Que dirá Sarney agora? Que a voz não era dele?
Do Planalto, certamente monitorado por pesquisas, já se tem sinais que o preço de sustentar Sarney está sendo alto demais... O Lulismo, que a cada dia que passa vai asfixiando o petismo (o abraço com Collor matou um dos maiores símbolos do PT, a campanha de 1989!), parece não ter mais como suportar a defesa do presidente do Senado. O silêncio começa a ser mais ensurdecedor.
Renato Machado, no Bom Dia Brasil de hoje (veja abaixo) - só falta dizer: alguém tome às ruas! Mas da UNE atrelada ao PCdoB, o seu novo presidente (da UJS/PCdoB, eleito semana passada no 51º Congresso), prevalece a orientação dos Comitê Central de Aldo Rebelo, Inácio Arruda e, pelo silêncio de quem cala consente, Flávio Dino: a UNE não bate em Sarney, muito menos vai às ruas em defesa da moralidade no Senado.
Sarney a cada dia mais morimbundo, a presidência do Senado já não lhe serve muito. O indiciamento de Fernando Sarney pela Polícia Federal revela a fragilidade crescente do velho oligarca.
Imaginem o estrago que esses escândalos não estão fazendo Maranhão adentro. Desta vez, não tem como a Mirante cortar o sinal ou a Cemar cortar o fornecimento de energia. De suas parabólicas ou direto da Globo em São Paulo, os canais do interior maranhense assistem à derrocada do velho Sarney: nunca vimos isso antes na história do Maranhão recente! Com certeza, cresce a massa crítica ao Sarneismo também no interior do estado.
Só por isso, a presidência do Senado já valeu a pena para o povo maranhense!
Bom Dia Brasil
Novos trechos de gravações ligam Sarney a atos secretos
A pressão aumentou com as novas denúncias. Senadores da oposição voltaram a pedir o afastamento de Sarney da presidência do Senado
Tudo isso está acontecendo em pleno recesso que, segundo muitos políticos, ajudaria a esfriar a crise. Esqueceram de combinar com os fatos. As gravações foram feitas em março e abril do ano passado durante uma investigação sobre Fernando Sarney, filho de José Sarney.
A nomeação de Henrique Dias Bernardes para um cargo no Senado não teria chamado atenção, se a Polícia Federal não estivesse investigando Fernando Sarney, filho do presidente do Senado. As gravações, autorizadas pela Justiça, foram divulgadas pelo jornal “O estado de São Paulo”.
Nas conversas, Maria Beatriz Sarney, neta de José Sarney, pede ao pai um emprego para o namorado.
- Maria Beatriz Sarney: Pai, deixa eu te perguntar uma coisa. Meu irmão saiu do Senado, né? Vai sair a exoneração dele amanhã. Aí você acha que dá pro Henrique entrar na vaga dele ou não?
- Fernando Sarney: Dá sim, mas amanhã de manhã cedo tu tem que me ligar, pra eu falar com o Agaciel. Fernando Sarney diz que acionou o então diretor-geral do Senado Agaciel Maia.
- Maria Beatriz Sarney: Pai?
- Fernando Sarney: E aí, meu bem? Já falei com o Agaciel. Peça ao Bernardo pra procurar o Agaciel e eu vou falar com o papai ou eu mesmo com o Garibaldi amanhã aí em Brasília, quando eu for, amanhã ou depois, pessoalmente, que é o único jeito de resolver. E aí se for o caso, pra ele já levar tudo do Henrique, já dizer: "a pessoa que o Fernando quer botar é essa aqui".
Em outra conversa, Beatriz conta que ligou para o avô.
- Maria Beatriz Sarney: Falei com o vovô, né?
- Fernando Sarney: Sim.
- Maria Beatriz Sarney: Aí ele falou assim: "ah, mas você tinha que ter falado antes, pra eu já agilizar".
Em outro trecho, Fernando Sarney conversa com um assessor de José Sarney sobre o pedido.
