segunda-feira, 15 de março de 2021

QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?


Franklin Douglas(*)

Há três anos Marielle Franco, vereadora do PSOL do Rio de Janeiro, eleita em 2016 com 40 mil votos, e Anderson Gomes, motorista dela, foram executados. Ela, com quatro tiros na cabeça. Ele, com três tiros nas costas. Ambos assassinados 1.095 dias atrás e sem nenhuma solução para esse bárbaro crime. A pergunta persiste: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

É certo que nossa justiça é morosa. Na justiça criminal, segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), um processo dura, em média, três anos e dez meses, na primeira instância. Ocorre que o caso Marielle sequer é um dos mais de nove milhões que tramitam na justiça penal. Isto porque as investigações não avançam a fim de ser oferecida denúncia contra os mandantes do assassinato.

Até hoje não ocorreu o júri popular determinado pela justiça do Rio de Janeiro, em 10 de março de 2020, para os executores do crime. O policial militar reformado Ronnie Lessa, executor dos disparos da submetralhadora HK MP5 que alvejaram Marielle e Anderson, e o ex-militar Élcio Vieira, que dirigiu o carro que perseguiu os assassinados, foram presos no dia 12 de março de 2019. Se já se sabe quem matou, ainda temos, no entanto, diversas outras perguntas não respondidas sobre o crime, as quais:

1) QUEM MANDOU MATAR?

2) Qual a motivação do mandante do crime?

3) Por que a investigação sobre a autoria intelectual do crime não avança?

4) Qual a ligação do responsável pela clonagem do carro no qual estavam os executores do crime e o grupo de milicianos ligado a Adriano Nóbrega e o Escritório do Crime?

5) Quem desligou, como e a mando de quem as câmeras de segurança do trajeto que percorreu o carro de Marielle e Anderson?

6) Por que houve tantas trocas no comando da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, a responsável pela investigação do caso Marielle?

O Imparcial, 15/3/2021, p. 6


Nos últimos três anos segue assim o caso Marielle:
(1) As investigações emperradas;
(2) Tentativas de obstrução identificadas;
(3) Tentativa de federalização do caso feita;
(4) Afastamento do delegado titular da Delegacia de Homicídios um dia depois da prisão dos executores do crime;
(5) Morte de Adriano da Nóbrega, em confronto com a Polícia da Bahia, ele um dos principais milicianos do chamado Escritório do Crime;
(6) Interferência na superintendência da Polícia Federal do Rio;
(7) Novo afastamento do delegado titular da Delegacia de Homicídios;
(8) Eduardo Siqueira, identificado como autor da clonagem do carro no qual estavam os assassinos de Marielle, tem como advogado de defesa o mesmo advogado que defende Ronnie Lessa e, até hoje, não se demonstrou a ligação dele com o Escritório do Crime;
(9) Março de 2021(!!) – Ministério Público do Rio de Janeiro cria força-tarefa para tentar concluir o caso e Polícia do Rio levanta nova hipótese para o assassinato...

É dessa maneira que chegamos a TRÊS ANOS SEM A ELUCIDAÇÃO DESSE CRIME!

Jornal Pequeno, 14/03/2021 - p. 04



Óbvio que há muitos interesses por trás desse assassinato. Por estas bandas, o ex-governador João Alberto já disse: “O crime organizado está infiltrado nas três esferas do Poder no Maranhão!” Se por aqui é assim, imagina no Rio de Janeiro!!!

Por isso, NÃO PODEMOS DEIXAR CALAR! NÃO PODEMOS DEIXAR CAIR NO ESQUECIMENTO. E, TODOS OS DIAS, DEVEMOS COBRAR AS INVESTIGAÇÕES E EXIGIR A RESPOSTA À PERGUNTA: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE?

Tentaram calar Marielle, mas muitas sementes de Marielle têm florescido nesses três anos. Mas isso não basta como legado da luta dela pelas mulheres, negras, periféricos, direitos humanos, LGBT´s. É por justiça que também lutamos!


(*) Franklin Douglas – professor e doutor em Políticas Públicas. É presidente do PSOL/São Luís. [artigo publicado no Jornal Pequeno, 14/03/2021 - p. 06, e Jornal O Imparcial, 15/03/2021, p. 04]

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