domingo, 18 de maio de 2014

Artigo Wagner Baldez(*) - A RIDÍCULA PRETENSÃO DE UM FILHOTE DE LOBO




Wagner Baldez (**)


Sendo o lobo um ser reconhecidamente matreiro, Lobinho admite que, usando dessa finória qualidade, encontrará os recursos necessários para ocupar a toca dos leões!
Embora sabendo das dificuldades, jamais desistira dessa empreitada, principalmente por sentir-se dominado pela fascinação com o poder: força genealógica que lhe eriça o pêlo, sobretudo a partir do momento em que o PAI LOBO assumiu a governança do Estado.
Ao analisar cuidadosamente a situação política, o que de imediato lhe ocorreu foi a certeza de nunca o seu nome ter sido cogitado para a sucessão do governo do Estado, figurando, isto sim, o nome do Luís Fernando como imposição do clã Sarney.
Talvez porque Dona Roseana tenha imaginado que por pertencer seu candidato à comunidade ribamarense, sendo, inclusive, seu representante na Prefeitura, teria a bênção e o milagre operado pelo santo-padroeiro da urbe. Mas São José de Ribamar não operou o milagre esperado, já que a preferência do eleitor pelo candidato oficial empacou nos 12%.   
Diante de situações nebulosas, o lobo, animal notívago por natureza, sente-se mais à vontade em seus passos. Com calculada desenvoltura, Edinho Lobinho apresenta-se como o único disposto a abocanhar o butim palaciano das famélicas hienas bajuladoras da corte, e lança-se candidato à sucessão governamental!
Muita cautela deverá ter a ovelha – o eleitor desavisado que vê o moço na televisão com ares de Lobo-homem. Pois, quais as reais qualidades que Edison Lobão Filho possui para pleitear o mais expressivo cargo do Estado? Que nos apresente uma única contribuição em favor do engrandecimento do Maranhão!
O que o povo sabe de seus notáveis feitos é ter enriquecido como fabricante de “pães de ouro”, na Serra Pelada, no exíguo período de três anos!!! E olha que nem o proprietário da Panificadora Cristal, o José Frias, considerado o maior do ramo neste Estado, conseguiu em seus 50 anos de atividades o que o miraculoso Edinho amealhou naquela época!!!
O que o maranhense sabe, também, é que quando o LOBO PAI era governador, o filho tornou-se conhecido por Edinho 30.
No conto infantil “Chapeuzinho Vermelho”, dos irmãos Grimm, a assustada menina pergunta ao lobo mau: “Mas para que serve essa boca assim tão grande?!” Os contratados pelo Estado à época do governo-pai sabiam a resposta na ponta da língua: a boca de Lobinho – comenta-se, abatia quase um terço de toda negociata com o governo do Estado.
Entretanto o fato imbatível de sua biografia foi ter ultrapassado o campeão mundial de velocidade, Airton Senna. Este, segundo farta divulgação da mídia nacional, teria sido entrevistado pelo Jô Soares, em 1990, sobre a compra de uma mansão e sobre se teria enriquecido.
Deixemos a resposta com o próprio Senna: “Comprei a casa em várias parcelas. Rico mesmo é o filho do governador do Maranhão, que comprou uma mansão ao lado, maior que a minha, à vista, e em dinheiro vivo”.
Airton Senna, era do Brasil; mas Edinho Lobão, pasmem, era do Maranhão!!!
É claro que se alguém se dispuser a mensurar o perfil dos dois pré-candidatos(?) a ocupantes do Palácio dos Leões, não há de ter dúvidas que o Luis Fernando é mais palatável ao eleitorado maranhense. Ora, se mesmo nessa mais cômoda posição, não conseguiu ir além dos 12% de intenções de votos, imagine-se o que estará reservado ao enteado político Lobinho?!
Mas Edinho deve pensar de si para si: podia não ter a proteção de santo, mas nas noites de lua cheia, os lobos adquirem estranhos poderes mágicos de transmutação, conforme rezam as lendas.
Por isso, todo maranhense de bem deve nesse 03 de outubro cortar pela raiz a maldição, afastando de nosso convívio o candidato da situação de sinistras intenções. Que vá esse filhote de lobo procurar sua matilha lá pras matas do Mirador, pródigas dos de sua espécie!   

