sábado, 29 de outubro de 2022

A ELEIÇÃO DE NOSSAS VIDAS

 


Artigo publicado no Jornal Pequeno, 29/10/2022 - p.11

          

         Franklin Douglas (*)

Há uma propensão a comparar esta eleição de 2022 com a de 1989. As imensas mobilizações deste segundo turno pela campanha petista e o clipe dos artistas cantando a versão atual do histórico jingle “Lula lá”, então, são aproximações quase irresistíveis entre os dois momentos.

Igualmente, equiparar 2022 a 2002 é outra predisposição que emerge. A votação de 52 milhões de votos no primeiro turno e a liderança, em todas as pesquisas, com vantagem acima da margem de erro, contribui muito para essa analogia.

Mas não é nem uma coisa, nem outra!

E muito menos 2022 é uma mescla de 1989 com 2002.

Não estamos em uma eleição que resulta do acúmulo de forças das teses progressistas e mobilizações que juntaram tão amplos contingentes e gerações, embora eleitoralmente derrotados por Collor de Mello.

Também não estamos sob um pleito com vitória assegurada por uma aliança operário-patrão (Lula-José Alencar), com as garantias de uma “Carta ao Povo brasileiro”, em que a vertente socialdemocrata desenvolvimentista derrotaria a outra, subjugada ao neoliberalismo.

A rigor, para 14% dos mais de 156 milhões de eleitores e eleitoras, essas referências inexistem em suas memórias. São 35 milhões de jovens eleitores, com até 24 anos de idade, que nem eram nascidos em 1989 e, em 2002, mal engatinhavam.

ESTA É UMA ELEIÇÃO INIGUALÁVEL!

De um lado, um campo democrata da centro-direita à extrema-esquerda, reunindo os ícones da disputa dos últimos 28 anos, Lula e Alckmin, com o apoio de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, até MST e PSTU – para ficarmos nos símbolos mais marcantes. Do outro lado, uma extrema-direita conservadora e reacionária, que quer girar a roda da história para trás.

Mais do que uma eleição sob a preponderância das redes sociais, trata-se de uma disputa cujas armas possibilitaram os ratos saírem dos esgotos. O que Sebastião Jorge, em sua pesquisa sobre os pasquins dos anos 1800 no Maranhão, identificava como impropérios e difamações entre um agrupamento político e outro, em panfletos distribuídos à noite e madrugada pelas casas de São Luís, saltaram, agora, para a propaganda eleitoral na televisão e no rádio, em plena luz do dia.

Estamos frente à eleição que decidirá a formatação mais do que de nosso Estado Democrático de Direito. Definirá as condições de vida e liberdade das próximas gerações, dos atuais jovens de 24 anos aos seus filhos.

Estamos diante de uma terceira onda conservadora no Brasil, como alerta o historiador Sidney Chalhoub: a primeira, no século 19, quando da abolição da escravidão (1888). A reação foi o golpe militar na monarquia, um ano depois, 1889; na segunda metade do século 20, a segunda onda, o golpe militar de 1964 ante a possibilidade de ampliação dos direitos dos trabalhadores urbanos aos rurais e as Reformas de Base de João Goulart. A terceira onda materializa-se na repulsa aos direitos conquistados na Constituição de 1988 e na inserção de setores da classe trabalhadora no campo das políticas públicas que possibilitem vida digna e de oportunidades. Essa onda se iniciou com o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e dela emergiu um campo antidemocrático, neofascista, autoritário, anticientífico e ideologicamente doentio.

Barrar essa onda é o nosso maior desafio nesta eleição de 2022. E, ainda, não basta vencer o pleito, tem que ocupar as ruas para garantir o resultado e a posse. E não somente a posse, mobilizar para enfrentar o campo da extrema-direita que não cessará no dia 30 de outubro. Mais do que nunca, esta é uma luta que continua.

Vencer com Lula é a condição sine qua non para assegurar a Democracia brasileira. Com amor e esperança, derrotar o ódio e a barbárie, este é o nosso dever nesta que é a eleição de nossas vidas!

 

 (*) Prof Franklin Douglas – jornalista e advogado, doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com



Artigo publicado no jornal O Imparcial, edição de 29 e 30/10/2022 - opinião, p. 4 

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