Franklin Douglas (*)
Abro espaço aqui para repercutir
o artigo da médica Marizélia Ribeiro acerca das conseqüências da privatização
do Hospital Universitário da UFMA (H.U/UFMA) – hospitais Presidente Dutra e
Materno Infantil.
Alerta-nos a professora de
Pediatria da UFMA:
“Sob
o pretexto de haver ‘limitações impostas pelo regime jurídico de direito
público próprio da administração direta e das autarquias, especialmente no que
se refere à contratação e à gestão da força de trabalho’ que estariam
comprometendo a qualidade da assistência à saúde da população e o ensino e a
pesquisa nos Hospitais Universitários Federais, o Governo Brasileiro dos
presidentes Lula e Dilma deu início à privatização
desses hospitais públicos, através da implantação da Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares (EBSERH).
No estado do Maranhão, os Hospitais
Universitários Presidente Dutra (serviços de Clínica Médica e Cirurgia) e
Materno-Infantil (serviços de Ginecologia, Obstetrícia e Pediatria), que são
considerados os principais centros de formação de recursos humanos, tanto em
graduações como em pós-graduações na área da Saúde, e de referência para
doenças de difícil diagnóstico e tratamento de alta complexidade, se
administrados por uma empresa subsidiária da EBSERH, irão passar por mudanças
ameaçadoras ao caráter público, gratuito e de qualidade (...)” (grifo nosso).
Além disso, continua a professora-doutora
em Políticas Públicas pela UFMA:
“A
implantação da EBSERH afrontará o princípio da equidade do
Sistema Único de Saúde (SUS), o qual significa ‘igualdade da assistência à
saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie’.
Embora
se declare empresa pública dotada de personalidade jurídica de direito privado
(e organizada sob a forma de sociedade anônima), a EBSERH irá contratar uma empresa subsidiária para administrar o
complexo HUUFMA, a qual poderá oferecer até 49% do seu capital social para
empresas privadas. Se uma delas for um Plano de Saúde, por exemplo, os
contratantes desse plano poderão ter mais fácil acesso aos serviços desses
hospitais que outros usuários do SUS” (grifo nosso).
A EBSERH será uma empresa
financiada com recursos públicos, mas sob gestão privada. Uma das conseqüências
desse modelo de gestão, esclarece a secretária-geral da Associação dos
Professores da UFMA (APRUMA), será o fim de concursos públicos federais para
esses hospitais.
Por fim, arremata a professora
Marizélia Ribeiro:
“A
população do estado do Maranhão precisa conhecer a EBSERH, a sua proposta de
privatização para o HUUFMA e se unir aos profissionais de saúde, sindicatos e
movimentos sociais para impedir a assinatura do convênio entre essa empresa e a
Universidade Federal do Maranhão”.
Isso mesmo. Para que a
privatização do H.U se concretize é necessário que o reitor da UFMA, Natalino
Salgado, seja autorizado pelo Conselho Universitário (CONSUN) a assinar
convênio com a EBSERH.
Somente a mobilização da
comunidade universitária, técnicos-administrativos, estudantes e docentes junto aos membros que
compõem o Conselho Universitário pode evitar esse terrível dano à saúde pública
maranhense.
Abaixo-assinados nos cursos,
debate nas assembléias departamentais e Conselhos de Centro para orientar o
voto dos representantes dessas unidades no CONSUN, mobilização nas praças e
ruas para esclarecer usuários do hospital e a população em geral, envolvimento
dos sindicatos e Conselhos das categorias dos servidores do H.U (SINTSPREV/MA,
SINDSEP/MA, SINTEMA, APRUMA, SINPEEES/MA, CRESS, CRM, COREN etc), calouradas
temáticas sobre a defesa do SUS (e não só nos cursos da área de saúde), dentre
outras ações, são necessárias para dar o grito de alerta. Somente a mobilização
da cidadania maranhense poderá evitar a privatização do H.U.
Em defesa do Sistema Único de
Saúde (SUS). Não à privatização dos Hospitais Universitários Presidente Dutra e
Materno-Infantil. Uma tarefa de todos nós!
Em tempo: Eleito sob o compromisso da
mudança, o prefeito eleito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) tem a chance de dar um
grande exemplo. Após sua campanha denunciar que o prefeito João Castelo (PSDB) possuía
um astronômico salário de R$ 25 mil, o segundo maior de todos os prefeitos do
País, bem que Holanda Júnior poderia propor a diminuição da própria remuneração
e de seu vice. A Câmara de Vereadores tem até o fim desta legislatura para
fixar os salários dos próximos mandatários. Feito sem demagogia, seria um ato
simbólico de que na Prefeitura de São Luís não sai Chico para entrar Francisco.
(*) Franklin Douglas - jornalista e professor, escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição 11/11/2012, página 16)
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