*Escrito em co-autoria com Simei Ribeiro (servidora pública)

(**) Wagner Baldez - Funcionário Público Aposentado, é membro da Comitê de Defesa da Ilha e fundador do Instituto Maria Aragão. Integra a Direção Estadual do PSOL/MA.

sábado, 17 de maio de 2014

Artigo Wagner Baldez - O DEPUTADO SURO


Wagner Baldez (*)

A população cordina despertou de alma festiva, ao ter notícia da visita que o dr. Henrique de La Rocque faria a essa urbe sertaneja.
Seria a oportunidade das pessoas conhecê-lo pessoalmente: desejo este nutrido há tempo, por tratar-se de um ilustre conterrâneo, cujo serviço prestado à nação – principalmente na era Vargas -, tornou-se o motivo de sua consagração como homem público.
Tão logo anoitecera, a sala de nossa residência encontrava-se completamente ocupada pelas pessoas ansiosas em cumprimentá-lo, inclusive declarando apoio à sua candidatura.
Nesse ambiente de cordialidade, tivemos a satisfação da presença, recém-chegada, de José Maria Uchôa, remanescente do fundador da cidade.
Ressaltamos, por oportuno e necessário, não se tratar apenas de tão significativo fato histórico, mas também pela dimensão de suas excelsas virtudes, inspirando-nos à produzir um breve comentário a respeito de sua pessoa: Uchôa era um desses viventes dotado de uma admirável cultura livre; sendo por nós outros tratado por filósofo. De bengala a sustentar-lhe o peso da idade avançada, dava aparência de Diógenes, sábio e filósofo grego; sobretudo nas noites, em que conduzia o seu lampião, o qual lhe facilitava na labuta de localizar e capturar insetos que infestavam a vegetação às margens do rio Corda. Citado produto era remetido para as instituições cientificas em São Paulo, sendo modestamente remunerado.
Jamais estendia as mãos à caridade pública. Só recebia oferta quando feita espontaneamente por amigos e admirados. Em tais ocasiões, tinha por hábito agradecer com palavras bastante sugestivas:
“Deus te livre do mal vizinho; da poeira do caminho e do nocivo efeito provocado pelo capitalismo!”.
Pois bem ... no momento em que se aproximava do Dr. La Rocque, saiu-se com esta tirada: “se cá me encontro é com o único desejo de conhecer o deputado suro – expressão que causou espanto geral entre os que se encontravam no recinto, por não entenderem o significado da mensagem! Alguns até admitiram tratar-se de falta de cortesia ou fina crítica; aliás, normal no procedimento do filósofo em algumas circunstâncias...
A partir desse instante, o silêncio instalou-se de forma sepulcral!
O autor da expressão, sentindo o clima desconfortável, apoderar-se dos circunstantes, procurou, de imediato, reverter a situação, usando da seguinte explicação: “se assim me manifestei, é por não ter ele “rabo” em condições  suficientes que possa alguém segurá-lo na intenção de incriminá-lo. Basta o conceito que lhe é atribuído ao nível nacional como sendo um personagem sem jaça, isento dos vícios da corrupção cultivadas pela maioria dos políticos de nosso estado e alhures”.
Mediante consubstanciado informe, ouviu-se o prorromper de palmas aclamando ambos os personagens.
Em breve pronunciamento, o Dr. La Rocque agradeceu carinhosamente a presença dos que ali se encontravam; palavras que se tornaram hóspedes das lembranças de seus inúmeros admiradores.


(*) Wagner Baldez - Funcionário Público Aposentado, é membro da Comitê de Defesa da Ilha e fundador do Instituto Maria Aragão. Integra a Direção Estadual do PSOL/MA.

