terça-feira, 10 de maio de 2011

“O Ocidente fará de tudo para impedir o surgimento de democracias no mundo árabe”


Entrevista à Caros Amigos - Noam Chomsky:

“O Ocidente fará de tudo para impedir o surgimento de democracias no mundo árabe”
Por Tatiana Merlino - Caros Amigos
O ataque das potências ocidentais à Líbia de Muammar Kadafi está sendo justificado como uma intervenção humanitária. Afinal, os civis estavam em perigo. Porém, o real motivo da intervenção militar da coalizão formada por Estados Unidos, França, Canadá, Itália e Reino Unido não tem nada de boas intenções, acredita o estadunidense Noam Chomsky, um dos mais importantes intelectuais da atualidade. “Não é uma intervenção humanitária. Tudo naquela região tem a ver com petróleo”, afirma, em entrevista exclusiva a Caros Amigos, concedida por telefone.
Chomsky lembra que até poucos dias atrás o ditador era apoiado pelos Estados Unidos e Inglaterra. Kadafi “não é progressista, é um assassino. Mas não é esse o motivo pelo qual se opõem a ele. Há assassinos por toda parte e eles não têm problema com isso, contanto que sigam ordens. Como ele não é confiável, ficariam felizes em se livrar dele.”, analisa.
A postura do ocidente, porém, não é novidade, explica o professor de Linguística do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Caso após caso, se há um ditador em apuros, o plano é apoiá-lo até o fim, até que fique impossível sustentá-lo e, em seguida, mudar o discurso e passar a dizer ‘sim, somos contra as ditaduras, adoramos a democracia, sempre lutamos pela liberdade’”. Segundo ele, é o que acontece também no Egito e na Tunísia.
O intelectual afirma que o levante no mundo árabe é o mais significativo de que se lembra, embora acredite que “por enquanto, não deveríamos chamá-lo de revolução”. Na opinião de Chomsky, um dos aspectos mais interessantes das revoltas é sua ligação com as recentes manifestações ocorridas nos Estados Unidos, no estado de Wisconsin, onde milhares de funcionários públicos saíram às ruas para protestar contra projeto de lei que, segundo eles, retira direitos trabalhistas. “Um dos acontecimentos mais impressionantes das últimas semanas foi quando, no final de fevereiro, Kamal Abbas, um dos principais líderes trabalhistas do Egito, mandou uma mensagem de apoio aos trabalhadores do estado de Wisconsin”.
Confira a entrevista a seguir.
Caros Amigos - Qual a sua opinião sobre a intervenção militar na Líbia? Por que os Estados Unidos a atacaram? O que está por trás disso?
Noam Chomsky - Bom, o que está por trás disso é sem dúvida simples. Se você analisar a reação ocidental, incluindo a reação dos Estados Unidos, as várias manifestações, irá perceber que seguem um padrão bastante previsível: se o país possui grandes reservas de petróleo e o ditador é leal ao Ocidente, então pode agir mais livremente. Assim, na Arábia Saudita e no Kuwait houve uma grande demonstração da força militar, tão intensa, que as manifestações mal puderam começar – não que realmente devessem ter começado. Não há problemas quanto a isso, pois os ditadores possuem a maior parte do petróleo e são leais, então essa reação é previsível. Em relação ao Bahrein, o que preocupa, principalmente, é a Arábia Saudita. Teme-se um levante xiita – que são maioria da população – que se estenda ao leste da Arábia Saudita e ao Bahrein, que também tem maioria xiita e possui a maior parte do petróleo. Portanto, nada pode acontecer lá. Quando houve uma tentativa de protesto na Arábia Saudita, a manifestação foi combatida vigorosamente e, os Estados Unidos disseram “tudo bem, sem problemas”.
Em se tratando da Líbia é um pouco diferente. Há abundância de petróleo e o Ocidente apoiou fortemente o ditador. Apoiou há até poucos dias, na verdade. Porém, como não é confiável, ficariam felizes em se livrar dele. Na verdade, o Ocidente tem apoiado abertamente os rebeldes. A intervenção, por exemplo, não é para deter o conflito, é para dar apoio aos rebeldes. E eles são bastante diretos em relação a isso. Para exemplificar, o Ocidente ordenou um cessar-fogo às forças do governo, porém não às forças rebeldes. Se as forças do governo violarem essa resolução, a notícia chegará às primeiras páginas dos jornais. No entanto, as forças rebeldes podem fazê-lo – e farão – e não haverá problema, pois essa intervenção está do lado dos rebeldes. Pode-se argumentar que isso é uma coisa boa ou ruim, mas devemos ver isso com clareza. É, também, digno de nota, o pouco apoio regional que a Líbia teve.
