Há cinco anos, no dia
29 de abril de 2015, a Prefeitura de São Luís assinou o acordo Cidades-Irmãs
com a cidade chinesa de Wuhan. Sim, cara leitora, caro leitor, exatamente com a
cidade onde o surto de Coronavírus surgiu no mundo. E onde, também lá,
atualmente, temos a mais exitosa experiência de enfrentamento à pandemia de
COVID-19.
Wuhan mantém esse
acordo com cerca de 30 entes públicos no mundo. No Brasil, somente o Estado do
Rio Grande do Sul e o município de São Luís (MA) têm essa parceria firmada. A
cidade chinesa desenvolve esse projeto desde 1979, mas intensificou as
parcerias internacionais, a partir dos anos 2000.
Com a capital
maranhense, o acordo visa parcerias nas áreas de economia, comércio, cultura,
educação, esporte, indústria, agricultura, entre outras. A comitiva do poder
público municipal da cidade em visita oficial à cidade chinesa, em 2015, foi
liderada pelo secretário de saúde, Lula Filho.
Cidade de 3.500 anos,
Wuhan tem muito a nos ensinar. Trata-se de um município de 10 milhões de
habitantes (é dez vezes maior que São Luís), oitava cidade mais populosa da
China, cresce a taxa de 11% ao ano, possui o terceiro maior centro científico
do país e o que nos interessa: acumulou expertise ao conseguir controlar a
COVID-19 e curar 78 mil infectados dentre seus habitantes.
Como controlou o surto no país, a China agora
tem enviado o material excedente que fabricou para ajudar diversos países a
enfrentar a COVID-19:
a) Para a Coreia do Sul, despachou um
milhão de máscaras;
b) Ao Irã, remeteu 250 mil máscaras e 5 mil
kits de exame;
c) À Venezuela, expediu 70 toneladas de
equipamentos e remédios;
d) Para a Espanha e a Itália, destinou 1
milhão e 800 mil máscaras, 30 toneladas de suprimentos médicos, 2.500 óculos de
proteção para os médicos, 700 equipamentos, incluindo monitores e suporte
ventilatório para internações (intubação e respiradores), além de uma equipe de
médicos;
e) À cidade do Porto (Portugal), a partir
de articulação da Câmara de Vereadores de lá, enviou 50 respiradores
artificiais.
Desses exemplos listados, a Coreia do Sul é
um dos entes que mantém o acordo Cidades-Irmãs com Wuhan. Ou seja: temos a faca
e o queijo na mão! Um acordo formalmente firmado e uma Cidade-Irmã que está
ajudando outras localidades do planeta a controlar o coronavírus.
Dentre as 16 medidas que elaborei na
proposta “Um plano de contingência para a COID-19 em São Luís”, com a
colaboração do professor do curso de Medicina da UFMA Antonio Gonçalves (doutor
em Fisiopatologia Clínica e Experimental pela UERJ), uma delas referia-se à
parceria com o governo chinês. Exatamente por essas potenciais parcerias que
foram enumeradas anteriormente. Percebi alguma resistência, aqui e ali, por
onde a proposta circulou.
Alerto: nessa batalha contra o coronavírus,
é tempo de deixar a rinha e o preconceito ideológicos em segundo plano. É hora apostar
nos acertos que, pelo mundo, confirmaram-se no combate à COVID-19. Não
vacilemos!
O Governo do Estado está sendo ágil e
correto. A Prefeitura de São Luís, após alguma lentidão para perceber a
gravidade da situação, começou a se movimentar também acertadamente. Mas, nessa
pandemia, é tempo de coragem, agilidade, solidariedade. É o momento de colocar
a política de saúde na frente da ideopolítica eleitoral. São vidas de nossa
gente em jogo.
Tudo conta. Inclusive pedir ajuda da cidade
que se considera nossa irmã! Recorramos à Wuhan.
(*) Franklin Douglas – professor e doutor em Políticas Públicas. E-mail: franklin.artigos@gmail.com
Artigo publicado no Jornal O Estado do Maranhão (edição de fim de semana - 21 e 22/03/2020, p. 04) e no jornal O Imparcial (22.03.2020, p. 04)
Nenhum comentário:
Postar um comentário