- Fernando Sarney: O irmão da Bia, quando papai era presidente do Senado, eu arrumei emprego pra ele lá.
- Assessor: sei.
- Fernando Sarney: Ele agora está saindo, eu liguei pro Agaciel pra ver a possibilidade de botar o namorado da Bia lá. Porque me ajuda, viu, é uma forma e tal de dar uma força para mim. E o irmão tá saindo, é uma vaga que podia ser nossa. O senador diz ao filho que vai ajudar.
- José Sarney: Olha, você não tinha me falado o negócio da Bia.
- Fernando Sarney: Ela falou comigo sexta-feira.
- José Sarney: Mas ele (Bernardo) entrou logo com o pedido de demissão, agora pra...
- Fernando Sarney: Eu falei com o Agaciel.
- José Sarney: Já falou com o Agaciel?
- Fernando Sarney: Falei, falei. Pedi pro Agaciel segurar com ele. Agaciel tá com os dois currículos na mão dele, tá com tudo lá.
- José Sarney: Tá bom. Eu vou falar com ele.
- Fernando Sarney: Pra prevenir. É só isso aí, o que eu queria. Que desse uma palavrinha com ele.
O presidente do Senado, na época, era Garibaldi Alves (PMDB-RN). A nomeação foi confirmada por ato secreto. Garibaldi disse que não ficou sabendo da negociação: “Não tinha conhecimento da nomeação. Tenho conhecimento, agora, que essa nomeação não foi assinada por mim, foi assinada pelo diretor-geral e não foi publicada”.
Em outra conversa gravada pela Polícia Federal, João Fernando, também filho de Fernando Sarney, conta em tom de deboche que foi chamado ao gabinete do senador Epitácio Cafeteira. Ele era funcionário, mas não teria o costume de comparecer.
- João Fernando: Fui lá achando que era alguma coisa importante. Aí cheguei lá e ele falou: "Não, pô, eu só queria te ver. Teu pai perguntou se você tava trabalhando e eu tinha que te ver pra falar pra ele”.
- Fernando Sarney: Ah, então tá certo. Ele tá tomando conta de ti aí... Senadores de oposição consideraram grave o que as gravações revelaram e voltaram a falar em afastamento do presidente Sarney.
“A crise só vai ter solução com a saída dele da presidência”, disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM). “Com o presidente da Casa no exercício da função, as investigações e sindicâncias terão sempre a suspeita de que terão sido investigações sob tutela”, ponderou o líder do Democratas, senador Agripino Maia (DEM-RN). (assista aqui)
Ricardo Noblat
Sarney está irritado com o governo. E culpa Tarso
Vocês pensam que o senador José Sarney (PMDB-AP) está na defensiva?
Que nada!
Mandou um duro recado para Lula.
Está irritado com o ministro Tarso Genro, da Justiça, que poderia ter controlado melhor a Polícia Federal e impedido que vazasse gravações que o comprometem - e a sua família.
Desconfia que o governo faz jogo duplo: ao mesmo tempo que o defende, o sacrifica.
Lula respondeu que Tarso não teve culpa. Que a polícia não tem culpa. E que ele, Sarney, não deve se preocupar. Continuará blindado pelo governo.
Mirian Leitão
Diálogos da família Sarney não são nada normais
É assustador. Nada que nós ouvimos nesse diálogo é normal. Se os políticos estão aceitando como normal, eles estão errados. Um político deve ocupar espaço, mas para influir nas políticas públicas, e não para dependurar parentes de geração em geração nos cargos públicos.A frase dita pelo empresário Fernando Sarney, de que “a vaga podia ser nossa” é um flagrante do pior lado da política brasileira. Uma doença chamada patrimonialismo, que significa tratar o bem público como se fosse propriedade privada, como se pertencesse pessoalmente ao político e à sua família.
Essa confusão entre o público e o privado é histórica. Vem do Brasil Colônia. Mas ficou mais escancarada nesta base parlamentar. É um vício que se mantém, e, pior, que está se agravando nos últimos anos.
