Eles têm mais semelhanças do que diferenças |
Franklin Douglas (*)
Duas faces da
mesma moeda, assim são oligarquia e oposição consentida no Maranhão. Dividem o
mesmo condomínio do poder, o lulo-PMDB-petismo; defendem a mesma política neodesenvolvimentista;
fazem campanha da mesma maneira, para vencer de qualquer jeito.
Como bem
sintetizou o advogado Luís Antonio Pedrosa, "eles têm mais semelhanças do
que diferenças". Veja bem: não é que sejam completamente iguais, são
análogos em seus projetos, estratégia e táticas. A residual diferença
encontra-se tão somente nos aliados que reúnem na busca pela liderança do bloco
no poder.
Sob o
lulismo, oligarquia e oposição consentida disputam quem mais representa esse
projeto de poder no Maranhão. Não há divergências de fundo na concepção de
políticas públicas, no enfrentamento à concentração de renda e ao sistema
político vigente e sua forma de financiamento. Partilham da mesma plutocracia,
na qual só os economicamente fortes têm presença na arena política. O movimento
social de luta emancipatória, que inexiste à oligarquia, torna-se apenas uma
foto na campanha da oposição consentida - uma cereja no bolo.
Na política
neodesenvolvimentista, oligarquia e oposição consentida só veem refinarias,
termoelétricas, hidrelétricas, agronegócio de commodities, como estratégia de
crescimento para o estado. Não divergem quanto desenvolvimento desigual,
combinado e dependente que os grandes projetos do capital reservaram ao
Maranhão. Disputam palmo a palmo o financiamento das grandes empresas
siderúrgicas, mineradoras e do capital financeiro.
Em
consequência a essa opção neodesenvolvimentista, as políticas públicas de
efetivo impacto na realidade social maranhense se desmancham no ar assim que se
encerra o processo eleitoral. Basta lembrar dos "72 hospitais" ou do
"Hospital Dr. Jackson Lago", da "Avenida do Quarto
Centenário" ou do "Bilhete Único e do GPS nos ônibus", do
"Viva Educação" ou da "Escola em Tempo Integral", etc. O
que sobra da partilha do Orçamento Público entre os donos e amigos dos donos do
poder, vira perfumaria na política de "pão e circo" para manter o
povo sob controle.
E, assim, se
não divergem no atacado, diferenciam-se pouco no varejo.
A disputa
eleitoral, então, é mais um round na luta do vale-tudo para representar esse
projeto no Maranhão. Nesse contexto, o blefe e os factoides, a blogosfera
arregimentada e a cooptação de aliados são uma constante. De um lado, a
manipulação oligárquica com o "Eu amo o Maranhão"; do outro, a campanha
pelo impeachment a ser feito no campo de batalha dos mais fortemente controlado
pelo governo, a Assembleia Legislativa; de ambos, o silêncio e a perplexidade
do povo nas manifestações de rua.
Na crise do
sistema carcerário, a mesma solução - um comitê gestor sem participação das
organizações de luta pelos direitos humanos; se de um lado a política de
segurança pública se personifica no aliado Aluísio Mendes, do outro, no
neocomunista Raimundo Cutrim... Percebe diferenças, caro leitor?
De tão iguais
que estão ficando, a oposição consentida parece já transformar-se
majoritariamente numa dissidência, numa "oposição" por dentro da
oligarquia! O Maranhão já viu isso em 1965, na "Frente de Libertação do
Maranhão" com José Sarney contra Vitorino Freire.
Já estão tão
parecidos que até assinam, na Folha de São Paulo, artigos com o mesmo título
("Maranhão de Verdade" - Roseana Sarney, edição de 12/01/2014; "Maranhão de Verdade" - Flávio Dino, edição de 19/01/2014). Ambos, a
seu modo, contando meias verdades sobre a barbárie maranhense. Percebe
semelhanças, cara leitora?
Nesse
"Maranhão de verdade", sem antagonismo real entre os grupos que se
enfrentam, no meio do caminho fica o povo... Nesse emaranhado de meias
verdades, ambos só acertam quando um critica ao outro.
Eis, assim,
as bases da verdade que os dois lados não querem que prevaleça: eles tem mais
semelhanças do que diferenças!
(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, doutorando em Políticas Públicas (UFMA),
escreve ao Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Publicado na edição de 26/01/2014, p. 12.
Um comentário:
Tu, Haroldo e outros tantos nunca tiveram competência de derrotar essa oligarquia, sendo diretamente responsáveis por esse reinado. Agora movidos pela inveja resolvem dar uma forcinha para a oligarquia, minando a oposição.
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