domingo, 28 de outubro de 2012

Artigo Wagner Baldez: O VLT – GUAXINIM


Wagner Baldez (*)


Como de costume, fomos ao Mercado Central comprar alimentos para suprir as necessidades caseiras. Ao terminar citado compromisso, procuramos, como de praxe, participar da trivial e indispensável palestra com alguns feirantes que fazem parte do grupo que criamos.

A conversa já ia bastante avançada, quando chega um dos membros do grupo, cuja ausência vinha sendo notada, justamente por ser o mesmo dotado de reconhecido bom-humor, recheado de tiradas gozadas, a exemplo da que serviu de epígrafe pra a presente matéria.

Conversa vai, conversa vem, quando, de repente ele saiu com a seguinte pergunta:

- ‘’Patrão, você já teve a oportunidade de conhecer as instalações do VLT – Guaxinim?’’

Fiquei um tanto surpreso com a denominação atribuída ao citado engenho! De imediato respondi-lhe que não me despertava o menor interesse, pelo fato de em tempos idos haver assistido a procedimento semelhante; apenas diferenciado pela modalidade da obra: sendo a atual relacionada com o transporte, e a outra se restringia ao fornecimento d’água, como passamos a relatar.

Interessado em conquistar os votos das comunidades carentes, e sabendo que o povo se deixa enganar com extrema facilidade, o senador Vitorino Freire comprometeu-se a resolver o crônico problema de falta d’água (aspiração daquela gente). Então, ordenou o deslocamento de todo o maquinário que o estado dispunha: tratores, carregadeiras, escavadeiras, caçambas, para as diversas localidades. O trabalho de escavação foi iniciado em todas as frentes de trabalho. As valas abertas para receber a encanação progrediram assustadoramente, dando a impressão de que a promessa feita seria realizada, mesmo com o alerta das oposições, que afirmavam que tudo o que vinha acontecendo não passava de um engodo, uma encenação. Resultado: Passadas as eleições, o que restou de toda essa operação foram valas abertas, ficando aos moradores a responsabilidade de remover a terra para dentro da buraqueira.

Não desistindo de me explicar o significado do nome dado ao VLT, o feirante disse: “Ora, patrão, isto porque o tráfego do VLT segue beirando o manguezal e quem ocupa essa área é o guaxinim”.

Diante de tal comparação, é natural que provocasse entre os presentes, risadas a cântaros. Despedi-me, então, sufocado por intensa gargalhada, reconhecendo na comparação criada por esse homem rústico, uma peça construída com genial senso de humor e fina crítica.


(*) Funcionário Público Aposentado, membro da Executiva do PSOL/MA

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