Franklin Douglas (*)
Fernando Henrique Cardoso (FHC)
governou o país de 1995 a 2002. Sua principal marca no plano econômico, nesse
período, foi a privatização do patrimônio público. O maior destaque dessa sua
política neoliberal foi a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, a Vale.
Para garantir a qualquer custo
que a privatização fosse a cabo, o governo FHC mobilizou fundos de pensão,
articulou com empresas transnacionais, bancos e o grande capital. Vendeu a Vale
no dia 06 de maio de 1997 por pouco mais de 3 bilhões e 300 milhões de reais,
19% de ágio em relação ao preço inicialmente colocado pelo governo para a
venda. A Vale foi adquirida pelo consórcio liderado pela CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional), sob presidência de Benjamin Steinbruch.
O crime de lesa-pátria cometido
por FHC comprovou-se em menos de dois anos: em 1999, a Vale deu um lucro de R$
1,251 bilhão, o maior de sua história até então. De 1997 a 2010, o ferro
aumentou sua valorização em quase 600%. Em 2010, a Vale fechou o ano com um
lucro líquido de 30 bilhões de reais. Lucro extraído das riquezas naturais de
nosso país direto para o bolso dos grandes capitalistas mundiais, aquele 1% que
controla a riqueza gerada no mundo pelos 99% que vivem somente da venda de sua
força de trabalho, ficando sem educação, saúde e transporte de qualidade, por
exemplo.
Para garantir que o leilão fosse
realizado, o tucano acionou Exército, Polícia Militar e toda a força do Estado
contra as mobilizações convocadas pela CUT, UNE, petroleiros, movimentos
sociais. À época, PT, PCdoB, PSB, Lula e até o PMDB de Sarney condenaram a
venda: "O governo não podia fazer isso. Foi um erro histórico. O governo
não podia fazer isso com o patrimônio do nosso povo", choramingou José
Sarney na Folha de São Paulo, em 07 de maio de 1997 (p. 16, Caderno Brasil).
A venda da Vale foi um golpe do
tucanato neoliberal contra o país!
Pois eis que, 16 anos depois, a
história se repete de forma trágica, coroando o adesismo do PT ao
neoliberalismo tucano que tanto combateu. O governo Dilma privatizará nesta
segunda-feira (21/10/2013) o campo petrolífero de Libra. O campo de Libra
trata-se de nossa maior reserva de petróleo, estimada em 12 bilhões de barris,
equivalente a 80% de todas as reservas de petróleo descobertas pela Petrobras.
É o famoso petróleo da camada de pré-sal, estimado em US$ 1,5 trilhão!
Repito, cara leitora, caro
leitor: um trilhão e meio de dólares. Dinheiro que daria suficientemente para
suprir todas as demandas por saúde, educação, transporte e as demais bandeiras
que levaram milhares de brasileiros às ruas nas Jornadas de Junho.
Para vender o nosso petróleo ao
grande capital estrangeiro, Dilma acionou fundos de pensão, capital financeiro
e... Exército, Polícia Militar e toda a força do Estado contra as mobilizações
convocadas pela CSP Conlutas, ANEL, petroleiros e até mesmo a CUT, sempre
disposta, nos tempos atuais, a aliviar com o governo petista.
Dilma não foi eleita para
continuar a política de privatizações do governo tucano. Ao contrário, em sua
propaganda para ganhar o voto do povo, em 2010, ela perguntava:
"É
justo alguém pensar em privatizar a Petrobrás e o Pré-Sal?"
Respondia a candidata Dilma
Roussef:
"Desde
já eu afirmo a minha posição. É um crime privatizar a Petrobras e o pré-sal.
Falo isso porque, há poucos dias, o principal assessor do candidato Serra para
a área de energia e ex-presidente da Agência Nacional de Petróleo durante o
governo FHC, defendeu a privatização do pré-sal. Isso seria um crime para o Brasil, pois o pré-sal é o nosso grande
passaporte para o futuro! [...] Essa é a grande diferença entre nosso
projeto de governo e o projeto da turma do contra: eles só pensam em vender o
nosso patrimônio!" (Dilma Roussef, propaganda eleitoral em setembro de 2010).
E agora, "Presidenta"
Dilma?
A venda do petróleo do pré-sal é
um golpe do lulo-petismo neoliberal contra o país!
Em 1997, não se calaram contra o
crime de lesa-pátria que foi a privatização da Vale nem PT, nem PCdoB, nem PSB,
nem Lula, tampouco Sarney...
Contra a privatização do petróleo
do pré-sal silenciam todos eles no plano nacional e seus aliados nos estados.
Que têm a dizer sobre a privatização de nossas riquezas do pré-sal Luís
Fernando, Roseana Sarney e seu PMDB? Washington Luís e seu PT? Flávio Dino e o
seu PCdoB? O ex-tucano Roberto Rocha, no PSB?
Nada!
Dilma e seus aliados são tal e
qual FHC e os seus. É como aquele famoso bordão da propaganda da vodca Orloff: eu sou você, amanhã!
(*) Franklin Douglas - jornalista, professor e doutorando em Políticas Públicas (UFMA), escreve para o Jornal Pequeno aos domingos, quinzenalmente. Artigo publicado no Jornal Pequeno (edição de 20/10/2013, p.12)
Um comentário:
Acho que é relevante comentar que em 97 o valor do minério de ferro era US$13.04 e em 99 US$11.93, uma diferença de aproximadamente -9%. Mesmo com o minério mais barato o lucro foi o maior da companhia. Aqui tem a curva de preço do minério no mercado mundial desde 1988: http://www.indexmundi.com/commodities/?commodity=iron-ore&months=300.
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