pronto para mobilizar a população para que defenda o resultado e
a posse do eleito. Após as urnas, será preciso estarmos prontos para irmos às
ruas em defesa da eleição e da posse daquele que vier a vencer o neofascismo.
Será uma das mais importantes lutas das classes em movimento no Brasil
contemporâneo.
Como nos ensinou um dos mais importantes sociólogos brasileiros,
Francisco de Oliveira, o que temos de democracia no Brasil foi arrancado e
conquistado pelas classes populares. Numa sociedade cuja República nasce de um
golpe conduzido por militares e que passou por 21 anos de ditadura
civil-empresário-militar (1964-1985), o ano de 2022 será a nova batalha pela
consolidação da democracia neste país.
Frente a esse cenário, não há o que titubear. Hesitar em identificar
quem tem força, base eleitoral e capacidade de articulação para liderar a
retomada do mínimo Estado Democrático de Direito, com respeito a suas
instituições e poderes constituídos, significa cometer o mesmo erro dos que
subestimaram o lavajatismo e o golpe parlamentar-judiciário-midiático de 2016.
Para buscar retomar os direitos que foram desmontados e tirados do povo
brasileiro com a reforma trabalhista e demais ataques aos direitos sociais, não
há que ter dúvida: é preciso primeiro superar esses três obstáculos (ganhar a
eleição, garantir a vitória e a assegurar a posse). E, sem dúvida, só Lula
reúne as condições objetivas e subjetivas para buscarmos reconstruir o estado
social no Brasil.
O apoio a Lula não é cheque em branco.
O voto em Lula, mesmo com Alckmin, não significa alinhamento aos
setores conservadores que se reaproximam dele.
Ir com Lula já é para garantir as mínimas condições de combate democrático
por outra agenda para o país: de retomada do emprego, de valorização dos
salários, de combate à carestia e aos preços altos, de enfrentamento à fome, de
respeito aos direitos dos povos originários, meio ambiente e luta pelos
direitos da juventudes, de mulheres, negros, LGBT´s, agricultores familiares,
os sem-terra e sem-teto.
Sem Lula na Presidência da República, estaremos diante do
aprofundamento da agenda neoliberal, conservadora e reacionária. Com Lula, há
espaço para travarmos essas lutas, trazendo o povo sem medo para o centro do palco
dessa disputa por políticas públicas a favor da classe trabalhadora.
Estão certos aqueles e aquelas que entendem que são enormes esses
desafios. Maior, contudo, tem que ser nossa disposição para a luta, com
movimentações coerentes e inteligentes.
É Lula sem medo!
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Artigo publicado no jornal O Imparcial, edição de 30/4 e 1º/05.2022, opinião, p. 5
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