Em relação à implantação da zona de exclusão aérea, o Egito poderia ter feito, a Turquia poderia ter feito. Eles possuem forças militares de grande poder, porém não farão nenhum esforço. O Egito diz “não é da nossa conta” e a Turquia já deixou claro que não quer se envolver e nem mesmo quer que a Otan se envolva [No entanto, um dia depois da realização desta entrevista a Turquia aceitou comandar as operações da Otan na Líbia]. O Ocidente fez um apelo pela autorização da Liga Árabe, mas foi pouco eficiente. O secretáriogeral da Liga Árabe, Amr Moussa, já se afastou, portanto, basicamente, não há nenhum apoio regional. Claro que o sul da África e a União Africana estão presentes... Na verdade é muito difícil conseguir informações, pois ninguém relata o que acontece no terceiro mundo, porém parece que a União Africana tem intenções de organizar um acordo diplomático. Não sei se eles terão sucesso, mas independente do resultado, o Ocidente não quer prestar atenção nisso.
Fica em aberto a questão se deveriam ou não ter feito isso, contudo devemos analisar com os olhos bem abertos. Não é uma intervenção humanitária. Tudo naquela região tem a ver com petróleo. No caso do Egito, que não possui muito petróleo, mas é o país mais importante da região, os Estados Unidos seguiram o plano usual. Caso após caso, como Somoza, Duvalier, Suharto [ex-ditadores da Nicarágua, Haiti e Indonésia, respectivamente] e muitos outros. Se há um ditador em apuros, o plano é apoiá-lo até o fim, até que fique impossível sustentá-lo e, em seguida, mudar o discurso e passar a dizer “sim, somos contra as ditaduras, adoramos a democracia, sempre lutamos pela liberdade”. No final das contas, o ditador é enviado para longe e tenta- se restabelecer a situação original. Isso já aconteceu muitas e muitas vezes e é exatamente o mesmo caso no Egito.
É difícil prever como as coisas irão se desenrolar no Egito, depende da energia e dedicação dos manifestantes. Com os militares ainda no poder, há nomes diferentes, mas o regime é o mesmo. Houve, porém, uma melhora significante: agora a imprensa é livre, o que representa uma grande mudança. Na verdade, grande parte desses protestos foram protestos trabalhistas, o que vêm de anos. O movimento que organizou o protesto na Praça Tahir é formado por jovens experientes. Eles se autodenominam Movimento 6 de Abril, nome que remete ao dia 6 de abril de 2008, quando grandes ações trabalhistas – e de solidariedade – ocorreram no maior complexo industrial do Egito e foram reprimidas pela ditadura. Bom, não prestamos atenção a esse fato no ocidente, mas eles prestaram atenção lá. Como resultado do Movimento 6 de Abril, é provável que o movimento operário ganhe alguns direitos.
Até há relatos de trabalhadores assumindo o controle de fábricas, mas não posso comprovar isso. Algumas mudanças serão feitas no sistema político, mas até onde chegarão, depende da força da oposição. Os militares não desistirão do poder facilmente. O Ocidente não pode permitir a democracia na região por razões bastante simples que não são relatadas. Tudo que você precisa fazer é dar uma olhada nos estudos sobre a opinião pública árabe. Há estudos muito bons de renomados órgãos de pesquisa ocidentais, divulgados por instituições respeitadas, que não são relatados. No entanto, podemos ter certeza que os planejadores sabem dessas pesquisas. O que elas mostram é que se a opinião pública fosse influente na política, o Ocidente estaria totalmente fora de lá. No Egito, por exemplo, 90% das pessoas acreditam que a maior ameaça são os Estados Unidos. 10% acreditam ser o Irã e 80% acreditam que a região estaria melhor se o Irã tivesse armas nucleares. Por toda a região, a imagem é mais ou menos semelhante. Só isso já basta para entendermos que o Ocidente fará de tudo para impedir o surgimento de uma democracia.
* Com tradução de Mariana Abbate