O enorme risco que o país corre com esta atitude de determinados políticos que se acostumarem, de acharem que faz parte da cena, o desvio, o mau comportamento, é que a população começa a se afastar dos políticos. Começa a achar que não vale a pena manter a instituição do Congresso.
Contra esse sentimento é preciso lutar. Se você acha que nada disso é normal, você é que está certo. Na Inglaterra, por fatos assim, e até menos graves, houve queda do presidente do Parlamento, perda de mandato de representantes, que agora estão enfrentando a Justiça.
Cristiana Lobo
A fragilidade de Sarney
A já difícil situação de José Sarney no comando do Senado ficou ainda mais delicada com a divulgação pelo jornal O Estado de S. Paulo do áudio de conversas familiares onde o assunto era a nomeação do namorado da neta dele para um cargo de confiança na presidência do Senado - o que foi feito por um ato secreto. Ainda assim, Sarney não dá indicações de que tomará qualquer providência - seja o afastamento temporário ou definitivo da presidência do Senado.
Antes do recesso parlamentar, Sarney vinha evitando presidir as sessões do Senado para não ouvir de colegas pedidos para que se afastasse - como, aliás, fez o senador Pedro Simon que pediu sua renúncia. Para alguns senadores, o noticiário indica que o constrangimento vai persistir e que outros devem repetir Simon. Cristovam Buarque (PDT-DF) já anunciou hoje que vai subscrever pedidos de afastamento dele da presidência.
Até o presidente Lula que vinha publicamente defendendo José Sarney, em conversas reservadas reconhece que, do ponto de vista da política, agiu certo ao sair em defesa do aliado. Mas já admitiu que “paga preço alto” por isso.
Amigos de Sarney no PMDB não esquecem a conta que é feita pelo senador Romero Jucá indicando que ele tem o apoio de 45 senadores da base. Só que 37 destes vão disputar a eleição do ano que vem - e isso os deixa mais sujeitos à pressão da opinião pública - que, conforme pesquisas internas, tem recriminado Sarney.
Assim como é difícil para os políticos falar mal de Lula é muito difícil também falar bem de Sarney
Mais Gravações no Estadão
Gravação da PF mostra Fernando como operador da família Sarney
Único dos três filhos a não entrar oficialmente para o mundo da política, ele se mostra eficiente articulador
As gravações feitas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Boi Barrica - com autorização judicial - revelam o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como operador atuante nos negócios e também na política. Um dos alvos preferidos dele, revelam os diálogos, é o setor elétrico - nos telefonemas, interlocutores como o diretor da Eletrobrás, Astrogildo Quental, e o assessor do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) Antonio Carlos Lima, o Pipoca.
Responsável pelo dia a dia das empresas do clã Sarney no Maranhão, Fernando, avesso aos holofotes e único dos três filhos de Marly e José Sarney a não entrar oficialmente para o mundo da política, se mostra um eficiente articulador, sempre preocupado com dinheiro e com os interesses da família no setor público. Apontado pela Polícia Federal como chefe de uma organização criminosa com tentáculos sobre órgãos do governo federal comandados por apadrinhados do pai, Fernando esbanja poder.
Nas interceptações da Boi Barrica, é personagem de muitas conversas cifradas, pontuadas por suspeitas. Num diálogo gravado pela polícia em 26 de março de 2008, por exemplo, Fernando e o irmão deputado Zequinha Sarney (PV-MA) falam sobre uma transação pendente no Maranhão.
"Aquele assunto, Fernando, lá do Maranhão, é 900 mil, não tem nada de 5 milhões, não", diz Zequinha. "O negócio é quente."
"Então é tudo procedimento. Procede tudo, né?", pergunta Fernando.
O deputado responde: "Procede, mas não da maneira que tu falaste. Não era assim também não. Era nota fria."
Com o irmão, a quem chama de Zecão, Fernando também falava frequentemente sobre pesquisas eleitorais e a cobertura política dos veículos da família, no Maranhão.