Carta Capital: Patrimônio dos 15 mais ricos supera renda de 14 milhões do Bolsa Família

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Os irmãos João, Irineu e José ao lado de Roberto Marinho (de bigode)
O patrimônio das 15 famílias mais ricas do Brasil, segundo lista divulgada pela revista Forbes, é dez vezes maior que a renda de 14 milhões de grupos familiares atendidos pelo programa Bolsa Família. De acordo com a publicação americana, os 15 clãs mais abastados do Brasil concentram uma fortuna de 270 bilhões de reais, cerca de 5% do PIB do País. O Bolsa Família, por sua vez, atendeu 14 milhões de famílias em 2013 com um orçamento de 24 bilhões de reais, equivalentes a 0,5% do PIB.
Lidera a lista da Forbes a família Marinho, dona das Organizações Globo. Os irmãos Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho, José Roberto Marinho possuem uma fortuna de 64 bilhões de reais. Outra empresa de mídia que aparece na lista é o Grupo Abril, do clã Civita, com patrimônio de 7,3 bilhões de reais.
O setor bancário se destaca na origem das fortunas das famílias mais ricas do Brasil, representado pelos clãs Safra (Banco Safra), Moreira Salles (Itau/Unibanco), Villela (holding Itaúsa), Aguiar (Bradesco) e Setubal (Itaú).
Eram três os bilionários do Brasil em 1987, quando a Forbes produziu a primeira lista: Sebastião Camargo (Grupo Camargo Correa), Antônio Ermírio de Moraes (Grupo Votorantim) e Roberto Marinho (Organizações Globo). Hoje são 65, 25 deles parentes, o que leva a revista americana a constatar que para se tornar um bilionário no Brasil, o mais importante é ser um herdeiro.
Segue a lista das famílias mais ricas do Brasil:
1)      Marinho, Organizações Globo, US$ 28,9 bilhões
2)      Safra, Banco Safra, US$ 20,1 bilhões
3)      Ermírio de Moraes, Grupo Votorantim, US$ 15,4 bilhões
4)      Moreira Salles, Itaú/Unibanco, US$ 12,4 bilhões
5)      Camargo, Grupo Camargo Corrêa, US$ 8 bilhões
6)      Villela, holding Itaúsa, US$ 5 bilhões
7)      Maggi, Soja, US$ 4,9 bilhões
8)      Aguiar, Bradesco, US$ 4,5 bilhões
9)      Batista, JBS, US$ 4,3 bilhões
10)  Odebrecht, Organização Odebrecht US$ 3,9 bilhões
11)  Civita, Grupo Abril, US$ 3,3 bilhões
12)  Setubal, Itaú, US$ 3,3 bilhões
13)  Igel, Grupo Ultra, US$ 3,2 bilhões
14)  Marcondes Penido, CCR, US$ 2,8 bilhões
15)  Feffer, Grupo Suzano, US$ 2,3 bilhões

O debate sobre Desenvolvimento que nem Lobão Filho nem Flávio Dino querem...