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Ainda Bin Laden... a opinião (muito correta) do Noblat


O triunfo da força


Ao longo da semana passada, a morte do terrorista Osaba bin Laden foi contada e recontada pelo governo dos Estados Unidos. E corrigida a cada vez que foi contada.
Amadorismo da parte dos autores de tantas versões? É possível. O atentado do 11 de setembro só não foi evitado por excesso de amadorismo dos órgãos americanos de inteligência.
É possível também que a sucessão de versões para a morte de Bin Laden não passe de manobra do governo para esconder o que de fato ocorreu.
Com o que já se sabe, porém, dá para construir uma narrativa – e ela é muita feia à luz do Direito Internacional, dos Direitos Humanos e dos valores da democracia.
Em certa ocasião, candidato a presidente, Obama disse com todas as letras: “Nós vamos matar Bin Laden”. Não disse: “Nós vamos prender Bin Laden.” Muito menos: “Vamos prender, julgar e condenar Bin Laden”. Disse: “Nós vamos matar Bin Laden”.
Poderia ter sido mais claro? Certamente, não.
Poderia ter dito o que disse? À luz do Direito, a resposta outra vez é não. Porque numa democracia existe a separação de poderes. Não é o Executivo, encarnado pelo presidente da República, que julga e condena quem quer que seja. É a Justiça. No caso da americana, ela pode condenar à morte.
A tropa de elite despachada para o Paquistão à caça de Bin Laden recebeu ordem expressa para matá-lo. Não encontrou resistência.
A versão de que houve um tiroteio de 40 minutos foi trocada depois pela versão de que apenas uma pessoa disparou contra os soldados. E logo morreu.
Bin Laden estava no andar superior de sua mansão – nisso concordam os relatos dos americanos e de uma filha dele, detida em um andar abaixo e agora sob custódia do governo paquistanês. Segundo os americanos, ali ele foi morto. Segundo a filha, o terrorista foi levado para o andar onde estavam outros parentes dele e executado.
O terrorista estava armado e resistiu – por isso foi morto (1ª. versão).
O terrorista estava desarmado, mas tentou resistir (2ª. versão. Resistir como? No tapa? No grito? Invocando Alá?).
O terrorista estava desarmado, mas havia um fuzil e uma pistola ao alcance da sua mão (3ª. versão). Ora, poderiam tê-lo ferido na perna, por exemplo. Como fizeram com sua mulher.
Por absurda, não cabe a suposição de que ele escondesse explosivos junto ao corpo. Ninguém passeia dentro de casa carregando explosivos.
De resto, não houve tempo suficiente, entre o início do assalto à mansão e o disparo do tiro que o matou, para que Bin Laden munisse o corpo de explosivos.
Da mesma forma como Bin Laden, morto, foi transferido para um porta-aviões e de lá jogado ao mar, Bin Laden também poderia ter sido levado vivo ao porta-aviões, e de lá para os Estados Unidos.
Nos anos 50, um comando de Israel prendeu na Argentina o nazista e assassino de milhões de judeus, Adolf Eichmann. Uma vez julgado em Telavive, mataram-no.
Bush Jr., que invadiu o Iraque sob o falso pretexto de que o país armazenava armas de destruição em massa, derrubou o ditador Sadam Hussein e ordenou sua captura.
Sadam foi descoberto dentro de um buraco. Teria sido fácil matá-lo na mesma hora.
Mas, não. Foi julgado pela Justiça do seu país sob a mão pesada dos americanos. Acabou enforcado - todos viram na TV. As aparências foram salvas.
Em momento algum, Obama pareceu preocupado em salvar as aparências.
Prometera durante a campanha fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, onde pessoas detidas ilegalmente são torturadas. Não fechou. A pista para a localização do esconderijo de Bin Laden foi obtida ali mediante a tortura de um terrorista.
A soberania do Paquistão foi violada pelos Estados Unidos. E o mundo festejou um ato de justiça que não passou de vingança.
Que me perdoem os realistas, os pragmáticos, os adeptos da teoria de olho por olho, dente por dente, ou apenas os desligados: tenho três filhos. Ganhei mais um neto há pouco.
Não posso dizer a eles que, em certos casos, são justificáveis a tortura, o assassinato ou a violação da soberania de um país por outro.
Quem decide que casos são esses?
Quem tem a força.
No dia 11 de setembro de 2001, Bin Laden tinha a força - e assassinou, de uma só vez, 2.700 pessoas no coração dos Estados Unidos.
Agora, a força estava com Obama.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

O sociólogo e a faxineira

Sociólogo Chico de Oliveira (USP):
“Sem luta de classe não há mudança”


