sábado, 30 de abril de 2022

LULA SEM MEDO

Com Lula, há espaço para travarmos essas lutas,
trazendo o povo sem medo para o centro do palco dessa disputa por políticas públicas a favor da classe trabalhadora


          Franklin Douglas (*)

O mais recente ataque do presidente Jair Bolsonaro à urna eletrônica e ao sistema eleitoral no país explicita que temos, nestas eleições presidenciais de 2022, três grandes desafios:

1. Ganhar as eleições do campo que representa a barbárie e a restauração do conservadorismo reacionário de viés neofascista;

2. Garantir que o resultado das urnas dando a vitória às forças democráticas seja respeitado;

3. Assegurar a posse do eleito pelo campo democrático-progressista, em janeiro de 2023.

Como diria Nelson Rodrigues, é o óbvio ululante! Está tão gritante, tão na cara, que ainda há quem não enxergue essa realidade.

Tal como Donald Trump nos Estados Unidos, país cujo sistema eleitoral é muito mais consolidado e antigo que o brasileiro, não resta dúvida que o bolsonarismo, derrotado nas urnas, não aceitará o resultado. Incitará sua base orgânica a uma tentativa de golpe no processo eleitoral. Gritará que houve fraude.

Não basta ganhar – seja no primeiro, seja no segundo turno. Tem que ganhar e estar pronto para mobilizar a população para que defenda o resultado e a posse do eleito. Após as urnas, será preciso estarmos prontos para irmos às ruas em defesa da eleição e da posse daquele que vier a vencer o neofascismo. Será uma das mais importantes lutas das classes em movimento no Brasil contemporâneo.

Como nos ensinou um dos mais importantes sociólogos brasileiros, Francisco de Oliveira, o que temos de democracia no Brasil foi arrancado e conquistado pelas classes populares. Numa sociedade cuja República nasce de um golpe conduzido por militares e que passou por 21 anos de ditadura civil-empresário-militar (1964-1985), o ano de 2022 será a nova batalha pela consolidação da democracia neste país.

Frente a esse cenário, não há o que titubear. Hesitar em identificar quem tem força, base eleitoral e capacidade de articulação para liderar a retomada do mínimo Estado Democrático de Direito, com respeito a suas instituições e poderes constituídos, significa cometer o mesmo erro dos que subestimaram o lavajatismo e o golpe parlamentar-judiciário-midiático de 2016.

Para buscar retomar os direitos que foram desmontados e tirados do povo brasileiro com a reforma trabalhista e demais ataques aos direitos sociais, não há que ter dúvida: é preciso primeiro superar esses três obstáculos (ganhar a eleição, garantir a vitória e a assegurar a posse). E, sem dúvida, só Lula reúne as condições objetivas e subjetivas para buscarmos reconstruir o estado social no Brasil.

O apoio a Lula não é cheque em branco.

O voto em Lula, mesmo com Alckmin, não significa alinhamento aos setores conservadores que se reaproximam dele.

Ir com Lula já é para garantir as mínimas condições de combate democrático por outra agenda para o país: de retomada do emprego, de valorização dos salários, de combate à carestia e aos preços altos, de enfrentamento à fome, de respeito aos direitos dos povos originários, meio ambiente e luta pelos direitos da juventudes, de mulheres, negros, LGBT´s, agricultores familiares, os sem-terra e sem-teto.

Sem Lula na Presidência da República, estaremos diante do aprofundamento da agenda neoliberal, conservadora e reacionária. Com Lula, há espaço para travarmos essas lutas, trazendo o povo sem medo para o centro do palco dessa disputa por políticas públicas a favor da classe trabalhadora.

Estão certos aqueles e aquelas que entendem que são enormes esses desafios. Maior, contudo, tem que ser nossa disposição para a luta, com movimentações coerentes e inteligentes.

É Lula sem medo!

 

 (*) Prof Franklin Douglas – jornalista e advogado, doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com


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Artigo publicado no jornal O Imparcial, edição de 30/4 e 1º/05.2022, opinião, p. 5


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