            O Seminário Internacional Carajás 30 Anos: resistências e mobilizações frente a projetos de desenvolvimento na Amazônia Oriental, realizado na cidade de São Luís, de 5 a 9 de maio de 2014, no Centro de Convenções da Universidade Federal do Maranhão, constituiu-se Território D. Tomás Balduíno.
Após todos os debates, reflexões, articulações e mobilizações que fizemos ao longo do processo, incluindo os Seminários Preparatórios realizados em Imperatriz (18 a 20 de outubro de 2013), Santa Inês (20 a 22 de março de 2014), Marabá (21 a 23 de março de 2014) e Belém (09 a 11 de abril de 2014), afirmamos que:
- O extinto Programa Grande Carajás, cujas continuidades, hoje, são comandas pela Vale e seus parceiros, impôs um modelo de desenvolvimento que trouxe enormes prejuízos sociais, econômicos, políticos, culturais, artísticos, ambientais à Amazônia oriental. Mineração, exploração ilegal de madeira, indústrias poluidoras, pesca predatória, monocultivos, pecuária extensiva, especulação imobiliária no campo e na cidade, obras de infraestrutura provocam profundas alterações nas paisagens e nos modos de vida.
- Vivemos sob uma economia de enclaves, controlada por grandes corporações de alcance internacional e, assim como em várias partes do mundo, somos submetidos a: descomunal concentração de terras (a maior do país); poluição; destruição dos ecossistemas; concentração de renda; violência e assassinatos no campo e na cidade; trágicos conflitos fundiários; precarização do trabalho; trabalho escravo e infantil; desmonte da legislação trabalhista, ambiental e territorial; processos compulsórios de migração; aumento da miséria; genocídios de povos e comunidades tradicionais; desigualdade de gênero; marginalização da juventude e velhos.
- A voracidade da extração de minério de ferro da região Carajás determina o projeto de abertura de uma nova e enorme mina na Serra Sul da Floresta Nacional Carajás (S11D), a duplicação da Estrada de Ferro, considerada ilegal pela Justiça Federal, e construção de novas ferrovias, assim como a expansão do complexo portuário da região, resultando na intensificação das agressões aos povos, comunidades e à natureza.
- O agronegócio é inimigo da sociedade, com suas práticas destrutivas da natureza e dos modos de vida da agricultura familiar camponesa e dos povos das florestas, das águas e das cidades. Trata-se de um modelo de produção que impõe uma alimentação envenenada com seus agrotóxicos. Esse “desenvolvimento” constitui um crime de crime de lesa humanidade.
- Neste ambiente, denunciamos o Estado como agente promotor e sustentador deste modelo econômico que oprime e explora. Salvo honrosas exceções, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, em todos os seus níveis, atendem aos interesses dos empreendimentos opressores. A relação é de cumplicidade e submissão, havendo um cordão umbilical entre o grande capital internacional, a estrutura oligárquica e os poderes locais.  
- Uma das principais ações dessa dinâmica é a violenta e histórica criminalização dos movimentos, organizações e lideranças sociais. O capital e o Estado não querem a manifestação pública! A pseudo-democracia serve, principalmente e quase que exclusivamente, ao poder econômico e à estrutura oligárquica.   
- Esse processo de espionagem, criminalização e violência é uma manifestação da ditadura do capital que se expressa, dentre outra formas, através da censura e manipulação da grande imprensa. A ausência de notícias na grande mídia sobre esse Seminário é um exemplo claro da incorporação da censura pelos órgãos de comunicação, operada através do poder econômico.
- Porém, existem resistências a este desenvolvimento, em várias escalas e níveis, que envolvem a persistência de muitos que dizem não a este modelo: comunidades tradicionais, povos indígenas e quilombolas; movimentos de mulheres, gênero e geração; organizações e movimentos sociais; organizações religiosas; intelectuais; trabalhadores e sindicatos do campo e da cidade; mídia alternativa. São muitos coletivos e sujeitos que acreditam e lutam a partir de outras referências, de outros paradigmas.    
- Reafirmamos o Seminário Internacional Carajás 30 Anos como um processo regional, nacional e internacional de articulação, reflexão e mobilização das resistências e diferentes formas de produção de saberes e cultura para a construção de um mundo mais justo e solidário.
Diante do exposto, chamamos a sociedade da Amazônia, do Brasil e internacional a refletir e resistir contra o desenvolvimento imposto pelo capital e a lutar por:
- soberania dos povos;
- democracia popular;
- reforma agrária;
- demarcação de territórios indígenas, quilombolas e de populações tradicionais
- direito à moradia;
- soberania alimentar;
- conservação do ambiente;
- respeito às culturas e tradições;
Enfim, lutar pela vida. Afinal, diante da realidade deste modelo predatório e excludente, é necessário “perder a inocência”.