O sociólogo Chico de Oliveira não é figura de ficar atordoada. É muito convicto. Mas, outro dia foi silenciado em sua própria casa pela ex-faxineira. Ela lhe contou que compraria um carro e ouviu dele uma racional argumentação contrária.
Para o professor emérito da USP, o estrato C da sociedade brasileira não se dirige ao paraíso, como imagina: não houve distribuição de renda, mas um movimento de mercado. O aumento real foi pequeno e há o crédito e o endividamento. Já a classe A está cada dia mais rica. Logo, sua faxineira estaria iludida pelo crédito mais fácil e prestes a se atolar em débitos: prestação de carro com juros, impostos, seguro, combustível e, por fim, o trânsito paulistano. 
“Mas a resposta da faxineira atordoou esse sociólogo”, conta o próprio Chico: “Depois de ouvir todo o meu discurso, ela me perguntou: Por que o senhor pode ter um carro e eu não? Então eu me calei”, conta.
Passou dias a pensar. O ideal seria ressuscitar Karl Marx e lhe fazer profundas perguntas. Acompanhou várias pesquisas, principalmente qualitativas. E concluiu: o capitalismo absorveu o campo onde poderia haver uma luta de classes. Pior: há uma luta sim, na classe C, mas é totalmente horizontal. Ela admira as classes A e B e quer chegar lá, pela renda do trabalho, como se isso fosse possível, e disputa com seu próprio vizinho um lugar ao sol, que no caso é o consumismo.
O cauteloso caminho do céu sem lutas, prometido por Lula, é ilusório, segundo o sociólogo. “Não há nova classe social sem lutas. Ou: não existe almoço grátis”, frisa o sociólogo, lembrando: “A não ser que o governo distribuísse metade do PIB, como fazem a Holanda ou a Dinamarca”.
E continua: “Você vê que a classe C não quer tirar dos ricos, quer subir pelo valor central do trabalho. Não há ódio de classes. A violência não é contra os ricos, é mais fratricida. O concorrente dela não é o Eike Batista, Daniel Dantas, os que acumulam ou especulam o capital. É o que está lá ao lado dele”, afirma o sociólogo, ao lembrar que Marx temia que a competição se deslocasse dos capitais para os próprios trabalhadores. “Se a luta se desloca, a perspectiva é de um novo sentido da falta de solidariedade, que é oposto de uma classe social”.
Para o sociólogo que trocou o PT pelo PSOL, Lula e Dilma Rousseff tendem a fraturar mais votos do eleitorado C. “Não é um voto ideológico, é individualista. Mas esse eleitor se sente parte de alguma coisa. E é como uma pedra lançada na água ( a emitir e propagar ondas). O PSDB realmente não tem futuro nesse novo estrato, a não  ser que mude muito suas práticas políticas”.

Fonte:Revista Carta Capital - 04/05/2011 - p. 20-21. Enviado por Silvio Bembem

Fidel evidencia fragilidade de Obama ante Osama...


Em análise lúcida sobre a morte de Osama Bin Laden, Fidel Castro alerta para as consequências do ato militar do império americano. Abaixo, alguns trechos do artigo "O assassinato de Osama Bin Laden", de Fidel Castro:

"É conhecida a posição histórica da Revolução Cubana, que se opôs sempre às ações que puseram em perigo a vida de civis.  Partidários decididos da luta armada contra a tirania batistiana, éramos, por outro lado, opostos por princípios a todo ato terrorista que conduzisse à morte de pessoas inocentes. Tal conduta, mantida ao longo de mais de meio século, nos dá o direito de expressar um ponto de vista sobre o delicado tema."

"(...) expressei a convicção de que o terrorismo internacional jamais se resolveria mediante a violência e a guerra."

"Obama não tem como ocultar que Osama foi executado na presença de seus filhos e esposas, agora em poder das autoridades do Paquistão, um país muçulmano de quase 200 milhões de habitantes, cujas leis foram violadas, sua dignidade nacional ofendida, e suas tradições religiosas ultrajadas."

"Assassiná-lo e enviá-lo às profundezas do mar demonstra medo e insegurança, convertem-no em um personagem muito mais perigoso. A própria opinião pública  dos Estados Unidos, depois da euforia inicial, terminará criticando os métodos que, longe de proteger os cidadãos, terminam multiplicando os sentimentos de ódio e vingança contra eles.

Leia o artigo completo de Fidel Castro aqui.

Poesia de Quinta - Número 127

Por Deíla Maia

A Poesia de Quinta de hoje é especialmente dedicada a um amigo meu que está de partida para São Paulo, nossa grande e inesquecível metrópole. 

Apesar do aperto no peito que a ideia de distância dá, por outro lado, fico também feliz de ele ter coragem para fazer as mudanças que seu coração dita...

Fiquei pensando... Há tantas poesias sobre São Paulo, tantas e tão conhecidas... Então resolvi escolhi esta, que não é tão conhecida, que se aplica a São Paulo, ao Rio, a Floripa ou até mesmo a São Luís. 

Com carinho, desejo muita sorte a vc, Daniel Carvalho, nesta nova fase de sua vida. Feliz mudança!!!!

Beijos

Deíla 


Alessandra Fahl Cordeiro
Num vidro poluído
Tomado pela fuligem
A paisagem esmorece 
devagarinho
Parada no trânsito 
Sumindo no asfalto 
As melhores lembranças
Numa tarde de neblina.
Esfriando o motor
Das engrenagens
Do sonho mais acima
Escrevi no celular
Digitando cada letra
Como se fosse acabar
A tinta da caneta
Como se fosse realizar
Mudança estreita.