Os contatos de Fernando, que por dia costumava atender e efetuar uma média de 150 chamadas em seu celular, se concentram entre o Maranhão e Brasília. Há dezenas de ligações, por exemplo, para Astrogildo Quental - até hoje diretor financeiro da Eletrobrás, por indicação de Sarney.
Nas conversas com Astrogildo, seu colega de faculdade, Fernando fala pouco. No máximo, sobre indicações para postos na estatal. "Vou ver se eu consigo com o Lobão, em Brasília, semana que vem", diz ele ao amigo, chamado de Astrinho, sobre um pleito do grupo no Ministério de Minas e Energia, comandado por Edison Lobão, outro indicado de Sarney. A dupla Fernando-Astrogildo prefere conversar pessoalmente. Há várias ligações para marcar reuniões.
Em outro diálogo a que o Estado teve acesso, Fernando é contatado pelo ex-senador Maguito Vilela, à época vice-presidente do Banco do Brasil. Também nesse caso, a conversa não se estende ao telefone. Maguito queria falar pessoalmente com Fernando. "Precisava falar com você na quarta-feira", diz ele. "Tenho estado muito com seu pai", observa Maguito, alçado ao cargo no Banco do Brasil pelo PMDB de Sarney.
''CENTRAL''
Fernando funciona como uma central de solução de problemas de todo tipo. Costuma ser acionado com frequência pelos auxiliares de seu pai no Senado. Em outro diálogo interceptado pela PF, quem liga para ele é Aluísio Mendes Filho, ajudante de ordens de Sarney e hoje na Subsecretaria de Inteligência do governo do Maranhão. Aluísio passa o telefone para Fernando César Mesquita, outro assessor de Sarney no Senado.
"O cara que é vice-presidente do Eike, o Paulo Monteiro, tá aí no Maranhão. Ele vai te procurar aí pra falar um negócio aí sobre esse problema da usina deles", diz Mesquita. "Diga a ele pra me ligar", responde Fernando. O Grupo EBX, de Eike Batista, estava às voltas, à época, com problemas na Justiça para instalação de uma usina termoelétrica nas imediações do Porto de Itaqui, no Maranhão. Ao Estado, Mesquita disse que apenas intermediou o contato entre o representante da EBX e Fernando. "Eu conheço tanto o pessoal do Eike quanto o Fernando. Eles estão construindo uma termoelétrica no Maranhão e queriam um contato de relações públicas com o Fernando. Foi isso", afirmou.
Fernando também aparece em conversas com Pipoca - assessor de Lobão cuja mulher é dona de empresa de fachada que recebeu parte do dinheiro repassado pela Petrobrás à Fundação José Sarney. Numa das conversas, Pipoca reclama de mal-entendido envolvendo "coisas" que tinham conversado sobre a Eletrobrás.
Fernando o consola. "Eu luto pra te botar no melhor dos mundos, Pipoca." Nos diálogos, Fernando trata com igual desenvoltura e dedicação desde assuntos de negócios e nomeações no serviço público até assuntos mais comezinhos.
Num dos diálogos, ele e um assessor de Sarney tratam de convites para a filha, Ana Clara, assistir à "missa do papa". Procurado, o empresário não atendeu às ligações ontem. Em nota, seu advogado, Eduardo Ferrão, reagiu à divulgação, pelo Estado, das gravações feitas pela PF.
A nota diz que as conversas são "estritamente privadas, sem qualquer conotação de ilicitudes". As conversas revelaram a mobilização da família para empregar no Senado o namorado de uma neta de Sarney. A nomeação saiu via ato secreto. O próprio Sarney foi gravado pela PF. Os diálogos revelaram sua relação com o ex-diretor do Senado Agaciel Maia nos favores a parentes e agregados, algo que o senador vinha negando.