“Enquanto houver fome haverá luta!”
Manuel da Conceição

quinta-feira, 15 de maio de 2014

PSOL incorpora 100% das propostas elaboradas pelo Seminário Internacional Carajás 30 anos



PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL)
NOTA PÚBLICA:
 

NÃO VALE DESENVOLVER
FINANCIANDO A DESTRUIÇÃO AMBIENTAL DO MARANHÃO!

PSOL incorpora 100% das propostas elaboradas
pelo Seminário Internacional Carajás 30 anos


O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), por ocasião do Seminário Internacional Carajás 30 anos, realizado em São Luís, entre os dias 5 e 9 de maio, vem a público se posicionar sobre o tema, no seguinte sentido:

1. O Programa Grande Carajás foi criado supostamente para garantir infraestrutura para a exploração e transporte das riquezas minerais, no contexto de políticas desenvolvimentistas da ditadura militar, com a participação de grandes grupos econômicos privados e com o financiamento de agências multilaterais de desenvolvimento.

2. Mesmo extinto oficialmente em 1991, esse conglomerado de interesses tem financiado, com dinheiro e dívida pública, o escoamento de minério para o exterior, estando no centro da estratégia do agronegócio, conforme o modelo adotado no Estado, instalando polos siderúrgicos tecnologicamente pobres e de alto impacto ambiental.

3. Essa opção de desenvolvimento, a serviço dos interesses exclusivos da mineração e da siderurgia, ataca violentamente os direitos dos povos tradicionais da Amazônia Oriental, impactando negativamente as cidades, os biomas e as paisagens.

4. Os interesses que giram ao redor de Carajás estão profundamente relacionados à nova hegemonia do capital instalada na política, que uniu o pragmatismo eleitoral da esquerda domesticada e o agronegócio, através do explícito financiamento de campanhas. Daí a notada ausência dos pré-candidatos Flávio Dino (PCdoB) e Edinho Lobão (PMDB) no seminário: ambos estão sentados na mesma mesa do banquete oferecido pelo grande capital mínero-energético-metalúrgico!

5. Ausência que apenas confirma os interesses que dão sustentação ao programa de governo de fato das duas candidaturas (da oligarquia e de sua dissidência conservadora, agora tucano-comunista!). Com igual força e intensidade, elas representam os interesses do agronegócio, do projeto de economia de enclave que dizima populações indígenas, quilombolas, camponesas.

6. O PSOL ACOLHE NA ÍNTEGRA TODAS AS PROPOSTAS CONSTRUÍDAS PELO SEMINÁRIO INTERNACIONAL CARAJÁS 30 ANOS, incorpora-as a seu Programa de Governo a ser apresentado nestas eleições de 2014 e reafirma seu compromisso com as deliberações do Seminário.

7. As propostas do Seminário Internacional Carajás 30 anos estão 100% afinadas com a plataforma política que o PSOL defende como ferramenta de luta a favor dos segmentos sociais atingidos por esse projeto autoritário e concentrador de riquezas. 

VIVA A RESISTÊNCIA DOS POVOS, ORGANIZAÇÕES, MILITANTES, ESTUDANTES, TRABALHADORES E PESQUISADORES QUE MANTÊM DE PÉ A LUTA PELO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO MARANHÃO! 

São Luís (MA), 14 de maio de 2014.
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

sábado, 3 de maio de 2014

Dom Tomas Balduíno, presente!



NOTA DE FALECIMENTO
Dom Tomás Balduino, fundador da CPT, fez a sua páscoa

“Para tudo há uma ocasião certa;
há um tempo certo para cada propósito
debaixo do céu: Tempo de nascer e tempo de morrer,
tempo de plantar
e tempo de arrancar o que se plantou...
tempo de lutar e tempo de viver em paz”. 
(Eclesiastes 3:1-8)


É com grande pesar e muita tristeza que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) comunica a todos e todas o falecimento de Dom Tomás Balduino. Fundador da CPT, bispo emérito da cidade de Goiás e frade dominicano, Dom Tomás lutou por toda sua vida pela defesa dos direitos dos pobres da terra, dos indígenas, das demais comunidades tradicionais, e por justiça social. Nem mesmo com a saúde debilitada e internado no hospital ele deixava de se preocupar com a questão da terra e pedia, em conversas, para saber o que estava acontecendo no mundo.