Em tempo:
Estamos, hoje, atualizando a coluna. Essa Poesia de Quinta nº 127 foi originalmente enviada em 28/4/2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Blogueiros progressistas no Ecos das Lutas

Uma terceira novidade no Ecos da Lutas é o espaço Ê-Maranh@o! - Blogueiros Progressistas por Mudança, Direitos Humanos e Democracia da Comunicação no Maranhão.

É um espaço de divulgação da rede Ê-Maranh@ao de blogueiros progressistas. Nele, estão os blogueiros que assumem o compromisso com os três princípios da articulação: mudança no Maranhão, e não existe mudança com a oligarquia que aí está; defesa dos direitos humanos; e democratização da comunicação. As três coisas no Maranhão. Cada uma vinculada às demais, dialeticamente.

A construção da rede é um momento de afirmação midialivrista de que cada um com o seu blogue, seu conjunto de leitores e acessos, pode interagir, divulgar e consolidar os blogues dos demais. Com isso, embora diminuto o acesso à internet no Maranhão (menos de três dúzias de municípios têm acesso a banda larga, das 217 cidades!), ela se torna uma proteção mútua, do tipo mexeu com um, mexeu com todos. Funcionou quando tentaram intimidar o Urbano Santos On Line. Ou agora, quando querem censurar o GDNews, em Gonçalves Dias.

Muitas vezes são somente esses pequenos blogues o único espaço de denúncia e resistência no município da oligarquiazinha local. Por isso, força à rede de blogueiros progressistas.

Nesse espaço do Ecos das Lutas, estão os links para os blogues: ComContinuação - Felipe Klamt, Vias de Fato - por Emílio Azevedo, César Teixeira, Altemar e Alice Pires, BNC Notícias - Neuton César, Blod do Ed Wilson, Conexão Brasília-Maranhão - por Rogério Tomaz Júnior, Blog do Zema Ribeiro, Rico Choro - por Ricarte Almeida, Noleto - Só a luta muda a vida, Blog do Pedrosa, Blog do Hugo Freitas, Blog do Marden Ramalho, Blog do Cesar Bello, Blog do Bruno Rogens, Blog C.I. Social - por Sóstenes Salgado, Blog Cantanhede Notícias (Cantanhede), Blog do Carlos Leen, Blog do Isnande Barros e Blog do Carlos Hermes (Imperatriz), G.D.News (Gonçalves Dias) e Urbano Santos On Line (Urbano Santos). E serão acréscidos tantos mais quanto forem se unindo à Rede Ê-Maranh@o!

Poesia de Quinta - Número 126

Por Deíla Maia


Peço minhas sinceras desculpas por não ter postado poesias nestas duas últimas quintas-feiras... É que estive bem ocupada. Até lembrei mas, como para mim este grupo é amor e não obrigação, não quis postar por postar. Tenho que curtir a escolha dos poemas. Para mim é a melhor parte!!!!
E a Poesia de Quinta de hoje vai para uma das maiores seguidoras deste grupo, frequentadora assídua dos debates, sempre enviando seus comentários, suas opiniões acerca das poesias e que, por coincidência, aniversaria hoje, que, como sempre, ainda é véspera de feriado... Tem gente que já nasce abençoada mesmo. Viraneide, a Poesia de Quinta de hoje é para vc. Do poetinha, Vinícius de Morais. 

beijos

Deíla

Soneto do amigo
Vinícius de Morais

Enfim, depois de tanto erro passado 
Tantas retaliações, tanto perigo 
Eis que ressurge noutro o velho amigo 
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado 
Com olhos que contêm o olhar antigo 
Sempre comigo um pouco atribulado 
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano 
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...


Em tempo:
Estamos, hoje, atualizando a coluna. Essa Poesia de Quinta nº 126 foi originalmente enviada em 20/4/2011 

Filhos da Pauta


Outra renovada no layout do Ecos da Lutas é o espaço Filhos da Pauta.

Trata-se de colocar à disposição do(a) leitor(a) do Ecos links para blogues de jornalistas maranhenses, cuja obestinação é a notícia, dentro dos critérios técnicos, éticos e estéticos da boa comunicação. Evidente que nessa lista priorizamos aqueles que nadam contra a corrente do boqueirão!

Estão no espaço "Filhos da Pauta": Marrapá, Luís Cardoso, Blog du Bois, Blog do John Cutrim, Jorge Vieira, Blog do Garrone, JM Cunha Santos, Blog do Gilberto Lima, Blog do Kenard, Blog do Manoel Santos, Blog do Gojoba e Blog do Frederico Luiz.

