segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

MARANHÃO DE (IN)VERDADE

Eles têm mais semelhanças do que diferenças
 
Franklin Douglas (*) 

Duas faces da mesma moeda, assim são oligarquia e oposição consentida no Maranhão. Dividem o mesmo condomínio do poder, o lulo-PMDB-petismo; defendem a mesma política neodesenvolvimentista; fazem campanha da mesma maneira, para vencer de qualquer jeito.
Como bem sintetizou o advogado Luís Antonio Pedrosa, "eles têm mais semelhanças do que diferenças". Veja bem: não é que sejam completamente iguais, são análogos em seus projetos, estratégia e táticas. A residual diferença encontra-se tão somente nos aliados que reúnem na busca pela liderança do bloco no poder.
Sob o lulismo, oligarquia e oposição consentida disputam quem mais representa esse projeto de poder no Maranhão. Não há divergências de fundo na concepção de políticas públicas, no enfrentamento à concentração de renda e ao sistema político vigente e sua forma de financiamento. Partilham da mesma plutocracia, na qual só os economicamente fortes têm presença na arena política. O movimento social de luta emancipatória, que inexiste à oligarquia, torna-se apenas uma foto na campanha da oposição consentida - uma cereja no bolo.
Na política neodesenvolvimentista, oligarquia e oposição consentida só veem refinarias, termoelétricas, hidrelétricas, agronegócio de commodities, como estratégia de crescimento para o estado. Não divergem quanto desenvolvimento desigual, combinado e dependente que os grandes projetos do capital reservaram ao Maranhão. Disputam palmo a palmo o financiamento das grandes empresas siderúrgicas, mineradoras e do capital financeiro.
Em consequência a essa opção neodesenvolvimentista, as políticas públicas de efetivo impacto na realidade social maranhense se desmancham no ar assim que se encerra o processo eleitoral. Basta lembrar dos "72 hospitais" ou do "Hospital Dr. Jackson Lago", da "Avenida do Quarto Centenário" ou do "Bilhete Único e do GPS nos ônibus", do "Viva Educação" ou da "Escola em Tempo Integral", etc. O que sobra da partilha do Orçamento Público entre os donos e amigos dos donos do poder, vira perfumaria na política de "pão e circo" para manter o povo sob controle.
E, assim, se não divergem no atacado, diferenciam-se pouco no varejo.
A disputa eleitoral, então, é mais um round na luta do vale-tudo para representar esse projeto no Maranhão. Nesse contexto, o blefe e os factoides, a blogosfera arregimentada e a cooptação de aliados são uma constante. De um lado, a manipulação oligárquica com o "Eu amo o Maranhão"; do outro, a campanha pelo impeachment a ser feito no campo de batalha dos mais fortemente controlado pelo governo, a Assembleia Legislativa; de ambos, o silêncio e a perplexidade do povo nas manifestações de rua.
Na crise do sistema carcerário, a mesma solução - um comitê gestor sem participação das organizações de luta pelos direitos humanos; se de um lado a política de segurança pública se personifica no aliado Aluísio Mendes, do outro, no neocomunista Raimundo Cutrim... Percebe diferenças, caro leitor?
De tão iguais que estão ficando, a oposição consentida parece já transformar-se majoritariamente numa dissidência, numa "oposição" por dentro da oligarquia! O Maranhão já viu isso em 1965, na "Frente de Libertação do Maranhão" com José Sarney contra Vitorino Freire.
Já estão tão parecidos que até assinam, na Folha de São Paulo, artigos com o mesmo título ("Maranhão de Verdade" - Roseana Sarney, edição de 12/01/2014; "Maranhão de Verdade" - Flávio Dino, edição de 19/01/2014). Ambos, a seu modo, contando meias verdades sobre a barbárie maranhense. Percebe semelhanças, cara leitora?
Nesse "Maranhão de verdade", sem antagonismo real entre os grupos que se enfrentam, no meio do caminho fica o povo... Nesse emaranhado de meias verdades, ambos só acertam quando um critica ao outro.
Eis, assim, as bases da verdade que os dois lados não querem que prevaleça: eles tem mais semelhanças do que diferenças!


(*) Franklin Douglas -  jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 26/01/2014, p. 12.

Um comentário:

Anônimo disse...

Tu, Haroldo e outros tantos nunca tiveram competência de derrotar essa oligarquia, sendo diretamente responsáveis por esse reinado. Agora movidos pela inveja resolvem dar uma forcinha para a oligarquia, minando a oposição.