“Depois
de Lênin, veio a Burocracia. Tomou o comando do Partido, e deu no que deu a
Revolução Bolchevique...; Brizola se foi. Veio a Burocracia. Tomou o comando do
partido. Vamos agora reagir? Ou ficamos bestializados como chorões
infantilizados lamentando a partida de Brizola?” – Gilberto Felisberto
Vasconcelos,2007.
Por Igor Lago(*)
Nesta quinta-feira, 24/01/2013, assisti, atentamente,
ao programa nacional do PDT. Participaram, além do onipresente e atual
presidente nacional Carlos Lupi (que já ocupa o cargo há longos 8 anos e 7
meses), os senadores Cristovam Buarque e Acir Gurcacz; a presidente do
Movimento de Mulheres Trabalhistas Miguelina Vecchio; o deputado federal André
Figueiredo e, por suposto, o eterno secretário-geral Manoel Dias que, como se
sabe, ocupa o cargo há, pelo menos, longos, longos, longos 13 anos.
Nada do fundador Alceu Colares (RS), do senador Pedro
Taques (MT), do Osmar Dias(PR), dos deputados federais Miro Teixeira(RJ), Paulo
Rubem Santiago(PE), Paulinho da Força(SP), Antônio Reguffe (DF). Nada do
ex-governador alagoense Ronaldo Lessa. Nada do bravo deputado estadual
fluminense Paulo Ramos. Nada do atual ministro do Trabalho e Emprego Brizola
Neto!
Exceto as intervenções do senador pelo distrito
federal, preconizando a federalização da educação básica; do senador por
Rondônia, que afirmou a luta pelo ensino integral, a qualificação profissional
e contra a corrupção, assim como as palavras da representante do movimento de
mulheres, o programa, em si, foi como outro qualquer, igual a muitos outros
feitos por aí, com direito a efeitos especiais, gráficos, chamadas visuais e
sonoras, sempre, claro, com a onipresença daquele que se comporta como o
“dono do partido”, o “chefe”, porém, algo bem distinto a um líder! Uma
demonstração de um partido desfigurado, desenraizado, distante da sua história
e do seu papel de vanguarda na sociedade brasileira. Um partido burocratizado e
pautado pelas conveniências da política convencional, do fisiologismo, das
negociatas por cargos, benesses e outras vicissitudes que o poder proporciona,
além de desrespeitar às suas próprias lideranças regionais.
Suas palavras, e as do secretário geral, não
apresentaram (nem podiam!) nada de novo. Só mais do mesmo, a chuva no molhado.
Apresentaram os resultados eleitorais como algo inédito, excepcional, quando
sabemos que são, a bem da verdade, uma repetição, uma mesmice. Há muitas
eleições o PDT ocupa os primeiros 5-7 lugares, dentre os diversos partidos, em
votação e/ou em cargos.
Repetiu os jargões: “a luta pelos direitos do
trabalhador”; “a educação pública de tempo integral”, “o projeto de nação livre
e independente”, etc. Quem acredita?
Um cidadão que geriu um ministério que, segundo a
Controladoria Geral da União, foi o campeão de irregularidades em contratos com
ONGs; protagonista de episódios hilariantes (Dilma, eu te amo!); de acúmulos de
cargos de confiança; de uma viagem mal organizada ao Maranhão e sua malfadada
tentativa de imputá-la a quem já não está mais aqui para defender-se (e pela
qual responde por improbidade administrativa!); a forma com que saiu do
ministério (por recomendação do próprio Conselho de Ética da Presidência
da República!) e, mais recentemente, ainda detentor de um cargo de confiança
resultante do ministério que ocupara até 04/12/2011 tem, realmente, condições
de ainda presidir um partido político?
Imagino que o eterno secretário-geral e outros
privilegiados da Burocracia consideram tudo isso normal. Mas, tenho certeza que
não é o que pensa e opina a imensa maioria da sociedade brasileira, não é o que
pensa todo e qualquer pedetista que honre a sua história e a memória de nossos
fundadores. Isto, a rigor, macula a imagem de um partido que se pretende
transformador.
Pergunto como um partido com a história do PDT, tão
rica, bonita, cheia de exemplos pessoais de retidão e caráter, herdeiro de um
movimento político autóctone - o trabalhismo-, que se foi criando no dia-a-dia
das lutas políticas primando, sempre, pelos valores do trabalho sobre os do
capital, pelos valores da ética sobre os não-republicanos, chegou a essa
realidade de ser um partido cartorial, burocratizado e, essencialmente,
antidemocrático?
O Estatuto, feito para salvaguardar o nosso então
líder maior e principal fundador – Leonel Brizola-, tão perseguido pelos
adversários poderosos e autoritários (que ao voltar do exílio lhe tomaram a
sigla de direito), é essencialmente centralizador na figura do presidente.
Entretanto, os seus próprios autores deixaram itens que garantem os
procedimentos democráticos e das boas práticas partidárias.
Leonel Brizola, presidente legítimo e inquestionável,
lembrado, pejorativamente, como “o caudilho”, era, essencialmente, um
democrata. O PDT sempre foi um partido de discussão, de debate, de profundo
respeito por seus militantes que, hoje, ao lado dos nossos principais líderes
têm enormes desafios, dentre os quais assinalamos:
1. Romper as amarras dessa Burocracia substituindo os
atuais presidente e secretário-geral;
2. Democratizar o partido com o estabelecimento de
eleições diretas, amplas, gerais e irrestritas para todos os regularmente
filiados para todas as instâncias municipais, estaduais e nacional;
3. Democratizar o partido com a reforma do Estatuto
para que, dentre outras questões, os dirigentes das instâncias municipais,
estaduais e nacional tenham limitados os seus mandatos por 2 anos com direito a
somente uma reeleição;
4. Democratizar o partido para que a sua gestão seja
transparente em todos os aspectos, especialmente quanto ao Fundo Partidário que
deve ser utilizado em benefício de todo o partido;
5. Democratizar o partido para que os seus Movimentos
tenham ampla liberdade e autonomia condizente com o papel de vanguarda.
Ou reagimos até Março ou nos tornamos os bestializados
e chorões infantilizados a lamentar a destruição de nosso partido!
Saudações Trabalhistas!
(*) Igor Lago - Ex-presidente da Comissão Provisória do PDT do
Maranhão; Membro do Diretório Nacional do PDT; Membro do Comitê de Resistência Democrática Jackson
Lago; Membro do Movimento Nacional de Resistência Leonel
Brizola. Em 26/01/2013.
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