#Mask4All: eu protejo você, você me proteje! |
Com a confirmação dos cenários
antevistos por infectologistas, biólogos e demais cientistas, de que a Covid-19
colocaria em colapso o sistema de saúde dos países, chega-se à alternativa que
há muito se alertava: a necessária prevenção. E um instrumento que se comprovou
eficaz para esse fim foi a máscara – sobretudo a de utilização caseira,
recomendada pelas autoridades de saúde.
Não à toa, após dar um giro de
180 graus, o presidente dos Estados Unidos partiu até mesmo para uma novíssima
pirataria em seu combate ao coronavírus: interceptar máscaras que a China tem
doado ou vendido a diversas nações.
Foi o caso de carregamento de
máscaras da China à Europa, comprado pelos Estados Unidos por valor até quatro
vezes maior do que o negociado por chineses aos europeus. Assim como o envio de
23 aviões cargueiros americanos para transportar 200 milhões de máscaras e
demais equipamentos que o Brasil tinha adquirido da China.
Mas, na guerra das máscaras, não
são apenas os norte-americanos no vale-tudo. A França também confiscou 4
milhões de máscaras destinadas à Espanha e à Itália. A República Checa
interceptou 680 mil máscaras enviadas da China para a Itália. Berlim (Alemanha)
deixou de receber 200 mil máscaras, confiscadas por Bangkok (Tailândia).
O que isso tudo nos ensina? O óbvio: quem teme o coronavírus tem
pressa!
A estupidez ideológica do governo
brasileiro nos fez perder a interlocução privilegiada com a China. No caso
dessa guerra das máscaras, é preciso menos política ideológica e mais agilidade
e coordenação entre os entes governamentais.
Incentivar a produção em massa de
máscaras caseiras é a solução mais viável!
Governo do Estado e Prefeitura de
São Luís devem fornecer o material inicial necessário e adquirir a produção de
diversos grupos de costureiras, artesãos dos barracões das escolas de samba e
sedes dos grupos de bumba-meu-boi. Estamos falando de algo em torno de 300
grupos de bumba-meu-boi, 10 escolhas de samba e 32 blocos tradicionais. Todos
eles com seus ateliês que, sobrecarregados nos períodos momesco e junino, estão
subutilizados neste momento. Afora os diversos grupos ligados à economia
solidária.
Quando fui secretário adjunto do
Trabalho e Economia Solidária, no governo Jackson Lago (2007-2009), pude
verificar e contribuir com o apoio a esses grupos de produção artesanal. Nosso
pioneirismo na criação da SETRES, agregando a economia solidária (Ecosol) à
estratégia de emprego, geração de trabalho e renda, deu visibilidade a esse
setor. A Ecosol gera renda e potencializa o comércio solidário de produtos de
excelente qualidade. Falta apoio.
Incentivar esses grupos de
produtores e artesãos, apoiando a produção dessas máscaras caseiras por parte
deles, e, ao mesmo tempo, combatermos a proliferação da Covid-19. Toda a
produção seria adquirida pelo Poder Público e distribuída gratuitamente à
população. Eis a oportunidade de criarmos um círculo virtuoso: injetar recursos
na economia local, dar trabalho a setores vulnerabilizados e potencializar o combate
à Covid-19, incentivando uma prática profilática. No combate à Covid-19, basta
que copiemos as boas iniciativas.
“Não há mudança nem solidariedade
espontâneas, algo tem que acontecer primeiro”, diria uma personagem do filme “O
Poço” – em exibição na plataforma Netflix. Distribuir máscaras à população para
prevenir o coronavírus é o “óbvio”, diria “o velho”, outra personagem desse mesmo
filme.
Só não defende isso quem, estando
no andar de cima, acredita que nunca chegará ao fundo do poço: o leito de uma UTI.
Porque se convenceu que o vírus não seria mais do que uma simples “gripezinha”...
Não é, óbvio!
(*) Franklin Douglas – professor e doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com
Artigo publicado no jornal O Imparcial (04.04.2020, p. 04)
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