Aos 91 anos, completados em dezembro passado, Dom Tomás Balduino, o bispo da reforma agrária e dos indígenas, nos deixa seu exemplo de luta, esperança e crença no Deus dos pobres. Ficamos, hoje, todos e todas um pouco órfãos, mas seguimos na certeza de quem Dom Tomás está e estará presente sempre, nos pés que marcham por esse país e nas bandeiras que tremulam por esse mundo em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Dom Tomás faleceu em decorrência de uma trombo embolia pulmonar, às 23h30 de ontem, 02 de maio de 2014. Ele permaneceu internado entre os dias 14 e 24 de abril último no hospital Anis Rassi, em Goiânia. Teve alta hospitalar dia 24, e no dia seguinte foi novamente internado, porém desta vez no Hospital Neurológico, também em Goiânia. 

O Corpo será velado na Igreja São Judas Tadeu, no Setor Coimbra, em Goiânia, até às 10 horas do domingo, dia 4 de maio, momento em que será concelebrada a Eucaristia, e logo em seguida será transladado para a cidade de Goiás (GO), onde será velado na Catedral da cidade até às 9 horas da segunda-feira, 5 de maio, e logo em seguida será sepultado na própria Catedral. 
Biografia de Dom Tomás Balduino
Dom Tomás Balduino nasceu em Posse, Goiás, no dia 31 de dezembro de 1922. Ele é filho de José Balduino de Sousa Décio, goiano, e de Felicidade de Sousa Ortiz, paulista. Seu nome de batismo é Paulo, Paulo Balduino de Sousa Décio. Foi o último filho homem de uma família de onze filhos, três homens e oito mulheres. Ao se tornar religioso dominicano recebeu o nome de Frei Tomás, como era costume.

Para melhor atender a enorme região da Prelazia que abrangia todo o Vale do Araguaia paraense e parte do baixo Araguaia mato-grossense, fez o curso de piloto de aviação. Amigos solidários da Itália o presentearam com um teco-teco com o qual prestou inestimável serviço, sobretudo no apoio e articulação dos povos indígenas. Também ajudou a salvar pessoas perseguidas pela Ditadura Militar.
Em 1967, foi nomeado bispo diocesano da Cidade de Goiás. Nesse mesmo ano foi ordenado bispo e assumiu o pastoreio da Diocese, onde permaneceu durante 31 anos, até 1999 quando, ao completar 75 anos, apresentou sua renúncia e mudou-se para Goiânia. Seu ministério episcopal coincidiu, a maior parte do tempo, com a Ditadura Militar (1964-1985).
Alguns movimentos nacionais como o Movimento do Custo de Vida, a Campanha Nacional pela Reforma Agrária, encontraram apoio e guarida de Dom Tomás e nasceram na Diocese de Goiás.
Dom Tomás foi personagem fundamental no processo de criação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em 1972, e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1975.  Nas duas instituições Dom Tomás sempre teve atuação destacada, tendo sido presidente do CIMI, de 1980 a 1984 e presidente da CPT de 1999 a2005. A Assembleia Geral da CPT, em 2005, o nomeou Conselheiro Permanente.
Depois de deixar a Diocese, além de ser presidente da CPT, desenvolveu uma extensa e longa pauta de conferências e palestras em Seminários, Simpósios e Congressos, tanto no Brasil quanto no exterior. Por sua atuação firme e corajosa recebeu diversas condecorações e homenagens Brasil afora.