Agora tá fácil dá uma olhada em todos eles. Estão todos em link com o Ecos das Lutas.

Poesia de Quinta - Número 125

Por Deíla Maia

Pessoal, 

Esta semana estava lendo uma reportagem sobre o famoso "Carpe Diem" (aproveite o dia, em latim), expressão retirada do poeta clássico latino Horácio e fiquei curiosa para conhecer a íntegra do poema.

É uma mensagem muito interessante, de viver o momento, de curtir a vida, de se dar direito a pequenos prazeres diários, semanais..., porque a gente nunca sabe o dia de amanhã. Quem adia por longa data seus prazeres pode acabar não tendo tempo de vivê-los, por doença, morte... É algo bem pesado para refletir.

Bom, achei na internet a íntegra do poema (em latim e em portugues) e resolvi compartilhar com vcs.
 
Carpe diem,
 
Deíla
 
 
 
 
 
CARPE DIEM
Quinto Horácio Flaco
 
Em Latim:
Carpe diem quam minimum credula postero.
Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi finem di dederint.
Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros.
Ut melius, quidquid erit, pati.
Seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam, quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare.
Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida.
Aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
 

Tradução:
Colha o dia, confia o mínimo no amanhã.
Não perguntes, saber é proibido, o fim que os deuses darão a mim ou a você,
Leuconoe, com os adivinhos da Babilônia não brinque.
É melhor apenas lidar com o que cruza o seu caminho.
Se muitos invernos Júpiter te dará ou se este é o último, que agora bate nas rochas da praia com as ondas do mar.
Tirreno: seja sábio, beba seu vinho e para o curto prazo reescale suas esperanças.
Mesmo enquanto falamos, o tempo ciumento está fugindo de nós.
Colha o dia, confia o mínimo no amanhã.
Podemos sempre ser melhores. Basta pensarmos melhor.

Em tempo:
Estamos, hoje, atualizando a coluna. Essa Poesia de Quinta nº 125 foi originalmente enviada em 31/3/2011 

Uma outra mídia é possível

Ecos da Lutas dá uma renovada em seus espaços. Acrescentamos, a partir de hoje, novos atrativos ao blogue.

Iniciamos a apresentação com o espaço "Uma outra mídia é possível". Nela, o(a) leitor(a) do blogue poderá conferir o que é destaque em veículos que buscam dar uma outra versão dos fatos badalados pelo mídia hegemônica, e num clique seguir diretamente a blogue/saite/agência de notícia.

Estão no espaço "Um outra mídia é possível": o blogue Outras Palavras, de jornalistas do projeto Le Monde Diplomatique - Brasil; a revista Caros Amigos; o jornal Brasil de Fato; a Agência Carta Maior; a agência ADITAL de notícias da América Latina e do Caribe; o Correio da Cidadania; e saite do Observatório do Direito à Comunicação.

Agora tá fácil dá uma olhada em todos eles. Estão todos em link com o Ecos das Lutas.


Poesia de Quinta - Número 124

Por Deíla Maia

Pessoal, 


Para a Poesia de Quinta de hoje, escolhi um poeta maranhense que eu gosto muito: Luis Augusto Cassas.


Ele é muito inteligente e original. Faz uma poesia moderna, sagaz, por vezes engraçada, por vezes bem séria, gostando muito de brincar com as palavras. 

Esta poesia eu copiei do livro dele "Evangelho dos peixes para a ceia de aquário". Esta semana, vi que foi comemorado o dia internacional da água. Vejam só que poesia interessante. Espero que gostem.

A Poesia de Quinta de hoje vai especialmente dedicada ao meu querido primo Natan, de Fortaleza, o orgulho da família, que completa mais um ano hoje.
beijos
Deila
AGUA-VIVA
Luis Augusto Cassas

Qual o mais alto dom da água?
Qual o mais alto som da cuia?
Que sinfonia pinga na ágora
e afoga toda a amargura?
Sangue suor e lágrimas
chovem em campos de fartura:
umedecei vossas pálperas
à metafísica da loucura!
Invisíveis mãos de fada
mergulham o ser na ventura:
o mais alto dom da água
é a humildade porventura?
Água-viva em viva água
salva o mar da além-secura:
quem circula em vossa aura
anuncio-vos é a cura!


Em tempo:
Estamos, hoje, atualizando a coluna. Essa Poesia de Quinta nº 124 foi originalmente enviada em 24/3/2011 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Outras Palavras: MORTE IRRELEVANTE DO ÍCONE DA AL QAEDA

Ante o turbilhão de notícias sobre a operação que fulminou Osama Bin Laden,  eis uma análise para além da espetacularização do fato que a indústria midiática tem produzido.  Vale a pena ler,  na página do Outras Palavras - rede de mídia anticapitalista articulada a partir da equipe brasileira do Le Monde Diplomatique.

