Wagner Baldez (*)
Como de costume, fomos ao Mercado Central
comprar alimentos para suprir as necessidades caseiras. Ao terminar citado
compromisso, procuramos, como de praxe, participar da trivial e indispensável
palestra com alguns feirantes que fazem parte do grupo que criamos.
A conversa já ia bastante avançada, quando
chega um dos membros do grupo, cuja ausência vinha sendo notada, justamente por
ser o mesmo dotado de reconhecido bom-humor, recheado de tiradas gozadas, a
exemplo da que serviu de epígrafe pra a presente matéria.
Conversa vai, conversa vem, quando, de
repente ele saiu com a seguinte pergunta:
- ‘’Patrão, você já teve a oportunidade de
conhecer as instalações do VLT – Guaxinim?’’
Fiquei um tanto surpreso com a denominação
atribuída ao citado engenho! De imediato respondi-lhe que não me despertava o
menor interesse, pelo fato de em tempos idos haver assistido a procedimento
semelhante; apenas diferenciado pela modalidade da obra: sendo a atual
relacionada com o transporte, e a outra se restringia ao fornecimento d’água,
como passamos a relatar.
Interessado em conquistar os votos das
comunidades carentes, e sabendo que o povo se deixa enganar com extrema
facilidade, o senador Vitorino Freire comprometeu-se a resolver o crônico
problema de falta d’água (aspiração daquela gente). Então, ordenou o
deslocamento de todo o maquinário que o estado dispunha: tratores, carregadeiras,
escavadeiras, caçambas, para as diversas localidades. O trabalho de escavação
foi iniciado em todas as frentes de trabalho. As valas abertas para receber a
encanação progrediram assustadoramente, dando a impressão de que a promessa feita
seria realizada, mesmo com o alerta das oposições, que afirmavam que tudo o que
vinha acontecendo não passava de um engodo, uma encenação. Resultado: Passadas
as eleições, o que restou de toda essa operação foram valas abertas, ficando
aos moradores a responsabilidade de remover a terra para dentro da buraqueira.
Não desistindo de me explicar o significado
do nome dado ao VLT, o feirante disse: “Ora, patrão, isto porque o tráfego do
VLT segue beirando o manguezal e quem ocupa essa área é o guaxinim”.
Diante
de tal comparação, é natural que provocasse entre os presentes, risadas a
cântaros. Despedi-me, então, sufocado por intensa gargalhada, reconhecendo na
comparação criada por esse homem rústico, uma peça construída com genial senso
de humor e fina crítica.
(*) Funcionário Público Aposentado, membro da Executiva do PSOL/MA
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