Foi designado, em 2003, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, CDES, do Governo Federal, cargo que deixou por sentir que pouco ou nada contribuía para as mudanças almejadas pela nação brasileira. Foi também nomeado membro do Conselho Nacional de Educação.

Fonte: CPT Nacional

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Artigo Wagner Baldez: BARRA DO CORDA NOS ARQUIVOS DO TEMPO


 

Wagner Baldez (*)



Com veemente disposição, submeto-me ao exaustivo labor de procurar nos arquivos do tempo acontecimentos relacionados com os descobrimentos dos municípios maranhenses. Ainda que todos despertassem no meu espírito profundo interesse, a verdade é que, neste particular, a BARRA DO CORDA mereceu o aporte de minha preferência, sobretudo pelo seu valioso e consagrado acervo histórico.

As diversas etapas de sua expressiva e fascinante trajetória exercem uma força telúrica arrebatadora, que acaba por vincular emocionalmente o leitor aos destinos do referido território.

Já nos albores de sua existência, os membros da expedição exploradora previram que naquele local surgiria uma civilização com a nobre missão de revitalizar o progresso do sertão, até então no mais completo isolamento, devido à falta de povoamento nessa extensa faixa de terra recém-descoberta.

Considerando a sua localização no centro geográfico do Estado, logicamente que a BARRA DO CORDA funcionaria, inclusive, como entreposto ou polo de integração, facilitando a aproximação de agrupamentos humanos distanciados um dos outros.

Tão logo espalhada a notícia do acontecimento, começou o fluxo de pessoas vindas dos mais longínquos recantos: mormente pelas informações obtidas de que o lugar possuía terras férteis, matas exuberante, rico em água, clima ameno, o que fazia do local o mais precioso jardim dos sertões maranhenses!

Não por acaso, pois, nasceu num berçário de flores, já que no mês de maio (3) de 1835, data oficial do seu descobrimento pelo sertanista cearense Manuel Rodrigues de Melo Uchoa.

A acolhida que espontaneamente era dispensada a todos que para lá se dirigiam com a finalidade de fixar moradia, contribuiu para que a sua ocupação se fizesse de forma acelerada.

Com o crescimento populacional, BARRA DO CORDA se encontrava apta a iniciar o seu desenvolvimento econômico, social, político e cultural, e foi exatamente isso que ocorreu.

Por inspiração do Dr. Isaac Martins, culto e digno magistrado, foi fundado o primeiro estabelecimento de instrução secundária da interland maranhense, inclusive em sistema de internato. “O Colégio Popular”, como viera a ser denominado, prestou relevantes serviços à mocidade de toda vasta região sertaneja.

O ensino ministrado era da mais perfeita qualidade, já que o corpo docente era constituído de renomados educadores!

BARRA DO CORDA passou a ser reconhecida como FAROL DO SABER e POLO IRRADIADOR DE CULTURA, a iluminar as mentalidades sequiosas de conhecimentos.

Dr. Isaac Martins foi também o criador do Jornal O NORTE, através do qual difundiu as ideias republicanas. Mas um título vinha a ser incorporado ao glorioso perfil da BARRA DO CORDA: MATRIZ DO MOVIMENTO REPUBLICANO no Estado do Maranhão!

Embora tenha deixado de enumerar outros eventos de significativa importância (dada à exiguidade do espaço), somente esses a que fiz alusão, tornam-se o suficiente para celebrizar o município que completa 179 anos de existência, o que, aliás, constitui motivo de orgulho para seus filhos, sobremaneira por saberem reconhecidos pela História os fatos memoráveis conquistados com acendrado amor e elevado civismo.

Parabéns BARRA DO CORDA, por completares 179 anos de caminhada no tempo; pois somente aqueles que se dispõem a este tipo de enfrentamento podem viver todos os dias com a certeza de chegar.


(*) Wagner Baldez - Funcionário Público Aposentado, é membro da Comitê de Defesa da Ilha e fundador do Instituto Maria Aragão. Integra a Direção Estadual do PSOL/MA.