Robert Fisk: morte irrelevante do ícone da Al Qaeda

Para o jornalista, o que importa hoje, no mundo árabe, são os levantes populares laicos contra os ditadores

[A entrevista de Fisk, concedida a uma emissora de TV neozelandesa está aqui]
O jornalista veterano Robert Fisk, que entrevistou Osama Bin Laden em três ocasiões, afirmou que a morte do ícone da Al Qaeda é muito menos importante que os levantes populares no mundo árabe. “Já afirmei algumas vezes pensar que sua possível morte é muito irrelevante”, disse o correspondente no Oriente Médio do jornal britânico The Independent.
“Ele acreditava ter fundado a Al Qaeda e via existência da rede como sua conquista”, lembrou Fisk. No entanto, o jornalista premiado afirmou que Osama Bin Laden não estava em condições de dirigir de fato as operações da rede terrorista:“Ele não sentava numa caverna com um teclado de computador dizendo ‘apertem o botão b, esta é a operação 52′”. Fisk, que no momento cobre a revolta popular na Síria afirma que o mundo mudou de distintas maneiras, desde 11 de setembro.
“Nos últimos meses, assistimos ao despertar árabe, no qual milhões de muçulmanos superaram suas próprias lideranças”, diz Fisk. “Bin Laden sempre quis livrar-se de Hosni Mabarak, Ben Ali e Gaddafi, afirmando que eram inféis trabalhando para os Estados Unidos. Mas na verdade, fracassou. Foram milhões de pessoas comuns que, mais ou menos de forma pacífica – ao menos no Egito e na Tunísia – acabaram com as ditaduras.”
“É preciso lembrar que estes regimes afirmaram, por anos, que os norte-americanos deveriam apoiá-los, pois, do contrário ‘a Al Qaeda iria tomar o controle’. Mas isso nunca ocorreu. É importante notar que, uma semana após a queda de Mubarak, no Egito, a Al Qaeda emitiu uma convocação pela sua derrubada. Foi patético”, continua Fisk. Ele afirma que as comemorações nos Estados Unidos, em favor da morte do terrorista, tem pouco significado.
“Penso que Osama perdeu relevância há bastante tempo. Se os Estados Unidos tivessem matado Bin Laden um ano ou dois depois de 11 de Setembro, um pouco da emoção que estão vivendo seria importante. Todos estes punhos no ar, celebrando vitória, são boas imagens, mas não têm muito sentido”, prossegue o jornalista. “O que importa no momento, no mundo, é o despertar doa árabes, para livrar-se de seus ditadores”.

domingo, 1 de maio de 2011

Muito bom o "Carne Moída Com Quiabo", no Marrapá de hoje, sobre a história d´O Estado do Maranhão!