"Trata-se da divulgação mutilada de trechos de longas conversas telefônicas mantidas entre familiares", escreveu o advogado de Fernando. O Estado publicou as gravações na íntegra, sem nenhuma alteração
OUÇA OS DIÁLOGOS:
Diálogo 1 (26/3/2008 - 18h40min27s): Fernando Sarney e irmão falam sobre "négocio quente" no MA
Diálogo 2 (26/3/2008 - 18h46min13s): Fernando Sarney recebe telefonema de Maguito Vilela
Diálogo 3 (25/3/2008 - 13h44min20s): Fernando Sarney fala sobre indicação no Ministério das Minas e Energia
Diálogo 4 (28/3/2008 - 19h26min14s): Fernando e José Sarney conversam sobre Operação Boi Barrica
Dora Kramer
Capitania hereditária
Agora não falta mais nada: está provado que o presidente do Senado, José Sarney, mentiu ao negar a existência de atos secretos, que descumpriu a Constituição no tocante à prática do nepotismo e que foi o mandante de pelos menos parte dos ilícitos imputados ao ex-diretor Agaciel Maia.
Se o Senado, o Conselho de Ética, a tropa de choque, presidente Luiz Inácio da Silva e agregados ainda assim continuarem sustentando que Sarney é vítima de uma conspiração e sua permanência na Casa deve ser defendida, é porque estão dispostos a daqui em diante serem tratados como cúmplices.Não que isso lhes renda algum prejuízo imediato, mas só por uma questão de nitidez de procedimentos e de respeito aos fatos.
O primeiro e mais eloquente deles remete a uma declaração do já diretor-geral afastado do cargo, avisando que não poderia nem admitiria ser responsabilizado sozinho pela edição de decisões administrativas validadas ao arrepio do preceito constitucional da publicidade.
"Ninguém pode dizer que não sabia", afirmou Agaciel há pouco mais de um mês. No dia 13 de junho, três depois de o Estado revelar a existência dos atos, coincidentemente no mesmo dia 10 em que o ex-diretor casou a filha numa cerimônia à qual compareceram três ex-presidentes da Casa: Renan Calheiros, Garibaldi Alves e, no altar como padrinho, José Sarney.
As denúncias sobre os desmandos já eram divulgadas havia quatro meses e, havia dois Agaciel estava afastado do posto. Ainda assim, aos senadores não ocorreu a inadequação das presenças que confirmavam os laços de intimidade com o funcionário de conduta já condenada. Bem como os organizadores da festa não atinaram para a impropriedade do fundo musical com a trilha sonora do filme O Poderoso Chefão. Descuido de quem não deve? Não, descaso de quem não teme a lei por acreditá-la forte apenas para as pessoas comuns.
As gravações dos diálogos entre o filho do senador, o empresário Fernando Sarney, a filha dele, Maria Beatriz, e o patriarca da família - obtidas com autorização judicial pela Polícia Federal durante uma investigação de tráfico de influência tendo Fernando Sarney como principal alvo - valem por um compêndio em matéria de malversação de poder político. Mas não revelam só a total sem-cerimônia de uma família no tocante ao uso privado do bem público. Não deixam a menor dúvida a respeito dos modos e meios de atuação do presidente do Senado e a forma pela qual formou seus descendentes dentro do mesmo conceito.
Não é o único? Não, mas é a síntese.Em meio às conversas em que um avô, um filho e uma neta consideram-se donos de um feudo no Senado Federal, uma frase de Agaciel Maia é definitiva:
"Fernando, isso daí só você conversando com o presidente (Garibaldi Alves) ou com seu pai, eu não tenho autonomia."
Referia-se ao pedido que lhe fazia Fernando para "segurar" para o namorado da filha a vaga antes ocupada pelo filho. O empresário, por sua vez, atendia ao apelo da moça que, conforme lhe ensinara a família, achou que o posto pertencia ao clã.
Estava certa. Dias depois, mediante "uma palavrinha" do avô, o rapaz estava devidamente empregado. De qualificações, funções, tarefas a serem exercidas, de nada disso se tratou nos telefonemas.
