domingo, 27 de novembro de 2011

Governe, governadora!

Franklin Douglas

         
GOVERNE, GOVERNADORA! 

Há duas bandas no aparato policial maranhense: uma podre, outra boa. Ambas, no entanto, têm sido formadas longe da concepção de uma segurança pública cidadã, treinadas à base do “tratar a questão social como caso de polícia, e não de política”.
Dessa cultura geral, a banda podre aproveita-se para ser tão ou mais bandida que os próprios bandidos. No tráfico de drogas, é onde se vê isso mais gritantemente. Mas também numa pequena abordagem, numa blitz, numa ação de desocupação ou cerco a uma manifestação: primeiro, bate-se, reprime-se; depois, pergunta-se quem são, o que querem, o que reivindicam...
Persegue-se e se mata um pedreiro a tiros covardemente, por exemplo. A polícia maranhense não tem armas não-letais? Não dispõe de armas tipo “Taser” (que imobiliza a partir de choque elétrico)? Se tem, não há treinamento? Se há treinamento, por que não está à disposição e uso? Uma “Taser” não teria poupado a vida daquele pedreiro?
Outro exemplo: um professor, reconhecido artista de canto lírico, é abordado e confundido como assaltante: primeiro o tapa no rosto, depois a identificação – afinal, é negro, é suspeito!
Exemplos vários se multiplicam desse tipo de procedimento. Mas de onde vem a origem de tudo isso? De uma matriz: o desgoverno. Não há política de segurança pública no Maranhão da oligarquia barrica. Disso deriva o “salve-se quem puder”.
Em artigo publicado no dia 10 de abril neste Jornal Pequeno, “Os 100 dias do ‘melhor governo’ da vida de Roseana Sarney” - de Márcio Jardim e Franklin Douglas, dizíamos:
Na Segurança Pública, cabeças rolam literalmente em revoltas nos presídios, assaltos a banco voltam a proliferar, o tráfico de drogas vai criando nossas cracolândias, policiais civis entram em greve. Despachado pelo povo do Amapá (que elegeu um governo fora do esquema Sarney naquele Estado), o agente administrativo da Polícia Federal não consegue se impor como delegado ou ‘xerife’ do combate à criminalidade. O índice de homicídios na grande São Luís, nesses 100 primeiros dias, é maior do que todos os dados registrados no mesmo período nos últimos anos governados por Roseana Sarney. O cargo de secretário de Estado da Segurança Pública a Aluísio Mendes advém tão somente da subserviência a José Sarney como segurança particular no Senado e prestador de informações privilegiadas que, inclusive, serviram para livrar Fernando Sarney da cadeia, além de intermediador dos pedidos de emprego para parentes e aderentes da famiglia na Câmara Alta.” (Jornal Pequeno, 10/4/2011, p. 03)
Próximo de completar quase um ano de governo sarnopetista, continua tudo como nos primeiros 100 dias: nada mudou. Ao contrário, após o recente rodízio de governadores, ficou ainda mais a sensação de que no Maranhão não tem governo.
Para a banda podre da polícia maranhense, o soldo, o salário, é mero detalhe. Vive-se mesmo é da propina, das benesses do crime. Certamente, não é essa banda que está reivindicando seus direitos, melhores salários e condições de trabalho, num movimento grevista que só foi iniciado porque o governo é intransigente, não quer negociar com os policiais militares e bombeiros.
Na autêntica política conservadora e retrógrada, o governo da oligarquia barrica trata a questão social de bombeiros e policiais não como caso de política, de negociação, mas como “caso de polícia”, de Força Nacional: melhor calar do que negociar!
O amplo apoio que bombeiros e policiais militares têm recebido da população e das mais variadas forças políticas, até mesmo da base governista submissa que grita em apoio, na tribuna da Assembleia Legislativa, e depois corre da raia, revela que os maranhenses cansaram e estão em alto e bom som dizendo um não ao governo de propaganda e repressão, querem um governo de verdade para o Maranhão.
Saia da letargia, abra o diálogo com os grevistas, não os reprima: governe, governadora!!


Franklin Douglas, jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno
aos domingos, quinzenalmente
Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 27/11/2011, página 20)
Alterado em 28/11/2011 às 14h49, onde tem artigo de  "de Silvio Bembem, Márcio Jardim e Franklin Douglas" leia-se Marcio Jardim e Franklin Douglas.

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