No detalhe indicado pela seta, a mentira dos 52 anos.
A edição de hoje o Jornal o Estado do Maranhão trás uma matéria sobre seu aniversário. A mentira já começa na manchete da chamada de capa da matéria:  “Mais atual, O Estado completa 52 anos”. A mentira sobre a data de aniversário do Jornal O Estado do Maranhão é mais uma das tantas mentiras a que Sarney deu ares de verdade usando sua conhecida estratégia para confundir as pessoas. Vamos aos fatos:
Havia em São Luís no início da década de 1970, um semi falido diário matutino chamado  Jornal do Dia, que era ligado a uma empresa  do ramo de serviços gráficos –  a Jaguar LTDA –  pertencente a um consórcio de empresários, tais como o jornalista Raimundo Bacelar, antigo proprietário do periódico, entre os anos de 1953 e 1955; os empresários Alexandre e Celeste Haickel, cuja família fundou posteriormente uma série de emissoras de Rádio e TV em sociedade com a família Sarney no interior do estado; O também empresário Raimundo Vieira da Silva, cuja família explorou o ramo de telecomunicações do Maranhão até este ser estatizado em 1973. Além dos irmãos Alberto e Wady Chames Aboud, prósperos comerciantes, que ficaram à frente da administração do jornal, tendo Alberto se destacado como o dirigente mais próximo do cotidiano do periódico durante a década anterior. Nascido em 08 de março de 1953, com sede na rua Joaquim Távora, 105-B (atual Rua de Nazaré), oJornal do Dia, por conta da pluralidade política de seus proprietários, tentou esboçar uma linha editorial apartidária nos primeiros anos, mas acabou sendo fechado temporariamente em 1958 quando era comandado por Alexandre Costa. Reaberto pelos irmãos Alberto e Chames Aboud em 1959, o jornal passou a maior parte da década de 1960 sendo instrumento de propaganda do Partido Trabalhista Brasileiro – PTB de João Goulart e das pretensões políticas de Alberto Aboud, que elegeu-se deputado federal em 1965 e passou a contratar aliados do então governador para assumirem postos na redação do periódico. Bandeira Tribuzi, importante membro da equipe técnica do então governador Sarney, tornou-se  de Redator Chefe; Edson Vidigal, assessor de imprensa do Palácio dos Leões, passou de repórter de polícia para editor e colunista;  José Chagas, que foi vereador ligado ao grupo Sarney,  passou a cronista diário; Benedito Buzar, ex deputado estadual cassado pelo golpe de 1964 e integrante da equipe que criou a SUDEMA, principal órgão de planejamento do governador, virou  colunista político; Jomar Moraes , futuro Diretor da Biblioteca Pública do Estado do Maranhão – BPBL (1971-1973) e do Serviço de Imprensa de Obras Gráficas do Estado – SIOGE (1975-1980), virou articulista da coluna dominical Azulejos. Ivan Sarney, irmão do Governador, virou editor de cultura e assim por diante. Um corpo redacional formado por profissionais da confiança do governo parecia ser o suficiente para manter o JD sob as rédeas do executivo. Não satisfeito em transformar o Jornal do Dia em um diário chapa branca em 1967,  Sarney tirou o jornal  do controle de Aboud e o JD passou  a pertencer a aliados do governador: o empresário José Ribamar Marão, dono de 50% das ações do jornal e a outra metade pertencente aos políticos aliados do chefe do executivo, Clodomir Millet e Nunes Freire.
Assim que saiu do governo, Sarney afastou os laranjas e tornou-se ele próprio um dos sócios do Jornal. Na edição de O Estado do Maranhão de 01 de maio de 1999, o próprio sarney tentou explicar de onde tirara dinheiro para bancar a compra das ações do Jornal do Dia em 1969, alegando que trocou sua casa na rua Rio Branco, número 228, Centro de São Luís, pelas ações de José Ribamar Marão, ficando com metade delas e pouco depois adquirindo as outras, tornando-se assim o proprietário único do Jornal do Dia.
Acontece que em 1973, o Jornal  O Imparcial, pertencente aos Diários Associados até hoje, resolveu fazer uma super reforma modernizadora, trazendo para São Luís com exclusividade uma impressora Off-Set.  Dirigido por Adilson Vasconcelos na época e que está aí vivo e não me deixa mentir, O Imparcial organizou na surdina a sua reforma, planejando um grande salto de modernidade para a história do Jornal. Sarney que sentia-se dono da palavra modernidade, soube da história e ordenou aos jornalistas do JD que articulassem a criação de um jornal que fizesse frente ao projeto modernizador de O Imparcial. Assim, Bandeira Tribuzi e Edson Vidigal desmontaram a estrutura do JD, adquiriram uma máquina de impressão em off set, mas não conseguiram antecipar a inauguração do novo Jornal  antes de O Imparcial, que com grande estardalhaço iniciou sua nova fase em 17 de abril de 1973 .
Restou ao Estado do Maranhão uma discreta comemoração com direito a editorial do próprio Sarney na primeira página, contando as mentiras de sempre:
“O Jornal não é meu. Sou acionista de uma empresa que conta com inúmeros outros estados que resolveram ajudar a indústria maranhense. Mas, mesmo as ações que possuo nesta empresa estou doando, em sua totalidade, a uma fundação em organização, com finalidade de criar uma Universidade Tecnológica em São Luís. Devolvo ao Maranhão, tudo que o Maranhão me deu.”
Da tal Universidade Tecnológica de São Luís, ninguém nunca ouviu falar.
Naquela edição de 1 de maio de 1973, O Jornal deixava bem claro que tratava-se de sua primeira edição, conforme mostra a imagem abaixo em que, ao lado do cabeçalho consta nº 01, ano 01:
Agora vamos fazer uma rápida continha: Se o Jornal O Estado do Maranhão foi fundado em 1 de maio de 1973, quantos anos de fato o jornal completa hoje? Se você respondeu 38 anos, acertou.
Agora sabe por que o Sarney inventou a história de que seu Jornal tem mais de meio século? Para fabricar artificialmente a ideia de uma tradição jornalística em seu diário oficial  e claro, porque simplesmente o Senador do Amapá gosta de mentir.
Então reflitamos:  Dá para acreditar em um sistema de comunicação que mente até mesmo a respeito de sua própria história?
Pense nisso.
Conto com detalhes (sórdidos) a História do Jornalismo no Maranhão em meu amado ensaio monográfico chamado: “Os donos da opinião: Jornalistas, políticos e público leitor em São Luís (1950-1973). De onde tirei trechos para escrever esse tópico.