Ao contrário. Numa outra gravação, esta reproduzindo diálogo entre Fernando Sarney e o filho João Fernando, o que se registra é a zombaria de ambos pelo fato de o rapaz ter sido chamado ao gabinete empregador, do senador Epitácio Cafeteira, para ele dar uma olhada no funcionário. Nas conversas sobre emprego, só interessa quem deveria falar com quem para fazer de alguém o beneficiário da "colocação". E, como informou o diretor-geral, para isso seu poder era restrito. Decisões dessa ordem cabem ao chefe.Ou chefes, pois as quatro palavras fatais - "eu não tenho autonomia" - de Agaciel Maia deixaram bem claro que quaisquer nomeações relativas a senadores eram liberadas mediante autorização superior.
Além da responsabilidade específica de José Sarney, fica estabelecido também o nexo entre as ações do ex-diretor geral e as decisões dos senadores que ficam, assim, sob suspeição passível de investigação para que se possa iniciar o tão reclamado trabalho de separação do joio do trigo. Isso na otimista hipótese de existir tal divisão.
Jovem Pan
Garibaldi Alves diz que Sarney deve se explicar
Senador falou à JP que o Conselho de Ética não é isento para julgar o presidente do Senado
O senador Garibaldi Alves (PMDB-RN) falou a Anchieta Filho sobre as novas denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney. Em uma das conversas entre Fernando Sarney e sua filha, Maria Beatriz Sarney, divulgadas nesta quarta-feira, há uma citação do nome de Garibaldi.
O senador fez questão de ressaltar que, em momento algum durante sua gestão à frente do Senado, foi procurado por Fernando Sarney para tratar da nomeação de pessoas ligadas à família Sarney.
“O ato de nomeação não foi publicado e não está assinado por mim, mas pelo diretor geral. Não fui eu que assinei o ato, não fui procurado. Na verdade, eu não tinha conhecimento desse assunto”, disse, se defendendo. Para ele, a situação do presidente José Sarney é difícil.
“Ele vai ter que prestar todos os esclarecimentos, terá que se defender dessas acusações e ver realmente se tem condições e autoridade política para continuar presidindo o Senado”, ressaltou.
O senador Arthur Virgílio apresentou a quarta representação contra Sarney no Conselho de Ética, que deve analisar todos esses processos na volta do recesso parlamentar. Mas Garibaldi não acredita na isenção do órgão para julgar o presidente do Senado.
“Eu não acredito muito na instância do Conselho de Ética, pelo fato da sua composição, que prevalece a presença de parlamentares ligados ao presidente Sarney, ao governo. Então, não há muita isenção para isso. Não vejo como fórum mais adequado”, lamentou (ouça aqui)
CBN - Lucia Hipólito
O crime de formação de família dos Sarney
UOl e JP On line
Novos diálogos revelam atuação de família Sarney no Judiciário
Novos diálogos divulgados nesta quinta-feira (23) indicam influência da família Sarney no Judiciário. As gravações foram feitas durante a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal e reveladas pelo jornal "Estado de S.Paulo". Ontem, grampos mostraram ligações diretas entre o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ação de nepotismo na Casa, evidenciando sua proximidade com o ex-diretor-geral Agaciel Maia.
Nos novos trechos divulgados, José Sarney sugere ao filho Fernando que ele converse com um "amigo", para conseguir ter acesso aos autos de um processo e o andamento de um dos recursos apresentados pelos advogados da família ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Os diálogos também evidenciam o papel do empresário Fernando Sarney como operador de interesses da família. De acordo com a reportagem, um dos alvos de Fernando é o setor elétrico. As conversas mostram o filho do presidente do Senado falando sobre indicação no Ministério das Minas e Energia. Nomeação de namoradoEm um dos diálogos divulgados ontem, Fernando Sarney afirma à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel Maia reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes. Ainda segundo a gravação, Sarney se compromete a falar com Agaciel para confirmar a nomeação. Bernardes foi nomeado oito dias depois, por ato secreto.
Ontem, a Diretoria Geral da Casa informou que o servidor será demitido. O advogado de Fernando Sarney afirmou, em nota, que as gravações "não revelam a prática de qualquer ato ilícito". (confira aqui)
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