sábado, 9 de junho de 2012

O tempo e o vento...



O nome da foto: movimento dos sem-candidatura...

Em 17 de março de 2012, a Coluna Abaporu analisava: Eliziane Gama - que não controla o PPS - quer o apoio de Bira, que não controla o PT, que quer o apoio de Tadeu Palácio, que não controla o PP, que quer o apoio de Roberto Rocha, que não controla o PSB e que agora faz juras de amor a Flávio Dino, que controla o PCdoB, mas sem condições políticas, não quer ser candidato à Prefeitura de São Luís ...


Caiu um... restam quatro

No dia 1º de abril de 2012, a Coluna Abaporu publicava: Na nota "O nome da foto" (releia aqui), dizíamos: "Eliziane Gama - que não controla o PPS - quer o apoio de Bira, que não controla o PT..."

Domingo passado, a votação para a eleição de delegados ao Encontro que escolherá o candidato do PT à Prefeitura de São Luís derrubou a primeira pedra desse dominó das oposições consentidas: caiu Bira do Pindaré.

Caiu mais um... restam três (e um fura-fila)

Muito antes do 07 de junho deste ano (prazo final de desimcompatiilização para candidaturas em 2012, quando Flavio Dino anunciou sua saída da corrida eleitoral)...
Antecipávamos, no dia 17 de junho de 2011, "Flávio Dino não será candidato a prefeito de São Luís... sai a nomeação para a Embratur" (releia aqui), onde argumentávamos:

"A nomeação de Flávio Dino para a Embratur também traz uma consequência imediata às eleições na capital. A fila também andou no PCdoB: Flávio Dino não será candidato a prefeito de São Luís. A sua escolha pela Embratur é também sua opção por 2014, e não 2012 (...)

Flávio não faz política irracional. É como um exímio jogador de xadrez.

E também tem pressa, apesar de estar na casa dos 40 anos. Viabilizar um projeto de esquerda de longo prazo e sustentável, com sua eleição a prefeito em 2012, a partir um leque de alianças com os setores progressistas da cidade, com vistas a construir uma reeleição em 2016, consolidando a ascensão de um verdadeiro bloco de poder sob novas práticas políticas, para então buscar o Governo do Estado, em 2018, seria muito tempo... para ele.

Certamente o ex-futuro candidato a prefeito de São Luís calculou os custos pessoais, políticos e eleitorais de uma candidatura em 2012. 

Diferente de 2008, onde tinha todas as condições políticas (apoio do Planalto, de Lula, do PT e era uma novidade), mas teve que correr atrás das condições eleitorais, para 2012, há apoio eleitoral e muito, mas falta apoio político (...)
SOBROU PARA O POVO
Quem morar nas vizinhanças do arraial da Praça Maria Aragão, o arraial oficial da Prefeitura de São Luís, que se prepare: vai ter muito foguete à noite toda hoje [17 de junho do ano passado!]. Castelo comemorará bastante a saída de seu principal adversário do pário."
Após a saída de Flávio, consolidou-se a entrada de Edivaldo Holanda Júnior (PTC) no consórcio das oposições consentidas. Em fila indiana rumo ao abismo, o próximo em queda vem a ser Roberto Rocha.
 Caiu mais outro... restam dois (e o fura-fila)

A candidatura de Roberto não demonstrou ser firme como uma rocha, como anunciara. A pragmática direção nacional do PSB (leia-se Eduardo Campos, governador de Pernambuco) já emite sinais de que a estratégia de José Reinaldo (em apoiar o tucano João Castelo), independente da cizânia local, beneficia o partido, em sua política pendular de um agrado aqui ao PT (entregou o PSB a Haddad, em São Paulo), um agrado ali ao PSDB (apoiar Castelo em São Luís, por exemplo...).
Ao dizer que não veta nem Castelo, após ter saído do PSDB acusando-o de fazer política sozinho, Roberto sinaliza sua volta de onde nunca saiu: a oposição conservadora. Sua saída do páreo já é certa. Restam Eliziane, Tadeu e Edivaldo Júnior, que, furando a fila, vai dando um passo à frente dos dois primeiros, como predileto de Dino.

  
Cai uma... restam "botox" e "fura-fila"

Com sua saída anunciada (pela direção de seu partido e contra sua vontade) para a próxima semana, Eliane Gama até agora foi a que mais se mostrou dura na queda. Resistiu bem. Mas sua candidatura esbarrou nos D.A.S. (cargos comissionados) que sustentam a direção do PPS na Prefeitura de Castelo.

Sem partido, Eliziane também é carta (quase) fora do baralho. Nem Roberto Freire (deputado federal eleito com os votos dos tucanos em São Paulo), sempre sensível aos argumentos do PSDB, salva a candidatura da deputada estadual. 

Nesse rumo, restam dois autênticos representantes da oposição consentida: eleição municipal, contra; eleição estadual, com a oligarquia Sarney - explicitamente ou por debaixo dos panos. Assim o foi em 2010, 2008, 2006... Um deles será o candidato de Dino: resultou em nada o consórcio de candidatos orquestrado pelo PCdoB! Ao cabo,  o movimento sempre foi dos sem-candidatura... pelo menos de esquerda e de enfrentamento à oligarquia Sarney.

Palácio só é "oposição" por que preterido no PMDB e por Roseana. Volta agora, não sendo o escolhido por Dino, a ser considerado como plano B da oligarquia - que calcular ser melhor não lhe tomar o PP - , ante o fiasco da candidatura sarnopetista de Washington.

Como deputado federal, Holandinha não foi voz nem voto à favor dos servidores federais contra a privatização da previdência da categoria; ninguém sabe o que pensa sobre o Código Florestal; sobre a Via Expressa e o Vinhais Velho; sobre os mandantes do assassinato do Caso Décio; sobre os 72 hospitais que até a Globo denuncia como fantasma; sobre o assalto a mão desarmada feito por Ricardo Murad e a Caema ao povo de São Luís...

Só virou mesmo candidato depois de tomar benção ao oligarca-mor. O pai, sempre o pai, disse ao morubixaba: não pode ser candidato de seu grupo, São Luís não aceita, mas também não será candidato contra o senhor...  disse tudo!




Drops do Abaporu* (Coluna Abaporu - Ano II - número 10)
Abaporu é  a tela brasileira mais valorizada no mundo (1,5 milhão de dólares). Pintada em óleo sobre tela em 1928 por Tarsila do Amaral, é um símbolo do movimento modernista, que propunha  deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la à realidade brasileira. O nome vem do tupi e significa aba(homem), pora (gente) e ú (comer): o "o homem que come gente".




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